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Artium Edição 6

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M<br />

Passei dos 50! E agora?<br />

POR: MIRA GRAÇANO<br />

Confesso que não foi fácil. Não<br />

adianta mentir, fazer pose de bem resolvida,<br />

mulher madura consciente, a profissional<br />

experiente e todos os demais títulos<br />

possíveis para atenuar o fato. A ficha caiu<br />

quando um cunhado, que já nem era mais<br />

cunhado, soltou a flecha: e aí, agora é contagem<br />

regressiva, você já viveu mais do que<br />

vai viver!!! Desagradável.... por que jogar<br />

por terra meu esforço em lidar com a situação<br />

de forma serena- ainda que externamente?<br />

Mas, ok, ele tinha razão. E o pior é<br />

que gosto muito do meu eterno cunhado.<br />

Enfim, cheguei aos 50, ou melhor,<br />

passei.<br />

Agora é tocar o barco, lidar com as<br />

rugas, com a pressão alta- primeiro sintoma<br />

de que a idade chegou. Me peguei no<br />

espelho falando sozinha: até que não estou<br />

mal..., apesar do olhar cansado e da paciência<br />

menor com o filho. Felizmente essa<br />

nostalgia, os rompantes de realidade, duraram<br />

apenas alguns minutos. Logo depois<br />

me lembrei das recompensas dos 50. Sim,<br />

há muitas recompensas, afinal, somos experientes,<br />

vividos, maduros... isso tem que<br />

servir para alguma coisa. E convenhamos,<br />

a maior dádiva da idade é ter autonomia<br />

para ser quem somos. Não quer dizer que<br />

não possamos ter autonomia desde a juventude,<br />

mas é um esforço hercúleo enfrentar<br />

o mundo e as pessoas antes de mostrar a<br />

que veio. Hoje não... hoje sou mulher feita<br />

e a autonomia me permite contar a idade,<br />

evitar festas sociais chatas pra fazer presença,<br />

eventos em que todos desfilam sem<br />

saber o que dizer ao outro, evitar pessoas<br />

que só reclamam, me permite afastar de<br />

conveniências. Posso até mesmo assumir<br />

que não gosto das músicas do Chico Buarque<br />

(escondi isso a sete chaves durante a<br />

faculdade. Poderia ser linchada). Nessas<br />

alturas do campeonato, tenho autonomia<br />

para assumir não gosto, não concordo, não<br />

quero.<br />

Você pode estar pensando: eu faço<br />

tudo isso e não precisei chegar aos 50. Sorte<br />

sua. Nem todos se dão a esse luxo, limitados<br />

que são pela necessidade de buscar<br />

um lugar ao sol. Eu mesma acabei fazendo<br />

várias coisas que hoje não faria – alisei o<br />

cabelo, morei com gente chata, tratei com<br />

todo respeito pessoas que não eram dignas<br />

da menor consideração, passei muito tempo<br />

longe da minha família em nome do trabalho,<br />

enfim, muita coisa. Agora, pela primeira<br />

vez, vou passar um mês inteiro com<br />

minha mãe nas férias. Não importa se vou<br />

perder trabalho ou outra viagem mais divertida.<br />

Vou passar as tardes de verão com<br />

ela, cochilando e contando “causos” das<br />

Minas Gerais. E tudo bem se eu engordar<br />

de tanto comer broa de fubá, pão de queijo<br />

e rosquinha. Já não faz diferença. Agora eu<br />

passei dos 50, ainda bem!!!<br />

Mira Graçano Comunicação<br />

Treinamento e Coaching<br />

+55 (41) 8861-8034<br />

+55 (41) 3372-6345<br />

miragracano.com.br<br />

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