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Portal do Budismo nº14

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<strong>Portal</strong> <strong>do</strong> <strong>Budismo</strong> <strong>nº14</strong> - distribuição interna - 1<br />

A resposta para o<br />

“Por que vivemos” é…<br />

obter a<br />

felicidade absoluta<br />

Por que trabalhamos? — Porque<br />

precisamos nos alimentar.<br />

Por que precisamos nos alimentar?<br />

— Para continuar viven<strong>do</strong>.<br />

Então, para que vivemos?<br />

Em outras palavras, qual seria o<br />

objetivo da vida o qual podemos<br />

afirmar que “concluin<strong>do</strong> esse único<br />

propósito, não terei arrependimentos<br />

mesmo que morra a qualquer hora”?<br />

O que nós buscamos é a “felicidade”<br />

O motivo de vivermos, em uma palavra<br />

é, sem dúvida, sermos “felizes”.<br />

Com sacrifício, juntamos dinheiro<br />

no banco porque acreditamos que<br />

essa poupança nos trará felicidade.<br />

Caso contrário, ninguém se empenharia<br />

em poupar dinheiro.<br />

Do mesmo mo<strong>do</strong>, se a longevidade<br />

fosse sinônimo de infelicidade,<br />

não haveria esforços em prolongar<br />

a vida. No caso <strong>do</strong> smartphone também,<br />

pois apesar dele ser indispensável<br />

para a geração atual, aqueles que<br />

acreditam serem mais felizes sem<br />

este aparelho, deixarão de usá-lo.<br />

Os vestibulan<strong>do</strong>s, apesar da imensa<br />

vontade de descansarem e se divertirem,<br />

empenham-se nos estu<strong>do</strong>s acreditan<strong>do</strong><br />

que entran<strong>do</strong> na faculdade<br />

<strong>do</strong>s sonhos serão felizes, bem como as<br />

pessoas que frequentam SPAs e outras<br />

que realizam cirurgias plásticas, são<br />

aquelas que acreditam que a “beleza”<br />

lhes proporcionará a felicidade.<br />

Em suma, o objetivo, acima de<br />

tu<strong>do</strong>, é obter a “felicidade”.<br />

A política, a economia, a ciência,<br />

a medicina, a lei, o esporte, a arte e<br />

qualquer outro artifício cria<strong>do</strong> pelo<br />

ser humano, tu<strong>do</strong> provém da busca<br />

pela felicidade.<br />

Contu<strong>do</strong>, quan<strong>do</strong> dizemos “felicidade”,<br />

há <strong>do</strong>is tipos: a relativa e a absoluta.<br />

Felicidade relativa — Sente-se feliz<br />

quan<strong>do</strong> se compara com os outros<br />

A felicidade relativa refere-se àquela<br />

em que nos alegramos quan<strong>do</strong><br />

comparamos com a condição alheia.<br />

O ser humano só possui conhecimento<br />

relativo. Comprimento, peso e<br />

beleza são conceitos que conseguimos<br />

avaliar e classificar quan<strong>do</strong> os comparamos<br />

com algo. Da mesma forma,<br />

não conseguimos sentir a felicidade<br />

se não a compararmos com algo.<br />

Por exemplo, mesmo que eu sinta<br />

satisfação de ter consegui<strong>do</strong> a tão sonhada<br />

casa própria de <strong>do</strong>is andares,<br />

se o vizinho constrói um esplêndi<strong>do</strong><br />

sobra<strong>do</strong> de três andares, a minha alegria<br />

desbotará num piscar de olhos. E<br />

se a casa vizinha fosse apenas de um<br />

andar? Como me sentiria? “Puxa!<br />

Como deve ser difícil cinco pessoas viverem<br />

naquela casa apertada. Comparan<strong>do</strong><br />

a eles, como sou feliz por eu<br />

(continua...)


