Revista Apólice #234
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Ano 23<br />
Número 234<br />
Julho 2018
2
editorial<br />
Ano 23 - nº 234<br />
Julho 2018<br />
Esta revista é uma<br />
publicação independente<br />
da Correcta Editora Ltda<br />
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<strong>Revista</strong> <strong>Apólice</strong><br />
Guardadas todas<br />
as proporções<br />
O ano já passou da metade e parece que a economia continua<br />
patinando. Agora, só faltam as eleições acabarem para que voltemos à<br />
normalidade. Enquanto isso, o nosso mercado sofre com o impacto de<br />
medidas políticas, enquanto não consegue solucionar alguns problemas<br />
internos. Falo, especialmente, do setor de saúde suplementar, que<br />
vive um momento que requer muita atenção dos que nele atuam.<br />
A Agência Nacional de Saúde Suplementar apresenta o percentual<br />
de aumento das mensalidades. O judiciário diz que as empresas não<br />
podem aplicar o aumento. Os consumidores não conseguem pagar sequer<br />
as mensalidades pré-reajuste. Médicos ficam insatisfeitos e deixam<br />
de atender pelo plano de saúde. Parece que todos estão insatisfeitos e a<br />
resolução deste imbróglio não dá sinais de estar próxima.<br />
Chegamos a um ponto em que todos devem sentar-se a mesa<br />
para uma negociação ponderada, sem prejuízo daqueles que utilizam<br />
o sistema da melhor forma possível. Todos têm sua parcela de culpa: o<br />
Governo, que quer controlar os preços na base da canetada; os médicos,<br />
que pedem exames e mais exames para corroborar seu diagnóstico<br />
sem sequer olhar para o paciente; as operadoras, que não conseguem<br />
consolidar dados de seus segurados para melhorar o atendimento; hospitais,<br />
que cobram o que querem dos planos; e os pacientes: muitos deles<br />
deixaram de pagar o seu plano individual para economizar em um<br />
plano de adesão, e se deram muito mal. Mas os pacientes são sempre<br />
penalizados: muitas vezes ele não quer ir a um pronto socorro por conta<br />
de uma simples febre, entretanto, não encontra orientação profissional<br />
que diga a ele o que fazer, como economizar. Este é um ciclo vicioso,<br />
em que TODOS perdem.<br />
Mas está será um bom tema para a nossa próxima edição. Enquanto<br />
isso, nas páginas seguintes será possível atualizar as informações sobre<br />
a Região Sul do País, que abrigará um grande evento em julho. Muito<br />
além do seguro de automóvel, que ainda lidera o setor, a região cria e<br />
comercializa produtos em outros ramos, diversificando muito a sua atuação,<br />
com apólices para a agroindústria, infraestrutura, seguros residenciais<br />
e empresariais. Vale a pena conhecer um pouco mais sobre o tema.<br />
Boa leitura!<br />
Diretora de Redação<br />
Mande suas dúvidas, críticas e sugestões para redacao@revistaapolice.com.br<br />
3
sumário<br />
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painel<br />
gente<br />
capa<br />
Atualização do produto Ituran com Seguro mostra o amadurecimento<br />
da companhia e a preocupação em atender de forma mais eficaz o<br />
cliente e suas demandas<br />
especial sul<br />
panorama<br />
Segundo mercado consumidor de produtos de seguros do país, a região<br />
Sul apresenta características próprias que influenciam nas soluções<br />
oferecidas pelas empresas e instituições do segmento<br />
paraná<br />
Destaque na agropecuária e na indústria, Paraná abre novas frentes<br />
de negócios com as carteiras Vida e Previdência, que tomam corpo no<br />
mercado de seguros local<br />
santa catarina<br />
Com regiões produtivas, equilíbrio de indústrias, comércio e prestação<br />
de serviços e boa distribuição de renda, quem aposta em Santa Catarina<br />
sabe que, nesse estado, pode crescer acima da média nacional<br />
rio grande do sul<br />
A cultura do seguro está enraizada entre os gaúchos tanto no cultivo<br />
como para o patrimônio adquirido, aumentando assim a quantidade de<br />
bens seguráveis no estado do Rio Grande do Sul<br />
fracel<br />
Corretora de seguros avalia, em parceria com clientes e seguradores,<br />
a melhor forma de tornar os riscos seguráveis e lucrativos para todos<br />
ciab febraban<br />
Seguradoras mostram que acordaram para o mundo digital, mas que<br />
ainda possuem um longo caminho a percorrer quando o assunto é<br />
tecnologia<br />
indra<br />
Para que o mercado de seguros suporte todas as mudanças tecnológicas<br />
e a velocidade com que elas acontecem, é preciso ter ferramentas consistentes.<br />
A Indra aposta em novas formas para auxiliar nesse processo<br />
m&a<br />
Novidade no mercado brasileiro, apólices para transações de fusões e<br />
aquisições começam a ganhar ênfase após a desova de ativos no âmbito<br />
da Operação Lava Jato e ainda a situação econômica<br />
corretoras<br />
Novo movimento de fusões e aquisições no mercado de corretagem tem<br />
um ingrediente a mais: a tecnologia. O propósito da união de empresas<br />
médio porte continua sendo agregar clientes e criar um distribuidor<br />
mais forte<br />
mediação e arbitragem<br />
Conheça as vantagens de se aderir às câmaras de mediação e arbitragem,<br />
que surgem como um caminho para solucionar conflitos e evitar<br />
a judicialização automática<br />
comunicação
5
painel<br />
• ninternacional<br />
Aquisição de seguradora de vida<br />
A AIG Life Ltd., subsidiária britânica da AIG Life & Retirement,<br />
adquiriu a Ellipse, empresa da Munich Re especializada em<br />
proteção de risco de vida em grupo no Reino Unido. Os recursos de<br />
proteção de grupo da Ellipse incluem produtos de vida, doenças críticas<br />
e proteção de renda. A transação, cujos termos não foram divulgados,<br />
será financiada<br />
integralmente<br />
em dinheiro. A<br />
aquisição deve ser<br />
concluída no primeiro<br />
trimestre<br />
de 2019, sujeita à<br />
aprovação regulamentar<br />
exigida.<br />
A Elipse alcançou<br />
8% de<br />
novos prêmios de<br />
negócios e 4% de<br />
prêmios em vigor<br />
em 2017. Em maio de 2018, a empresa detinha aproximadamente<br />
£ 64 milhões de prêmios em vigor e quase 4,5 mil apólices em vigor,<br />
cobrindo mais de 370 mil vidas.<br />
• negócios<br />
Operação entre insurtechs<br />
As conversas entre a Thinkseg com os investidores da Bidu se<br />
iniciaram no final de 2017. Agora, as empresas concluem a primeira<br />
transação entre insurtechs no setor de seguros no Brasil. “A compra<br />
tem o objetivo de aproveitar o conhecimento de vendas, de marketing<br />
digital e de business intelligence da Bidu”, afirma o CEO da<br />
Thinkseg, Andre Gregori. A carteira da insurtech passa a somar<br />
mais de 23 mil clientes ativos e quase dois milhões de clientes<br />
cadastrados. O volume de prêmios estimado das duas companhias<br />
passa a ser de R$ 85 milhões, 90% referentes a prêmios de seguro<br />
de automóvel. Além<br />
disso, a empresa incrementa<br />
sua participação<br />
de mercado na<br />
maioria dos estados<br />
do país e aumenta<br />
suas vendas online,<br />
especialmente no<br />
segmento de seguro<br />
auto, carro-chefe da<br />
corretora Bidu desde<br />
seu lançamento.<br />
Projeto Gestão Profissional<br />
Ameplan - Nova Fase de<br />
Inovações<br />
No momento em que a empresa completa 26 anos,<br />
o Projeto “Gestão Profissional Ameplan” comemora<br />
oito anos com resultado acima do esperado. Algumas<br />
ações pontuais foram tomadas, como a reorganização<br />
de toda a estrutura administrativa e reposicionamento<br />
da marca no segmento em que atua. Tais ações permitiram<br />
a empresa alcançar o patamar de 120 mil vidas,<br />
solidificando a Ameplan Saúde como uma operadora<br />
de grande porte, segundo critérios da ANS – Agência<br />
Nacional de Saúde Suplementar.<br />
Neste ano de 2018, o Planejamento Estratégico da<br />
Ameplan tem seu maior desafio, seja no crescimento<br />
do número de beneficiários, seja no incremento do<br />
faturamento.<br />
José Silva dos Santos, diretor Administrativo<br />
Financeiro, informa que grandes mudanças foram<br />
promovidas no organograma da empresa, como a<br />
criação da Diretoria de Operações, que abrange as<br />
áreas de Riscos Assistenciais, Atendimento e Auditoria<br />
Médica. Esta diretoria está sendo comandada<br />
por Jefferson Bonatto, que foi promovido entre os<br />
profissionais do Grupo.<br />
Ainda nesta linha de inovações, Silva destaca a<br />
mudança do SAC – Serviço de Atendimento ao Cliente<br />
da Ameplan Saúde que, em parceria com a empresa<br />
Vermont, passou a atender em uma área específica<br />
e a utilizar tecnologia de ponta no atendimento aos<br />
beneficiários. Além disso, foi duplicado o número de<br />
pontos de atendimento.<br />
Neste constante processo de inovação, a Gestão<br />
Profissional Ameplan está trabalhando em outros<br />
projetos, como inovações no site da operadora e no<br />
aplicativo mobile, além da implementação de uma<br />
nova área de atendimento pessoal, mais ampla e moderna,<br />
com o objetivo de proporcionar maior rapidez<br />
e conforto aos beneficiários.<br />
Jefferson Bonatto e José Silva dos Santos<br />
6
• negócios 2<br />
Expansão de marca<br />
A holding de seguros Ô Insurance comprou 70% da Céltic<br />
Gestão em Benefícios. Com o negócio, a companhia visa<br />
fortalecer a marca e acelerar o crescimento de sua carteira de<br />
clientes. “Nossa intenção é fechar 2018 com pelo menos duas<br />
novas aquisições e, até 2020, contabilizar dez compras nesse<br />
segmento”, afirma o presidente, José Carlos Macedo. A empresa<br />
começou como startup voltada para o investimento em tecnologia<br />
e em pessoas. Agora, a meta é se tornar agressiva em relação<br />
ao crescimento orgânico e em<br />
novas aquisições. “Para isso,<br />
nosso foco está em comprar<br />
empresas que tenham clientes<br />
nos quais possamos instalar<br />
nossos serviços”, ressalta Macedo.<br />
Com essa aquisição, a Ô<br />
Insurance pretende expandir<br />
os negócios para todo o litoral<br />
paulista, além de ampliar o<br />
leque de produtos e serviços<br />
ofertados.<br />
• nsaúde<br />
Mais um acordo de compra<br />
O Grupo NotreDame Intermédica (GNDI) assinou um<br />
acordo de intenção de compra do Grupo Samed Saúde,<br />
empresa do Alto do Tietê, em São Paulo. A operação<br />
engloba uma carteira com 80 mil vidas, cujos beneficiários<br />
serão incorporados pelo GNDI, um hospital geral<br />
em Mogi das Cruzes com 102 leitos (Hospital Santana),<br />
três Centros Clínicos (um em Mogi das Cruzes e dois em<br />
Suzano) e um laboratório de análises clínicas. A transação<br />
ainda será submetida ao Conselho Administrativo<br />
de Defesa Econômica (Cade) e à Agência Nacional de<br />
Saúde Suplementar (ANS) e, se aprovada, será a primeira<br />
aquisição do Grupo como empresa de capital aberto, dois<br />
meses após sua estreia na Bolsa de Valores.<br />
7
painel<br />
• nsaúde 2<br />
Regras atualizadas para<br />
coparticipação e franquia<br />
A ANS publicou no Diário Oficial a Resolução Normativa<br />
nº 433, que atualiza as regras para a aplicação da coparticipação<br />
e franquia em planos de saúde. A norma protege o<br />
cliente ao estabelecer um percentual máximo a ser cobrado<br />
pela operadora para realização de procedimentos; ao determinar<br />
limites (mensal e anual) para exposição financeira<br />
do consumidor (o máximo que ele pode pagar, no total,<br />
por coparticipação e franquia); e ao isentar a incidência de<br />
coparticipação e franquia em mais de 250 procedimentos,<br />
como exames preventivos e tratamentos de doenças crônicas.<br />
Outra novidade trazida pela norma é a possibilidade<br />
de operadoras de planos de saúde oferecerem descontos,<br />
bônus ou outras vantagens aos consumidores que mantiverem<br />
bons hábitos de saúde.<br />
• nproduto<br />
Coberturas a partir de 5 vidas<br />
O Porto Seguro Saúde passou a disponibilizar o seguro<br />
saúde para pequenas e médias empresas a partir de cinco<br />
vidas. Lançado em julho do ano passado, o benefício conta<br />
com a opção de planos com ou sem coparticipação e dá acesso<br />
a vantagens como canal médico, reembolso 100% digital e<br />
cuidados com pacientes crônicos. “Estudamos constantemente<br />
esse mercado para desenvolver produtos que agreguem valor às<br />
necessidades das empresas diante do atual cenário econômico”,<br />
explica a superintendente, Mônica Bortolossi. O produto também<br />
oferece aos segurados os aplicativos Porto Seguro Saúde<br />
e Odonto, que podem ser baixados gratuitamente nos sistemas<br />
operacionais Google Play e Apple Store. Através dessas ferramentas,<br />
é possível acompanhar o status de reembolsos, receber<br />
dicas de saúde e consultar a Rede Referenciada de médicos e<br />
dentistas.<br />
• ncapitalização<br />
Receita cresce 8,1% em 4 meses<br />
A FenaCap divulgou os dados do primeiro quadrimestre<br />
do ano do segmento de títulos de capitalização. Em comparação<br />
a igual período de 2017, houve alta na receita de 8,1%,<br />
que atingiu R$ 6,8 bilhões. O valor das provisões técnicas<br />
também cresceu, fechando<br />
o período<br />
com R$ 29 bilhões<br />
(+1,7%). Houve redução<br />
de 6,5% no<br />
volume de resgates,<br />
que ficaram em R$<br />
5,6 bilhões. Ainda<br />
de acordo com a federação,<br />
no período<br />
foram distribuídos<br />
R$ 347 milhões em<br />
prêmios a clientes de títulos de capitalização de todo o Brasil.<br />
As empresas de capitalização pagaram o equivalente a R$ 4,2<br />
milhões em sorteios por dia útil. O Sudeste foi a região que<br />
recebeu o maior volume de prêmios. Ao todo, foram R$ 155<br />
milhões distribuídos para os clientes dos estados do Espírito<br />
Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo.<br />
• ntecnologia<br />
Portal de saúde para corretores<br />
A Baeta & Associados<br />
desenvolveu um portal para<br />
ajudar o corretor de seguros<br />
a diversificar sua carteira<br />
de negócios. Por meio da<br />
ferramenta, o profissional<br />
poderá criar a cotação para o<br />
cliente ou, caso ele ainda não<br />
tenha experiência em vender<br />
planos de saúde, solicitar a<br />
cotação. A companhia estima<br />
ter mais de mil corretores<br />
utilizando a ferramenta nos primeiros seis meses de funcionamento.<br />
“Acompanharemos desde a criação da cotação<br />
até a implantação do plano”, explica João Arthur Baeta<br />
Neves, que comanda a Segbox, empresa de tecnologia<br />
e marketing digital do Grupo Baeta. O serviço é gratuito e<br />
exclusivo para corretores parceiros da assessoria.<br />
O site também será voltado para clientes, que poderão<br />
solicitar uma cotação, sendo direcionados para o corretor<br />
parceiro mais próximo de seu endereço, que enviará a<br />
comparação dos planos escolhidos.<br />
8
• ndestaque<br />
Entre os mais admirados do país<br />
O diretor-geral<br />
do Grupo Bradesco<br />
Seguros, Ivan<br />
Luiz Gontijo Jr. foi<br />
reconhecido como<br />
um dos dez executivos<br />
jurídicos mais<br />
admirados do Brasil.<br />
A homenagem<br />
aconteceu durante<br />
o lançamento do<br />
anuário Análise Executivos Jurídicos e Financeiros 2018, editado pela<br />
Análise Editorial. É a quarta vez consecutiva que Gontijo – responsável<br />
também pelo Jurídico, Compliance e Secretaria Geral do grupo<br />
segurador – recebe a premiação. O diretor ficou entre os 44 executivos<br />
jurídicos mais citados por seus pares, em um universo de duas mil<br />
empresas. Responsáveis pelos departamentos jurídicos das maiores<br />
empresas em operação no país foram convidados a indicar os colegas<br />
que mais respeitam profissionalmente, sem que fosse apresentada<br />
uma lista prévia de nomes. Além de atuar no Grupo, Gontijo integra<br />
a Comissão de Assuntos Jurídicos da FenaSaúde.<br />
• nresseguro<br />
Volume cedido de R$ 2,71 bi<br />
no 1º trimestre<br />
No primeiro trimestre de 2018, o volume de resseguro<br />
cedido pelas seguradoras brasileiras foi de R$<br />
2,71 bilhões, queda de 1,5% ante os R$ 2,75 bilhões<br />
do mesmo período de 2017. Deste volume, R$ 1,92<br />
bilhões (71%) foi colocado em resseguradoras locais,<br />
crescimento de 3,9%. Os dados fazem parte de uma<br />
prévia do Terra Report, relatório divulgado pela Terra<br />
Brasis Resseguros. As resseguradoras locais também<br />
