Revista Apólice #234
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
O<br />
mercado de corretagem de<br />
seguros passa por uma nova<br />
onda de consolidação no<br />
Brasil. Enquanto os pesos<br />
pesados internacionais do segmento<br />
como Aon e Marsh estão digerindo as últimas<br />
aquisições feitas, players de médio<br />
porte caçam bons negócios e que tenham,<br />
sobretudo, a tecnologia em seu DNA. O<br />
movimento pode, inclusive, mexer na<br />
vida dos pequenos corretores de seguros<br />
com algumas empresas apostando em<br />
modelos de plataformas digitais para<br />
plugarem esses consultores e, sobretudo,<br />
venderem mais e melhor. A pulverização<br />
do segmento, que está longe de ser concentrado<br />
como outros mercados no Brasil<br />
como o das próprias seguradoras – que<br />
a despeito de ainda ter diversos players<br />
também experimentou uma onda de<br />
fusões e aquisições nos últimos anos –<br />
associada a uma retomada da economia<br />
verde e amarela mais lenta que a esperada<br />
por empresários e economistas, contribui<br />
para que novos negócios se concretizem.<br />
Ao final de junho, o mercado brasileiro<br />
somava mais de 90 mil corretoras de<br />
seguros, de acordo com balanço da Federação<br />
Nacional dos Corretores de Seguros<br />
(Fenacor). Do total, cerca de 47,6 mil atuam<br />
como pessoas físicas e em torno de 43<br />
mil são pessoas jurídicas. Considerando<br />
o fato de que há duplicidade nas bases de<br />
dados da Federação uma vez que muitos<br />
consultores operam sob dois registros, o<br />
mar de oportunidades, conforme fontes<br />
❙❙Thomaz Kastrup, do Mattos Filho<br />
ouvidas por <strong>Apólice</strong>, é gigantesco. “O<br />
mercado é muito pulverizado. Mas, no<br />
contexto atual, não tem como falar de<br />
fusões e aquisições entre corretoras de<br />
seguros e deixar de lado a questão da<br />
tecnologia. As grandes e médias vão ter<br />
poder suficiente para se adaptar a este<br />
cenário, os players menores terão de se<br />
associar em plataformas digitais”, avalia<br />
o sócio da área de seguros do Mattos Filho,<br />
Thomaz Kastrup. “Quem não aderir<br />
à venda digital de seguros corre o risco<br />
de ser extinto. Está claro”, acrescenta ele.<br />
Há quem aposte, inclusive, que a<br />
figura do agente de seguros, sempre criticada<br />
no Brasil embora bem difundida em<br />
outros mercados, possa, de fato, ganhar<br />
espaço no mercado. A diferença, porém,<br />
é que esses profissionais não estarão à<br />
mercê de apenas uma seguradora, mas<br />
se associarão a corretoras de seguros<br />
maiores em busca de estrutura digital de<br />
venda, já que sozinhos além de ser uma<br />
tarefa bem mais desafiadora exige um investimento<br />
que, na maioria dos casos, não<br />
condiz com o orçamento desses players.<br />
Esse movimento começou a se desenhar<br />
nos últimos anos e ganha mais força no<br />
cenário atual com a onda de fintechs e<br />
insurtechs – novatas do setor financeiro<br />
e de seguros – que se multiplicaram no<br />
mercado brasileiro. “Acho que até o ano<br />
que vem a figura do agente pode estar<br />
mais amadurecida no mercado de seguros<br />
brasileiro, a partir dessas plataformas que<br />
podem ser uma alternativa aos pequenos<br />
corretores”, diz um importante porta-voz<br />
do setor, na condição de anonimato.<br />
Insurtechs<br />
Depois de estudar o mercado brasileiro<br />
de corretagem de seguros e também<br />
experiências internacionais, o empresário<br />
André Gregori, que estruturou do<br />
zero as operações de seguros de bancos<br />
como BTG Pactual e Fator, começou a<br />
desenvolver um novo modelo de negócios<br />
sob o formado de plataforma e que deu<br />
origem à Thinkseg, lançada há dois anos.<br />
O objetivo do negócio, explica ele, é aliar<br />
a tecnologia ao seguro, aproveitando-se<br />
das redes sociais para efetuar vendas, mas<br />
também com base no comportamento<br />
individual de cada um, o chamado “pague<br />
como você dirige”, do inglês “pay how<br />
“O mercado de<br />
consultoria de seguros<br />
ainda não passou por<br />
um forte processo de<br />
consolidação. É preciso<br />
seguir nesta direção para<br />
ser mais competitivo e<br />
oferecer valor agregado<br />
aos clientes”<br />
Thomaz Cabral de Menezes,<br />
presidente da It’sSeg Company<br />
you drive”. Desde que colocou o negócio<br />
para rodar, já atraiu mais de 5 mil corretores<br />
de seguros. Em junho, o executivo<br />
deu um passo além ao concluir o primeiro<br />
negócio entre insurtechs no Brasil a partir<br />
da aquisição da Bidu Corretora, uma das<br />
primeiras empresas a apostar na venda<br />
online de seguros no mercado brasileiro.<br />
A partir da transação, a Thinkseg alcança<br />
a marca de 23 mil clientes ativos e quase 2<br />
milhões de cadastros, num total estimado<br />
de prêmios de R$ 85 milhões. “Veremos<br />
outras transações no Brasil e no mundo<br />
que devem ir na mesma direção de não<br />
só consolidar o mercado de distribuição<br />
de seguros no País bem como de garantir<br />
uma presença maior no Produto Interno<br />
Bruto (PIB) brasileiro, aproveitando-<br />
-se da tecnologia e da inovação”, avalia<br />
Gregori.<br />
O movimento de fusões e consolidações<br />
no mercado de seguros, de acordo<br />
com o atual presidente da Fenacor, Robert<br />
37