2 - <strong>Portal</strong> <strong>do</strong> <strong>Budismo</strong> - <strong>nº14</strong> - distribuição interna<br />

(...continuação)<br />

poder morar numa casa de <strong>do</strong>is andares!”,<br />

sentiria mais satisfação pensan<strong>do</strong><br />

dessa forma.<br />

“A infelicidade alheia gera a minha<br />

felicidade” é um sentimento terrível e<br />

lamentável, mas infelizmente essa é a<br />

nossa real condição.<br />

No final restará apenas um sonho<br />

dentro de outro sonho<br />

O atleta olímpico se sente afortuna<strong>do</strong><br />

com a medalha de prata se nas<br />

provas anteriores conquistou medalha<br />

de bronze, contu<strong>do</strong> olhan<strong>do</strong><br />

para outro atleta que recebeu medalha<br />

de ouro, provavelmente estaria<br />

se lamentan<strong>do</strong> em frustrações. Não<br />

nos comparamos apenas com outras<br />

pessoas, o “eu” <strong>do</strong> passa<strong>do</strong> também é<br />

alvo de nossas comparações.<br />

Desse mo<strong>do</strong>, dinheiro, bens materiais,<br />

status social, fama, aparência,<br />

bem como a genialidade, são tipos<br />

de felicidades que conseguimos nos<br />

alegrar fazen<strong>do</strong> comparações, essa é<br />

a “felicidade relativa”.<br />

Entretanto, tal felicidade não é permanente.<br />

Eventualmente, começamos<br />

a nos entediar com ela e procuramos<br />

outros elementos que nos façam mais<br />

felizes, é uma busca infinita.<br />

E, por fim, o que acontece quan<strong>do</strong><br />

chega a hora da morte?<br />

Toyotomi Hideyoshi (1536-1598)<br />

disse em seu leito de morte, “Minha<br />

vida foi apenas um sonho dentro de<br />

um outro sonho”. Da mesma forma, na<br />

hora da morte tu<strong>do</strong> o que conquistamos<br />

em vida desaparecerá como um<br />

sonho restan<strong>do</strong> apenas o vazio.<br />

A “felicidade relativa” é importante<br />

para que possamos viver, contu<strong>do</strong><br />

não podemos afirmar que ela seja<br />

uma felicidade verdadeira, o objetivo<br />

pelo qual nós vivemos.<br />

Felicidade absoluta — A alegria<br />

da vida que continua e não se<br />

altera pela eternidade<br />

Mesmo a segurança e a satisfação<br />

de ter um lampião em mãos se tornam<br />

inseguras, pois no fim, sua luz<br />

se extinguirá. Da mesma forma, nós<br />

não nascemos para obtermos uma<br />

felicidade efêmera que se extingue<br />

como uma luz.<br />

Nascemos com o propósito de obter<br />

a felicidade absoluta desfrutan<strong>do</strong><br />

a imensa alegria da vida: “Como sou<br />

feliz por ter nasci<strong>do</strong> como ser humano”,<br />

“Para concluir unicamente esse<br />

propósito que eu vivi”.<br />

A “felicidade absoluta” trata-se de<br />

uma felicidade que continua sem se<br />

desvanecer e, mesmo na hora da morte,<br />

ela não se altera. Buda Sakyamuni<br />

e o mestre Shinran viveram unicamente<br />

com o intuito de pregar sobre<br />

essa “felicidade absoluta”.<br />

As palestras de Buda Sakya registradas<br />

