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Revista Apólice #217

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energia<br />

“Eu acredito que as empresas de seguro<br />

precisam ler esses documentos com um<br />

pouco mais de atenção para conseguir<br />

entender melhor o seu próprio papel”,<br />

pontua Cilene. O mercado de seguros terá<br />

protagonismo quando se adaptar. Tanto é<br />

verdade que David Stevens, representante<br />

do escritório da ONU para a Redução de<br />

Riscos de Desastre, é bastante próximo das<br />

seguradoras e entidades do mercado, pois<br />

o braço da organização tem como meta<br />

trazer a conscientização para a população<br />

e sabe que esse é um bom caminho. Um<br />

objetivo afim ao do setor.<br />

A questão é, principalmente, cultural.<br />

A meta é migrar da cultura do desastre<br />

para a cultura da prevenção. De ser<br />

aquele que apenas paga, para se tornar<br />

aquele que evita que tragédias ocorram.<br />

Mariana, Minas Gerais, continua a ser um<br />

bom exemplo. Apesar de não ter sido um<br />

desastre climático, mas tecnológico, se<br />

transformou em uma tragédia ambiental.<br />

“Assim que o desastre aconteceu, todos<br />

falavam em um desastre anunciado, mas<br />

a verdade é que nós não o anunciamos;<br />

os desastres são construídos de maneira<br />

silenciosa todos os dias, ao longo do tempo.<br />

As empresas de seguro, assim como<br />

a imprensa, os formuladores de políticas<br />

públicas e a sociedade de maneira geral<br />

não estão inseridos na cultura de proteção<br />

e não a promovem”, ressalta a doutora.<br />

O Brasil e as energias<br />

renováveis<br />

Os esforços ambientais no Brasil<br />

passam, principalmente, pelo desenvolvimento<br />

de energias renováveis. Embora<br />

tenha sido um destaque importante na<br />

COP 21, em 2015, não atingiu o mesmo<br />

patamar em 2016 e acabou minimizando<br />

os esforços já realizados. Mesmo assim,<br />

há movimentos significativos em busca<br />

de um lugar ao sol mais sustentável. Um<br />

dos caminhos que o mercado de seguros<br />

está ajudando a traçar nesse sentido é o<br />

das energias renováveis, principalmente<br />

solar e eólica, que cresceram 30% nos<br />

últimos dez anos, indo de 2,8% na particpação<br />

da oferta de energia interna em<br />

2004 para 4,1% em 2014. Outras fontes<br />

também fazem parte da matriz do País,<br />

como Petróleo e seus derivados.<br />

Seguindo essa tendência do setor<br />

30<br />

❙❙Tiago Moraes, da Marsh Brasil<br />

elétrico, há aproximadamente cinco anos,<br />

o mercado de seguros amadureceu a oferta<br />

de proteção para esses produtores, o apetite<br />

cresceu e a rentabilidade também aumentou,<br />

conforme conta Tiago Moraes, líder<br />

da prática de Power & Utilities da Marsh<br />

Brasil. “Quando a energia eólica veio<br />

para o Brasil, tínhamos uma condição de<br />

investimento muito favorável. O mercado<br />

de seguros sabia que teria um bom retorno,<br />

a situação financeira era boa e as chances<br />

de sinistros, muito baixas”, explica. Os<br />

fornecedores chegaram e ficaram, e então<br />

veio a estabilização. O preço extremamente<br />

baixo que trouxe players com condições<br />

muito agressivas no mercado não poderia<br />

durar para sempre, então a produção se<br />

estabilizou, deixando no Brasil apenas os<br />

atores resilientes. “O nível de fornecimento<br />

❙❙Leonardo Semenovitch, da Travelers<br />

e os projetos que estão sendo viabilizados<br />

no Brasil, hoje, são muito mais sustentáveis<br />

que os últimos projetos daquele período.<br />

Na época, todo mundo veio com apetite<br />

muito grande, crendo nas energias renováveis<br />

como o melhor negócio do mundo”,<br />

completa Moraes.<br />

Isso não quer dizer que os negócios<br />

mudaram drasticamente. A energia<br />

eólica e a solar ainda são muito mais<br />

baratas e vantajosas, comparadas com<br />

outras fontes. Moraes conta que “o custo<br />

dessas energias ajuda muito o mercado<br />

de seguros. Utilizar um painel solar ou<br />

um parque eólico com risco modular é<br />

muito mais fácil e menos arriscado do<br />

que uma hidrelétrica, que pode romper<br />

uma barragem”, alerta.<br />

As condições macroeconômicas<br />

também não parecem ter desestimulado<br />

o setor, que se mantém perene. “Nós<br />

identificamos na área de energia, principalmente<br />

no setor da matriz de geração<br />

renovável, um importante segmento para<br />

atuação em nossas linhas de negócios<br />

patrimoniais”, conta Leonardo Semenovitch,<br />

diretor-presidente da Travelers<br />

Seguros. A companhia lançou, em 2016,<br />

soluções para essas fontes renováveis<br />

disponíveis para proprietários, investidores,<br />

construtores e concessionários<br />

dos serviços de geração de energia<br />

renovável. “Sem dúvidas, o produto de<br />

destaque que pode contribuir para esse<br />

mercado é o patrimonial – Property e<br />

Casualty, para que os riscos inerentes<br />

à atuação das empresas não resultem<br />

na interrupção de seus negócios”, diz<br />

Semenovitch sobre a experiência. Essa<br />

carteira inclui proteções como cobertura<br />

para equipamentos, operações e a análise<br />

do risco, que é extremamente necessária<br />

para conhecer o perfil exato de contratação.<br />

O executivo ressalta ainda Riscos<br />

de Energia, Responsabilidade Civil e os<br />

Resseguros como carteiras importantes<br />

para o desenvolvimento dessa operação.<br />

O Brasil é um dos países com mais<br />

tecnologia e desenvolvimento em energias<br />

renováveis ao redor do mundo. O relatório<br />

da Agência Ambiental da ONU o coloca na<br />

terceira posição entre os países que mais<br />

investem em energias renováveis. “Quando<br />

o Brasil olhou para as energias solar e<br />

eólica já trouxe tecnologias muito desen-

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