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Quatorze anos mais tarde, ainda<br />
nessa luta, comandou, como capitão,<br />
uma companhia de cem homens.<br />
Nicolau, na guerra, lutava sempre<br />
tendo numa das mãos a espada e, na<br />
outra, seu Rosário. Soldado de bravura<br />
invulgar, foi agraciado com a mais<br />
alta condecoração de sua terra.<br />
Que linda cena! Entrar esse homem<br />
valoroso no campo de batalha<br />
com uma das mãos portando a espada,<br />
desferindo golpes, e com a outra<br />
segurando o escudo e o Rosário.<br />
É de se notar como o ambiente<br />
que cerca os objetos de piedade foi<br />
mudando ao longo dos séculos, por<br />
causa da influência do espírito “heresia<br />
branca” 2 . Quem, vendo hoje<br />
um Rosário, diria: “Esse objeto me<br />
lembra um guerreiro”? Pelo contrário,<br />
a maioria das pessoas associará<br />
o Rosário a um símbolo do homem<br />
incapaz de guerrear, de tal manei-<br />
C omentarei uma ficha a respeito<br />
de São Nicolau de Flue, ti-<br />
rada do livro Os Santos Militares,<br />
do Pe. Charles Profillet 1 .<br />
Inclinação para a<br />
vida contemplativa<br />
Nicolau de Flue nasceu no dia 25<br />
de março de 1417, falecendo no mesmo<br />
dia, no ano de 1487. Era natural<br />
do cantão de Unterwalden, na Suíça.<br />
Filho de modestos agricultores, demonstrou,<br />
desde criança, aptidões invulgares<br />
de inteligência e piedade.<br />
Por isso seus pais procuraram dar-lhe<br />
uma educação um pouco melhor daquela<br />
que seria ministrada a um futuro<br />
lavrador. Nicolau sentia enorme inclinação<br />
para a vida contemplativa.<br />
Tinha visões que o convidavam a isso.<br />
Mortificava-se tão violentamente<br />
que sua mãe temeu por sua saúde<br />
e procurou orientá-lo nesse sentido. É<br />
interessante que, mesmo com tal vocação,<br />
Nicolau casou-se, tendo numerosa<br />
prole e atingindo seus descendentes<br />
as mais altas dignidades do país.<br />
Casado, continuou com seu gênero<br />
de vida: levantava-se cada noite para<br />
rezar e todos os dias recitava o Saltério<br />
em honra de Nossa Senhora.<br />
Aos 23 anos foi ele chamado a lutar<br />
contra o cantão de Zurique, que se<br />
rebelara contra a Confederação Helvética.<br />
Já naquele tempo, a Suíça era dividida,<br />
como hoje, em cantões, ou seja,<br />
províncias tão pequenas que quase<br />
poderiam ser comparadas a municípios.<br />
Na época de São Nicolau de<br />
Flue, esses cantões eram quase completamente<br />
independentes uns dos<br />
outros. Tinham uma vaga confederação<br />
e viviam numa certa luta entre si,<br />
porque a influência política dentro<br />
da Suíça era disputada pelos países<br />
vizinhos. Cada grupo de cantões – de<br />
língua francesa, alemã, italiana, etc.<br />
– era trabalhado pela potência que<br />
lhe era afim.<br />
Então, isso proporcionava um jogo<br />
político muito intenso. É preciso<br />
considerar que esse foi o século militar<br />
da Suíça. Foi nesse período que<br />
os suíços começaram a se revelar<br />
grandes militares, fornecendo tropas<br />
mercenárias para a Europa inteira.<br />
A Guarda Suíça, que ainda serve<br />
os Papas, é uma reminiscência dessa<br />
tradição. Portanto, nessa época a<br />
Suíça ia entrando no seu período, relativamente<br />
ráp ido, de glória militar.<br />
Numa das mãos a espada,<br />
noutra o Rosário<br />
Que linda cena! Entrar esse homem valoroso<br />
no campo de batalha com uma das mãos<br />
portando a espada, desferindo golpes, e com<br />
a outra segurando o escudo e o Rosário.<br />
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