em mais de 7000 sutras, a obra<br />

<strong>do</strong> mestre Shinran Ensinamento, prática,<br />

fé, iluminação e diversas outras,<br />

foram resulta<strong>do</strong>s desse esforço para<br />

descrever um mun<strong>do</strong> impossível de<br />

ser expresso, pois somente disponibilizavam<br />

de palavras relativas.<br />

Sobre a nossa vida em contínuo sofrimento<br />

por sermos traí<strong>do</strong>s pelas “felicidades<br />

relativas”, o mestre Shinran<br />

fez uma analogia a um mar de altas<br />

ondas que constantemente se formam<br />

e o denominou de “mar de sofrimento”.<br />

Ven<strong>do</strong> a nossa situação, o Buda<br />

Amida encheu-se de compaixão e<br />

surgiu o desejo de nos salvar para a<br />

verdadeira felicidade (Voto <strong>do</strong> Buda<br />

Amida). Esse Voto <strong>do</strong> Buda Amida foi<br />

exemplifica<strong>do</strong> através de um navio e<br />

é ensina<strong>do</strong> que se trata <strong>do</strong> “grande<br />

navio que atravessa o mar de sofrimento”<br />

ou também “navio da grande<br />

compaixão de Amida”.<br />

“Felicidade relativa”, nessa analogia<br />

ao mar, refere-se às toras e troncos<br />

que flutuam no mar de sofrimento.<br />

A “felicidade absoluta” é a felicidade<br />

de ser alça<strong>do</strong> ao navio da grande<br />

compaixão <strong>do</strong> Buda Amida, trata-se<br />

da felicidade imutável que permanece<br />

pela eternidade.<br />

Sobre o mun<strong>do</strong> da verdadeira felicidade,<br />

o mestre Shinran, em sua<br />

obra Ensinamento, prática, fé, iluminação,<br />

relata da seguinte forma.<br />

“Agora que embarquei no navio da<br />

grande compaixão de Amida, flutuei<br />

sobre o vasto oceano da luz, as brisas<br />

da suprema felicidade sopram delicadamente<br />

e as ondas de to<strong>do</strong> sofrimento<br />

se transformam em alegria.<br />

Ergui<strong>do</strong> a bor<strong>do</strong> <strong>do</strong> navio <strong>do</strong> Voto<br />

da grande compaixão de Amida,<br />

olho para a minha vida, um mar de<br />

sofrimento, e eis que vejo um vasto<br />

oceano de incrível luminosidade. Que<br />

maravilha estar vivo, viajan<strong>do</strong> pelo<br />

mar com vento sereno nas velas! É um<br />

espetáculo maravilhoso onde o sofrimento<br />

se transforma em alegria.”<br />

Em contraste a esse mun<strong>do</strong> onde<br />

não sabemos quan<strong>do</strong> algo pode nos<br />

assolar, a alegria proporcionada pela<br />

“felicidade absoluta” não se altera,<br />

independente <strong>do</strong> desastre ou calamidades<br />

em que seja envolvi<strong>do</strong>, ou<br />

mesmo que venha a desenvolver alguma<br />

deficiência mental.<br />

A resposta para o “Por que vivemos”,<br />

é ser salvo pelo Voto <strong>do</strong> Buda Amida<br />

(navio da grande compaixão de Amida)<br />

e desfrutar da felicidade absoluta,<br />

assim manifesta o mestre Shinran.


<strong>Portal</strong> <strong>do</strong> <strong>Budismo</strong> <strong>nº14</strong> - distribuição interna - 3<br />

