portal.2019.No21
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Portal do Budismo nº21 - distribuição interna - 1
www.yumpu.com/user/portaldobudismo
portaldobudismoshin@gmail.com
O elo com o budismo é o tesouro de vidas passadas
人 身 受 け 難 し 仏 法 聞 き 難 し
Difícil nascer
como ser
humano,
difícil ouvir
o budismo
“Difícil nascer como ser humano,
no entanto eis que nasci. Difícil
ouvir o budismo, no entanto
eis que o ouço. Se não conseguir a
salvação nesta vida, afinal em que
vida a conseguirei?”
Essas são as famosas palavras proferidas
pelo Buda Sakyamuni há
2600 anos na Índia. Elas contêm uma
mensagem muito importante para
todas as pessoas, independente da
época e do país onde nasceram.
Buda Sakyamuni nos ensina através
dessas palavras que “dentro da
grande dificuldade de nascer como
ser humano, nós conseguimos nascer;
conseguir ouvir o budismo também
é uma raridade muito grande
e nós conseguimos agora. Nessa
oportunidade tão rara, conseguimos
esse privilégio agora, portanto, se
não conseguirmos a salvação nesta
vida, jamais a conseguiremos. É uma
chance única para toda a eternidade
que temos somente agora.”
No entanto, qual a nossa sensação
de termos nascido como seres humanos?
Há aqueles que pensam: “Quando
mal percebi, a minha vida já tinha
começado” ou aqueles que se dizem
estar arrependidos: “Queria não ter
nascido se fosse para ter uma vida
tão difícil assim”.
Sakyamuni nos ensina que o fato
de nascermos como seres humanos é
uma chance tão rara de se conseguir
em incontáveis anos, por isso mesmo é
um privilégio gratificante e muito feliz.
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2 - Portal do Budismo - nº21 - distribuição interna
O único ensinamento de Buda Sakyamuni é:
“Há um objetivo na vida”
Difícil é nascer como ser humano,
no entanto eis me nascido. Difícil
é ouvir o Budismo, no entanto
eis que o ouço. Se deixo de obter a
salvação nesta existência, em que
vida a conseguirei?
Através dessas palavras, Buda
Sakyamuni nos ensina que é difícil
nascer como ser humano e ouvir o
budismo. Mas então, o quão difícil
é nascer como ser humano e o que
é ensinado no budismo o qual é tão
difícil de ouvir?
O ensinamento único de Sakyamuni
diz que “Há um propósito na vida”.
Nascer como ser humano é muito
gratificante e devemos nos alegrar
por ter este privilégio.
Sobre isso, ele pregou “A parábola
da tartaruga cega e do tronco flutuante”
no Sutra Agon.
*
*
Certa vez, Sakyamuni perguntou
ao seu discípulo Anan.
- Imagine uma tartaruga cega que
vive nas profundezas do mar e que
vem à superfície uma vez a cada 100
anos. Neste imenso mar está flutuando
uma tora e no meio dela há um
pequeno orifício. Anan, você acha
que essa tartaruga, que vem à superfície
uma vez a cada 100 anos, poderá
colocar a sua cabeça justamente
no buraco dessa tora quando ela vier
à superfície?
Anan se assustou e respondeu:
-Mestre, isso é inconcebível!
Ouvindo isso, Sakyamuni lhe disse:
De fato, qualquer um imagina que
isso é algo impensável. Mas se a tartaruga
repetir isso durante milhares
e bilhares de anos, num tempo ilimitado,
ninguém poderá dizer que
a tartaruga nunca colocará a sua cabeça
no buraco da tora. Anan, nascer
como ser humano é muito mais
difícil do que isso. É um privilégio
raro e gratificante!”
*
*
Dessa forma, é ensinado que nascer
como ser humano é difícil até
esse ponto, mas será que nós sentimos
gratidão e alegria pelo fato de
termos essa vida?
Ao invés de nos alegrarmos, quando
somos tomados pela solidão,
sofrimento ou desilusão, será não
pensamos: “Por que eu nasci? Se não
tivesse nascido, não estaria passando
por isso!”
Por que não conseguimos nos alegrar
do fundo do coração pelo fato de
termos nascido como seres humanos?
Isso se deve ao fato de não saber
para que nascemos, por que vivemos
e qual a necessidade de vivermos
mesmo a vida sendo difícil e sofrida,
ou seja, não conhecemos o verdadeiro
“propósito da vida”.
“Nasci como ser humano unicamente
para realizar isso!”. Essa
certeza surge quando se conclui o
propósito da vida e obtém a imensa
alegria pela vida que faz exultar
“Que felicidade ter nascido!” “Não
sabia que existia uma felicidade de
tamanha proporção!”.
É nesse momento que serão reveladas
a real importância da vida, que
dizem ter “um peso maior que a Terra”
e a dívida de gratidão aos pais e
antepassados que nos deram a vida.
