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Revista Dr Plinio 240

Março de 2018

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magnífico, que é uma expressão da ogiva e, embaixo, uma<br />

porta ogival profunda. Em cima há algo parecido com<br />

aquela diminuição da Torre de Belém e, depois, também<br />

um terraço como no alto daquela torre. Essas guaritas no<br />

canto lembram igualmente a Torre de Belém. Não creio<br />

que isso tenha sido inspirado nela, mas são afinidades de<br />

estilo, muito compreensíveis entre Espanha e Portugal.<br />

A meu ver, o bonito dessa porta é que ela tem qualquer<br />

coisa de monumental. As torres têm uma altivez, levantam-se<br />

do chão com muita decisão e galhardia. Temos<br />

a impressão de que elas seguram o chão como se<br />

fossem garras, e sobem ao céu com uma segurança, uma<br />

inteira despreocupação do perigo de cair, e que sustentam<br />

o peso em cima com uma completa facilidade. Mais<br />

ainda, tenho a impressão de que elas olham do alto de<br />

si mesmas para a terra e para os pobres transeuntes, de<br />

cima para baixo, numa atitude de desafio, quase como<br />

quem diz: “Se ousas, experimenta. Só pela minha fisionomia,<br />

te afugento. É assim que eu sinto a terra.”<br />

Modos inocentes de aproveitar a vida<br />

Notem como esses arcos, que são arrimos das torres,<br />

foram transformados em verdadeiros ornatos pelos arquitetos<br />

muito artísticos do tempo.<br />

Há qualquer coisa de porta de fortaleza nesse magnífico<br />

portal. É uma característica muito sensível para<br />

mim, agrada-me muito essa fusão. Uma fortaleza meio<br />

eclesiástica e uma igreja meio fortaleza realizam a síntese<br />

de que eu gosto, isto é, os mais altos valores do espírito<br />

defendidos pela força e postos dentro da luta, com a<br />

entrega do homem e o risco da vida.<br />

É, por exemplo, a guerra religiosa, a guerra das almas e<br />

dos corpos, com uma integridade que constitui sua beleza.<br />

Um minúsculo pormenor característico da Península Ibérica<br />

é a palmeirinha, tão presente no Sul da Itália, da Espanha,<br />

de Portugal, mais rara no restante da Europa, frequente<br />

no litoral da África do Norte, tão comum no Brasil.<br />

Outra coisa também minúscula, mas que compõe o<br />

ambiente e o panorama: esse chafariz que provavelmente<br />

servia para os cavalos beberem água.<br />

Termino com um pequeno comentário a respeito das<br />

árvores. Em Granada se vê muito isso: no interior do<br />

Alhambra, aquelas partes muito bonitas, com os chafarizes<br />

cantando. Mais ainda: da fonte vêm sulcos para dentro<br />

dos quartos, com regozinhos que fazem com que a<br />

água brinque e corra em pequenos sulcos dentro do próprio<br />

quarto. Para um lugar quente, que maravilha! Esses<br />

são modos inocentes de aproveitar a vida, que tiram a mania<br />

e a obsessão de impureza. Por causa disso a Revolução<br />

combate o quanto pode para fazer com que a vida virtuosa<br />

seja sem graça. Contra isso, devemos nos levantar. ❖<br />

(Extraído de conferência de 15/1/1977)<br />

Smiley.toerist (CC3.0)<br />

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