SALA DE BUDISMO aprenden<strong>do</strong> os termos de budismo<br />

Palavra de hoje:<br />

煩 悩<br />

BONNÔ<br />

= paixões mundanas<br />

Buda Sakyamuni ensina a imagem<br />

<strong>do</strong> ser humano como “ser mundano<br />

constituí<strong>do</strong> de paixões mundanas<br />

(Bonnô gusoku no bômbu)”.<br />

“Ser mundano” refere-se ao ser<br />

humano. As “paixões mundanas” referem-se<br />

aquilo que nos causa sofrimento<br />

e tormento, e o budismo ensina<br />

que cada um possui 108 paixões<br />

mundanas. No réveillon <strong>do</strong> Japão, os<br />

templos budistas tocam o sino 108<br />

vezes, isso provavelmente, vem <strong>do</strong><br />

desejo de parar de sofrer por causa<br />

das paixões mundanas no novo ano<br />

que se inicia.<br />

“Ser constituí<strong>do</strong> de paixões mundanas”<br />

significa que não possui nada<br />

mais além das paixões mundanas,<br />

é 100% feito delas. Através das seguintes<br />

palavras, mestre Shinran nos<br />

ensina que essa é a imagem imutável<br />

de todas as pessoas independente da<br />

época e lugar.<br />

“To<strong>do</strong>s nós seres humanos, ‘transbordamos<br />

de paixões mundanas.<br />

Cheio de desejo, nossas mentes são<br />

caldeirões de raiva e inveja’ e até o<br />

ultimo instante da vida, essa condição<br />

não cessa, não desaparece, não<br />

chega ao fim nem por um momento.”<br />

(Sobre a invocação única e invocação<br />

múltipla)<br />

O ser humano é um aglomera<strong>do</strong><br />

de desejo, ira, raiva, inveja e<br />

ciúmes. Até a morte, elas sequer<br />

se acalmarão e muito menos irão<br />

diminuir. Obviamente que jamais<br />

conseguirá eliminá-las.<br />

Provavelmente, muitas pessoas deduzem<br />

que ouvin<strong>do</strong> o budismo, as<br />

paixões mundanas serão minimizadas<br />

e assim, poderão levar uma vida<br />

mais em paz. Até mesmo o mestre<br />

Shinran tentou reduzi-las através de<br />

rigorosas práticas durante 20 anos no<br />

monte Hiei. Porém, foi lhe revela<strong>do</strong><br />

que as paixões mundanas não se alteram<br />

absolutamente nada e por isso,<br />

ele diz “essa condição não cessa, não<br />

desaparece, não chega ao fim nem por<br />

um momento.”<br />

A mente tal qual uma serpente<br />

e um escorpião<br />

As principais paixões mundanas<br />

são o desejo, a ira, a inveja, o ciúmes<br />

e o apego.<br />

Desejo é o sentimento de constante<br />

busca, de querer mais e mais. À nossa<br />

volta, vemos pessoas angustiadas porque<br />

o trabalho, a educação <strong>do</strong>s filhos,<br />

as relações interpessoais não acontecem<br />

conforme a sua vontade. Sofrer<br />

pela sensação contínua de insatisfação<br />

e pela sede constante de desejar<br />

mais e mais, esta é a imagem de estar<br />

sofren<strong>do</strong> por causa <strong>do</strong> desejo.<br />

A ira ocorre no momento em que<br />

o desejo é interrompi<strong>do</strong> e surge em<br />

forma de vontade de querer matar,<br />

de prejudicar a pessoa que lhe causou<br />

esse sentimento.<br />

Desde antigamente dizem os dita<strong>do</strong>s<br />

“Considere a ira como o seu inimigo”,<br />

“Conte até 10 quan<strong>do</strong> estiver<br />

com raiva”, “A ira começa com a imprudência<br />

e termina com o arrependimento”.<br />

Porém, uma vez que se é<br />

<strong>do</strong>mina<strong>do</strong> pela chama da ira, se esquece<br />

completamente das boas maneiras,<br />

<strong>do</strong> conhecimento e da experiência<br />

e toma atitudes impensadas,<br />

sem se importar com mais nada dizen<strong>do</strong><br />

coisas desrespeitosas, toman<strong>do</strong><br />

atitudes indevidas como vemos<br />

em muitos casos de brigas de cônjugues,<br />

vizinhos ou de trânsito que<br />

terminaram de forma brutal. Muitos<br />

são os casos que assemelham a isso.<br />