aceitaram riscos do exterior estimados em R$ 584<br />
milhões contra R$ 522 milhões no mesmo período<br />
de 2017 (+11,8%). Ainda de acordo com o documento,<br />
o resseguro emitido pelas resseguradoras<br />
locais, considerando negócios domésticos e do<br />
exterior, foi de R$ 2,50 bilhões, crescimento de 5,6%<br />
ante o período anterior. Já a sinistralidade bruta das<br />
resseguradoras locais ficou em 41% contra 47% do<br />
mesmo período de 2017. O Combined Ratio ficou<br />
em 90%, uma melhora em comparação aos 98%<br />
apresentados no ano passado.<br />
9
painel<br />
• ntecnologia<br />
Atraindo o cliente do futuro<br />
Kleber de Paula procurou a aceleradora Oxigênio, da<br />
Porto Seguro, para tocar o webapp Cliente Agente, do qual<br />
é CEO. A plataforma online permite ao corretor de seguros<br />
receber indicações de seus clientes e recompensá-los com um<br />
programa de pontos. “As insurtechs têm o dom de aproximar<br />
os jovens e as iniciativas inovadoras ajudam a ter insights.<br />
Inovar empodera”, refletiu durante evento de lançamento do<br />
Cliente Agente.<br />
O head de Digital e Inovação da Porto Seguro, Gustavo<br />
Zobaran, disse que o comportamento do consumidor guia a<br />
transformação. “São<br />
as empresas menores<br />
que dirigem este movimento,<br />
justamente<br />
por terem maior facilidade<br />
para entender<br />
o seu cliente. Ser<br />
preditivo é utilizar<br />
informações disponíveis<br />
para tomar<br />
atitudes antes que<br />
os fatos aconteçam”,<br />
completou.<br />
• nacordo<br />
Novo modelo de parceria<br />
A Mapfre formalizou um acordo com o Banco do Brasil<br />
para atualizar sua aliança no mercado de seguros, constituída<br />
em 2011. A seguradora assume a totalidade dos negócios<br />
não-vida gerados pela rede de corretores e os realizados pelo<br />
canal bancário nos seguros de automóveis e de grandes riscos,<br />
assim como o negócio Vida nos produtos que são distribuídos<br />
por meio da rede de corretores. A parceria continuará<br />
a desenvolver seguro de vida, rural, habitacional e massificados<br />
por meio do<br />
canal bancário. A<br />
Mapfre irá desembolsar,<br />
no conjunto<br />
dessas transações,<br />
R$ 2,407 bilhões,<br />
sujeito a ajustes<br />
com base no cumprimento<br />
dos objetivos<br />
de distribuição<br />
de seguros de<br />
veículos pelo canal<br />
bancário do BB e<br />
os dividendos.<br />
• nposse<br />
Diretoria para a gestão 2018-2020<br />
O Clube de Corretores de Seguros de Osasco e Região (CC-<br />
SOR) empossou a diretoria para a gestão 2018-2020. Associados,<br />
representantes das seguradoras e lideranças do setor participaram<br />
da cerimônia. “Meu trabalho e minha preocupação é que nossa<br />
região e nossos associados sejam representados de maneira<br />
contundente no mercado. Nossos problemas são os mesmos da<br />
categoria em qualquer lugar: precificação injusta e privilégios<br />
concedidos aos grandes corretores. Vou lutar para fortalecer o<br />
corretor junto ao mercado e junto às seguradoras”, disse o novo<br />
mentor, Ednir Fornazzari (4º a partir da esquerda).<br />
Compõem a diretoria Walter de Souza Junior, diretor Secretário;<br />
Marcos Motta, diretor Financeiro; Carlos Eduardo<br />
Monteiro Assis, diretor Social; Antonio José Hernandes, diretor<br />
Administrativo; José Otílio Garlhado e Márcio Matias de Oliveira,<br />
membros do Conselho Fiscal; e Maurício Carlos Pereira,<br />
suplente.<br />
• ¢ seguro pirata<br />
Cooperativas pagam traficantes<br />
para recuperar veículos<br />
Ainda sem a fiscalização da Susep, as cooperativas de<br />
veículos estão, segundo a Polícia Civil, pagando traficantes<br />
para conseguir resgatar carros roubados na Baixada Fluminense,<br />
no Rio de Janeiro. Os traficantes ameaçam recrutar<br />
adolescentes para roubar veículos. Os jovens levam os carros<br />
roubados para o interior das comunidades e, em contato<br />
com as cooperativas, recebem o dinheiro do resgate. Os<br />
crimes se alastram por todo o estado, que sofre com o alto<br />
número de roubos de veículos. Segundo dados do Instituto<br />
de Segurança Pública do Rio, o mês de março registrou 5.358<br />
veículos roubados. Somente no primeiro trimestre deste<br />
ano foram 15.436 casos de roubo, soma que se aproxima<br />
do total do ano de 2011(recorde), quando 18.773 pessoas<br />
foram vítimas deste crime.<br />
10
• nevento<br />
Atuação com seguro agrícola<br />
Diretores da Sompo Seguros, em almoço mensal realizado pela<br />
Aconseg-SP, destacaram o papel das assessorias para os corretores e<br />
seguradoras. “São cerca de 80 mil corretores no País e é impossível<br />
uma seguradora dar conta de tudo isso sozinha. Conseguimos atingir<br />
o corretor por meio do comercial, mas também através da Aconseg-<br />
-SP”, comentou o presidente, Francisco Vidigal Filho.<br />
Entre as novidades apresentadas pela companhia está a atuação<br />
com o seguro agrícola. “Sabemos da importância deste setor. A crise<br />
só não foi maior por causa deste ramo, que segurou o País. Uma<br />
das empresas do nosso grupo nos EUA é a quarta maior seguradora<br />
do setor agrícola, então estamos entrando neste mercado bastante<br />
otimistas”, contou.<br />
• nparceria<br />
Serviços complementares ao<br />
corretor<br />
Mauricio Marques, da Moshe<br />
e Daniel Bortoletto, da Regula<br />
A Regula Sinistros firmou uma parceria com a Moshe Informática<br />
para oferecer serviços complementares ao corretor de seguros.<br />
Enquanto a Regula atua no atendimento a sinistros das corretoras,<br />
a Moshe oferece um sistema de gestão para inserir as empresas na<br />
era digital. Com as duas ferramentas, que podem atuar em sistemas<br />
integrados, o profissional ganha produtividade e tira os colaboradores<br />
dos processos burocráticos.<br />
Pela parceria, o corretor cliente da Regula que contratar a Moshe,<br />
ou o cliente Moshe que contratar a Regula, tem 20% de desconto<br />
em cada plano. Para incentivar a contratação, mesmo para os corretores<br />
de menor porte, as<br />
empresas lançaram<br />
opções de planos com<br />
menor investimento,<br />
chamados de Light. A<br />
integração está sendo<br />
trabalhada e em breve<br />
as transações serão<br />
atualizadas para<br />
quem usa as duas<br />
ferramentas.<br />
• nvisita<br />
Especialista internacional em<br />
gestão Lean<br />
A SulAmérica recebeu, em sua sede localizada<br />
em São Paulo, o antropólogo industrial e presidente do<br />
Lean Enterprise Institute, John Y. Shook. O especialista<br />
conheceu a jornada de implementação da filosofia Lean<br />
na seguradora e realizou um tour por diversas áreas<br />
da empresa. Engajada na filosofia Lean desde 2014, a<br />
SulAmérica foca em projetos de redução de desperdícios<br />
e resolução sustentável de problemas nas diversas áreas<br />
da companhia, como nos fluxos de reembolso no seguro<br />
saúde e de pagamento de oficinas. A empresa investe<br />
também em treinamentos para colaboradores por meio<br />
módulos presenciais, e-learning e visitas às áreas para<br />
compartilhamento de experiências.<br />
• nsul<br />
Filial em Blumenau<br />
A Mitsui Sumitomo inaugurou uma nova filial em<br />
Blumenau, Santa Catarina, marcando presença em todos<br />
os estados do Sul do país. Em 2016, a seguradora<br />
iniciou seu trabalho na região e intensificou atuação<br />
através de um executivo de contas home office exclusivo,<br />
José Joremir Raimundo, que desde a sua chegada<br />
atingiu um volume de prêmios de R$ 59 milhões,<br />
sendo responsável por um crescimento de 40% da<br />
produção da seguradora<br />
na região. A partir de<br />
agora, como gerente<br />
da Filial Santa Catarina,<br />
Raimundo reforçará o<br />
compromisso e relacionamento<br />
com os<br />
corretores locais, oferecendo<br />
atendimento<br />
aos parceiros, além de<br />
aceitar novas demandas<br />
de negócios.<br />
11
GENTE<br />
VP de Vida e<br />
Afinidades<br />
A Axa no Brasil anunciou seu<br />
novo vice-presidente, Paulo Kudler.<br />
O executivo, que já passou pela<br />
SulAmérica, Marsh, Aon e Fairfax,<br />
chega para ampliar o desenvolvimento<br />
das áreas de Vida e Afinidades. Sua<br />
contratação integra um conjunto de<br />
ações que visam dar continuidade ao plano de expansão da<br />
empresa no país.<br />
Mudanças na vicepresidência<br />
Ignacio Baeza Gómez assumiu<br />
como 1º vice-presidente do Conselho<br />
de Administração e do Comitê de<br />
Delegados da Mapfre. Ele acumula a<br />
função com a presidência do Conselho<br />
de Administração da Mapfre Assistência<br />
e com as supervisões da área<br />
de Negócios e Clientes Corporativos, da empresa Solunion e<br />
do Departamento de Pesquisa da companhia.<br />
Diretoria Comercial<br />
A Coface contratou Everton<br />
Fauth para a diretoria comercial da<br />
companhia no Brasil, com o objetivo<br />
de ampliar a carteira de clientes,<br />
aprimorar o atendimento com novas<br />
soluções e condições comerciais, além<br />
de otimizar os processos relacionados<br />
à gestão de contratos e garantir entregas de forma ágil e eficaz<br />
aos clientes.<br />
Diretora jurídica<br />
A advogada Carolina Rangel<br />
Jardim é a nova diretora jurídica da<br />
JLT Brasil. No escritório Mattos Filho,<br />
Veiga Filho, Marrey Jr. e Quiroga<br />
Advogados, a executiva atuou em<br />
processos administrativos da Susep,<br />
na negociação e estruturação de parcerias<br />
e joint ventures para distribuição<br />
de produtos de seguros e no ajustamento de reivindicações<br />
relacionadas a performance bonds, além de participar de due<br />
diligences.<br />
Chief Operating<br />
Officer<br />
Rodrigo Caramez assumiu a<br />
posição de Chief Operating Officer<br />
(COO) da Marsh, onde será responsável<br />
pela plataforma local de<br />
operações. Ele terá como um dos<br />
principais focos a transformação<br />
digital dos processos da companhia.<br />
Caramez soma 27 anos de experiência no mercado<br />
financeiro.<br />
CIO e VP de<br />
Tecnologia<br />
A Prudential do Brasil promoveu<br />
Roberto Galdieri à vice-presidente<br />
de Tecnologia da Informação<br />
& Chief Information Officer (CIO).<br />
O executivo, que atuava como diretor<br />
de TI & CIO na seguradora,<br />
agora tem o desafio de buscar novas<br />
iniciativas no ambiente digital.<br />
Diretor de<br />
Produtos e<br />
Inovação<br />
Luis Felipe Osorio Cepeda é o<br />
novo diretor de Produtos e Operação<br />
da Brasilprev. Na companhia, o executivo<br />
já exerceu os cargos de superintendente<br />
de Marketing e de diretor<br />
das equipes de Marketing, CRM e Atendimento a Clientes na<br />
filial mexicana da Principal, empresa americana acionista da<br />
Brasilprev junto com a BB Seguros.<br />
Diretor de Canais<br />
Tradicionais<br />
João Bosco Medeiros assumiu<br />
a diretoria Comercial, de Vendas e<br />
Distribuição da Generali Seguros.<br />
O executivo já passou por outras<br />
seguradoras, como Zurich e Mapfre,<br />
e possui mais de 20 anos de<br />
experiência no setor. Na Generali,<br />
será responsável pela expansão e por novos negócios da<br />
companhia no Brasil.<br />
12
13
capa | ituran<br />
Seguro ajustado<br />
à necessidade<br />
do consumidor<br />
Roberto Posternak, diretor<br />
Comercial da Ituran do Brasil<br />
14
Atualização do<br />
produto Ituran com<br />
Seguro mostra o<br />
amadurecimento<br />
da companhia e a<br />
preocupação em atender<br />
de forma mais eficaz o<br />
cliente e suas demandas<br />
Em um cenário de crise econômica,<br />
os produtos alternativos e<br />
mais baratos ganharam espaço<br />
frente àqueles tradicionais, com<br />
custo mais alto. Os consumidores procuram<br />
fazer downgrades para economizar.<br />
Planos de telefonia são substituídos por<br />
outros com menor custo de minutagem ou<br />
planos pré-pagos; a programação de TV<br />
por assinatura foi substituída por serviços<br />
de streaming etc. Este comportamento<br />
não é diferente no mercado de seguros,<br />
onde as pessoas tendem a adequar o<br />
seu momento econômico ao seu poder<br />
aquisitivo.<br />
Também é comum que as pessoas<br />
busquem soluções flexíveis para ajustar<br />
de acordo com o seu interesse.<br />
O Ituran com Seguro é um produto<br />
que já nasceu de olho nos consumidores<br />
que queriam contar com as garantias de<br />
um seguro, mas que dispunham de uma<br />
verba menor. Entretanto, este público<br />
queria a proteção e a garantia da manutenção<br />
do seu patrimônio. O produto<br />
pioneiro, que já existe desde de 2009,<br />
agora passa por uma remodelagem para<br />
adotar uma abordagem mais moderna,<br />
justa e assertiva. “É um novo formato<br />
de rastreador + seguro que se ajusta ao<br />
perfil do segurado, conseguindo desta<br />
forma, atender à públicos que antes não<br />
tinham acesso aos nossos produtos, como<br />
motoristas de aplicativos e táxis, além de<br />
consumidores que estão alocados geograficamente<br />
em locais de baixa sinistralidade<br />
de roubo e furto de veículos”, explica<br />
Roberto Posternak, diretor Comercial da<br />
Ituran do Brasil.<br />
No modelo de negócio do produto<br />
anterior, os preços eram fixos, de acordo<br />
com o modelo do veículo. Ele não levava<br />
em consideração o perfil do segurado,<br />
com dados como idade, sexo, região de<br />
domicílio e outras características. Com a<br />
reformulação, a venda do produto é feita<br />
após uma pequena análise do perfil do<br />
consumidor, para que seja possível oferecer<br />
um prêmio mais justo e adequado<br />
ao risco de cada um.<br />
O Ituran com Seguro é um rastreador<br />
para veículo que vem acompanhado<br />
da cobertura do seguro. O produto tem<br />
cobertura para roubo e furto do veículo e<br />
indenização de até 100% da tabela FIPE,<br />
para o caso do veículo não ser localizado<br />
e recuperado. Mas, é importante ressaltar<br />
que a taxa de recuperação da Ituran é de<br />
cerca de 80%.<br />
As coberturas de seguros disponíveis<br />
nos planos da empresa são garantidas por<br />
grandes seguradoras multinacionais do<br />
mercado, como HDI, Liberty e Mapfre.<br />
“Esta diversidade de seguradoras nos<br />
possibilita grande diferencial mercadológico,<br />
uma vez que cada uma delas tem seu<br />
próprio modelo de subscrição de riscos,<br />
nos dando musculatura e flexibilidade<br />
necessárias para nos manter líderes de<br />
mercado neste segmento, que criamos<br />
desde 2009. Além disso, essas parcerias<br />
nos permitem ter coberturas adicionais<br />
para Terceiros e Perda Total por Colisão,<br />
tornando este produto bem próximo dos<br />
seguros compreensivos, porém com preços<br />
bem mais competitivos”, comemora<br />
Posternak.<br />
Distribuição e Remuneração<br />
O produto Ituran com Seguro complementa<br />
a carteira dos corretores de<br />
seguros que já dispõem dos produtos<br />
tradicionais. Ele é totalmente distribuído<br />
por este canal de vendas, seja de forma<br />
Central de Monitoramento Ituran<br />
15
ituran<br />
direta ou através de assessorias. O produto<br />
é uma alternativa para a retenção<br />
de clientes, principalmente considerando<br />
aqueles que perdem o seu poder aquisitivo<br />
mas que querem continuar contando<br />
com a proteção do seguro.<br />
“Possibilitamos ao corretor de seguros<br />
um alto poder de retenção de clientes<br />
e uma excelente remuneração por venda”,<br />
adianta o executivo.<br />
A remuneração do corretor de seguros<br />
varia de acordo com o plano escolhido<br />
pelo cliente, que incluem também até cinco<br />
atendimentos de assistência 24 horas.<br />
Posternak acrescenta que um diferencial<br />
da Ituran é o fato da remuneração<br />
do corretor ser paga em parcela única,<br />
em que pese o prêmio do seguro ser<br />
parcelado em 12 vezes sem juros. “Além<br />
16<br />
disso, remuneramos também pelas renovações<br />
ocorridas”.<br />
O Ituran com Seguro possui quatro<br />
planos diferentes, todos com assistência<br />
24h: Ituran com Seguro Básico, com<br />
cobertura para Perda Total decorrente<br />
de roubo e furto, podendo acrescentar<br />
coberturas adicionais como Perda Total<br />
por Colisão e/ou Cobertura para Terceiros.<br />
A remuneração chega até ao valor de<br />
R$ 300,00 por apólice.<br />
História<br />
Lançado em 2009, o Ituran com Seguro<br />
