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Revista Curinga Edição 03

Revista Laboratorial do Curso de Graduação em Jornalismo da Universidade Federal de Ouro Preto.

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...e a realidade também<br />

Esse é o remédio<br />

Perda de memória, tontura,<br />

formigamento em alguns<br />

membros, aliados a sensações<br />

de choques elétricos pelo corpo,<br />

indicaram os sintomas de esclerose<br />

múltipla para o publicitário<br />

Gilberto (nome fictício).<br />

A doença de origem crônica é<br />

autoimune e por motivos genéticos<br />

ou ambientais o sistema<br />

imunológico agride o sistema<br />

nervoso.<br />

Para amenizar as dores existentes<br />

no surto da doença, Gilberto<br />

utiliza o imunossupressor<br />

Copaxone. Em sua bula consta<br />

a seguinte informação: “Este<br />

medicamento é indicado para<br />

reduzir a frequência de recidivas<br />

(surtos) nos pacientes com<br />

esclerose múltipla”, ou seja, não<br />

há tratamento eficaz para essa<br />

enfermidade. Devido à persistência<br />

dos sintomas e a ineficácia<br />

da medicação, o publicitário<br />

procurou ajuda médica para indicação<br />

de alguma medida que<br />

reduzisse a intensidade desses<br />

efeitos. Em uma conversa informal,<br />

o neurologista apontou<br />

como uma possível opção o uso<br />

da cannabis. Assim, desde 1998<br />

é usuário de maconha para fins<br />

medicinais. Ele revela que, nos<br />

momentos dos surtos, costuma<br />

dar duas tragadas no “baseado”<br />

e as sensações diminuem consideravelmente.<br />

Renato Filev, biomédico e<br />

doutorando em Neurociências<br />

pela Universidade Federal de<br />

São Paulo (Unifesp) diz que “a<br />

maconha apresenta um grande<br />

potencial medicinal para uma<br />

série de doenças. Sobretudo<br />

na diminuição de espasmos e<br />

dores causadas pela esclerose<br />

múltipla, no alívio de dores com<br />

Foto: Ana Carolina Meirelles<br />

Acima, o café, uma das drogas lícitas; abaixo, a capital da<br />

Holanda, Amsterdã, uma das cidades onde a maconha é<br />

legalizada<br />

Fotos: Eugene Francklin<br />

origem no tecido neural, diminuindo<br />

a náusea e os vômitos<br />

provocados pelas quimioterapias<br />

em decorrência de câncer e<br />

Aids.” Além disso, ressalta que<br />

a cannabis pode ser utilizada em<br />

transtornos psiquiátricos como<br />

depressão e no tratamento das<br />

síndromes Parkinson, Alzheimer<br />

e Huntington.<br />

A recomendação médica<br />

da cannabis não é realizada em<br />

conformidade com os procedimentos<br />

da Agência Nacional de<br />

Vigilância Sanitária (Anvisa): o<br />

órgão possibilita a importação<br />

de fármacos à base de canabinoides<br />

quando há a solicitação<br />

da substância para o tratamento<br />

de certas doenças. O<br />

biomédico, no entanto, afirma<br />

que não existe nenhum registro<br />

dessa espécie na instituição,<br />

isso por que os profissionais da<br />

saúde temem sofrer algum tipo<br />

de represália da comunidade<br />

médica e do Conselho Federal<br />

de Medicina.<br />

“Você só bebeu ou<br />

usou alguma droga?”<br />

Essa pergunta, que parece<br />

ter saído de uma conversa<br />

despojada entre amigos comentando<br />

a festa do último fim de<br />

semana, converge em questões<br />

que não estão explícitas apenas<br />

no ato da fala. Ela mostra que<br />

estamos acostumados com as<br />

drogas lícitas e não as julgamos<br />

drogas, ignorando até seus riscos,<br />

e, muitas vezes, atribuímos<br />

suas conseqüências a outros<br />

fatores.<br />

A partir dessa premissa,<br />

vamos falar sobre essas drogas,<br />

até porque, certamente você,<br />

caro leitor, já usou alguma hoje.<br />

Não? E o seu cafezinho logo de<br />

12 outubro 2012

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