Então, qual é o propósito da vida
que não conseguiríamos concluir se
não tivéssemos nascido como seres
humanos? É exatamente isso que esclarece
o Buda Sakyamuni.
Só agora conseguiremos parar o ciclo do sofrimento eterno
Sakyamuni nos ensina que a nossa vida tem um histórico infinito e que viemos sofrendo continuamente, vagando
pela eternidade nos seis mundos de sofrimento.
Esses seis mundos da ilusão são chamados de Rokudô ou Rokkai e literalmente significa “Seis mundos”. São eles:
Tenjôkai (mundo dos seres celestiais), Ningênkai (mundo dos seres humanos), Shurákai (mundo das constantes
lutas), Tikushôkai (mundo dos animais, seres vivos além do ser humano), Gakikai (mundo dos fantasmas famintos)
e Jigokukai (mundo de sofrimento contínuo, o inferno). Quando esses mundos são divididos com mais precisão
também são chamados de “Vinte e cinco mundos de espécies (Nijúgo ushô)”.
Estamos repetindo o ciclo de nascimento e morte nesses mundos de ilusão e sofrimento e a condição de não
conseguir nos afastar desses mundos é chamado de “Rokudô rinne (circular os seis mundos)” ou “Ruten rinne
(rodar em círculos)”. Sair desse ciclo e dar um fim à vida ilusória, a chance para conseguir a felicidade absoluta
afastando-se desses seis mundos, só existe agora: quando nascemos como seres humanos, algo difícil de acontecer,
e podemos ouvir o budismo (o Voto do Buda Amida), que também é difícil de ouvir.
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Portal do Budismo nº21 - distribuição interna - 3
Salvo agora para a felicidade absoluta através da
força do Voto de Amida
Desde que Sakyamuni atingiu a
iluminação de buda aos 35 anos de
idade no dia 08 de dezembro, até o
seu falecimento aos 80 anos de idade
no dia 15 de fevereiro, ele pregou
o ensinamento que atualmente é
conhecido como budismo.
Todo esse ensinamento foi registrado
em forma de sutras que
no total chegam a ser mais de sete
mil volumes.
Para saber o que é ensinado no budismo,
haveria necessidade de ler todos
os sutras e interpretá-los corretamente.
No entanto, eles são escritos
em caracteres complexos dificultando
a leitura por qualquer pessoa.
Shinran Shonin leu os mais de sete
mil volumes de sutras várias vezes
e afirma firme e claramente na obra
Shoshingue que Sakyamuni ensinou
unicamente o Voto do Buda Amida.
“Nyorai shoi koshusse Yuisetsu
Mida hongankai”
(Buda Sakyamuni veio a este mundo
unicamente para pregar o Voto do
Buda Amida).
■ ■ ■
O Voto de Buda Amida que Sakya-
muni pregou se refere à promessa feita
pelo Buda Amida na qual diz: “Salvarei
todas e quaisquer pessoas com
certeza para a felicidade absoluta”.
O voto visa todas as pessoas, no
passado e no presente, no oriente e
no ocidente. Não há nenhuma discriminação
entre homens e mulheres,
jovens e idosos, sábios ou não.
Não existe outro voto com uma extensão
tão grande de destinatários e
por essa razão é que Shinran Shonin
compara o Voto com o mar dizendo
“hongankai (Mar do Voto)”.
A felicidade absoluta é a plena
segurança de ter garantido o nascimento
na Terra Pura de Buda Amida
na próxima vida, obtendo assim
uma felicidade, nesta vida, que jamais
muda independente do que
venha a acontecer.
Quando formos salvos claramente
pelo poder do Voto de Amida, conseguiremos
concluir o objetivo de
termos nascido como seres humanos
vivenciando a alegria da certeza de
que “nasci como ser humano para
realizar esse propósito!”.
Ouvir o Voto do Buda Amida e obter
agora em vida a felicidade absoluta,
a certeza do nascimento na Terra
Pura, sobre isso Sakyamuni ensina
através do trecho “conseguir a salvação
nessa vida”.
■ ■ ■
Através do budismo teremos conhecimento
do propósito da vida
que é a questão mais importante do
que tudo neste mundo e poderemos
concluí-lo pelo Voto de Buda Amida.
No entanto, a oportunidade de ouvir
o budismo é extremamente difícil, a
qual Buda Sakyamuni faz uma analogia:
“Do topo do monte Himalaia,
soltem uma linha de costura e tentem
colocá-la no olho da agulha que
está no sopé desta montanha. Ouvir
o budismo é muito mais difícil do
que conseguir essa façanha.”
O Voto do Buda Amida é difícil de
ouvir nestas proporções, no entanto
somos felizes pela chance de poder
ouvir agora, uma oportunidade rara
em centenas e milhares de kalpas.