nasceu com o objetivo de ser uma<br />
alternativa aos produtos tradicionais. Ele<br />
foi agregado à carteira dos corretores<br />
de seguros como uma solução para os<br />
clientes que queriam continuar com a pro-<br />
Sede da Ituran em São Paulo<br />
teção oferecida por um seguro, mas com<br />
menos serviços, o que diminuiu significativamente<br />
o valor do prêmio. Ele é um<br />
grande aliado para aumentar a retenção<br />
de cliente e incremento na produtividade<br />
das corretoras de seguros, pois atende o<br />
público que não tem opções de segurar<br />
seu veículo por preços que caibam em<br />
seu orçamento pessoal, com pagamento<br />
em até 12 parcelas mensais e sem juros.<br />
A recuperação de veículos e o monitoramento<br />
veicular fazem parte do<br />
DNA da Ituran. A empresa israelense é<br />
reconhecida pelo mercado como a melhor<br />
empresa do segmento e com os melhores<br />
índices de recuperação de veículos.<br />
A empresa chegou ao Brasil em<br />
1999 e opera também na Argentina e<br />
nos Estados Unidos, além de sua casa
matriz em Israel . Ao redor do mundo ela<br />
já possui mais de um milhão e trezentos<br />
mil clientes.<br />
Em seu portfólio a empresa possui<br />
soluções de telemetria para frotas, como,<br />
por exemplo, análise do comportamento<br />
do motorista (driver behavior), identificação<br />
do motorista, controles de temperatura,<br />
monitoramento pela web e app,<br />
reconstrução de acidentes, controle de<br />
jornada de trabalho, entre outras várias<br />
soluções para o mercado de transporte.<br />
“Atuamos fortemente no segmento<br />
de seguradoras, fornecendo as melhores<br />
tecnologias disponíveis para recuperação<br />
veicular”, explica Posternak. Ele destaca<br />
que há ainda a solução chamada Safety,<br />
que possibilita para as seguradoras<br />
desenvolverem seguros baseados em<br />
usabilidade, mais conhecidos no meio<br />
segurador como PAYD (pay as you drive)<br />
ou PHYD (pay how you drive) ou UBI.<br />
“Temos um case de sucesso operado<br />
pela Ituran Israel, nossa casa matriz,<br />
no qual uma seguradora multinacional<br />
utiliza nossa tecnologia para este fim.<br />
Este modelo brasileiro de rastreador<br />
com seguro é operado apenas por aqui.<br />
Não podemos esquecer que são muitas as<br />
diferenças culturais e de legislação. “Em<br />
nossas operações nos diversos países em<br />
que atuamos há outros nichos específicos,<br />
respeitando as necessidades e demandas<br />
locais”, esclarece Posternak.<br />
Viagem de divulgação<br />
Para mostrar o produto para o maior<br />
número possível de corretores de seguros,<br />
a Ituran preparou um “road show” pelo<br />
país. Foram diversos encontros com corretores<br />
de seguros para mostrar como o<br />
produto funciona e as possibilidades de<br />
renda que ele oferece.<br />
Posternak conta que foram realizadas<br />
várias apresentações para os<br />
corretores de seguros de São Paulo, Belo<br />
Horizonte e Rio de Janeiro, através da realização<br />
do evento Ituran Convida. “Também<br />
criamos um evento chamado Clube<br />
Amigos Ituran, cujo primeiro encontro<br />
aconteceu em São Paulo e contou com a<br />
participação de cerca de 200 convidados.<br />
Elas tiveram a oportunidade de conhecer<br />
mais sobre a Ituran e seus produtos, além<br />
de participar de duas palestras com temas<br />
muito relevantes, apresentadas por convidados<br />
da PWC Brasil e Rede Globo”,<br />
ressalta Posternak.<br />
Apesar de ter focado no eixo Rio-<br />
-São Paulo nos últimos anos, agora a<br />
Ituran pretende ampliar sua penetração<br />
em outras praças, como Minas Gerais e<br />
Rio Grande do Sul, que possuem um alto<br />
potencial de consumo dos produtos da<br />
empresa. Mas é importante ressaltar que<br />
a atuação é no País inteiro, de Norte a Sul.<br />
Os planos para o futuro também são<br />
bastante agressivos, visando sempre a<br />
expansão. Para os próximos três anos a<br />
intenção é ampliar a presença em grandes<br />
centro, onde atualmente há escassez de<br />
soluções alternativas de seguros, como<br />
o produto que a empresa criou e comercializa.<br />
Esta expansão será facilitada pelo<br />
apoio da casa matriz, cujos executivos<br />
mantém relação estreita e muito próxima<br />
ao Brasil. “Nossos parceiros da matriz estão<br />
sempre presentes em nossa filial, pois<br />
a operação brasileira representa cerca de<br />
60% dos resultados da operação global”,<br />
esclarece Posternak.<br />
A Ituran Brasil<br />
Em 2017, o crescimento da Ituran<br />
ficou em 30%, o que é muito significativo<br />
considerando que a economia brasileira<br />
passa por um período difícil. Em tempos<br />
de poucos rendimentos, é comum<br />
que as pessoas busquem soluções mais<br />
próximas da sua realidade financeira. O<br />
crescimento nessa magnitude foi possível<br />
graças ao forte apelo comercial do<br />
produto e cada vez mais, pela procura<br />
de produtos alternativos de qualidade e<br />
viáveis financeiramente para os clientes,<br />
além do amplo apoio da nossa base de<br />
corretores.<br />
Além do Ituran com Seguro, a<br />
empresa disponibiliza produtos para<br />
o mercado corporativo com foco em<br />
telemetria; recuperação veicular para<br />
seguradoras; rastreamento veicular com<br />
opcionais de RCF, Assistência 24horas,<br />
Monitoramento Web e App.<br />
17
especial sul | panorama<br />
Importância estratégica<br />
para o setor<br />
Segundo mercado<br />
consumidor de<br />
produtos de seguros<br />
do país, a região<br />
Sul apresenta<br />
características próprias<br />
que influenciam nas<br />
soluções oferecidas<br />
pelas empresas<br />
e instituições do<br />
segmento<br />
Lívia Sousa<br />
O<br />
estudo Análise Estatística,<br />
elaborado pela Federação<br />
Nacional dos Corretores de<br />
Seguros (Fenacor) com base<br />
nos dados divulgados pela Superintendência<br />
de Seguros Privados (Susep), indicam<br />
que a receita da região Sul do país<br />
corresponde a 18% do mercado segurador<br />
brasileiro, ficando atrás somente do Sudeste,<br />
que contribui com 62%. Ainda que<br />
o Sudeste, tradicionalmente, lidere a lista, a<br />
participação dos estados do Rio Grande do<br />
Sul, Santa Catarina e Paraná nesta indústria<br />
é notória. Historicamente, a região tem<br />
maior aculturamento da população com<br />
relação à importância do seguro. O Rio<br />
Grande do Sul, em especial, é um grande<br />
polo securitário no Brasil desde o século<br />
passado, rivalizando diretamente com o<br />
Rio de Janeiro na quantidade de sede de<br />
grandes companhias securitárias, incluindo<br />
algumas com mais de cem anos de tradição.<br />
“A inserção das companhias de seguros<br />
na sociedade da região sul do Brasil<br />
ajudou a população a se identificar com as<br />
nuances do seguro, bem como a entender<br />
seu funcionamento e, consequentemente,<br />
seus benefícios, a curto e longo prazo”,<br />
afirma Renato Pedroso, presidente da<br />
18<br />
Previsul Seguradora. Ele vê a possibilidade<br />
de avanço na penetração de seguros<br />
na alta renda e classe média através de<br />
novos produtos e o maior esclarecimento<br />
da população com relação aos benefícios<br />
das contratações. “Temos uma população<br />
no Sul com grande renda per capita e<br />
uma penetração ainda singela em vários<br />
segmentos de seguros, o que nos permite<br />
ter grande confiança no crescimento do<br />
setor no futuro”, assegura o executivo,<br />
que ainda entende como necessária a<br />
contínua qualificação do corretor, “profissional<br />
indispensável para o desenvolvimento<br />
sadio do mercado, que tem como<br />
missão aconselhar o segurado quanto às<br />
coberturas e capitais segurados”.<br />
A economia diferenciada, desde o<br />
ingresso per capita de vendas maiores<br />
do que em outras regiões, faz do Sul uma<br />
região de destaque dentro do mercado de<br />
seguros. Isso sem contar o setor cooperativista,<br />
responsável por grande parte das<br />
exportações do agronegócio realizadas<br />
no país. “Toda a parte de agronegócio sai<br />
do cooperativismo do Sul. É uma região<br />
em que a economia está alinhada, que<br />
tem os melhores indicadores. Por isso<br />
o mercado segurador se envolve tanto”,<br />
diz o diretor-geral da Sancor do Brasil,<br />
Leandro Poretti. Segundo ele, o Sul tem,<br />
❙❙Renato Pedroso, da Previsul<br />
❙❙<br />
Leandro Poretti, da Sancor<br />
basicamente, um faturamento de 70% de<br />
seguros de agronegócio de todo o Brasil.<br />
Quanto a possibilidades futuras, Poretti<br />
aposta principalmente no seguro de vida<br />
e de pessoas, com o ingresso daqueles que<br />
estão constituindo suas famílias.<br />
Ainda que o Sul seja composto por<br />
três importantes estados, que se destacam<br />
em vários segmentos como agrícola, comercial<br />
e industrial, algumas características,<br />
principalmente as climáticas, também<br />
diferenciam a região. “O mercado<br />
sente dificuldade em taxar os riscos pela<br />
severidade do clima, em contrapartida<br />
existem muitas oportunidades de negócios,<br />
porque face aos riscos eminentes<br />
existe uma grande demanda por seguros<br />
em todos os segmentos”, alega Geniomar<br />
Pereira, diretor comercial da Rede Lojacorr.<br />
“Certamente o setor continuará<br />
crescendo. Com o passar do tempo, as<br />
seguradoras aprenderam a precificar<br />
assertivamente a região e estão muito<br />
mais dispostas a atenderem as demandas<br />
reprimidas”, acrescenta o executivo.<br />
Ainda assim, há mais facilidades do<br />
que dificuldades para a indústria. Isso<br />
porque os riscos climáticos têm corroborado<br />
para o desenvolvimento do setor.<br />
“Os produtos relacionados à atividade<br />
agrícola – como o agronegócio, rural e de
❙❙<br />
Geniomar Pereira, da Rede Lojacorr<br />
máquinas e equipamentos – têm um peso<br />
maior nos três estados. O mesmo ocorre<br />
com os seguros residenciais, sobretudo<br />
pelos fatores geográfico e climático”,<br />
declara a Bradesco Seguros, em nota<br />
institucional.<br />
O desempenho do setor nos mercados<br />
gaúcho, paranaense e catarinense está<br />
alinhado à realidade do Brasil. Também<br />
exigem inovação tecnológica e o aperfeiçoamento<br />
de produtos e serviços que<br />
demandam um tempo de análise maior<br />
do que o observado em outros segmentos<br />
do mercado financeiro. Como em todo o<br />
país, os seguros de pessoas se destacam<br />
na arrecadação, apresentam um potencial<br />
que se assemelha às demais regiões e ainda<br />
tem muito espaço para crescer. “Isso<br />
requer, acima de tudo, compreensão dos<br />
desafios do posicionamento estratégico<br />
do negócio. Esse é um exercício que nós<br />
temos praticado diariamente”, assegura<br />
a empresa.<br />
Com os três estados unidos na atividade<br />
econômica, que vão desde a agroindústria<br />
até as indústrias mais sofisticadas,<br />
o Sul ganha cada vez mais uma posição<br />
diferenciada em relação ao mercado.<br />
“Não tenho nenhuma dúvida que, em<br />
relação à visão de seguros, os próximos<br />
anos prometem muito para o mercado da<br />
região por causa dessa peculiaridade, da<br />
❙❙<br />
Gilson Bochernitsan, da SulAmérica<br />
complementaridade de atividades econômicas,<br />
das pessoas. O público do Sul é um<br />
público consumidor de seguros. É uma<br />
região que tem a cultura da contratação<br />
do seguro. Isso dá certa tranquilidade em<br />
afirmar que há boas perspectivas para<br />
o futuro” conclui Gilson Bochernitsan,<br />
diretor regional Sul da SulAmérica.<br />
19
especial sul | paraná<br />
Novos nichos de mercado<br />
Destaque na agropecuária<br />
e na indústria, Paraná<br />
abre novas frentes de<br />
negócios com as carteiras<br />
Vida e Previdência,<br />
que tomam corpo no<br />
mercado de seguros local<br />
A<br />
extração é a origem de qualquer<br />
estado que está despontando.<br />
Não seria diferente<br />
com o Paraná, que teve a erva-<br />
-mate e a madeira como atividades iniciais.<br />
Mas foi após seu desmembramento<br />
do estado de São Paulo – o Paraná foi a<br />
apêndice de São Paulo até 1853, quando<br />
conquistou administração própria – que<br />
ganhou impulso e se destacou na agropecuária,<br />
atividade que hoje representa mais<br />
de 30% da riqueza do estado. No setor<br />
industrial, conta com investimentos da<br />
ordem de mais de US$ 580 milhões. Na<br />
análise de mercado, Curitiba é a capital<br />
que tem o maior número de automóveis<br />
comparado com seus habitantes. Além<br />
disso, o estado investe mais de R$ 8 bilhões<br />
em infraestrutura a fim de manter<br />
uma malha rodoviária bem consolidada.<br />
Isso porque abriga o maior porto graneleiro<br />
de exportação, infraestrutura para<br />
armazenamento e cooperativas agrícolas.<br />
“Tudo isso agrega na economia e<br />
dá suporte para que o setor aproveite o<br />
momento e cresça”, alega o presidente<br />
do Sindicato dos Corretores de Seguros<br />
20<br />
Lívia Sousa<br />
❙❙José Antonio de Castro, do Sincor PR<br />
do Estado do Paraná (Sincor-PR), José<br />
Antonio de Castro. O que faz o estado<br />
ser diferente dos demais nesta indústria,<br />
acredita ele, é a força de querer desenvolver<br />
novos tipos de negócios, buscar<br />
condição da agroindústria e garantias de<br />
obrigação contratual. “Não focamos no<br />
automóvel. Prova disso é que no Simpósio<br />
Paranaense não discutimos essa carteira.<br />
A plateia perguntou sobre outras coisas.<br />
Vimos o aculturamento daquilo que construímos<br />
ao longo do tempo para tentar<br />
abrir outras frentes, fazer outros seguros<br />
se tornarem grandes mercados”, garante.<br />
De fato, o estado tem, além da indústria<br />
automotiva, outras oportunidades<br />
para o mercado de seguros em diversas<br />
modalidades, seja no seguro patrimonial,<br />
residencial, nos produtos de responsabilidade<br />
civil, nas carteiras de garantia e<br />
transportes. Vida e Previdência, inclusive,<br />
tomam corpo na indústria paranaense.<br />
Em seguro de vida, o Paraná já está muito<br />
próximo ao estado de Minas Gerais, lembra<br />
o presidente do Sincor. Mas, muitas<br />
dessas oportunidades vêm da própria cultura.<br />
Tanto no Paraná quanto nos outros<br />
dois estados da região (Santa Catarina e<br />
Rio Grande do Sul) a origem européia<br />
predomina. “Essa origem europeia é que<br />
nos traz a filosofia, o pensamento de buscar<br />
proteção para os bens que conseguimos<br />
construir ao longo da vida”, afirma<br />
o presidente do Sindicato das Empresas<br />
de Seguros e Resseguros dos estados do<br />
Paraná e de Mato Grosso do Sul (Sindseg<br />
PR-MS), João Gilberto Possiede.<br />
Pedras no caminho<br />
Ainda que na região a indústria de<br />
seguros se mostre cada vez mais madura,<br />
não deixa de ter alguns entraves. Um<br />
deles é a atuação das chamadas associações<br />
de seguros, que comercializam<br />
“seguros” de automóveis sem o aval da<br />
Superintendência de Seguros Privados<br />
(Susep). “Elas vendem a imagem de que
❙❙<br />
João Gilberto Possiede, do SindSeg PR/MS<br />
são companhias de seguros, mas não são.<br />
Muitas vezes o cliente não olha que está<br />
comprando um benefício. Ele olha apenas<br />
o preço final, o que prejudica o mercado<br />
e nos atrapalha”, revela Carlos Alberto<br />
Tiem, da Protecorr Corretora de Seguros,<br />
de Cascavel. Para alertar os clientes, o<br />
caminho usado pelo profissional é mostrar<br />
reportagens veiculadas na TV, no<br />
jornal, ou até mesmo alguma ação que já<br />
tenha ocorrido pelo Ministério Público.<br />
“De certa forma, o cliente está sendo<br />
enganado. O que ele compra através das<br />
associações é um contrato de risco em<br />
que tem uma participação dentro dos<br />
sinistros. Se ele é um associado, participa<br />
tanto do lucro quanto do prejuízo”, frisa.<br />
O Sincor-PR, junto com o Sindseg<br />
PR-MS, entrou com mais de 30 ações no<br />
Ministério Público contra as associações<br />
de proteção veicular que operavam no<br />
estado. A medida resultou em três determinações<br />
judiciais sobre essas empresas,<br />
o que de acordo com Castro é bastante<br />
difícil, visto que elas possuem nomes<br />
curtos e siglas que mudam constantemente.<br />
Na tentativa de combater o mercado<br />
