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Revista Curinga Edição 16

Revista Laboratorial do Curso de Graduação em Jornalismo da Universidade Federal de Ouro Preto.

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A cidade<br />

Com o encontro dos rejeitos no rio Gualaxo do Norte, ainda<br />

em território marianense, era inevitável que Barra Longa<br />

entrasse no trajeto da lama. E ainda assim não aconteceu nenhum<br />

tipo de aviso à população. Foram nove horas até que<br />

a comunidade mais afetada, Gesteira, fosse devastada pela<br />

lama. Onze horas até a lama chegar no centro da cidade. “Falaram<br />

para o Sargento que não era para ninguém se preocupar.<br />

Subiria, no máximo, 2m do rio e seria só água.”, conta Lindomar<br />

Tomaz, 40 anos.<br />

“A Prefeitura exigiu tempo máximo de 10 meses para a<br />

reconstrução de Barra Longa.”, afirma o prefeito. O que a assessoria<br />

da Samarco garante é que 350 profissionais atuam na<br />

reconstrução da cidade. Até dezembro, 70 imóveis, 40 quintais<br />

e as principais ruas de todas as regiões do município haviam<br />

sido limpos. A empresa afirma também que está fornecendo<br />

apoio psicossocial através da empresa especializada Chestnut<br />

Global Partners Brazil, e pelo CRAS. No entanto, o dia que a<br />

lama chegou, foi pra ficar. “Por mais que indenize, a gente não<br />

vai conseguir comprar a mesma coisa, a mesma blusa que eu<br />

tinha, o mesmo brinquedo que dei para o meu sobrinho”, fala<br />

Tássia Vital, 26 anos.<br />

Dez meses não apagarão o que aconteceu em Barra Longa.<br />

Bernadete Atanásio lamenta: “No Morro Vermelho cada<br />

vizinho foi para um lado, e quando voltar não vai ser a mesma<br />

coisa.”. Doracy Pereira assiste: “No jornal falou outra vez<br />

que as barragens não estão seguras.”. João Freitas substitui:<br />

“Alimento os passarinhos, eles necessitam.”. Godofredo Filho<br />

espera: “Daqui alguns anos, vai ter fruta tudo de novo.”. Marcina<br />

Tomaz relembra: “Fiz uma mudança da noite para o dia,<br />

que não esperava.”. Lindomar Tomaz suspeita: “Se acontece<br />

alguma coisa, a gente vai suspeitar logo dessa lama.”. Tássia<br />

Vital ora: “A gente só pede a Deus pra tirar esse pesadelo da<br />

cabeça da gente”.<br />

Fotos: andrezza lima<br />

De cima para baixo:<br />

1. Maquinas estacionadas na<br />

Praça Manoel Lino Mol, que<br />

passou por limpeza após ser<br />

encoberta pela lama.<br />

2. Cadeira abandonada em bar<br />

aos arredores da Praça Manoel<br />

Lino Mol.<br />

3. Bananeiras morrem às margens<br />

do Ribeirão do Carmo<br />

devastado.<br />

4. Confluência dos rios Gualaxo<br />

do Norte e Ribeirão do Carmo<br />

CURINGA | EDIÇÃO <strong>16</strong> 39

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