Se não conseguir a salvação nesta
vida, onde tivemos um privilégio valioso
dentre várias vidas, afinal em
que vida a conseguiremos?
人 身 受 け 難 し 今 已 に 受 く
Difícil nascer como ser humano,
no entanto eis que nasci.
仏 法 聞 き 難 し 今 已 に 聞 く
Difícil ouvir o budismo,
no entanto eis que o ouço.
この 身 、 今 生 に 向 かって 度 せずんば
Se deixo de obter a salvação nesta existência,
さらにいずれの 生 に 向 かってか、この 身 を 度 せん。
em que vida a conseguirei?
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4 - Portal do Budismo - nº21 - distribuição interna
SALA DE BUDISMO aprendendo os termos de budismo
Palavra de hoje:
善 知 識
Zenjishiki
A pessoa que ensina corretamente
o budismo é chamado de Zenjishiki
e, como no budismo é ensinado unicamente
o “Voto do Buda Amida”,
Zenjishiki se refere àquela pessoa que
ensina sem erros o Voto de Mida.
Na Terra, quem primeiramente
elucidou o “Voto do Buda Amida” foi
Sakyamuni, na Índia há 2600 anos.
Portanto, ele é considerado o pioneiro
dos Zenjishikis. Posteriormente,
mestre Shinran apresenta sete notáveis
mestres do budismo que divulgaram
ampla e corretamente o Voto
de Amida. São eles: da Índia, Ryuju
bosatsu (Bodisatva Nagarjuna) e
Tenjin bosatsu (Bodisatva Vasubandhu);
da China, Donran daishi (Tan-
-luan), Doshaku Zenji (Tao-cho) e
Zendo daishi (Chan-tao); do Japão,
Genshin Souzu e Honen Shonin.
Eles são denominados os “sete
grandes mestres” e Shinran Shonin
os enaltece na obra Shoshingue com
alegria dizendo: “Graças aos sete
grandes mestres que disseminaram
o Voto de Mida sem erros é que eu,
Shinran, fui salvo agora por Mida”.
Esclarecendo a verdadeira intenção do “Voto de Mida”
Mesmo que uma pessoa tenha o cabelo
raspado, use traje típico e, dessa
forma, aparente ser um monge, caso
distorça o ensinamento, ela é chamada
de Akutishiki (falso mestre do
budismo). Mesmo que existam centenas
de monges, aquele que é considerado
Zenjishiki, surge apenas um
em centenas de anos.
Shinran Shonin diz “Encontrar
com o verdadeiro mestre do budismo
é a maior de todas as dificuldades”.
Ele diz ser a “maior de todas as
dificuldades” justamente porque são
extremamente poucos aqueles que
divulgam corretamente o Voto de
Buda Amida.
◆
O “Voto do Buda Amida” é uma
promessa que diz: “Salvarei todas as
pessoas, com certeza, para a felicidade
absoluta”. Essa salvação é obtida agora,
em vida, e não depois que morrermos.
No entanto, há muitas pessoas que
interpretam erradamente o Voto de
Mida dizendo que “qualquer pessoa
poderá ir para a Terra Pura depois
da morte, bastando apenas recitar o
Nembutsu”, chegando até a se tornar
uma interpretação comum mesmo na
época em que Shinran Shonin vivia.
Em meio a isso, Shinran Shonin
corrige este equívoco cometido por
milhares de pessoas esclarecendo
que, somente aquelas pessoas que se
encontraram claramente com a salvação
de Mida nesta vida, obtendo a
felicidade absoluta, é que, depois da
morte, poderão nascer na Terra Pura
de Mida. Dessa forma, ele explica
clara e nitidamente o verdadeiro significado
do Voto de Buda Amida.
◆
Em qualquer época que seja, é
muito rara a oportunidade de encontrar
com o verdadeiro mestre
do budismo. Conforme as condições
e conveniências de cada um,
as pessoas acabam misturando seus
conceitos e ideias.
Mesmo hoje, no Japão, há livros didáticos
com trechos assim: “Shinran
dizia que recitando o Nembutsu, seremos
salvos”. E, de fato, são muitas as
pessoas que interpretam dessa forma.
Se não ouvirmos corretamente o
verdadeiro significado do “Voto de
Buda Amida”, não poderemos nos
encontrar com a salvação de Mida.
O fato de termos encontrado com o
Zenjishiki é uma felicidade tão grande
que não há nada que se iguale a
isso neste mundo.
Dando importância e valor para
cada palestra, vamos ouvir o budismo
com a máxima atenção.
A verdade é solene
A “verdade” nada tem a ver com a
opinião ou a conveniência das pessoas.
Aceitá-la ou não, assustar-se com
ela, sentir ou não que algo é verdadeiro
- essas são atitudes que geram
opiniões e conveniências que nada
têm a ver com a verdade.
Nada a influencia nem muda. Porque
a verdade é solene.
(“Sementes do coração”)
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