marginal, a entidade não mede esforços<br />
para mostrar para a população e para a<br />
sociedade que, na busca de se fazer um<br />
seguro, as pessoas acabam sendo raptadas<br />
pela marginalidade, postura que denigre<br />
a imagem da indústria. “Hoje temos um<br />
caso em Londrina que está gerando mais<br />
fervor no estado, mas estamos tomando<br />
todas as ações no sentido de impedir que<br />
eles avancem. Não fazemos propaganda<br />
para as associações, apenas orientamos a<br />
população”, esclarece Castro.<br />
Em um local que abriga aproximadamente<br />
6 mil corretores – mais de 1.370<br />
deles associados ao Sincor-PR –, outra<br />
dificuldade é o distanciamento entre<br />
seguradoras e corretoras. Ainda que o<br />
Paraná tenha a prestação de companhias<br />
dentro do estado ou até mesmo nas regiões<br />
mais fortes, Claudemir Rossetto,<br />
diretor-presidente do Grupo Rossetto<br />
Seguros, de Londrina, alega que a proximidade<br />
dessas companhias acontece<br />
apenas na ponta. “Na matriz da seguradora,<br />
nos departamentos das companhias,<br />
as pessoas que subscrevem os riscos e que<br />
sabem da regulação dos sinistros estão<br />
muito distantes da realidade do mercado<br />
segurador”, diz ele, que tem mais de 40<br />
anos de atuação no setor, sendo 17 deles<br />
dentro de uma seguradora e 25 em uma<br />
corretora. “Conheço os dois lados. Com<br />
raras exceções, parece que as seguradoras<br />
não estão vivendo no mesmo mundo que<br />
o corretor”, acrescenta.<br />
Do lado das seguradoras, João<br />
Gilberto Possiede, do Sindseg PR-MS,<br />
explica que essas companhias, por seus<br />
diretores, superintendentes e gerente locais,<br />
mantêm, sim, estreito relacionamento<br />
com os corretores de seguros e buscam<br />
atender suas demandas. O que pode<br />
ocorrer é que alguns corretores cujas<br />
matrizes ficam nos grandes centros (Rio<br />
de Janeiro e São Paulo) buscam contatos<br />
diretos com os técnicos e até mesmo com<br />
a direção das seguradoras. “Não há falta<br />
de atendimento, mas conveniência dos<br />
players em muitas das vezes”, contrapõe.<br />
❙❙Carlos Alberto Tiem, da Protecorr<br />
❙❙Claudemir Rossetto, do Grupo Rossetto<br />
Aceitação de riscos<br />
O mercado paranaense enfrenta<br />
algo semelhante ao que o Brasil todo<br />
enfrenta: problemas na aceitação de riscos.<br />
“Muitas vezes nos faltam garantias<br />
suficientes para que possamos fazer as<br />
coberturas necessárias. Precisamos que<br />
a indústria se desenvolva para que as seguradoras<br />
precifiquem e comecem a nos<br />
dar abertura a riscos necessários que o<br />
mercado não subsidia e que muitas vezes<br />
o corretor, que tem a fonte para trazer<br />
novos negócios para o segmento, não<br />
consegue da seguradora a condição de<br />
fazer aquele negócio. A indústria precisa<br />
evoluir nisso. Precisamos de resseguradores<br />
com contratos de resseguros mais<br />
bem redigidos”, explica José Antonio de<br />
Castro, do Sincor-PR.<br />
Por outro lado, Possiede, do Sindseg<br />
PR-MS, diz que a falta ou insuficiência<br />
de sistema de prevenção nas empresa e<br />
mesmo indústrias inibe a aceitação pela<br />
exposição dos riscos. Ao mesmo tempo,<br />
ele faz uma provocação ao corretor. “Se<br />
o corretor quer iniciar um trabalho dentro<br />
de uma modalidade ainda não desenvolvida,<br />
ele precisa mergulhar, procurar, encontrar<br />
uma seguradora que aceite iniciar<br />
um estudo dessa naturalidade. Ele pode<br />
ter dificuldade, estar na porta errada, mas<br />
não concordo com a colocação que não<br />
existe seguradora para isso ou aquilo” diz<br />
ele, que se mostra otimista. “Não existe<br />
problema sem solução. Você precisa ter<br />
capacidade, vontade ou desejo de fazer<br />
algo a mais, algo melhor ou algo novo”,<br />
finaliza Possiede.<br />
21
22
23
especial sul | santa catarina<br />
Abrigo de grandes<br />
oportunidades<br />
Com regiões produtivas, equilíbrio de indústrias,<br />
comércio e prestação de serviços e boa<br />
distribuição de renda, quem aposta em Santa<br />
Catarina sabe que, nesse estado, pode crescer<br />
acima da média nacional<br />
Lívia Sousa<br />
Em Santa Catarina, a economia é<br />
diversificada. Há o carvão mineral<br />
no sul do estado, que vai até o<br />
extremo oeste, com a agroindústria;<br />
além dos maiores frigoríficos e de<br />
uma gama grande de empresas, passando<br />
pela região têxtil, no Vale do Itajaí; e pelo<br />
turismo, em Florianópolis. No Norte do<br />
estado estão as fábricas de calçados e<br />
de roupas, enquanto em Joinville estão<br />
as de metal e mecânica e, em Jaraguá,<br />
as de transformadores. Ainda que Santa<br />
Catarina abrigue empresas com uma<br />
gama de riscos a serem explorados, por<br />
muito tempo os corretores encontraram<br />
dificuldade para colocar os riscos.<br />
“Quando se falava da atividade têxtil,<br />
por exemplo, as seguradoras já pensavam<br />
em algodão pegando fogo. Por isso, era<br />
muito complicado que elas aceitassem um<br />
risco desses. Quando recebíamos a relação<br />
de riscos não aceitos, era uma loucura.<br />
As companhias realmente eram muito<br />
restritas”, lembra Auri Bertelli, presidente<br />
do Sindicato dos Corretores de Seguros<br />
do Estado de Santa Catarina (Sincor-SC),<br />
que não tira a razão das seguradoras .<br />
Isso porque, ao longo de muito tempo,<br />
os empresários deixaram a segurança de<br />
24<br />
❙❙Auri Bertelli, do Sincor SC<br />
lado. Agora, mais conscientes sobre essa<br />
questão – até para que tenham seus bens<br />
assegurados pelo mercado –, Bertelli<br />
observa uma mudança. “Sentimos que as<br />
seguradoras estão analisando melhor o<br />
risco, e não a atividade”, diz.<br />
A política de aceitação das seguradoras<br />
trouxe uma nova forma de avaliação de<br />
riscos, o que reflete inteiramente no volume<br />
de negócios. Isso aplica-se em quase<br />
todas as modalidades de seguros, com destaque<br />
para o ramo Empresarial, onde essa<br />
situação é muito forte. “Isso faz com que<br />
os corretores realizem muito trabalho para<br />
identificar aceitações de riscos e infelizmente<br />
em muitos casos percam as próprias<br />
renovações”, diz Sérgio Passold, diretor<br />
geral da Ala Assessoria em Seguros, de<br />
Blumenau. Como resolver? “Buscando<br />
o conhecimento e o desenvolvimento de<br />
outras carteiras de seguros emergentes,<br />
como de Responsabilidade Civil Geral<br />
❙❙Sérgio Passold, da Ala Assessoria
e Profissional, o próprio Empresarial<br />
voltado para as pequenas empresas, pois<br />
há uma demanda significativa; agrícola<br />
e implementos, os produtos na linha de<br />
benefícios como vida, saúde, odontológico,<br />
previdência privada. Enfim, reinventar o<br />
trabalho de corretor junto aos seus próprios<br />
clientes e o seu mercado”, acredita.<br />
Para atender as demandas geradas<br />
pelos novos riscos, o corretor precisa se<br />
preparar, pois será grande a dificuldade<br />
que terá em relação ao já conhecido ramo<br />
de automóvel. O estado reúne em torno de<br />
3.400 corretores pessoas físicas e jurídicas<br />
– cerca de 1 mil corretores associados<br />
ao Sincor-SC.<br />
“O Sincor não mede esforços para<br />
trazer palestrantes, fazer workshops e<br />
reuniões. Agora, a dificuldade que nós<br />
temos para reunir um grupo de profissionais<br />
é muito grande. “O profissional<br />
precisa rever seus conceitos. Ele precisa<br />
buscar muito mais da atividade dele<br />
como profissional. Não temos mais mercado<br />
para amadores. O corretor precisa<br />
se especializar, ser tratado como um<br />
empresário, ter uma corretora e buscar<br />
novos nichos de mercado, porque senão<br />
vai ficar para trás”, alerta.<br />
Por outro lado, Claudio Rotava, administrador<br />
da Certa Administradora e<br />
Corretora de Seguros, de Chapecó, alega<br />
que, naturalmente, a demanda maior é<br />
pela carteira de automóvel, o que não<br />
significa que seja a mais fácil de comercializar,<br />
pois requer conhecimento dos<br />
produtos oferecidos pelas seguradoras e<br />
seus diferenciais como assistências, coberturas<br />
e franquias”, explica Rotava, que<br />
orienta os vendedores a oferecer outros<br />
tipos de seguros em suas visitas, além da<br />
certificação digital.<br />
Sobre a capacitação dos corretores,<br />
destaca a necessidade de uma atenção<br />
especial na área de treinamento. “Estamos<br />
distantes dos grandes centros e falta<br />
treinamento específico para as corretoras.<br />
A Escola Nacional de Seguros está em<br />
Blumenau, a 500 quilômetros de distância<br />
de Chapecó”, pontua.<br />
Relacionamento entre<br />
seguradoras e corretoras<br />
De olho nas oportunidades que o<br />
mercado catarinense traz para o setor,<br />
❙❙<br />
Claudio Rotava, da Certa Corretora<br />
as seguradoras investem no estado tanto<br />
com estruturas físicas ou mesmo com<br />
a ampliação de sua área de atuação na<br />
região. Na parte de agronegócio, inovam<br />
em produtos e oferecem cada vez mais<br />
aderência às necessidades dos clientes.<br />
“Não temos o destaque que os nossos<br />
estados co-irmãos possuem, eles são<br />
muito maiores em produção. Mas as<br />
seguradoras continuam apostando em<br />
Santa Catarina e buscando conquistar<br />
espaços em outras carteiras, sabendo que<br />
podem continuar crescendo ainda acima<br />
da média nacional, como aconteceu no<br />
primeiro quadrimestre de 2018, quando<br />
nos destacamos principalmente nas carteiras<br />
de automóvel, patrimonial e pessoas”,<br />
afirma Rogério Spezia, presidente<br />
do Sindicato das Seguradoras do Estado<br />
de Santa Catarina (SindsegSC).<br />
❙❙Rogério Spezia, do Sindseg SC<br />
Os corretores, no entanto, se queixam<br />
de desgaste e desamparo no atendimento<br />
direto. “Elas [as seguradoras] nos passaram<br />
todo o operacional e não tem nos<br />
dado um retorno merecido”, alega Charles<br />
José Firmo, dono da Firmo Corretora<br />
de Seguros, de Blumenau, ressaltando<br />
que o estado também carece de mais<br />
atenção na área da saúde. “Pelo poder<br />
aquisitivo e pela pujança do Sul como um<br />
todo, Santa Catarina carece de um investimento<br />
por parte de empresas de planos<br />
de saúde ou de seguro saúde. Percebo que<br />
estamos na mão de poucos”, diz.<br />
Spezia esclarece que a demanda de<br />
decisão na ponta já vem sendo discutida<br />
junto aos corretores. A maioria das seguradoras,<br />
segundo ele, tem procurado criar<br />
canais e situações que facilitem a comunicação<br />
do dia a dia entre o corretor e a<br />
seguradora. “A maioria das seguradoras<br />
associadas ao SindsegSC está espalhada<br />
pelas principais regiões de Santa Catarina,<br />
como Blumenau, Florianópolis, Criciúma,<br />
Joinville e Chapecó, justamente<br />
com a preocupação de encurtar distâncias<br />
e facilitar o dia a dia do corretor. Entendo<br />
que elas estão fazendo o seu papel de<br />
se aproximar cada vez mais dos nossos<br />
corretores e clientes”, sentencia.<br />
Proliferação do seguro pirata<br />
No mercado há pelo menos oito<br />
anos, as associações de proteção veicular<br />
cresceram nos últimos três anos em Santa<br />
Catarina.<br />
“A Susep não tem poder de polícia,<br />
muito menos os sindicatos”, lembra Auri<br />
Bertelli, do Sincor-SC. “O que temos<br />
feito é acompanhar os vários programas<br />
da própria Fenacor, que fez grupos de<br />
trabalho e denúncias. Já fomos ao Ministério<br />
Público, entregamos tudo o que<br />
aconteceu no estado durante esse período.<br />
Fizemos reuniões regionais, tocamos em<br />
rádio, falamos que a proteção veicular<br />
não é segura. Os Sincors, junto com os<br />
corretores, tiveram uma ação muito forte<br />
em Brasília. Tivemos uma vitória, mas<br />
ainda há um longo caminho a ser percorrido.<br />
“Sabemos que as associações devem<br />
ficar, talvez com algumas alterações<br />
necessárias e com um órgão regulador,<br />
mas esperamos que esse trabalho todo<br />
não se perca”, torce Bertelli.<br />
25
especial sul | rio grande do sul<br />
A força de trabalho<br />
do corretor<br />
A cultura do seguro<br />
está enraizada entre<br />
os gaúchos tanto no<br />
cultivo como para o<br />
patrimônio adquirido,<br />
aumentando assim a<br />
quantidade de bens<br />
seguráveis no estado<br />
do Rio Grande do Sul<br />
Lívia Sousa<br />
O<br />
agronegócio gera muita riqueza<br />
e é um sustentáculo da<br />
economia não só no estado<br />
do Rio Grande do Sul, mas<br />
em todo o país. Os produtores rurais investem<br />
fortemente em seus negócios, em<br />
suas lavouras, e o resultado é uma grande<br />
movimentação de recursos, tais como indústria<br />
de máquinas e equipamentos agrícolas,<br />
insumos, indústria automobilística<br />
e construção civil. As novas gerações<br />
de empresários do campo já carregam,<br />
inclusive, a formação em universidades,<br />
e praticam a administração moderna e a<br />
alta tecnologia no campo, resultando em<br />
aumento da produtividade.<br />
Que o seguro do agronegócio está em<br />
evidência e que o mercado requer cada vez<br />
mais corretores especialistas neste nicho,<br />
não é novidade. Mas, é importante frisar<br />
que a cultura do seguro está enraizada<br />
entre os gaúchos tanto no cultivo como<br />
para o patrimônio adquirido, aumentando<br />
assim a quantidade de bens seguráveis.<br />
“O povo do Sul do Brasil sempre teve<br />
‘espírito previdente’, tanto que até poucos<br />
anos atrás chegamos a sediar 17 matrizes<br />
de seguradoras no estado. Umas foram<br />
adquiridas por grandes grupos financeiros,<br />
outras, lamentavelmente fecharam<br />
26<br />
e algumas ainda estão atuando firmes<br />
e fortes nas suas operações”, lembra o<br />
presidente do Sindicato dos Corretores<br />
de Seguros do Rio Grande do Sul (Sincor-<br />
-RS), Ricardo Pansera.<br />
O gaúcho valoriza as empresas com<br />
que fecha negócio e, muitas vezes, adota<br />
o sobrenome da família como nome de<br />
sua companhia. “Acho isso muito bonito<br />
e também sinal de comprometimento com<br />
o negócio”, assume Rosana Zanatta, administradora<br />
da Zanatta Seguros, de Canoas.<br />
Os seguros residenciais também são<br />
bem aceitos pelo consumidor local, visto<br />
que é uma região onde os danos causados<br />
pela natureza, como tempestades, furacões,<br />
granizos, são frequentes e as pessoas<br />
procuram garantir o seu patrimônio<br />
através de uma apólice de seguro. Outra<br />
surpresa é que o Rio Grande do Sul, nos<br />
últimos anos, foi destaque do crescimento<br />
da carteira de seguro de Vida. Pansera<br />
acredita que o resultado positivo também<br />
é fruto dos eventos promovidos pelo sindicato,<br />
tanto na capital como no interior<br />
do Estado, ocasiões em que são abordadas<br />
novas oportunidades de negócios, com<br />
❙❙Ricardo Pansera, do Sincor RS
destaque para os seguros de pessoas e<br />
benefícios. “Mostramos ao corretor que<br />
existe vida além do automóvel”, afirma.<br />
A Livonius Assessoria e Consultoria<br />
de Seguros, de Porto Alegre, verifica<br />
esse aumento da conscientização na<br />
contratação de seguros pelos gaúchos.<br />
Em paralelo, e com o uso de novas tecnologias,<br />
as seguradoras desenvolvem<br />
produtos cada vez mais adequados. Em<br />
algumas situações, até soluções sob<br />
medida. “Se aliarmos a isso um grande<br />
número de corretores especialistas, temos<br />
então um estado mais sênior, ficando em<br />
evidência perante o mercado segurador<br />
nacional”, destaca Delfim, sócio-gerente<br />
da empresa.<br />
Qualificação: palavra de<br />
ordem<br />
Conforme as estatísticas da Superintendência<br />
de Seguros Privados (Susep),<br />
com exceção dos prêmios de DPVAT e<br />
VGBL, o Rio Grande do Sul fechou 2016<br />
na quinta colocação no ranking nacional.<br />
No ano seguinte, buscou recuperar seu espaço<br />
na produção, o que culminou com o<br />
estado na terceira colocação, atrás apenas<br />
de São Paulo e Rio de Janeiro.<br />
“Nos massificados, está cada vez<br />
mais apertado para as famílias manter<br />
seu seguro em dia e, certamente, os parcelamentos<br />
estão acima da média praticada<br />
há anos. De certa forma, o parcelamento<br />