Afinal, quantas pessoas não estariam<br />

desoladas diante das cinzas onde as<br />

chamas da ira consumiram tu<strong>do</strong> deixan<strong>do</strong><br />

apenas o arrependimento?<br />

Inveja e ciúmes referem-se às paixões<br />

mundanas as quais chamamos<br />

de ignorância.<br />

Conforme diz um dita<strong>do</strong> “Inveja<br />

aquele que é melhor que você”, a ignorância<br />

é um sentimento de invejar<br />

o <strong>do</strong>m, a beleza, o sucesso, a riqueza<br />

<strong>do</strong> amigo e, por sua vez, satisfazer-se<br />

com o erro e o infortúnio dele. Por ser<br />

um sentimento vergonhoso e assusta<strong>do</strong>r,<br />

Shinran Shonin diz “a mente é<br />

tal qual uma serpente ou um escorpião<br />

(sente arrepios quan<strong>do</strong> os vê)”.<br />

O apego é o sentimento insistente<br />

de impor a si próprio dizen<strong>do</strong>: “tem<br />

que ser assim”. Porém, há pessoas que<br />

dizem “Está erra<strong>do</strong> insistir que seja de<br />

tal forma. Será mais feliz se não apegar<br />

tanto assim”. Mas isso são frases<br />

de pessoas que se fixam à “idéia de<br />

não se apegar” e não percebem que<br />

isso também é um apego. Ele também<br />

é uma das paixões mundanas,<br />

portanto não há como minimizar ou<br />

eliminar até a morte.<br />

Transformação radical em uma<br />

vida feliz<br />

Durante todas suas vidas, Buda<br />

Sakyamuni e Shinran Shonin nos ensinaram<br />

unicamente o Voto <strong>do</strong> Buda<br />

Amida que nos salva desde já para a<br />

eterna felicidade, exatamente como<br />

somos, feitos de paixões mundanas.<br />

Quan<strong>do</strong> formos salvos através da<br />

força <strong>do</strong> Voto de Amida, agora em<br />

vida, a nossa vida de sofrimento se<br />

transformará radicalmente numa<br />

vida de felicidade.<br />

Sem ocorrer mudança alguma nas<br />

paixões mundanas, seremos salvos<br />

para a eterna e imutável felicidade<br />

absoluta e assim, obteremos a certeza<br />

<strong>do</strong> nascimento na Terra Pura na próxima<br />

vida.<br />

A imagem <strong>do</strong> ser humano é de ser<br />

constituí<strong>do</strong> de paixões mundanas


4 - <strong>Portal</strong> <strong>do</strong> <strong>Budismo</strong> - <strong>nº14</strong> - distribuição interna<br />

SALA DE BUDISMO aprenden<strong>do</strong> os termos de budismo<br />

Palavra de hoje:<br />

聞 法<br />

MON PÔ<br />

No budismo é ensina<strong>do</strong> que o propósito<br />

para o qual os seres humanos nasceram é<br />

unicamente para obter a felicidade absoluta.<br />

Então, como conseguiremos obter essa felicidade<br />

absoluta?<br />

Sobre essa questão, o Buda Sakya e o mestre<br />

Shinran afirmam que conseguiremos<br />

“unicamente ouvin<strong>do</strong>”, através da expressão<br />

“o budismo consiste no tyômon”.<br />

Tyômon tem o mesmo significa<strong>do</strong> de<br />

“monpô” e quer dizer “ouvir o budismo”.<br />

O “pô” de “monpô”, em japonês, também<br />

pode ser li<strong>do</strong> como “HÔ” e é defini<strong>do</strong> como<br />

a verdade que não altera no passa<strong>do</strong> e futuro,<br />

no oriente e no ocidente, isto é, independe <strong>do</strong><br />

tempo e lugar. O “hô” também tem o significa<strong>do</strong><br />

de “kyô” (ensinamento) e o mestre Shinran<br />

pregou unicamente o “kyôbo” (em escrita é<br />

igual a “kyôho”), ou seja, a nobre verdade que<br />

ensina o caminho onde todas as pessoas obtêm<br />

a verdadeira felicidade. Em razão disso, escutan<strong>do</strong><br />

a <strong>do</strong>utrina <strong>do</strong> mestre Shinran, com toda<br />

a certeza alcançaremos a felicidade absoluta.<br />

Podemos obter a felicidade<br />

absoluta agora, em vida<br />

O ensinamento <strong>do</strong> mestre Shinran é conheci<strong>do</strong><br />

