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dor d’Ele. Mas esses gritos<br />
eram mais harmoniosos<br />
e mais bonitos que os<br />
sons de qualquer orquestra,<br />
mais atraentes que as<br />
exclamações de qualquer<br />
orador, por mais famoso<br />
que fosse.<br />
Ele naquela púrpura<br />
de seu sangue, jorrando<br />
sobre todo o seu Corpo<br />
sagrado, era mais majestoso<br />
do que um rei na<br />
púrpura de seu manto real.<br />
Os carrascos viam isso<br />
e O flagelavam porque<br />
queriam a vulgaridade,<br />
a indecência, a imoralidade.<br />
Então mais flagelavam,<br />
e Jesus gemia.<br />
Gemia por seu Corpo sagrado<br />
– um homem geme<br />
quando sente isso –, porém<br />
muito mais por causa<br />
das almas tão ruins que<br />
O açoitavam, como Ele<br />
via o que aconteceria até<br />
o fim dos séculos. Nosso<br />
Senhor nos olharia passando<br />
a Semana Santa indiferentes<br />
aos gemidos, às<br />
dores d’Ele, e diria: “Até<br />
vós, a quem Eu chamei<br />
para um amor especial?<br />
Vós ouvis os meus gemidos,<br />
Me contemplais coroado<br />
de espinhos, como<br />
em outros episódios da minha Paixão,<br />
e também sois indiferentes!” E Jesus<br />
dando brados e gemidos por causa de<br />
nossa indiferença.<br />
Maria Santíssima,<br />
fixai em mim as chagas<br />
do Crucificado!<br />
Virgem das Dores - Igreja de Santa<br />
Maria, Ubeda, Espanha<br />
Flávio Lourenço<br />
Pensem na tristeza de Nossa Senhora<br />
diante disso. Provavelmente<br />
Ela sofria porque tinha algum conhecimento<br />
do que se passava com<br />
Jesus. Em suas santas intuições, contemplando<br />
cada brado, cada gemido<br />
d’Ele, cada pedaço de carne que<br />
os açoites arrancavam e jogavam no<br />
chão – a união hipostática continuava<br />
com aqueles pedaços de carne –, Ela,<br />
completamente transida de dor, sabia<br />
como seria a nossa Semana Santa.<br />
Quantas vezes, no lugar onde deveria<br />
estar o amor a Ele está o amor<br />
a outras coisas, ou quiçá a outras<br />
pessoas. Para pegar exemplos que<br />
não sejam amizades e afetos de si pecaminosos,<br />
suponhamos um amigo<br />
de quem gostamos porque é engraçado;<br />
de outro porque é prestigioso<br />
e nos prestigia; de um terceiro porque<br />
nos admira. São essas<br />
as razões pelas quais<br />
se deve gostar dos outros,<br />
ou é porque eles se parecem<br />
com Nosso Senhor?<br />
São Tiago era, por uma<br />
razão natural de parentesco<br />
intencionada por Deus,<br />
muito parecido com Nosso<br />
Senhor. De maneira<br />
que quando os algozes tiveram<br />
medo de errar na<br />
escolha e pediram para<br />
Judas indicar quem era,<br />
ele disse: “Aquele que eu<br />
oscular, esse é o Homem”<br />
(cf. Mt 26, 48).<br />
Por isso, após a morte<br />
de Nosso Senhor havia<br />
quem percorresse distâncias<br />
enormes para ver<br />
o Apóstolo que se parecia<br />
com o Redentor. Ora,<br />
nós temos a Ele presente<br />
na Sagrada Eucaristia... É<br />
Semana Santa. O que fazemos?<br />
O que isso arranca<br />
de nossas almas? Nós rezamos<br />
a Nossa Senhora pedindo-Lhe<br />
que ponha em<br />
nós as disposições de alma<br />
d’Ela para vivermos a Semana<br />
Santa como deveríamos<br />
viver?<br />
Há um hino da Liturgia<br />
que diz: Sancta Mater,<br />
istud agas, crucifixi fige<br />
plagas – Santa Mãe, fazei isso, prendei<br />
em mim as chagas do Crucificado.<br />
Isso nós deveríamos afirmar durante<br />
a Semana Santa. E quando chegar<br />
as três horas da tarde de Sexta-Feira<br />
Santa e adorarmos a Nosso Senhor<br />
na Santa Cruz, pensemos na seriedade<br />
e procuremos sentir fixas em nós<br />
as chagas do Divino Redentor. Então<br />
peçamos a Nossa Senhora que faça<br />
de nós homens que vivam da tristeza<br />
de Nosso Senhor Jesus Cristo. ❖<br />
(Extraído de conferência de<br />
29/3/1988)<br />
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