Portal do Budismo nº19

Portal do Budismo nº19 - distribuição interna - 1
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Parábola
“Os dois rios e um
caminho branco”
Shinran Shonin e Mestre Zendo
Shinran Shonin escreve no
Shoshingue “Zendo dokumyou busshôi
(Somente Zendo esclareceu a
verdadeira intenção de Buda)”.
Zendo, também conhecido como
Shan-tao, viveu na China há cerca
de 1300 anos. Shinran Shonin tinha
profundo respeito e admiração por
ele apontando-o como um dos “Sete
grandes mestres do budismo”.
Quando fazemos a leitura do
Shoshingue, este trecho é lido em
tom mais alto pelo fato do mestre
Shinran enaltecer profundamente o
mestre Zendo. O respeito fica nítido
também no hino no qual mestre
Shinran elogia Zendo dizendo ser
ele a reencarnação de Buda na forma
de um ser humano que veio da Terra
Pura até este mundo.
Zendo Daishi viveu na dinastia Tang,
onde o budismo vivia o seu ápice na
China. Shinran Shonin realça o sentimento
de grande consideração pelo
mestre Zendo, porque dentre milhares
de monges que existiam nessa época, ele
era o único que sabia claramente a verdadeira
intenção de Buda.
Nesta ocasião, vamos estudar sobre
a famosa parábola feita pelo
mestre Zendo, chamada de “Os
dois rios e um caminho branco”.
Zendo dokumyou busshôi (Shoshingue)

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Parábola
“Os dois rios e um caminho branco”
Mestre Zendo, através da parábola “Os dois rios e um caminho branco”,
nos ensina o processo que a nossa mente passa até a salvação pelo Voto
do Buda Amida.
Um viajante caminhava de leste a oeste por uma trilha de milhares
de quilômetros.
Logo percebe que estava sendo perseguido por bandidos e animais ferozes.
Assustado e com medo de ser morto, o viajante começa a correr
até que se defronta com um grande rio que flui de norte para o sul e o
impede de avançar.
Do lado direito há um rio de água, do lado esquerdo um rio de fogo e
no meio há um estreito caminho branco com cerca de 15 cm de largura.
As ondas dos rios de fogo e água são tão altas e violentas que cobrem o
estreito caminho branco que está entre eles e ainda, não há certeza alguma
se este caminho se estende até o outro lado da margem.
Na margem leste, o Buda Sakyamuni aponta para o oeste e diz ao
viajante com veemência: “Siga por esse caminho! Você será salvo com
certeza!” Porém o viajante hesita. Ele não consegue avançar o caminho
branco por causa das ondas da água e do fogo, ferozes e turbulentas.
Entretanto, o Buda Sakyamuni insiste repetidas vezes: “Siga por esse
caminho!” Obedecendo às ordens de Sakyamuni, o viajante começa a
avançar, indo e voltando, até que por fim ele chega a um impasse (a certeza
das três mortes) – se avançasse, morreria; se voltasse, morreria; e se
parasse, morreria. E assim, ele se prepara para a morte.
Nesse instante, o viajante ouve da margem oeste o chamado do Buda
Amida (ordem de comando de Amida).
“Com a mente focada, venha imediatamente! Eu o protegerei, com certeza!”
Dessa forma, a ansiedade e o medo (Guikôtaishin*) do viajante desaparecem
completamente. Ele consegue chegar com facilidade e segurança
à margem oeste.
*Guikôtaishin: No budismo é ensinado como ansiedade e medo referindo-se
à mente de dúvida em relação ao Voto do Buda Amida e a apreensão
em relação ao mundo do pós morte.
O chamado de Amida
“Com a mente focada, venha
imediatamente! Com certeza,
eu o protegerei. Não tenha
medo de cair nos rios da água
e do fogo!”