de salários de várias empresas e alguns<br />
funcionários públicos deixam mais tenso<br />
o cliente que tem que fazer um malabarismo<br />
para realizar seus compromissos do<br />
❙❙Rosana Zanatta, da Zanatta Seguros<br />
mês. No entanto, estamos otimistas para<br />
este ano para um crescimento lento, mas<br />
contínuo”, afirma Rosana.<br />
Assim como os demais estados, o Rio<br />
grande do Sul passou por uma forte crise<br />
econômica nos últimos quatro anos. Neste<br />
período, o problema chegou ao seu pico<br />
e agora demonstra sinais de recuperação.<br />
Além disso, as vendas de automóveis que<br />
alimentam uma das maiores carteiras de<br />
seguros caíram.<br />
“Apesar das incertezas políticas e do<br />
avanço tecnológico, acabamos sem uma<br />
concreta expectativa do futuro, mas acreditamos<br />
que a perseverança e a inovação<br />
constante são os alicerces que nos ajudam<br />
a fazer o negócio prosperar independente<br />
do que ocorrer nos próximos anos”, diz<br />
a profissional.<br />
Os seguros continuam a se destacar<br />
como um dos setores produtivos de maior<br />
crescimento no Brasil. Isto, segundo<br />
Pansera, se deve à capacidade de trabalho<br />
do corretor, responsável por 85% da<br />
distribuição dos seguros no Brasil. “A fórmula<br />
deste crescimento é a qualificação,<br />
a capacitação profissional, pontos em que<br />
o Sincor-RS investe fortemente, especialmente<br />
no interior do nosso estado, sempre<br />
em parceria com a Escola Nacional de<br />
Seguros e com seguradoras aliadas que<br />
apostam e acreditam no potencial do<br />
profissional”, diz. O recadastramento<br />
da Superintendência Susep vai dizer o<br />
número real de corretores atuando no<br />
estado. Por enquanto, o Sincor-RS estima<br />
que sejam mais de 4 mil profissionais,<br />
sendo 1.500 associados.<br />
Como qualificação nunca é demais,<br />
o Sindicato alerta constantemente para<br />
que o corretor esteja sempre atualizado<br />
para atender a todas as necessidades de<br />
seu cliente. “Vejo que diversos corretores<br />
já estão tratando o cliente como um todo,<br />
atendendo todas as suas necessidades,<br />
sem deixar flancos abertos para os bancos<br />
ou riscos descobertos. Em seus negócios,<br />
vê-se a venda de vários produtos ao mesmo<br />
cliente com excelentes resultados no<br />
incremento de suas carteiras. Ou seja, em<br />
lugar de apenas ‘vender um seguro de<br />
auto’, o profissional aproveita a oportunidade<br />
para estudar todas as necessidades e<br />
oferecer o seguro para a residência e para<br />
os demais riscos de seu cliente”, pontua.<br />
❙❙<br />
Delfim, da Livunius Assessoria<br />
Entraves<br />
Os números preocupantes de roubo de<br />
carros e o precário estado de conservação<br />
de malha viária, em sua grande parte não-<br />
-duplicada, são problemas que afligem<br />
diuturnamente a população do Rio Grande<br />
do Sul. A solução passa por alguns fatores,<br />
dentre os quais, o trabalho em conjunto<br />
aos órgãos de segurança pública e poderes<br />
concedentes do estado e municípios.<br />
“Importante destacar o trabalho realizado<br />
pela parceria entre Livonius, Essor e Siaze<br />
no âmbito da prevenção de acidentes em<br />
empresas de transporte de passageiros,<br />
medida esta que permitiu a redução da<br />
quantidade de sinistros envolvendo ônibus<br />
e, em consequência, a minimização<br />
da severidade das lesões a passageiros.<br />
Além do trabalho de prevenção, a parceria<br />
exerce, através da Siaze, a humanização<br />
no atendimento às vítimas de acidentes”,<br />
lembra Delfim.<br />
“As pessoas não sabem do perigo<br />
representado pelas associações”, afirma<br />
Pansera, do Sincor-RS. Segundo ele,<br />
muito disso se deve à falta de atenção<br />
do cidadão consumidor. “As pessoas que<br />
compreendem que não é seguro, que é<br />
pirataria, que é uma espécie de ‘pirâmide<br />
financeira’ que vai ruir a qualquer momento,<br />
fogem das tais associações de proteção<br />
que nada protegem. Mas muitos cidadãos<br />
incautos caem. Acredito que até pela sua<br />
ganância de “levar vantagem”, de acreditar<br />
que estão fazendo um “grande negócio” ao<br />
contratar uma pirata pela metade de uma<br />
apólice real”, finaliza.<br />
27
especial sul | fracel<br />
Apaixonados pelo<br />
gerenciamento<br />
de risco<br />
Santa Catarina é uma região<br />
conhecida por sua grande<br />
produção agropecuária, com<br />
concentração de frigoríficos e<br />
cooperativas agrícolas. Nestes tipos de<br />
instalações, os riscos industriais afloram<br />
e necessitam de um olhar altamente especializado<br />
para identificar quais são as<br />
reais necessidades.<br />
A atividade econômica despertou o<br />
interesse da Fracel Corretora de Seguros,<br />
que vislumbrou neste nicho uma possibilidade<br />
de mapear os riscos e aplicar todo<br />
o conhecimento adquirido através das<br />
várias certificações internacionais que a<br />
empresa possui.<br />
“Nós fazemos um trabalho de prevenção<br />
de perdas, através do mapeamento da<br />
exposição a riscos. A partir daí realizamos<br />
uma avaliação detalhada e oferecemos as<br />
diretrizes para diminuir esta exposição”,<br />
explica Giovanni Cezimbra Balen, gestor<br />
de Riscos Diferenciados da Fracel.<br />
No Frigorífico Aurora foi realizado<br />
um grande trabalho para despertar o<br />
apetite do mercado segurador. A empresa<br />
tinha muitas exposições a riscos, como a<br />
fiação elétrica atravessando o miolo do<br />
IsoPainel. Balen ressalta que este era um<br />
grande ponto de risco, que foi alterado e<br />
❙❙Fernando Miorelli, do Frigorífico Aurora<br />
28<br />
Corretora de seguros<br />
avalia, em parceria com<br />
clientes e seguradores,<br />
a melhor forma<br />
de tornar os riscos<br />
seguráveis e lucrativos<br />
para todos<br />
cujos cabos hoje passam por eletrodutos,<br />
além de análise de transformador e outra<br />
série de fatores preventivos.<br />
Fernando Miorelli, gerente financeiro<br />
do Frigorífico Aurora, conta que a empresa<br />
teve um grande sinistro em 2009, quando<br />
foi perdida metade de uma fábrica. “Depois<br />
disso, buscamos uma consultoria<br />
especializada para detectar as situações<br />
que pudessem ser melhoradas. Com a<br />
ajuda da corretora e da seguradora, em<br />
parceria com as áreas de engenharia e<br />
segurança, minimizamos a exposição aos<br />
riscos e melhoramos os custos das nossas<br />
apólices”, salientou.<br />
De acordo com Miorelli, com as<br />
mudanças já aplicadas, a economia com<br />
os custos do seguro já caíram em torno de<br />
20%. O foco agora é cuidar das obras de<br />
ampliação da fábrica, cujo investimento é<br />
de cerca de R$ 220 milhões. Além disso,<br />
o frigorífico também investiu no gerenciamento<br />
de riscos de transporte, com o<br />
monitoramento de sua frota de mais de<br />
mil caminhões.<br />
“O objetivo do cliente é adquirir a<br />
proteção pela menor preço possível. Para<br />
fazer isso precisa de medidas protetivas<br />
adequadas. A seguradora gosta de perceber<br />
que o segurado investe em novas tecnologias,<br />
em profissionais etc”, pondera Balen.<br />
“A aplicação do gerenciamento de<br />
riscos é relevante e ocorre através da<br />
análise das frequências e severidades de<br />
uma perda, seguida pelo desenvolvimento<br />
e execução de um plano de Prevenção de<br />
Risco. Este visa reduzir ou mitigar os im-<br />
❙❙<br />
Giovanni C. Balen, da Fracel<br />
pactos de eventos inesperados que reflitam<br />
sobre um segurado e que são caracterizados<br />
por perdas financeiras”, explica Moacyr<br />
Ceola, especialista técnico em Subscrição<br />
de Riscos complexos da Sompo Seguros,<br />
acrescentando que este trabalho é uma<br />
ferramenta base para tratar as adversidades<br />
relacionadas às incertezas e essencial para<br />
tornar os riscos seguráveis, pois auxiliam<br />
os subscritores a mensurar e entender como<br />
são tratados as exposições.<br />
A especialização da corretora de seguros<br />
se dá através dos mais de 30 clientes<br />
que possui no ramo de frigoríficos. Se for<br />
incluído o varejo, a carteira ultrapassa<br />
a marca de 15 mil apólices, de clientes<br />
pessoas físicas e jurídicas. “E este é um<br />
mercado com grande potencial para um<br />
trabalho especializado, que é o nosso diferencial”,<br />
comemora Balen, acrescentado<br />
que o negócio deles é aceitar desafios,<br />
independente da área. Em seguro de<br />
transporte, por exemplo, a corretora recebe<br />
clientes aflitos, que possuem contas ruins e<br />
que passam por um trabalho de adequação<br />
para mudar a política da empresa e, com<br />
isso, tornar as apólices rentáveis.<br />
❙❙Moacyr Ceola, da Sompo Seguros
ciab febraban | tecnologia<br />
De portas abertas<br />
para a inovação<br />
Seguradoras mostram<br />
que acordaram para<br />
o mundo digital, mas<br />
que ainda possuem<br />
um longo caminho a<br />
percorrer quando o<br />
assunto é tecnologia<br />
Lívia Sousa<br />
A<br />
indústria de seguros vive um<br />
momento de pressão. De um<br />
lado do cliente, que hoje tem<br />
muito mais poder em suas<br />
mãos, é mais digital, sabe o que quer e<br />
compara a experiência com as seguradoras<br />
com outras experiências digitais.<br />
De outro do próprio mercado, que está<br />
aprendendo a lidar com a transformação<br />
digital.<br />
De fato, as seguradoras acordaram<br />
para o mundo digital. Tanto que já criam<br />
suas garagens digitais, colocam seu próprio<br />
dinheiro em fundos de investimento,<br />
e não investem só em seguros: investem<br />
e ofertam produtos e serviços que vão<br />
além da proteção. “Essas companhias não<br />
competem apenas entre si, mas também<br />
com outras indústrias. O mercado está<br />
mais complaexo. Isso justifica novos<br />
modelos de negócios, como os seguros<br />
as-a-service”, afirmou Roberto Ciccone,<br />
sócio da everis de Seguros para Região<br />
Américas.<br />
Ainda que as seguradoras e a cadeia<br />
do seguro como um todo tenham despertado,<br />
não estão preparadas para essa<br />
nova realidade. A avaliação é de Eduardo<br />
Menezes, superintendente executivo<br />
do produto Auto da Bradesco Seguros.<br />
“O mercado segurador realiza diversos<br />
movimentos, mas mais voltados para<br />
venda e menos para as outras etapas do<br />
processo”, alegou, afirmando que o processo<br />
analógico ainda prevalece. “Temos<br />
o desafio de preparar toda a cadeia. Não<br />
adianta preparar as seguradoras para a<br />
venda e não preparar o corretor e o prestador<br />
de serviço em suas diversas etapas”,<br />
sentenciou ele que, ao mesmo tempo,<br />
demonstrou otimismo. “Mas, estamos<br />
no caminho”.<br />
29
tecnologia<br />
Onde estão as oportunidades<br />
Há um alto volume de atividades<br />
repetitivas a serem realizadas dentro das<br />
empresas. São atividades passíveis de<br />
erros, que inviabilizam ou diminuem o<br />
tempo das companhias em focar no que<br />
traz valor. A robótica surge justamente<br />
para fazer o trabalho braçal e liberar<br />
tempo para que os colaboradores foquem<br />
no que realmente importa. Entre os benefícios<br />
dessa tecnologia estão a redução<br />
de custo e a agilidade (é, em média, 15<br />
vezes mais rápida).<br />
Uma pesquisa feita pela Deloitte com<br />
400 executivos do mundo todo revela que<br />
53% das empresas já iniciaram a jornada<br />
com a robotização. A previsão é que em<br />
2020 esse número aumente para 72%,<br />
e que em 2023 seja praticamente uma<br />
adoção universal. Além da redução de<br />
custo, outros benefícios apontados pelos<br />
executivos são o compliance, a qualidade<br />
e a produtividade. Contudo, apesar dos<br />
benefícios e de todos os investimentos<br />
que tem sido feitos na área, apenas 3%<br />
das empresas globais já estão, de fato,<br />
escalando nessa questão (ou seja, contam<br />
com mais de 50 robôs em produção).<br />
30<br />
“Não adianta preparar<br />
as seguradoras para a<br />
venda e não preparar o<br />
corretor e o prestador<br />
de serviço, em suas<br />
diversas etapas”<br />
Eduardo Menezes, da Bradesco Seguros<br />
❙❙Roberto Ciccone, da everis<br />
“Falta maturidade no processo, que é<br />
muito despadronizado e complexo. Isso<br />
dificulta a automação”, declarou Mauricio<br />
Castro, líder de integração RPA/RCA da<br />
Deloitte Brasil.<br />
Na indústria de seguros, as oportunidades<br />
de aplicação de robótica aparecem<br />
principalmente na parte de gestão de<br />
apólice, em que é possível fazer desde a<br />
emissão propriamente dita até os endossos<br />
de alteração e de cancelamento; assim<br />
como na parte de faturamento. Também<br />
há um alto potencial na área de vendas.<br />
Com o objetivo de aumentar sua eficiência<br />
e simplificar a comunicação com<br />
os clientes, o Grupo Bradesco Seguros<br />
investe em robótica e em inteligência artificial.<br />
Nesta última, lançou um chatbot<br />
que, segundo o diretor de TI e Operações<br />
da companhia, Curt Zimmermann, tem<br />
sido bem aceito pelos segurados. “A combinação<br />
dessas duas tecnologias vai ser<br />
crucial para o desenvolvimento de mais<br />
eficiência”, garante.<br />
Sobre os desafios e riscos que as<br />
seguradoras encontrarão a partir do momento<br />
em que começarem a implementar<br />
essas soluções, o executivo disse que<br />
muitas das respostas surgem no dia a dia<br />
do trabalho. “Nossa área é muito regulada<br />
e é preciso ter governança sobre isso.<br />
Nossa experiência com robôs não está<br />
sendo necessariamente tocada puramente<br />
pela TI, e sim por áreas de redesenho de<br />
processos que trabalham com robôs, que<br />
criam essa governança e garantem que a<br />
gente consiga fazer a extrapolação deles<br />
de uma forma mais controlada, mais auditada<br />
e mais eficiente”, pontuou. O grupo<br />
investe em torno de R$ 400 milhões por<br />
ano em tecnologia – sendo que um quarto<br />
do montante vai para iniciativas digitais,<br />
revelou o executivo.<br />
Comparando o uso da tecnologia<br />
pela indústria de seguros brasileira com<br />
o resto do mundo, Zimmermann vê um<br />
grande progresso e garante que, quando<br />
o mercado conseguir combinar em seus<br />
processos o uso da linguagem natural<br />
[cognitiva] com a automatização, a interação<br />
da indústria com os clientes vai<br />
ocorrer de uma forma mais eficaz.<br />
A indústria realmente<br />
conhece o seu cliente?<br />
“Não sou especialista em seguros no<br />
Brasil, mas vejo que os agentes são cativos,<br />
vendem vários seguros, de diferentes<br />
empresas mas, no fim das contas, eles<br />
ganham dinheiro por causa do cliente”,<br />
analisou Tony Almeida, sócio e chefe de<br />
Serviços de Consultoria de Seguros da<br />
Wipro Technologies, empresa de serviços<br />
para o setor de seguros.<br />
Em um momento em que o consu-<br />
“Falta maturidade<br />
no processo [de<br />
robotização], que é<br />
muito despadronizado e<br />
complexo. Isso dificulta a<br />
automação”<br />
Mauricio Castro, da Deloitte Brasil
❙❙<br />
Curt Zimmermann, da Bradesco Seguros<br />
midor quer ser coautor dos próprios produtos,<br />
a transformação digital traz mais<br />
uma questão: as seguradoras precisam<br />
conhecer bem os seus clientes e entender<br />
a experiência do seu público. Só assim<br />
serão capazes de criar novas soluções de<br />
acordo com cada consumidor. “É mais<br />
caro perder um cliente. Com a tecnologia,<br />
você consegue entender a realidade<br />
dele muito melhor”, assegurou Almeida,<br />
citando os millenials. “Em 2020, teremos<br />
US$ 1,4 trilhão de poder de compra desse<br />
público, que busca tudo online”.<br />
Mas, como aceitar e precificar o risco<br />
de acordo com o comportamento de cada<br />
pessoa quando uma empresa já oferta<br />
produtos e serviços diferentes? Vice-<br />
-presidente de Operações e Tecnologia<br />
da SulAmérica, Marco Antunes aposta<br />
que a tecnologia ajudará as companhias a<br />
alcançarem esse objetivo. “Só que não será<br />
tão simples”, adiantou. “Tecnologias como<br />
machine learning, analytics, inteligência<br />
artificial e internet das coisas estão disponíveis,<br />
mas as pessoas que trabalham com<br />
isso precisam se transformar. A cultura,<br />
a forma como as equipes trabalham, vai<br />
