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Revista Curinga Edição 03

Revista Laboratorial do Curso de Graduação em Jornalismo da Universidade Federal de Ouro Preto.

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lágrimas. Eu estava naquele momento numa das<br />

cidades mais lindas do mundo, uma cidade que<br />

eu já havia visitado ouvindo uma canção anos e<br />

anos atrás.”<br />

Beirut<br />

Triste luz da manhã, Berlim 2011<br />

Para ouvir sem piscar, a orquestra cigana de<br />

Zach Condon transportou a estudante de mobilidade<br />

acadêmica de Arquitetura da Universidade<br />

do Porto, Ana Luiza Secco Peres, para as<br />

luzes foscas de Berlim. Por cuidado do acaso, a<br />

música In the Mausoleum, da banda norte-americana<br />

Beirut, sussurrava frases soltas, de tons<br />

cinzas pelas manhãs nos ouvidos da Ana Luiza,<br />

que ficava imaginando como se sentiria dali<br />

a poucos dias na capital alemã.“ In Berlim is<br />

só ugly in the morning light// But with them/<br />

I could never feel só right//”. Era dezembro,<br />

inverno chuvoso e a cidade com cinquenta tons<br />

de cinza. Ana Luiza diz que realmente acreditou<br />

que ela e Beirut compartilhavam da mesma<br />

sensação visual: feia luz da manhã. E acrescenta:<br />

“apesar disso, não me sentia tão bem como a<br />

letra da canção, acho que o Brasil, o calor e o<br />

sol me chamavam. Eu só poderia me<br />

sentir tão bem naquela manhã se<br />

uma brisa muito quente passasse<br />

por mim ou se o sol ardesse na minha pele e nos<br />

meus olhos, uma saudade do que eu realmente<br />

sou: tropical”.<br />

foto: Ana Carolina Meirelles<br />

Caxambu<br />

Depois de cinco dias pendurado no vapor,<br />

julho de 2012<br />

Marcelo Modesto, 22 anos, quase jornalista<br />

graduado pela Universidade de São Paulo (USP),<br />

titubeia entre o Indie Pop e a panfletagem na<br />

campanha do Haddad. Ele acha que precisa<br />

acabar com o Serra, porque senão ele volta com<br />

força. Fala alguns palavrões e a gente retoma a<br />

entrevista:<br />

- Marcelo, tem alguma música que foi capaz<br />

de transformar a maneira de sentir, ver e vivenciar<br />

lugares por onde você passou? Ou até te<br />

lembra lugares onde nunca esteve?<br />

- Sá, Rodrix e Guarabyra. Pendurado no Vapor. \<br />

Caminho de Campanha a Caxambu.<br />

- Poderia me falar mais sobre isso?<br />

- Porque me lembra Minas, uai.<br />

Desse jeito. Então eu disse que iria colocar na<br />

<strong>Revista</strong> assim.<br />

Pausa longa. Então, Modesto, que a essa altura<br />

já havia trocado sua imagem<br />

de perfil do facebook por<br />

um H vermelho, completa: “é<br />

música pra se escutar voltando<br />

pra casa”.<br />

Lembrei das curvas de Itamonte,<br />

do verde e da Serra da<br />

Mantiqueira. Pausa nova.<br />

Orange Sky<br />

Devaneios sofistas, Ouro<br />

Preto 2012<br />

Abrem–se as portas da percepção.<br />

Ana Sophia Figueiredo<br />

navega em seu barco laranja<br />

pelas águas da lagoa de Furnas.<br />

A viagem começa quando, ao<br />

sair da acupuntura, ali do lado<br />

da Igreja do Rosário, ela se lembra<br />

da música Orange Sky, do<br />

outubro 2012<br />

escocês Alexi Murdoch. Então<br />

Sophia viaja: “essa música tem<br />

uma batida leve, nostálgica,<br />

fala da família, do caminho<br />

percorrido, da saudade e do céu<br />

laranja. Quando fica dessa cor<br />

chegou a hora perfeita para se<br />

andar de barco. Mas a minha<br />

vontade não é de nadar, é de<br />

flutuar mesmo. E a igreja do<br />

Rosário parece um navio.”<br />

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