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energia<br />
“Eu acredito que as empresas de seguro<br />
precisam ler esses documentos com um<br />
pouco mais de atenção para conseguir<br />
entender melhor o seu próprio papel”,<br />
pontua Cilene. O mercado de seguros terá<br />
protagonismo quando se adaptar. Tanto é<br />
verdade que David Stevens, representante<br />
do escritório da ONU para a Redução de<br />
Riscos de Desastre, é bastante próximo das<br />
seguradoras e entidades do mercado, pois<br />
o braço da organização tem como meta<br />
trazer a conscientização para a população<br />
e sabe que esse é um bom caminho. Um<br />
objetivo afim ao do setor.<br />
A questão é, principalmente, cultural.<br />
A meta é migrar da cultura do desastre<br />
para a cultura da prevenção. De ser<br />
aquele que apenas paga, para se tornar<br />
aquele que evita que tragédias ocorram.<br />
Mariana, Minas Gerais, continua a ser um<br />
bom exemplo. Apesar de não ter sido um<br />
desastre climático, mas tecnológico, se<br />
transformou em uma tragédia ambiental.<br />
“Assim que o desastre aconteceu, todos<br />
falavam em um desastre anunciado, mas<br />
a verdade é que nós não o anunciamos;<br />
os desastres são construídos de maneira<br />
silenciosa todos os dias, ao longo do tempo.<br />
As empresas de seguro, assim como<br />
a imprensa, os formuladores de políticas<br />
públicas e a sociedade de maneira geral<br />
não estão inseridos na cultura de proteção<br />
e não a promovem”, ressalta a doutora.<br />
O Brasil e as energias<br />
renováveis<br />
Os esforços ambientais no Brasil<br />
passam, principalmente, pelo desenvolvimento<br />
de energias renováveis. Embora<br />
tenha sido um destaque importante na<br />
COP 21, em 2015, não atingiu o mesmo<br />
patamar em 2016 e acabou minimizando<br />
os esforços já realizados. Mesmo assim,<br />
há movimentos significativos em busca<br />
de um lugar ao sol mais sustentável. Um<br />
dos caminhos que o mercado de seguros<br />
está ajudando a traçar nesse sentido é o<br />
das energias renováveis, principalmente<br />
solar e eólica, que cresceram 30% nos<br />
últimos dez anos, indo de 2,8% na particpação<br />
da oferta de energia interna em<br />
2004 para 4,1% em 2014. Outras fontes<br />
também fazem parte da matriz do País,<br />
como Petróleo e seus derivados.<br />
Seguindo essa tendência do setor<br />
30<br />
❙❙Tiago Moraes, da Marsh Brasil<br />
elétrico, há aproximadamente cinco anos,<br />
o mercado de seguros amadureceu a oferta<br />
de proteção para esses produtores, o apetite<br />
cresceu e a rentabilidade também aumentou,<br />
conforme conta Tiago Moraes, líder<br />
da prática de Power & Utilities da Marsh<br />
Brasil. “Quando a energia eólica veio<br />
para o Brasil, tínhamos uma condição de<br />
investimento muito favorável. O mercado<br />
de seguros sabia que teria um bom retorno,<br />
a situação financeira era boa e as chances<br />
de sinistros, muito baixas”, explica. Os<br />
fornecedores chegaram e ficaram, e então<br />
veio a estabilização. O preço extremamente<br />
baixo que trouxe players com condições<br />
muito agressivas no mercado não poderia<br />
durar para sempre, então a produção se<br />
estabilizou, deixando no Brasil apenas os<br />
atores resilientes. “O nível de fornecimento<br />
❙❙Leonardo Semenovitch, da Travelers<br />
e os projetos que estão sendo viabilizados<br />
no Brasil, hoje, são muito mais sustentáveis<br />
que os últimos projetos daquele período.<br />
Na época, todo mundo veio com apetite<br />
muito grande, crendo nas energias renováveis<br />
como o melhor negócio do mundo”,<br />
completa Moraes.<br />
Isso não quer dizer que os negócios<br />
mudaram drasticamente. A energia<br />
eólica e a solar ainda são muito mais<br />
baratas e vantajosas, comparadas com<br />
outras fontes. Moraes conta que “o custo<br />
dessas energias ajuda muito o mercado<br />
de seguros. Utilizar um painel solar ou<br />
um parque eólico com risco modular é<br />
muito mais fácil e menos arriscado do<br />
que uma hidrelétrica, que pode romper<br />
uma barragem”, alerta.<br />
As condições macroeconômicas<br />
também não parecem ter desestimulado<br />
o setor, que se mantém perene. “Nós<br />
identificamos na área de energia, principalmente<br />
no setor da matriz de geração<br />
renovável, um importante segmento para<br />
atuação em nossas linhas de negócios<br />
patrimoniais”, conta Leonardo Semenovitch,<br />
diretor-presidente da Travelers<br />
Seguros. A companhia lançou, em 2016,<br />
soluções para essas fontes renováveis<br />
disponíveis para proprietários, investidores,<br />
construtores e concessionários<br />
dos serviços de geração de energia<br />
renovável. “Sem dúvidas, o produto de<br />
destaque que pode contribuir para esse<br />
mercado é o patrimonial – Property e<br />
Casualty, para que os riscos inerentes<br />
à atuação das empresas não resultem<br />
na interrupção de seus negócios”, diz<br />
Semenovitch sobre a experiência. Essa<br />
carteira inclui proteções como cobertura<br />
para equipamentos, operações e a análise<br />
do risco, que é extremamente necessária<br />
para conhecer o perfil exato de contratação.<br />
O executivo ressalta ainda Riscos<br />
de Energia, Responsabilidade Civil e os<br />
Resseguros como carteiras importantes<br />
para o desenvolvimento dessa operação.<br />
O Brasil é um dos países com mais<br />
tecnologia e desenvolvimento em energias<br />
renováveis ao redor do mundo. O relatório<br />
da Agência Ambiental da ONU o coloca na<br />
terceira posição entre os países que mais<br />
investem em energias renováveis. “Quando<br />
o Brasil olhou para as energias solar e<br />
eólica já trouxe tecnologias muito desen-