ser alterada. Tenho dúvida se esse modelo<br />
tradicional e clássico que nós temos é tão<br />
veloz e tão ágil para atingirmos o objetivo<br />
de conhecer o cliente. A transformação<br />
cultural das pessoas vai acontecer de uma<br />
forma muito rápida”, disse.<br />
É preciso ter equipes multidisciplinares<br />
que possam trabalhar em conjunto.<br />
Caso as informações não sejam levadas<br />
para todas as cadeias de produção, a<br />
agilidade nunca chegará. As entregas<br />
precisam ser rápidas – no máximo seis<br />
meses para testar, corrigir e melhorar<br />
as ferramentas, sempre perguntando a<br />
opinião do cliente. “Em três anos, como<br />
acontecia antes, o mundo muda muito. É<br />
preciso errar rápido e arrumar rápido e<br />
talvez esse seja o maior desafio do mercado<br />
segurador”, declarou.<br />
Revolução em seguros<br />
A Superintendência de Seguros Privados<br />
(Susep), junto com o Banco Central<br />
e a Comissão de Valores Mobiliários<br />
(CVM), já estuda a criação de uma base<br />
de dados em blockchain, utilizado para<br />
dar suporte às criptomoedas na troca de<br />
informações. Quais serão os desafios<br />
que as seguradoras terão, em termos de<br />
investimento, melhoria de custos e segurança,<br />
na migração para uma tecnologia<br />
tão complexa e disruptiva como essa? No<br />
Japão, a Tokio Marine desenvolve alguns<br />
projetos de blockchain entre segurado e<br />
hospital para troca de informações na<br />
área de saúde. Há também um projeto piloto<br />
em andamento voltado para a área de<br />
transporte, em que importadores, exportadores,<br />
transportadores e despachantes<br />
“As pessoas que<br />
trabalham com isso<br />
[tecnologia] precisam se<br />
transformar. A cultura, a<br />
forma como as equipes<br />
trabalham, vai ser<br />
alterada”<br />
Marco Antunes, da SulAmérica<br />
❙❙<br />
Wilson Leal, da Tokio Marine<br />
participam, na seguradora, de uma rede<br />
para troca de informações.<br />
No Brasil, o foco principal da empresa<br />
é trazer o corretor para o mundo<br />
digital, dando mais ferramentas para<br />
que o profissional aumente suas vendas<br />
e reduza seu custo operacional. “O blockchain,<br />
claro, está no nosso radar aqui”,<br />
revelou Wilson Leal, CIO da companhia.<br />
Segundo ele, o “problema” não é o uso<br />
da tecnologia em si, mas como ela será<br />
utilizada. “Estamos estudando isso, mas<br />
temos dúvida em entrar com o blockchain<br />
nesse momento. É melhor investir agora<br />
ou esperar um ou dois anos, deixar o mercado<br />
bancário amadurecer para fazermos<br />
parte? Ainda temos um pouco de receio,<br />
até pelo lado dos Recursos Humanos, de<br />
pessoas. Não conheço alguém já preparado<br />
a fundo para isso”, questionou.<br />
Se os processos mudarão daqui<br />
um tempo e se as seguradoras terão de<br />
reaprender algumas coisas, ainda não<br />
se sabe. Mas, Leal prefere ser cauteloso.<br />
“Talvez não seja o momento de entrar<br />
enquanto alguns pontos, como a parte<br />
regulatória e financeira, não forem resolvidos”.<br />
Contudo, ele acredita que o uso<br />
do blockchain para fazer uma “ponte”<br />
de comunicação seria o ideal no setor.<br />
“Vamos conseguir, mas todos os pontos<br />
da cadeia têm que estar interligados. O<br />
grande segredo é como juntar congêneres<br />
e parceiros ao mesmo tempo. Cabe ao<br />
lado mais forte [seguradoras] começar<br />
a desenvolver as coisas e disponibilizar<br />
aos parceiros ferramentas para que isso<br />
aconteça”, finalizou.<br />
31
ciab febraban | indra<br />
Nova distribuição e<br />
comunicação com os clientes<br />
Para que o mercado de seguros suporte todas<br />
as mudanças tecnológicas e a velocidade com<br />
que elas acontecem, é preciso ter ferramentas<br />
consistentes. A Indra aposta em novas formas<br />
para auxiliar nesse processo<br />
Lívia Sousa<br />
Com o mercado de seguros mais<br />
tecnológico e com os consumidores<br />
exigindo cada vez mais<br />
das companhias, as empresas<br />
passam a investir como nunca na transformação<br />
digital. “O Brasil é altamente<br />
digital, tem uma quantidade de conexão<br />
móvel absurda. É normal que a demanda<br />
venha do próprio cliente e que as empresas<br />
se acelerem para entrar nesse ritmo<br />
de transformação nunca antes vista”,<br />
pontua Marcos Cardoso. O executivo é<br />
diretor do mercado global de seguros da<br />
Indra, empresa que chegou ao Brasil em<br />
1996, em uma operação tímida, e hoje<br />
tem mais de 6.500 funcionários alocados<br />
no país, 40 mil colaboradores espalhados<br />
pelo mundo, além de atuar em mais de<br />
140 países e contar com escritórios em<br />
aproximadamente 45 países.<br />
Na área de seguros, especificamente,<br />
são aproximadamente 1.700 pessoas –<br />
quase 500 delas dedicadas ao mercado<br />
segurador brasileiro. A companhia acredita<br />
que os conceitos em open insurance,<br />
como rede colaborativa, criação de novos<br />
canais de distribuição e abordagem ao<br />
novo consumidor, foram aproveitados do<br />
setor bancário. Em sua terceira participação<br />
consecutiva no Ciab, Cardoso avaliou<br />
que a presença das seguradoras no evento<br />
é fundamental para que elas captem os<br />
conceitos e as novidades que o mundo<br />
digital bancário apresenta e entendam<br />
como isso pode ser aplicado no mundo<br />
do seguro. “Existe uma nova forma de se<br />
comunicar com o cliente, uma nova forma<br />
de distribuição. No Brasil, corretores e<br />
bancos têm um forte papel na distribuição<br />
de seguros e devem, continuamente,<br />
aprender e se adaptar ao novo<br />
cliente digital”, declara.<br />
Para suportar todas as<br />
mudanças e a velocidade com<br />
que elas acontecem, no entanto,<br />
é preciso ter ferramentas consistentes.<br />
Por aqui, o setor já<br />
começa a intensificar a procura<br />
por modelos de segmentação<br />
de seus negócios utilizando<br />
modelos disruptivos, de contratação<br />
digital, em que se ganha<br />
❙ tempo, eficiência operacional ❙ Marcos<br />
na distribuição e redução de custo. Para<br />
o diretor, falta ainda avançar na relação<br />
com o cliente. “As experiências que trazem<br />
as insurtechs, assim como as grandes<br />
consultorias que apoiam na transformação<br />
digital como a Indra, trazendo novos<br />
conceitos de relação com o mundo digital,<br />
é a nova ‘onda’”, disse.<br />
Ferramentas<br />
Ainda que trabalhe com soluções<br />
core mais voltadas aos seguros de vida,<br />
a Indra começa agora a operar com soluções<br />
voltadas a outros ramos de seguros –<br />
a serem aplicadas também na distribuição<br />
aqui no Brasil. “Entendemos que uma<br />
base tecnológica, moderna e potente é o<br />
que suporta a transformação. Não basta<br />
ter modelos digitais de relacionamento,<br />
de mobilidade, sendo que por trás disso<br />
a empresa não conta com modelos consistentes”,<br />
explica.<br />
Dois dos produtos da companhia<br />
se destacam: Plataforma Core de Seguros,<br />
produto end to end voltado desde<br />
a cotação até a regulação do sinistro,<br />
passando pela emissão da apólice e por<br />
Cardoso, diretor global de seguros da Indra<br />
toda a gestão de uma apólice de seguros;<br />
e Plataforma de Distribuição de Seguros,<br />
em que a companhia oferece um modelo<br />
digital para contratação de seguros.<br />
“Engloba toda a parte de cotação, contratação<br />
e emissão da apólice, além de<br />
gestão comercial da força de vendas, com<br />
agenda comercial, controle de pipeline e<br />
gestão de rotas. Modelos em que você<br />
pode fazer a contratação por um tablet<br />
em qualquer ponto de venda, esteja no<br />
aeroporto, num banco, numa corretora<br />
ou em uma operação no varejo. Dentro<br />
desse contexto, conseguimos adaptar os<br />
diversos tipos de seguros ao contexto de<br />
contratação digital em modelo de gestão<br />
e relação digital com os consumidores”,<br />
explica Cardoso.<br />
Para ainda em 2018, a Indra deve<br />
apresentar ao mercado brasileiro novas<br />
ferramentas com modelo digital avançado<br />
para o segmento de seguros. “Começamos<br />
a inserir, por exemplo, conceitos de inteligência<br />
artificial e de visão artificial em<br />
nossos produtos, o que trará, em breve,<br />
novidades e soluções pioneiras para o<br />
mercado brasileiro”, adianta Cardoso.<br />
32
fusões e aquisições | m&a<br />
Risco oculto<br />
Novidade no mercado brasileiro, apólices para transações de fusões e aquisições começam<br />
a ganhar ênfase após a desova de ativos no âmbito da Operação Lava Jato<br />
e ainda a situação econômica, que estimula movimentos de consolidação em diferentes<br />
setores. A demanda, antes concentrada em players internacionais e fundos de<br />
investimento que compram participações em empresas, já vem de players locais e<br />
atrai interessados<br />
Manuela Almeida<br />
Mesmo com o aumento<br />
das incertezas diante da<br />
aproximação das eleições<br />
presidenciais e a piora<br />
das expectativas para a economia brasileira<br />
neste ano, o mercado de fusões<br />
e aquisições (M&A, na sigla em inglês)<br />
segue bastante ativo e servindo de mola<br />
propulsora para outros negócios como o<br />
de crédito e também de seguros. Além<br />
de grandes movimentos como a aquisição<br />
da Fibria pela Suzano, que cria uma<br />
gigante global no mercado de celulose,<br />
e ainda do avanço nas negociações da<br />
holandesa LyondellBasell com a Odebrecht<br />
para comprar a sua fatia na Braskem,<br />
com possibilidade elevada de levar ainda<br />
a fatia da Petrobras na petroquímica, o<br />
segmento tem sido impulsionado por<br />
transações de diferentes tamanhos e<br />
setores e que têm garantido crescimento<br />
de dois dígitos no acumulado do ano. De<br />
janeiro até meados de junho, conforme<br />
dados da consultoria Dealogic, o volume<br />
financeiro de transações de M&A no<br />
País passou dos US$ 25 bilhões, incremento<br />
de 12% ante um ano na moeda<br />
norte-americana e de 20% em reais.<br />
Em quantidade de operações, até abril,<br />
segundo a PwC, já foram anunciados<br />
195 negócios. A possibilidade de parte<br />
dessas transações terem um desfecho<br />
frustrado com a descoberta de riscos<br />
ocultos nas empresas adquiridas, que no<br />
Brasil ficou mais evidente por conta da<br />
Operação Lava Jato, que provocou uma<br />
verdadeira desova de ativos por parte<br />
de empresas envolvidas num esforço<br />
33
m&a<br />
❙❙<br />
Lygia Muriel, da JLT<br />
para recuperarem sua saúde financeira<br />
e sobreviverem, impulsiona os seguros<br />
para transações de fusões e aquisições<br />
no País. Diferente das apólices tradicionais<br />
do mundo corporativo, essa é feita<br />
apenas para cobrir os riscos existentes<br />
em operações específicas. O contrato é<br />
desenhado de acordo com as necessidades<br />
de cada transação e se baseia na<br />
cláusula de declarações e garantias do<br />
contrato de compra e venda de uma empresa.<br />
O objetivo central do seguro para<br />
M&A é dar segurança para quem está<br />
comprando uma determinada empresa<br />
que, caso os processos de auditoria (due<br />
dilligence), apesar de rigorosos, não sejam<br />
suficientes para identificar todos os<br />
riscos e problemas do ativo em questão,<br />
o seguro arcará com eventuais prejuízos.<br />
Tanto é que sua principal cobertura<br />
abrange os chamados passivos ocultos<br />
não identificados, ou seja, dívidas feitas<br />
para financiar os ativos, mas que não aparecem<br />
na contabilidade de uma empresa<br />
e, consequentemente, não são mensuradas.<br />
Isso pode ocorrer tanto por falta de<br />
informações disponíveis no momento da<br />
análise da compra ou fusão ou pelo fato<br />
de esses riscos ainda não terem se materializado.<br />
De acordo com a diretora de<br />
M&A da corretora de seguros JLT, Lygia<br />
Muriel, o seguro cobre qualquer quebra<br />
de representação e garantias oriundas de<br />
passivos ocultos, contratos que não foram<br />
mencionados durante a negociação do<br />
M&A e fraudes, incluindo as contábeis.<br />
“Para o vendedor de uma empresa, o<br />
34<br />
seguro funciona como um limitador de<br />
responsabilidades, enquanto que, para o<br />
comprador, garante uma tranquilidade<br />
adicional”, resume ela.<br />
Em geral, a cobertura para riscos<br />
ocultos é a principal cobertura do seguro<br />
de M&A e corresponde a cerca de<br />
10% do valor do negócio em questão.<br />
“Estudamos o comportamento de mil<br />
apólices e a grande parte dos sinistros<br />
estiveram relacionados a problemas em<br />
balanços – demonstrações financeiras,<br />
com empresas infringindo regras contábeis<br />
e que geraram algum tipo de perda”,<br />
conta o gerente de Linhas Financeiras<br />
da AIG Brasil, Flávio Sá, acrescentando<br />
que na sequência estiveram questões<br />
relacionadas a propriedade intelectual e<br />
de compliance.<br />
No caso do Brasil e também da<br />
América Latina, conforme ele, a questão<br />
tributária também entra na lista de<br />
fatores que estimulam a contratação de<br />
um seguro para transações de fusões e<br />
aquisições diante da complexidade da<br />
estrutura tributária desses mercados.<br />
Como muda dependendo do local onde<br />
está sendo feito o negócio, empresas têm<br />
recorrido ao seguro como forma de se<br />
proteger de surpresas futuras.<br />
Quem compra<br />
No Brasil, a demanda por apólices<br />
para garantir fusões e aquisições<br />
segue numa crescente. Pesquisa feita<br />
pela consultora de riscos Marsh mostra<br />
que a procura no mercado brasileiro<br />
por seguro para M&As no primeiro<br />
semestre de 2018 já é 35% maior do<br />
que o índice de prospecção de todo o<br />
ano passado. No entanto, geralmente, os<br />
contratos que se concretizam abrangem<br />
negócios de médio porte com valores<br />
envolvidos a partir de R$ 100 milhões.<br />
Na maioria dos casos, as apólices são<br />
demandadas pelo comprador em uma<br />
tentativa de minimizar prejuízos futuros<br />
com surpresas indesejadas. Isso porque<br />
em transações menores, de até R$ 50<br />
milhões, geralmente os negociadores<br />
sequer contratam escritório de advocacia<br />
para fazer a diligência. O perfil não é<br />
apenas uma característica do mercado<br />
local. Também no exterior, os alvos dos<br />
seguros para M&As são, principalmente,<br />
médias operações, visto que os maiores<br />
negócios superam os próprios limites das<br />
apólices ofertadas no mercado.<br />
A seguradora AIG, única seguradora<br />
a atuar com seguro para M&A no Brasil,<br />
por exemplo, opera com valor máximo<br />
de até R$ 120 milhões no País, podendo<br />
chegar a US$ 50 milhões, considerando<br />
o seu limite no exterior. “Esse seguro<br />
tem se tornado cada vez mais conhecido<br />
por investidores nacionais, uma vez que<br />
antes a procura era predominantemente<br />
de fundos de private equity internacionais<br />
– que compram participações em<br />
empresas – que já estavam familiarizados<br />
com a utilização deste tipo de seguro em<br />
outros países”, justifica a líder da prática<br />
de fusões e aquisições da Marsh Brasil,<br />
Bruna Reis.<br />
Segundo a especialista, do total das<br />
prospecções feitas na corretora para este<br />
“A Lava Jato foi um<br />
fator importante para<br />
desenvolver o seguro<br />
para M&A no Brasil. O<br />
investidor internacional<br />
começou a se<br />
preocupar não só com<br />
questões de corrupção,<br />
mas o que mais<br />
poderia surgir em uma<br />
eventual transação”<br />
Flávio Sá, da AIG Brasil
tipo de apólice, 60% da demanda vêm de<br />
fundos de private equity e 40% são de<br />
investidores institucionais. “As empresas<br />
e fundos que investem no segmento de infraestrutura<br />
são os que mais têm buscado<br />
este tipo de proteção”, acrescenta Bruna.<br />
A preocupação dos compradores não<br />
é à toa e ganhou evidência no País após a<br />
Operação Lava Jato ter obrigado várias<br />
empresas e se desfazer de uma série de<br />
ativos. Além de o número de processos<br />
de diligência ter aumentado com mais<br />
negócios de M&A em andamento, o<br />
envolvimento de vários grupos no maior<br />
escândalo de corrupção do Brasil acendeu<br />
a lanterna dos investidores para a<br />