como a <strong>do</strong>utrina <strong>do</strong> HEI ZEI GO JO.<br />

“HEIZEI” remete ao presente, ao momento<br />

agora em que estamos vivos.<br />

“GO” refere-se ao grande empreendimento<br />

da vida, o objetivo para o qual os seres<br />

humanos nasceram.<br />

Por qual razão nascemos e estamos viven<strong>do</strong>?<br />

Mesmo diante de tantos sacrifícios<br />

e dificuldades, por que devemos continuar<br />

viven<strong>do</strong>? Em suma, faz referência à questão<br />

<strong>do</strong> “Por que vivemos”.<br />

“JO” significa concluir, realizar, cumprir.<br />

“Na vida, há um único e essencial propósito<br />

que devemos cumprir a to<strong>do</strong> custo. E esse objetivo<br />

pode ser atingi<strong>do</strong> agora, enquanto estamos<br />

vivos. Por isso, cumpra-o rapidamente”. Assim<br />

nos instruiu mestre Shinran e devi<strong>do</strong> a essa<br />

orientação, o letreiro único que simboliza o<br />

seu ensinamento é o HEI ZEI GO JO.<br />

O grande empreendimento da vida diz<br />

respeito à felicidade absoluta, portanto, “GO<br />

JO” significa alcançar a felicidade absoluta.<br />

A grande compaixão de Buda<br />

Amida<br />

“Ouvin<strong>do</strong> as palavras <strong>do</strong> mestre Shinran,<br />

qualquer pessoa poderá obter a felicidade<br />

absoluta”. Mesmo que seja ensina<strong>do</strong> dessa<br />

forma, poderá haver pessoas que pensem<br />

“apenas ouvin<strong>do</strong>, realmente alcançaremos a<br />

felicidade absoluta?” ou “uma pessoa como eu<br />

poderá desfrutar a felicidade absoluta?”.<br />

A respeito disso, mestre Rennyo nos explica<br />

através de uma analogia.<br />

Desde os primórdios dizem que, “quan<strong>do</strong><br />

você se empenha intensamente à sua determinação,<br />

não há nada que não consiga realizar.”<br />

Mesmo numa dura pedra, se as gotas de água<br />

caírem continuamente sobre o mesmo local,<br />

abrirão um buraco nela. Da mesma forma,<br />

o mais importante é ouvirmos o budismo<br />

perseverantemente sem pausa. Não importa<br />

quanto obstinada for a incerteza e a desconfiança<br />

profunda, mas se dedicar de corpo e<br />

alma no tyômon, em virtude da vasta e extensa<br />

compaixão <strong>do</strong> Buda Amida, sem dúvida<br />

conseguirá obter a felicidade absoluta.<br />

O budismo consiste unicamente no tyômon.<br />

Qualquer pessoa, se ouvir o ensinamento<br />

<strong>do</strong> mestre Shinran, com toda a certeza alcançará<br />

a felicidade absoluta.<br />

UM CAMINHO DE FLORES<br />

Longos anos limpan<strong>do</strong><br />

Suddhipanthaka, um <strong>do</strong>s discípulos<br />

mais famosos <strong>do</strong> Buda Sakyamuni, era<br />

bobo de nascença, incapaz de lembrar-<br />

-se até <strong>do</strong> próprio nome. Um dia, foi<br />

expulso de casa. Sakyamuni o encontrou<br />

choran<strong>do</strong> e perguntou delicadamente:<br />

“Por que você está tão triste?”<br />

Soluçan<strong>do</strong>, Suddhipanthaka lamentou<br />

com amargura:<br />

“Por que nasci tão burro?”<br />

“Não preisa chorar”, disse Sakyamuni.<br />

“Você tem consciência de sua tolice,<br />

mas muitos tolos acham que são<br />

sábios. Ter consciência da própria<br />

estupidez nos aproxima da iluminação”.<br />

Ele entregou uma vassoura a<br />

Suddhipanthaka e o instruiu a dizer<br />

o seguinte enquanto trabalhava: “Eu<br />

varro a poeira. Eu limpo a sujeira”.<br />

Suddhipanthaka tentou desesperadamente<br />

aprender as palavras ensinadas<br />

pelo Buda, mas, sempre que se<br />

lembrava de uma, esquecia da outra.<br />

Mesmo assim, cumpriu sua tarefa<br />

durante vinte anos.<br />

Uma vez, durante esses vinte anos,<br />

Sakyamuni elogiou Suddhipanthaka<br />

por sua determinação.<br />

“Por mais que continue varren<strong>do</strong>,<br />

você não consegue limpar melhor, e,<br />

apesar disso, não desiste. O progresso<br />

é importante, mas perseverar com o<br />

mesmo empenho é ainda mais importante.<br />

É um traço admirável, um traço<br />

que não vejo em outros discípulos.”<br />

Com o tempo, Suddhipanthaka se<br />

deu conta de que a poeira e a sujeira<br />

se acumulavam não apenas nos lugares<br />

de sempre, mas em pontos onde ele<br />

menos esperava. De repente, percebeu:<br />

“Eu sabia que era burro, mas não há<br />

como saber quanta burrice mais existe<br />

em lugares que eu nem noto”.<br />

Por fim, Suddhipanthaka atingiu a<br />

iluminação de um arhat*, um estágio<br />

muito eleva<strong>do</strong>. Além de encontrar<br />

um grande mestre e ensinamentos<br />

verdadeiros, foram seus longos anos<br />

de esforço e perseverança que coroaram<br />

seu sucesso.<br />

*Nome da<strong>do</strong> a um ser que atingiu<br />

um eleva<strong>do</strong> esta<strong>do</strong> de iluminação.

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