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Revista Curinga Edição 03

Revista Laboratorial do Curso de Graduação em Jornalismo da Universidade Federal de Ouro Preto.

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O Banksy nosso de cada dia<br />

TEXTO Lincon Zarbietti<br />

EDIÇÃO GRÁFICA Elisabeth maria de souza camilo<br />

Ouvidos? Muito mais que isso! Hoje, as paredes,<br />

muros e até mesmo os postes têm boca, linguagem<br />

própria. Era tudo o que a semiótica moderna queria:<br />

se expressar sem usar palavras. Mas espera aí, quando<br />

morávamos nas cavernas já nos expressávamos<br />

sem palavras. Porém, a necessidade de difundir uma<br />

língua, universalizar o conhecimento (ou os dogmas)<br />

e autoafirmar tal invenção tornaram obscuro, e muitas<br />

vezes proibido, o universo da crítica imagética,<br />

da mensagem sem dizeres, da figura que possui voz.<br />

Experimentamos, hoje, uma volta ao passado,<br />

que mais indica um avanço intelectual do que<br />

um retrocesso. Não é mais necessário utilizar-se<br />

das palavras ou de uma língua para se expressar,<br />

sobretudo para criticar. A única condição é utilizar o<br />

cérebro para transmitir a mensagem de uma forma<br />

mais criativa, mais interessante ou mais bonita,<br />

plasticamente falando.<br />

Isso é “arte urbana”, uma ação que engloba<br />

processos criativos como a pichação, o grafite, os<br />

estêncils, os cartazes lambe-lambe, as intervenções<br />

e etc, e que funciona como um marketing de guerrilha<br />

público, defendendo um ponto de vista, uma<br />

camada social, um sentimento ou apenas expressan-<br />

do uma forma de ver o mundo.<br />

Tudo isso compõe as ações da<br />

arte urbana, idealizada pelo inglês<br />

John Ruskin, um dos mestres do<br />

movimento pós-urbanista, por<br />

meados do século XVIII. Léo<br />

Tolstói, famoso escritor russo,<br />

descreveu Ruskin como um “um<br />

desses homens raros que pensam<br />

com seu coração”. Sem saber,<br />

Tolstói descrevia a arte urbana.<br />

Frente à dificuldade de se<br />

enquadrarem tais ações, muitas<br />

feitas à revelia das autoridades<br />

e dos proprietários, no que se<br />

refere aos conceitos de arte<br />

pública, assiste-se, hoje, a um ressurgimento<br />

da designação de arte<br />

urbana, que passou a incluir todo<br />

o tipo de expressões criativas no<br />

espaço coletivo. É a arte que se<br />

faz no contexto urbano, aquele à<br />

margem das instituições públicas<br />

e de suas convenções.<br />

foto: Lucas Lima<br />

Grafite: meleca<br />

outubro 2012<br />

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