possibilidade de riscos ocultos nas transações.<br />
Segundo Sá, da AIG, antes essa<br />
não era uma preocupação presente nos<br />
processos de M&A.<br />
Além da proteção, o seguro, conforme<br />
ele, funciona como uma engenharia financeira<br />
para as empresas. Isso porque antes<br />
de o produto chegar no Brasil, o que ainda<br />
acontece em alguns casos, as empresas<br />
deixavam um capital reservado para caso<br />
surgisse um passivo após a transação de<br />
M&A. Uma espécie de conta garantia<br />
tendo como beneficiário o comprador.<br />
No entanto, além da burocracia envolvida,<br />
esse dinheiro fica parado, o que para<br />
muitos fundos de private equity pode<br />
significar uma perda de oportunidade.<br />
“O seguro para M&A é oferecido para<br />
substituir essa estrutura tradicional. Além<br />
de aliviar capital, retira ou evita deixar<br />
dinheiro parado”, explica Sá.<br />
De olho<br />
O seguro para transações de fusões<br />
e aquisições chegou ao Brasil em 2014<br />
pelas mãos da norte-americana AIG.<br />
Por ora, somente a seguradora oferta<br />
essas apólices no País. Com a maior<br />
procura por esse tipo de proteção, porém,<br />
a expectativa de especialistas ouvidos<br />
por <strong>Apólice</strong> é de que o segmento atraia<br />
mais interessados. Um dos players que<br />
está prestes a estrear para disputar o<br />
mercado de seguros de M&A é o banco<br />
BTG Pactual, de André Esteves. A instituição,<br />
que vai atuar por meio da Pan<br />
Seguros - da qual é sócia com a Caixa<br />
Econômica Federal - aguarda apenas<br />
o aval da Superintendência de Seguros<br />
❙❙<br />
Bruna Reis, da Marsh Brasil<br />
Privados (Susep) para começar a explorar<br />
o mercado de M&A também sob o<br />
ponto de vista de seguros. Isso porque<br />
o BTG Pactual já atua como assessor de<br />
transações de fusões e aquisições com o<br />
seu braço de banco de investimento. O<br />
objetivo do banco, conforme fonte ouvida<br />
por <strong>Apólice</strong> na condição de anonimato,<br />
é canalizar os negócios do seu banco de<br />
investimento também para a sua seguradora.<br />
O BTG Pactual já oferece seguro<br />
para garantia financeira, internacionalmente<br />
conhecido como escrow account.<br />
Na prática, essa apólice funciona como<br />
uma fiança bancária, mas, diferente do<br />
produto tradicionalmente ofertado por<br />
bancos, não consome limite de crédito<br />
do segurado. O próximo passo é passar a<br />
cobrir passivos ocultos em transações de<br />
fusões e aquisições. Para isso, aguarda a<br />
bênção da xerife do mercado de seguros,<br />
que é esperada para breve, segundo fonte.<br />
Procurado, contudo, o BTG Pactual não<br />
comentou o assunto.<br />
Potencial<br />
Como é novato no Brasil, o seguro<br />
de M&A ainda engatinha por aqui, mas<br />
o potencial é de um mercado bilionário<br />
para as seguradoras aqui presentes e<br />
com foco nas linhas financeiras. Não há,<br />
entretanto, estatísticas oficiais desse segmento.<br />
No ano passado, foram emitidas<br />
em território brasileiro, de acordo com<br />
fontes, cerca de dez apólices. Sem dar<br />
números, o gerente de linhas financeiras<br />
da AIG diz que a seguradora sentiu um<br />
“pequeno aumento” no número de contratações<br />
de seguros para M&A desde<br />
então. Ele lembra, contudo, que o produto<br />
é novo mesmo no âmbito global. A AIG<br />
começou a trabalhar nesse tipo de apólice<br />
em meados de 1998, nos Estados Unidos.<br />
De acordo com Sá, também no mercado<br />
norte-americano, a modalidade se desenvolveu<br />
de forma gradual. No primeiro<br />
ano do seu lançamento, a AIG emitiu 11<br />
apólices. Passados cinco anos, foram 30<br />
apólices. E no ano passado, conforme<br />
Sá, a seguradora somou mais de 400<br />
contratos de seguros envolvendo fusões<br />
e aquisições em todo o mundo.<br />
Em consequência, a sinistralidade<br />
também tem crescido ao redor do globo.<br />
O pano de fundo, segundo a chefe global<br />
de seguros de M&A da AIG, Mary Duffy,<br />
é o maior conhecimento dos compradores<br />
a respeito do escopo das coberturas<br />
existentes nas apólices.<br />
Como a procura pelo seguro para<br />
M&As tem aumentado ao redor do globo,<br />
a capacidade do mercado de seguros<br />
também cresceu. Atualmente, há mais<br />
de 25 seguradoras oferecendo apólices<br />
para risco transacional no mundo todo.<br />
O maior interesse das companhias tem<br />
contribuído, inclusive, para pressionar<br />
as taxas do segmento para baixo. No ano<br />
passado, devido ao aumento significativo<br />
da concorrência no mercado segurador,<br />
conforme dados da Marsh, os preços<br />
médios caíram quase 13% ante um ano,<br />
comparado a uma queda de cerca de 2%<br />
em 2016 na comparação com o exercício<br />
imediatamente anterior. Como no Brasil<br />
essa concorrência ainda não se materializou,<br />
bancos de investimento e fundos<br />
de private equity alegam que o custo<br />
do seguro para M&As no Brasil ainda<br />
é proibitivo.<br />
O mercado de seguros, entretanto,<br />
garante que as taxas são acessíveis para<br />
os demandantes e, assim como em outros<br />
segmentos, um desenvolvimento maior<br />
deste segmento passa por uma questão<br />
cultural. Até mesmo porque, embora<br />
as apólices para protegerem transações<br />
de fusões e aquisições não sejam condição<br />
sine qua non para o desfecho dos<br />
negócios, tem ajudado a simplificar as<br />
transações de venda, compra ou fusão<br />
de empresas.<br />
35
fusões e aquisições | corretoras<br />
Consolidatech<br />
O novo movimento de<br />
fusões e aquisições no<br />
mercado de corretagem tem um<br />
ingrediente a mais: a tecnologia.<br />
O propósito da união de empresas<br />
médio porte, mas que também<br />
pode atingir o dia a dia dos<br />
pequenos, entretanto, continua<br />
sendo agregar clientes e criar um<br />
distribuidor mais forte no mercado<br />
Manuela Almeida<br />
36
O<br />
mercado de corretagem de<br />
seguros passa por uma nova<br />
onda de consolidação no<br />
Brasil. Enquanto os pesos<br />
pesados internacionais do segmento<br />
como Aon e Marsh estão digerindo as últimas<br />
aquisições feitas, players de médio<br />
porte caçam bons negócios e que tenham,<br />
sobretudo, a tecnologia em seu DNA. O<br />
movimento pode, inclusive, mexer na<br />
vida dos pequenos corretores de seguros<br />
com algumas empresas apostando em<br />
modelos de plataformas digitais para<br />
plugarem esses consultores e, sobretudo,<br />
venderem mais e melhor. A pulverização<br />
do segmento, que está longe de ser concentrado<br />
como outros mercados no Brasil<br />
como o das próprias seguradoras – que<br />
a despeito de ainda ter diversos players<br />
também experimentou uma onda de<br />
fusões e aquisições nos últimos anos –<br />
associada a uma retomada da economia<br />
verde e amarela mais lenta que a esperada<br />
por empresários e economistas, contribui<br />
para que novos negócios se concretizem.<br />
Ao final de junho, o mercado brasileiro<br />
somava mais de 90 mil corretoras de<br />
seguros, de acordo com balanço da Federação<br />
Nacional dos Corretores de Seguros<br />
(Fenacor). Do total, cerca de 47,6 mil atuam<br />
como pessoas físicas e em torno de 43<br />
mil são pessoas jurídicas. Considerando<br />
o fato de que há duplicidade nas bases de<br />
dados da Federação uma vez que muitos<br />
consultores operam sob dois registros, o<br />
mar de oportunidades, conforme fontes<br />
❙❙Thomaz Kastrup, do Mattos Filho<br />
ouvidas por <strong>Apólice</strong>, é gigantesco. “O<br />
mercado é muito pulverizado. Mas, no<br />
contexto atual, não tem como falar de<br />
fusões e aquisições entre corretoras de<br />
seguros e deixar de lado a questão da<br />
tecnologia. As grandes e médias vão ter<br />
poder suficiente para se adaptar a este<br />
cenário, os players menores terão de se<br />
associar em plataformas digitais”, avalia<br />
o sócio da área de seguros do Mattos Filho,<br />
Thomaz Kastrup. “Quem não aderir<br />
à venda digital de seguros corre o risco<br />
de ser extinto. Está claro”, acrescenta ele.<br />
Há quem aposte, inclusive, que a<br />
figura do agente de seguros, sempre criticada<br />
no Brasil embora bem difundida em<br />
outros mercados, possa, de fato, ganhar<br />
espaço no mercado. A diferença, porém,<br />
é que esses profissionais não estarão à<br />
mercê de apenas uma seguradora, mas<br />
se associarão a corretoras de seguros<br />
maiores em busca de estrutura digital de<br />
venda, já que sozinhos além de ser uma<br />
tarefa bem mais desafiadora exige um investimento<br />
que, na maioria dos casos, não<br />
condiz com o orçamento desses players.<br />
Esse movimento começou a se desenhar<br />
nos últimos anos e ganha mais força no<br />
cenário atual com a onda de fintechs e<br />
insurtechs – novatas do setor financeiro<br />
e de seguros – que se multiplicaram no<br />
mercado brasileiro. “Acho que até o ano<br />
que vem a figura do agente pode estar<br />
mais amadurecida no mercado de seguros<br />
brasileiro, a partir dessas plataformas que<br />
podem ser uma alternativa aos pequenos<br />
corretores”, diz um importante porta-voz<br />
do setor, na condição de anonimato.<br />
Insurtechs<br />
Depois de estudar o mercado brasileiro<br />
de corretagem de seguros e também<br />
experiências internacionais, o empresário<br />
André Gregori, que estruturou do<br />
zero as operações de seguros de bancos<br />
como BTG Pactual e Fator, começou a<br />
desenvolver um novo modelo de negócios<br />
sob o formado de plataforma e que deu<br />
origem à Thinkseg, lançada há dois anos.<br />
O objetivo do negócio, explica ele, é aliar<br />
a tecnologia ao seguro, aproveitando-se<br />
das redes sociais para efetuar vendas, mas<br />
também com base no comportamento<br />
individual de cada um, o chamado “pague<br />
como você dirige”, do inglês “pay how<br />
“O mercado de<br />
consultoria de seguros<br />
ainda não passou por<br />
um forte processo de<br />
consolidação. É preciso<br />
seguir nesta direção para<br />
ser mais competitivo e<br />
oferecer valor agregado<br />
aos clientes”<br />
Thomaz Cabral de Menezes,<br />
presidente da It’sSeg Company<br />
you drive”. Desde que colocou o negócio<br />
para rodar, já atraiu mais de 5 mil corretores<br />
de seguros. Em junho, o executivo<br />
deu um passo além ao concluir o primeiro<br />
negócio entre insurtechs no Brasil a partir<br />
da aquisição da Bidu Corretora, uma das<br />
primeiras empresas a apostar na venda<br />
online de seguros no mercado brasileiro.<br />
A partir da transação, a Thinkseg alcança<br />
a marca de 23 mil clientes ativos e quase 2<br />
milhões de cadastros, num total estimado<br />
de prêmios de R$ 85 milhões. “Veremos<br />
outras transações no Brasil e no mundo<br />
que devem ir na mesma direção de não<br />
só consolidar o mercado de distribuição<br />
de seguros no País bem como de garantir<br />
uma presença maior no Produto Interno<br />
Bruto (PIB) brasileiro, aproveitando-<br />
-se da tecnologia e da inovação”, avalia<br />
Gregori.<br />
O movimento de fusões e consolidações<br />
no mercado de seguros, de acordo<br />
com o atual presidente da Fenacor, Robert<br />
37
corretoras<br />
“O movimento de<br />
fusões e consolidação<br />
deve perdurar e até<br />
se acentuar tão logo a<br />
economia do País esboce<br />
reação e crescimento”<br />
Bittar, contribui para a diversificação do<br />
mercado e tem como pano de fundo uma<br />
economia que ainda não engrenou numa<br />
trajetória de crescimento mais vigoroso.<br />
Por ora, as projeções de crescimento do<br />
PIB neste ano continuam a ser revisadas<br />
para baixo. Diante da piora das condições<br />
financeiras do País e a greve dos caminhoneiros,<br />
em maio, o Banco Central<br />
também decidiu cortar sua expectativa<br />
assim como têm feito diversos economistas<br />
nos últimos meses. O regulador<br />
espera que a economia cresça 1,6% e não<br />
mais 2,6% como projetava em março<br />
último. Conforme cálculos da Tendências<br />
Consultoria Integrada, na prática, é como<br />
se R$ 65 bilhões sumissem da projeção<br />
para o PIB em 2018. “O movimento de<br />
fusões e consolidação deve perdurar e até<br />
se acentuar tão logo a economia do País<br />
esboce reação e crescimento. Sem dúvida,<br />
estruturas mais robustas ajudam no crescimento<br />
porque se coloca mais foco na<br />
força de distribuição com identificação de<br />
nichos na operação e força a diversificação<br />
de carteiras, processo esse que, muitas<br />
vezes, é mais difícil de ser explorado nas<br />
38<br />
Robert Bittar,<br />
presidente da Fenacor<br />
pequenas corretoras”, avalia Bittar.<br />
A corretora de seguros Ô Insurance,<br />
do ex-Aon José Carlos Macedo, por exemplo,<br />
já conseguiu abranger todos os nichos<br />
de operação que buscava após quatro<br />
aquisições desde que foi criada, há pouco<br />
mais de um ano. Com foco no segmento<br />
de riscos corporativos e de benefícios, seu<br />
objetivo, agora, é crescer em regiões onde<br />
não está presente, como o litoral paulista<br />
e, de quebra, ampliar seu market share<br />
no mercado de seguros. De acordo com<br />
Macedo, mais negociações estão em andamento<br />
e outras duas ou três aquisições<br />
podem ser concluídas ainda neste ano.<br />
Até 2020, a expectativa do presidente<br />
da Ô Insurance é ter uma holding de dez<br />
corretoras. A aquisição mais recente foi<br />
a da corretora Céltic Gestão em Benefícios,<br />
com foco no Grande ABC, em São<br />
Paulo. “Estamos adquirindo corretoras<br />
tradicionais e inserindo-as em nossa<br />
plataforma tecnológica, que também mira<br />
corretores menores”, diz o presidente da<br />
Ô Insurance, que além da Forest Holding,<br />
family office presidido por Macedo, conta<br />
com aporte do fundo de investimentos<br />
brasileiro Treecorp,<br />
Embora muitas seguradoras prefiram<br />
que o mercado de corretagem de<br />
seguros continue pulverizado, uma vez<br />
que cresceram sobre essas bases e tem<br />
nesses profissionais seu principal canal<br />
de distribuição, o presidente da Tokio<br />
Marine, José Adalberto Ferrara, vê o<br />
movimento de consolidação neste segmento<br />
como uma tendência natural. Ele<br />
acredita, no entanto, que os três blocos<br />
de players no setor que inclui gigantes<br />
multinacionais, médias a grandes locais<br />
e ainda os pequenos corretores de seguros<br />
devem continuar existindo a despeito<br />
da nova onda de fusões e aquisições no<br />
setor. “Temos percebido um movimento<br />
de várias corretoras de porte médio se<br />
juntando e criando uma companhia ainda<br />
maior, aproveitando o que cada uma têm<br />
de melhor para fazer venda cruzada. É<br />
uma tendência natural no mercado”,<br />
avalia o executivo.<br />
Para ele, as pequenas corretoras de<br />
seguros, que atuam, sobretudo, como<br />
pessoas físicas e que dependem fundamentalmente<br />
das seguradoras, vão sobreviver<br />
neste cenário, mas dependem dessas<br />
“Continuaremos tendo<br />
três grandes blocos de<br />
distribuição: as corretoras<br />
multinacionais que têm<br />
contas globais, as médias<br />
corretoras nacionais<br />
que estão se juntando<br />
e formando grandes<br />
players e os pequenos<br />
corretores pessoas físicas”<br />
José Adalberto Ferrara,<br />
presidente da Tokio Marine<br />
companhias para incluí-las no ambiente<br />
digital. “É aí que entramos com a nossa<br />
estratégia de ajudá-los a desenvolver os<br />
corretores digitais e estimular os canais<br />
digitais de venda de seguros”, acrescenta<br />
o presidente da Tokio Marine.<br />
Pesos pesados<br />
Dos cerca de 90 mil corretores registrados<br />
entre pessoas físicas e jurídicas,<br />
número que já foi maior no passado,<br />
operando devem existir de fato uns cerca<br />
de 65 mil players, de acordo com o<br />
presidente da It’sSeg Company, Thomaz<br />
Cabral de Menezes. O executivo, que<br />
já esteve dos dois lados do balcão uma<br />
vez que presidiu a corretora americana<br />
Marsh e também a SulAmérica, acredita<br />
que o mercado de consultoria de seguros<br />
ainda tem de passar por um movimento<br />
mais forte de consolidação para ser mais<br />
competitivo, reduzindo os preços do
47,6 mil é a<br />
