06.12.2017 Views

Revista Curinga Edição 03

Revista Laboratorial do Curso de Graduação em Jornalismo da Universidade Federal de Ouro Preto.

Revista Laboratorial do Curso de Graduação em Jornalismo da Universidade Federal de Ouro Preto.

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

A (re)apropriação do termo “droga”<br />

A Organização Mundial da Saúde (OMS)<br />

define droga como “qualquer substância não produzida<br />

pelo organismo que tem a propriedade de<br />

atuar sobre um ou mais de seus sistemas, produzindo<br />

alterações em seu funcionamento”. Entretanto,<br />

o termo “droga” é rico em polissemias e<br />

significações que variam no decorrer da história.<br />

Na Grécia Antiga, usava-se o termo “phármakon”,<br />

que possuía ambiguidade, uma vez que<br />

remetia tanto ao remédio quanto ao veneno. A<br />

etimologia do termo droga que prevalece é a de<br />

origem latina. Drogadicção é o termo que origina<br />

a palavra e pode ser definido como adicção às<br />

drogas. O substantivo adicção relaciona-se ao verbo<br />

designar e pode referir-se ao apego de alguém<br />

por algo.<br />

Já no holandês antigo, “droog” quer dizer seco<br />

ou folha seca. Isso porque, antigamente, os medicamentos<br />

eram manipulados à base de plantas.<br />

Os chás de folhas desidratadas que nunca saem<br />

de moda aproximam essa relação. A vertente<br />

céltica apresentava os termos droug e droch, que<br />

se referiam à má qualidade de algo.<br />

A expressão “droga”, como é reconhecida<br />

hoje, começou a ser usada na Idade Média. Os<br />

franceses foram os primeiros a utilizar a construção<br />

do termo. A palavra drogue referia-se a ingredientes,<br />

remédios ou tinturas, mas ganhou novo<br />

significado no século XX tornando-se sinônimo<br />

de tóxico.<br />

manhã? O café que nos acompanha<br />

todos os dias também é<br />

uma droga, já que, para estimular<br />

o cérebro, a bebida utiliza<br />

os mesmos mecanismos da<br />

cocaína e da heroína.<br />

Porém, o estimulante diário<br />

é uma droga lícita, considerado<br />

como item essencial nas cestas<br />

básicas. O que difere as drogas<br />

lícitas das ilícitas são as leis e<br />

a aceitação da sociedade. Até o<br />

século XIX, o ópio, substância<br />

anestésica muito utilizada na<br />

medicina, tinha sua venda livre<br />

e era considerado moeda de troca<br />

entre impérios. Atualmente,<br />

o narcótico figura na lista das<br />

drogas proibidas por lei.<br />

O consumo de álcool e de<br />

cigarros nos parece natural.<br />

Os meios culturais trabalharam<br />

para criar uma relação de<br />

intimidade entre nós e essas<br />

substâncias. Abrimos uma<br />

revista, ligamos a TV, escutamos<br />

música e mensagens de ode às<br />

bebidas e ao cigarro são vendidas<br />

através do entretenimento<br />

que dita o que é moda.<br />

Culturalmente, a sociedade<br />

foi adaptada a conviver com as<br />

drogas lícitas. As leis as regulamentam,<br />

transformando-as em<br />

grandes mercadorias, vendidas<br />

por meio de cantores, belas mulheres<br />

e gente feliz, enriquecendo<br />

o Estado e grupos privados<br />

donos de grandes marcas. E o<br />

Estado, ao fechar seus olhos<br />

para a facilitação do acesso da<br />

população a esses produtos,<br />

contribui para a consolidação<br />

do espaço que essas substâncias<br />

adquirem nas nossas vidas.<br />

Em maio deste<br />

ano, as ruas de<br />

Brasília foram<br />

ocupadas por<br />

manifestantes<br />

que defendem<br />

a descriminalização<br />

da<br />

maconha<br />

Foto: Ana Malaco<br />

outubro 2012<br />

13

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!