Revista Dr. Plinio 238
Janeiro de 2018
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Por outro lado, é preciso considerar a calma, a tranquilidade<br />
da pessoa ali representada. Uma calma completa,<br />
serena, de quem não vive correndo, não está habituado,<br />
nem sequer andou alguma vez de automóvel.<br />
Nunca viajou de avião, nunca viu televisão nem usou telefone.<br />
É uma pessoa cujos nervos estão completamente<br />
desengajados do corre-corre do século XX.<br />
Um dos palácios mais belos da Europa<br />
Em outra fotografia, vemos a beleza singular do palácio<br />
de Chantilly, na França, embora sem muita simetria,<br />
como eram as construções próxima ou remotamente<br />
ligadas à antiga arte medieval. A simetria aparece exatamente<br />
a partir dos séculos XV, XVI e XVII, mas esse<br />
prédio foi construído ainda segundo moldes um pouco<br />
medievais. Assim, trata-se de um conjunto de corpos de<br />
edifício que se acumulam como podem, mas que, no seu<br />
imprevisto e na beleza de cada corpo, formam um aspecto<br />
encantador, de conto de fadas.<br />
Merece especial destaque a torre redonda, alta e que,<br />
ela sim, faz simetria com a outra, presente no ângulo<br />
oposto. Ambas imergem no lago, produzindo um efeito<br />
de beleza extraordinária!<br />
Notem a formosura do lago, do canteiro com seus desenhos,<br />
e a tranquilidade das águas que passam. A floresta é<br />
uma continuação desse desenho que se perde mais ou menos<br />
no infinito. É um dos palácios mais belos da Europa.<br />
Vejam como as construções humanas lucram em ficar à<br />
beira d’água. Aliás, uma coisa que me desola no Rio de Janeiro<br />
é o fato de que, tendo o panorama marítimo mais belo<br />
do mundo, a bem dizer não tem construções à beira-mar.<br />
Praça de uma beleza exemplar<br />
cortando a fachada em três pontos. No restante, todos os<br />
edifícios são iguais. No seu interior ela é inteiramente vazia,<br />
oferecendo ao trânsito um enorme espaço, de maneira<br />
que não se tem a impressão de muito tráfico de automóvel,<br />
pois aquilo se dilui sobre uma superfície imensa.<br />
Na calçada e no andar térreo há uma série de arcos,<br />
os quais geralmente correspondem a lojas de grandíssimo<br />
luxo, que constituem um dos elementos da nata do<br />
comércio de Paris. É preciso ter visto os quatro lados da<br />
praça num olhar só para compreender a nobreza, a dignidade<br />
e a perfeita regularidade de sua beleza.<br />
A coluna central não vai bem com a praça. Não digo isso<br />
por antibonapartismo. É verdade que, ainda que ficasse bem,<br />
tendo em cima Bonaparte, valeria a pena arrancar. Contudo,<br />
a coluna não combina com o ambiente, pois, por suas proporções<br />
exageradas, parece furar a praça pelo meio.<br />
O que ficaria bonito, a não ser a estátua equestre de Luís<br />
XIV – que durante algum tempo houve ali –, seria pelo<br />
menos um belo jogo de águas. Isso infelizmente não existe.<br />
Considerem o lindo lampadário. Que diferença com<br />
as nossas luminárias de São Paulo, por exemplo, com a<br />
famosa lâmpada de mercúrio em cima, causando-nos a<br />
impressão de um pescoço muito alto com uma cabecinha<br />
microcefálica no topo! Nesse lampadário parisiense, notem<br />
a elegância com que esses três focos estão apoiados<br />
sobre uma coluna de metal que termina numa base. Como<br />
é bonito! Tudo isso é o gosto tipicamente francês.v<br />
(Extraído de conferência de 21/12/1988)<br />
Aliasdoobs (CC3.0)<br />
A Place Vendôme é de uma beleza exemplar. Juntamente<br />
com a Praça de São Marcos em Veneza e a de São<br />
Pedro em Roma, é uma das praças mais belas do mundo,<br />
embora obedecendo a uma concepção técnica diferente.<br />
A praça tem evidentemente quatro ângulos com ruas<br />
Dimitri Destugues (CC3.0)<br />
Flávio Lourenço<br />
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