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O que nos ensina essa parábola
Todas as pessoas são comparadas a um “viajante” e as intensas paixões
mundanas do desejo e da ira são explicadas através do “rio de água” e do
“rio de fogo”.
O “caminho branco” diz respeito ao sentimento de querer ouvir o budismo
(mente que busca a salvação de Amida), mas por ele ser frágil, é
ensinado como um caminho estreito que tem cerca de 15 cm de largura.
“Bandidos (gunzoku)” e “animais ferozes (akuju)” referem-se a tudo que
perturba o sentimento de querer ouvir o budismo.
Ouvir o chamado de Amida “Venha exatamente como você é”, no estado
do Sanjôshi (situação certa da morte), refere-se ao momento do Monsokushin,
onde o viajante obtém a certeza do nascimento na Terra Pura
e a plena segurança.
Palavras de Sakyamuni
“Siga em frente por esse caminho.
Você jamais morrerá. Se
parar, poderá morrer”.
Os bandidos o chamam de volta
“Volte para cá, depressa! Por que está seguindo um
caminho tão penoso com as ondas violentas do fogo
e das águas? Você está sendo enganado! Não estou lhe
dizendo isso com más intenções. Se digo para voltar
é porque quero que você seja feliz. Se você continuar
por esse caminho ignorando as minhas gentilezas,
com certeza você vai morrer. Volte! Volte!”
Perguntas sobre a “parábola dos dois rios e um caminho branco”:
1. O que é a “margem oeste” (higan)?
2. O que é a “margem leste” (shigan)?
3. O que é o “caminho branco”
(byakudo)?
4. O que são os “bandidos” e os “animais
ferozes” (gunzoku, akuju)?
5. O que é o “rio de fogo”?
6. O que é o “rio de água”?
7. O que significa seguir na “direção
oeste”?
Respostas:
1. Terra Pura de Amida.
2. Este mundo (Mundo da ilusão,
Mundo “Saha”).
3. Mente que busca o caminho do
budismo, Shinjin (fé).
4. Tudo aquilo que dificulta a
ouvirmos e a buscarmos o
budismo.
5. Mente da ira.
6. Mente do desejo.
7. Buscar a felicidade.

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SALA DE BUDISMO aprendendo os termos de budismo
Palavra de hoje:
善 知 識
Zenjishiki
No budismo diz “Tishiki” referindo-se
ao mestre do budismo e não a
outros mestres como de ciências ou
de matemática, como é de uso comum
entre os japoneses.
Antes da palavra Tishiki, é colocado
o prefixo “zen (bom, correto)”
porque também existe o “aku” (mau,
errado). “Akutishiki” refere-se àquela
pessoa que distorce o budismo, dizendo
apenas sobre suas experiências
e opiniões enquanto que “Zenjishiki”
diz respeito ao mestre que
ensina corretamente o budismo.
◆
Então, quem é chamado de “Zenjishiki”
divulga o budismo de que
forma? Mestre Rennyo nos ensina
que a função do Zenjishiki é única:
orientar as pessoas a se voltarem unicamente
ao Buda Amida e serem salvas
por ele.
◆
Quem nos ensinou sobre o Buda
Amida inicialmente foi Sakyamuni
que surgiu na Índia há 2600 anos e
pregou o budismo.
Sakyamuni diz “Divulguei o budismo
unicamente para apresentar o
meu nobre mestre”.
E assim, nos apresenta o “Ikko sennen
Muryojubutsu” como sendo a
conclusão do Budismo.
“Muryojubutsu” refere-se ao Buda
Amida. “Ikko sennen” significa “voltar
e crer unicamente”. Portanto,
“Ikko sennen Muryojubutsu” significa
“voltar e crer unicamente no
Buda Amida”.
Aquele que ensina dessa forma
é considerado um Zenjishiki, logo
Sakyamuni é considerado o “pioneiro
dos zenjishikis”.
◆
Posteriormente a Sakyamuni,
quem transmitiu corretamente o
“Ikko sennen Muryojubutsu” foram
os mestres da Índia, os Bodisatvas
Nagarjuna (Ryuju) e Vasubandhu
(Tenjin), da China que são Tan-
-luan (Donran), Tao-cho (Dôshaku)
e Shan-tao (Zendo), e do Japão que
são Genshin e Honen.
Shinran Shonin enaltece estes mestres
como os “Sete grandes mestres”
e na obra Shoshingue aponta os nomes
de cada um, clamando a gratidão
a eles: “Graças aos Sete grandes
mestres do verdadeiro budismo
Siga o único caminho do tyômon
terem divulgado o ‘Ikko sennen
Muryojubutsu’ que eu, Shinran, pude
agora me encontrar com a salvação
de Buda Amida”.
Dando continuidade a esse trabalho,
os mestres Shinran, Kakunyo e
Rennyo também divulgaram corretamente
o “Ikko sennen Muryojubutsu”,
portanto estes três também são
considerados zenjishikis.
◆
Na parábola “Os dois rios e um
caminho branco” escrita pelo mestre
Shan-tao (Zendo Daishi), Buda
Sakyamuni e os zenjishikis, tratam-se
daquelas pessoas que indicam o caminho
a seguir apontando para oeste
e dizendo “vá por esse caminho”.
“Esse caminho” se refere ao único
caminho do tyômon.
Os zenjishikis nos ensinam a
“voltar e crer unicamente no Buda
Amida”, isso significa “ouça o Voto
do Buda Amida até que as dúvidas
sejam eliminadas” e assim, nos
orientam ouvir o budismo com a
máxima seriedade.