quantidade de<br />
corretoras de seguros<br />
pessoas físicas que<br />
atuam no Brasil<br />
O mapa da corretagem<br />
Apesar do movimento de fusões e aquisições entre corretoras de seguros,<br />
o mercado segue extremamente pulverizado, com mais de 90 mil registros,<br />
quando somadas pessoas físicas e jurídicas<br />
43 mil operam sob<br />
o modelo de pessoas<br />
jurídicas<br />
mercado, ter acesso a capital e oferecer<br />
valor agregado aos clientes. “Os corretores<br />
precisam se unir para competir neste<br />
mercado”, destaca ele.<br />
A It’sSeg, da qual é sócio juntamente<br />
com a gestora britânica de fundos de<br />
private equity Actis, segue de olho em<br />
aquisições. A companhia soma hoje mais<br />
de 850 mil vidas e faturamento anual que<br />
ultrapassa a casa dos R$ 2 bilhões, após<br />
integrar quatro corretoras: Torres Benefícios,<br />
o Grupo Raduan, a Barela Seguros,<br />
a PMR Seguros e, mais recentemente, a<br />
MBS Seguros. “Ainda não temos o tamanho<br />
que gostaríamos. Seguimos com<br />
oportunidades de crescimento orgânico,<br />
mas também geográfico e via aquisições”,<br />
afirma Menezes.<br />
Na mira da corretora, conforme o<br />
executivo, estão players de médio porte<br />
que despertam o interesse de outros competidores,<br />
o que, consequentemente, gera<br />
❙❙José Carlos Macedo, da Ô Insurance<br />
disputa a despeito de um mercado extremamente<br />
pulverizado. Para não replicar<br />
modelos de consolidação no mercado de<br />
distribuição de seguros que não foram<br />
bem-sucedidos, A It’sSeg, conforme<br />
ele, avalia não só o portfólio e a atuação<br />
geográfica de um alvo, mas também a<br />
sua expertise e o time de executivos. A<br />
diferença, conforme ele, é gestão.<br />
No passado, o mercado de corretagem<br />
atraiu investidores internacionais por<br />
conta da forte expansão de prêmios e as<br />
grandes obras de infraestrutura, mas que<br />
acabaram tendo grandes desafios de integração.<br />
A BR Insurance, que reproduziu<br />
no seguro a mesma estratégia da Brazil<br />
Brokers, do setor imobiliário, é um deles.<br />
Fonte: Fenacor<br />
Depois de um movimento forte de aquisições,<br />
a companhia adotou um novo alinhamento<br />
estratégico com foco em cinco<br />
unidades de negócios: benefícios, massificados,<br />
previdência, ramos elementares<br />
e automóveis. Sob o comando de Marcos<br />
Aurélio Couto, ex-Ace e Tempo Assist,<br />
desde o final do ano passado, elegeu em<br />
abril último um novo conselho de administração<br />
e já colhe frutos das mudanças<br />
na administração, embora ainda esteja<br />
no vermelho no primeiro trimestre, mas<br />
com um resultado bem melhor que o visto<br />
nos três meses imediatamente anteriores.<br />
“Seguimos confiantes de que o processo<br />
de turnaround está no caminho correto”,<br />
garante a companhia.<br />
39
justiça | mediação e arbitragem<br />
Vamos fazer um acordo?<br />
Conheça as vantagens<br />
de se aderir às<br />
câmaras de mediação<br />
e arbitragem, que<br />
surgem como<br />
um caminho para<br />
solucionar conflitos e<br />
evitar a judicialização<br />
automática<br />
Lívia Sousa<br />
O<br />
Brasil soma mais de 120<br />
milhões de processos em<br />
andamento, de acordo com<br />
dados do Tribunal de Justiça<br />
de São Paulo. Desses, 2,1 milhões estão<br />
paralisados no Poder Judiciário por suas<br />
vinculações a temas repetitivos, segundo<br />
o relatório “Causas Recorrentes que<br />
Incham e Atrasam a Justiça”, divulgado<br />
pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ).<br />
Com um volume tão alto de ações para<br />
analisar, a Justiça naturalmente não dá<br />
conta de atender a todos os processos<br />
com rapidez.<br />
Para “desafogar” essas demandas,<br />
foram criadas câmaras de mediação e<br />
arbitragem. Diferentemente do processo<br />
judicial, que tende a ser burocrático,<br />
moroso e demandar altos custos, através<br />
da conciliação ou mediação os casos são<br />
tratados com praticidade e agilidade, e<br />
os valores, reduzidos. Ainda que sejam<br />
vistas como um caminho para solucionar<br />
conflitos, as duas alternativas são<br />
distintas. Na arbitragem, as partes escolhem<br />
um árbitro, ou três árbitros, para<br />
decidirem o conflito entre elas. Nesse<br />
processo, os árbitros têm a legitimidade<br />
para decidir o conflito. Já na mediação, as<br />
partes escolhem um mediador ou até dois<br />
mediadores que atuará como um terceiro<br />
neutro, no qual vai utilizar técnicas da<br />
mediação para facilitar a comunicação e<br />
a aproximação das partes para que elas<br />
construam um acordo daquele conflito.<br />
A advogada Vivien Lys lembra que,<br />
40<br />
em termos de aplicabilidade, iniciativas<br />
como essas ainda são tímidas no Brasil.<br />
“Está tudo muito automático e acaba<br />
que ninguém questiona nada. Não digo<br />
que todo mundo deve ir para a mediação<br />
ou para a arbitragem, mas vale a pena a<br />
sociedade começar a questionar se o seu<br />
conflito não se enquadra em uma dessas<br />
alternativas”, declara.<br />
O que também inibe o avanço dessas<br />
iniciativas é o mito de que a mediação<br />
vai acabar com a advocacia. Alguns<br />
advogados deixam de abrir espaço para<br />
a mediação por acreditar que ficarão sem<br />
emprego. “Isso é pura mentira”, esclarece.<br />
A mediação, para acontecer, precisa do<br />
advogado, que é convidado a participar<br />
do movimento contra a judicialização.<br />
“Quando for procurado em seu escritório,<br />
ele não pode ser mais ser o advogado<br />
padrão, que recebe o conflito e vai direto<br />
ao juiz. Ele precisa começar a pensar<br />
e a propor outros métodos ao cliente”,<br />
pontua. Só quando uma empresa ou um<br />
cidadão participar de uma mediação verá<br />
o quão benéfico é a sua estrutura e o seu<br />
método, e até mesmo encaminhará ou<br />
recomendará outros conflitos para este<br />
método.<br />
Áreas mais atendidas<br />
Por ainda ter um custo médio alto na<br />
visão das empresas e dos consumidores,<br />
a arbitragem acaba ficando mais restrita,<br />
atendendo a contratos de valores superiores<br />
e de maior complexidade, tais como<br />
contratos de seguro, relações de franquia<br />
❙❙Vivien Lys, advogada
❙❙<br />
Luís Alberto S Peretti, da Ciesp/Fiesp<br />
e contratos comerciais. A mediação, por<br />
sua vez, funciona em todo e qualquer<br />
tipo de conflito que admita transação,<br />
sendo aplicável em conflitos familiares,<br />
de condomínio e também em contratos<br />
de seguros.<br />
“A arbitragem e a mediação se distinguem<br />
por questão de custo. Não vale<br />
a pena propor uma arbitragem se o valor<br />
em discussão é de R$ 5 mil”, esclarece<br />
Vivien. Uma arbitragem, para se iniciar,<br />
tem custas e taxas de registro superior.<br />
Ao contrário da mediação, que pode ser<br />
proposta tanto para pequenos conflitos<br />
como para conflitos mais complexos.<br />
“Temos conflitos de grandes riscos no<br />
mercado de seguros ou mesmo societários<br />
que estão sendo encaminhados à<br />
mediação, que envolve valores e somas<br />
muito altas e que as partes precisam de<br />
uma solução imediata como, por exemplo,<br />
uma empresa familiar, em que os irmãos<br />
em conflito podem encaminhar seu entrave<br />
para mediação a fim de que haja uma<br />
solução o mais rápido possível”.<br />
Em 2017, mais da metade dos casos<br />
geridos pela Câmara de Conciliação,<br />
Mediação e Arbitragem Ciesp/Fiesp<br />
(CCMA Ciesp/Fiesp) tratavam de contratos<br />
empresariais em geral (franquia,<br />
seguro, resseguro, compra e venda de<br />
quotas ou ações de sociedades empresariais,<br />
securitização etc). Especificamente<br />
sobre o mercado segurador, a instituição<br />
tem atualmente em curso dois casos com<br />
valor em disputa de aproximadamente<br />
R$ 20 milhões. “Desde 2012, iniciamse<br />
por ano, em média, dois casos novos<br />
relativos ao mercado de seguros”, revela<br />
Luís Alberto Salton Peretti, advogado e<br />
secretário-geral da CCMA Ciesp/Fiesp.<br />
Além do mercado brasileiro, a instituição<br />
atua em casos envolvendo partes<br />
estrangeiras, visto que boa parte dos casos<br />
envolve ao menos uma parte residente<br />
no exterior. “Em 2014, tivemos quatro<br />
casos envolvendo seguradoras brasileiras<br />
e estrangeiras, resolvendo disputas<br />
de valor elevado”, afirma Peretti, com a<br />
expectativa de que as partes estrangeiras<br />
aceitem cada vez mais arbitrar no Brasil<br />
em vez de escolher as tradicionais sedes<br />
de arbitragem fora do país.<br />
Criada pelo Centro das Indústrias<br />
do Estado de São Paulo (Ciesp) e pela<br />
Federação das Indústrias do Estado de<br />
São Paulo (Fiesp), em 1995, a CCMA<br />
Ciesp/Fiesp já recebeu mais de 548 casos<br />
para resolução de conflitos, dividindo-se<br />
em 512 procedimentos de arbitragem<br />
e 36 de mediação. O volume de casos<br />
cresce de forma contínua, afirma Peretti.<br />
“Até o mês de junho deste ano, tínhamos<br />
27 novos casos. Devemos bater nosso<br />
recorde de 2016, quando alcançamos 60<br />
casos”, afirma. Os casos são resolvidos<br />
por um secretariado especializado e com<br />
experiência na condução de arbitragens,<br />
trabalhando sob a presidência de Sydney<br />
Sanches e Ellen Gracie Northfleet, ministros<br />
aposentados do Supremo Tribunal<br />
Federal (STF).<br />
Primeira iniciativa no setor<br />
O corretor de seguros é naturalmente<br />
um conciliador, fazendo a aproximação<br />
do seguro com o consumidor e preservando<br />
essa relação. Essa característica levou<br />
o Sindicato dos Corretores de Seguros<br />
no Estado de São Paulo (Sincor-SP) a<br />
criar, há alguns anos, o Disque Sincor<br />
para atuar na resolução de conflitos, com<br />
atendimento exclusivo ao corretor de seguros<br />
sócio da entidade. Recentemente,<br />
em maio deste ano, o Sindicato lançou<br />
a CâmaraSIN – Câmara de Mediação<br />
e Conciliação Sincor-SP. Criada para<br />
solucionar conflitos de maneira consensual,<br />
a Câmara especializada em seguros<br />
conta com mediadores e conciliadores<br />
habilitados na corretagem de seguros e<br />
associados ao Sindicato. Mesmo diante<br />
da atuação nas diversas áreas de seguros,<br />
a Câmara abrange outras áreas passíveis<br />
❙❙<br />
Alexandre Camillo, do Sincor SP<br />
de conflitos.<br />
“É a primeira Câmara de Conciliação<br />
e Mediação encabeçada por uma<br />
entidade representativa do setor de<br />
seguros, que não é setorizada, mas sim<br />
especializada nos eventuais conflitos<br />
envolvendo seguros, consumidores e suas<br />
expectativa em relação àquilo que eles<br />
tenham comprado e na hora da entrega<br />
do nosso produto, na hora do sinistro”,<br />
destaca Alexandre Camillo, presidente<br />
licenciado do Sindicato responsável por<br />
conduzir a ação. A CâmaraSIN também<br />
vai atuar as áreas Securitária, Cível,<br />
Condomínio, Escolar, Empresarial, Familiar,<br />
Trabalhista, Societário, Franquias<br />
e Administrativa.<br />
A iniciativa conta com o apoio da<br />
Ordem dos Advogados do Brasil (OAB)<br />
e do Tribunal de Justiça de São Paulo. Os<br />
atendimentos serão feitos por telefone,<br />
online via site ou presencialmente, nas<br />
30 regionais do Sincor-SP espalhadas<br />
pelo estado. Segundo Camillo, o processo<br />
de mediação e conciliação deverá ser<br />
concluído em até três meses. A entidade<br />
assegura que os dados do cliente são<br />
rigorosamente protegidos. Ele acredita<br />
ainda que a ação será replicada por outros<br />
sindicatos, assim como aconteceu com a<br />
atuação na área de certificação digital,<br />
que trouxe receita e reconhecimento aos<br />
corretores e ao Sindicato.<br />
Vivien Lys, que também é responsável<br />
pela CâmaraSIN, afirma que a nova<br />
entidade está pronta para atender a toda a<br />
sociedade. “A CâmaraSIN é uma câmara<br />
independente, autônoma, e está aberta<br />
com especialistas em diversas áreas”.<br />
41
comunicação e expressão<br />
por J. B. Oliveira*<br />
Por que os homens dizem<br />
e as mulheres falam...<br />
“Por que os Homens fazem sexo e as Mulheres<br />
fazem amor” é um interessante livro<br />
escrito, curiosa e interessantemente, por um<br />
casal: Allan e Bárbara Piese. Ele é um autor<br />
australiano e ela trabalha na empresa familiar<br />
Pease Training International, que produz vídeos<br />
e cursos de treinamento para empresas e<br />
órgãos governamentais. É a escritora que mais<br />
vende na Austrália, tendo produzido sozinha ou<br />
a quatro mãos, com o marido, best-sellers que<br />
venderam mais de 20 milhões de exemplares.<br />
O casal desenvolveu a sagaz habilidade de fazer<br />
rir e ao mesmo tempo demonstrar a importância<br />
de entender as diferenças naturais entre os<br />
sexos, especialmente na forma de raciocinar.<br />
Suas obras já foram traduzidas para mais de<br />
50 idiomas e disponibilizadas em 100 países.<br />
Seus outros livros são: Por que os Homens<br />
mentem e as Mulheres choram? Por que os<br />
Homens coçam a orelha e as Mulheres mexem<br />
na aliança? Por que os Homens nunca ouvem<br />
nada e as Mulheres não sabem ler mapas? Desvendando<br />
os segredos da Linguagem Corporal.<br />
Será que a Gente Combina? Como conquistar<br />
as Pessoas. Desvendando os Segredos da Atração<br />
Sexual. A Linguagem Corporal do Amor.<br />
Em síntese, o livro é um somatório de<br />
observações práticas do comportamento do<br />
homem e da mulher e de registros científicos<br />
(estes vistos com certa reserva pelo meio acadêmico).<br />
O que importa é que o resultado é uma<br />
obra que diverte e orienta ao mesmo tempo, o<br />
que justifica seu grande sucesso no mundo todo.<br />
Nossa proposta é outra, embora semelhante.<br />
É mostrar que até mesmo nos verbos as<br />
diferenças entre homens e mulheres se fazem<br />
presentes.<br />
Em um de seus muitos sucessos, o rei<br />
Roberto Carlos canta: “Eu tenho tanto para<br />
lhe FALAR, mas com palavras não sei DIZER<br />
como é grande o meu amor por você”. O que<br />
isso significa? Falar e dizer não são palavras<br />
sinônimas? Não querem dizer a mesma coisa?<br />
Até podem querer dizer, mas não dizem a<br />
mesma coisa!<br />
Falar é apenas expressar alguma coisa, sem<br />
muita profundidade ou comprometimento mais<br />
sério. Identifica-se com algo que é mais fruto da<br />
emoção do momento, da sensibilidade da alma.<br />
Falar pode ser apenas abrir a boca e expelir o<br />
som, modulando-o em forma de palavras. É<br />
muito próprio da mulher, que – sendo sempre<br />
mais espontânea – exterioriza seus pensamentos<br />
no mesmo instante em que eles lhe vêm à mente.<br />
Ou seja: ela pensa “para fora”!<br />
O que complica para o homem é que, como<br />
o pensamento é muito rápido e ágil, ela pode lhe<br />
transmitir uma infinidade de coisas ao mesmo<br />
tempo. Mais ou menos assim: “Que tal irmos ao<br />
teatro amanhã? O que você acha de comprarmos<br />
um carro novo? Nosso filho não vai bem<br />
em matemática. Você viu que o apartamento em<br />
frente está à venda? Eu lhe disse que este livro<br />
do Fulano de Tal é muito bom?”<br />
Dizer, por sua vez, é declarar, afirmar algo.<br />
Por essa razão, exige certa elaboração, raciocínio,<br />
coerência. Vincula-se mais ao comportamento<br />
do homem, que tem o hábito de trabalhar<br />
as ideias antes de formular as palavras. Isto é:<br />
ele pensa “para dentro”! Pouco espontâneo, é<br />
difícil arrancar dele um “eu te amo”, porque tem<br />
medo de se comprometer com o que diz. Para<br />
ela, proferir essa mesma frase é fácil: ela está<br />
falando um sincero “eu te amo” – agora! Depois<br />
é outra história: não há aqui um compromisso<br />
imutável. Esse seu amor é “eterno enquanto<br />
dura”. E pode durar alguns minutos!<br />
A diferença do uso prático de dizer e falar<br />
pode ser constatada nesta frase tão comum (de<br />
modo especial em época de campanhas políticas...):<br />
“Fulano de Tal fala e fala e não diz nada”!<br />
* J. B. Oliveira é Consultor de Empresas, Professor Universitário, Advogado e Jornalista.<br />
É Autor do livro “Falar Bem é Bem Fácil”, e membro da Academia Cristã de Letras<br />
www.jboliveira.com.br – jboliveira@jbo.com.br<br />
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