Revista Apólice #234
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justiça | mediação e arbitragem<br />
Vamos fazer um acordo?<br />
Conheça as vantagens<br />
de se aderir às<br />
câmaras de mediação<br />
e arbitragem, que<br />
surgem como<br />
um caminho para<br />
solucionar conflitos e<br />
evitar a judicialização<br />
automática<br />
Lívia Sousa<br />
O<br />
Brasil soma mais de 120<br />
milhões de processos em<br />
andamento, de acordo com<br />
dados do Tribunal de Justiça<br />
de São Paulo. Desses, 2,1 milhões estão<br />
paralisados no Poder Judiciário por suas<br />
vinculações a temas repetitivos, segundo<br />
o relatório “Causas Recorrentes que<br />
Incham e Atrasam a Justiça”, divulgado<br />
pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ).<br />
Com um volume tão alto de ações para<br />
analisar, a Justiça naturalmente não dá<br />
conta de atender a todos os processos<br />
com rapidez.<br />
Para “desafogar” essas demandas,<br />
foram criadas câmaras de mediação e<br />
arbitragem. Diferentemente do processo<br />
judicial, que tende a ser burocrático,<br />
moroso e demandar altos custos, através<br />
da conciliação ou mediação os casos são<br />
tratados com praticidade e agilidade, e<br />
os valores, reduzidos. Ainda que sejam<br />
vistas como um caminho para solucionar<br />
conflitos, as duas alternativas são<br />
distintas. Na arbitragem, as partes escolhem<br />
um árbitro, ou três árbitros, para<br />
decidirem o conflito entre elas. Nesse<br />
processo, os árbitros têm a legitimidade<br />
para decidir o conflito. Já na mediação, as<br />
partes escolhem um mediador ou até dois<br />
mediadores que atuará como um terceiro<br />
neutro, no qual vai utilizar técnicas da<br />
mediação para facilitar a comunicação e<br />
a aproximação das partes para que elas<br />
construam um acordo daquele conflito.<br />
A advogada Vivien Lys lembra que,<br />
40<br />
em termos de aplicabilidade, iniciativas<br />
como essas ainda são tímidas no Brasil.<br />
“Está tudo muito automático e acaba<br />
que ninguém questiona nada. Não digo<br />
que todo mundo deve ir para a mediação<br />
ou para a arbitragem, mas vale a pena a<br />
sociedade começar a questionar se o seu<br />
conflito não se enquadra em uma dessas<br />
alternativas”, declara.<br />
O que também inibe o avanço dessas<br />
iniciativas é o mito de que a mediação<br />
vai acabar com a advocacia. Alguns<br />
advogados deixam de abrir espaço para<br />
a mediação por acreditar que ficarão sem<br />
emprego. “Isso é pura mentira”, esclarece.<br />
A mediação, para acontecer, precisa do<br />
advogado, que é convidado a participar<br />
do movimento contra a judicialização.<br />
“Quando for procurado em seu escritório,<br />
ele não pode ser mais ser o advogado<br />
padrão, que recebe o conflito e vai direto<br />
ao juiz. Ele precisa começar a pensar<br />
e a propor outros métodos ao cliente”,<br />
pontua. Só quando uma empresa ou um<br />
cidadão participar de uma mediação verá<br />
o quão benéfico é a sua estrutura e o seu<br />
método, e até mesmo encaminhará ou<br />
recomendará outros conflitos para este<br />
método.<br />
Áreas mais atendidas<br />
Por ainda ter um custo médio alto na<br />
visão das empresas e dos consumidores,<br />
a arbitragem acaba ficando mais restrita,<br />
atendendo a contratos de valores superiores<br />
e de maior complexidade, tais como<br />
contratos de seguro, relações de franquia<br />
❙❙Vivien Lys, advogada