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Revista Apólice #234

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tipo de apólice, 60% da demanda vêm de<br />

fundos de private equity e 40% são de<br />

investidores institucionais. “As empresas<br />

e fundos que investem no segmento de infraestrutura<br />

são os que mais têm buscado<br />

este tipo de proteção”, acrescenta Bruna.<br />

A preocupação dos compradores não<br />

é à toa e ganhou evidência no País após a<br />

Operação Lava Jato ter obrigado várias<br />

empresas e se desfazer de uma série de<br />

ativos. Além de o número de processos<br />

de diligência ter aumentado com mais<br />

negócios de M&A em andamento, o<br />

envolvimento de vários grupos no maior<br />

escândalo de corrupção do Brasil acendeu<br />

a lanterna dos investidores para a<br />

possibilidade de riscos ocultos nas transações.<br />

Segundo Sá, da AIG, antes essa<br />

não era uma preocupação presente nos<br />

processos de M&A.<br />

Além da proteção, o seguro, conforme<br />

ele, funciona como uma engenharia financeira<br />

para as empresas. Isso porque antes<br />

de o produto chegar no Brasil, o que ainda<br />

acontece em alguns casos, as empresas<br />

deixavam um capital reservado para caso<br />

surgisse um passivo após a transação de<br />

M&A. Uma espécie de conta garantia<br />

tendo como beneficiário o comprador.<br />

No entanto, além da burocracia envolvida,<br />

esse dinheiro fica parado, o que para<br />

muitos fundos de private equity pode<br />

significar uma perda de oportunidade.<br />

“O seguro para M&A é oferecido para<br />

substituir essa estrutura tradicional. Além<br />

de aliviar capital, retira ou evita deixar<br />

dinheiro parado”, explica Sá.<br />

De olho<br />

O seguro para transações de fusões<br />

e aquisições chegou ao Brasil em 2014<br />

pelas mãos da norte-americana AIG.<br />

Por ora, somente a seguradora oferta<br />

essas apólices no País. Com a maior<br />

procura por esse tipo de proteção, porém,<br />

a expectativa de especialistas ouvidos<br />

por <strong>Apólice</strong> é de que o segmento atraia<br />

mais interessados. Um dos players que<br />

está prestes a estrear para disputar o<br />

mercado de seguros de M&A é o banco<br />

BTG Pactual, de André Esteves. A instituição,<br />

que vai atuar por meio da Pan<br />

Seguros - da qual é sócia com a Caixa<br />

Econômica Federal - aguarda apenas<br />

o aval da Superintendência de Seguros<br />

❙❙<br />

Bruna Reis, da Marsh Brasil<br />

Privados (Susep) para começar a explorar<br />

o mercado de M&A também sob o<br />

ponto de vista de seguros. Isso porque<br />

o BTG Pactual já atua como assessor de<br />

transações de fusões e aquisições com o<br />

seu braço de banco de investimento. O<br />

objetivo do banco, conforme fonte ouvida<br />

por <strong>Apólice</strong> na condição de anonimato,<br />

é canalizar os negócios do seu banco de<br />

investimento também para a sua seguradora.<br />

O BTG Pactual já oferece seguro<br />

para garantia financeira, internacionalmente<br />

conhecido como escrow account.<br />

Na prática, essa apólice funciona como<br />

uma fiança bancária, mas, diferente do<br />

produto tradicionalmente ofertado por<br />

bancos, não consome limite de crédito<br />

do segurado. O próximo passo é passar a<br />

cobrir passivos ocultos em transações de<br />

fusões e aquisições. Para isso, aguarda a<br />

bênção da xerife do mercado de seguros,<br />

que é esperada para breve, segundo fonte.<br />

Procurado, contudo, o BTG Pactual não<br />

comentou o assunto.<br />

Potencial<br />

Como é novato no Brasil, o seguro<br />

de M&A ainda engatinha por aqui, mas<br />

o potencial é de um mercado bilionário<br />

para as seguradoras aqui presentes e<br />

com foco nas linhas financeiras. Não há,<br />

entretanto, estatísticas oficiais desse segmento.<br />

No ano passado, foram emitidas<br />

em território brasileiro, de acordo com<br />

fontes, cerca de dez apólices. Sem dar<br />

números, o gerente de linhas financeiras<br />

da AIG diz que a seguradora sentiu um<br />

“pequeno aumento” no número de contratações<br />

de seguros para M&A desde<br />

então. Ele lembra, contudo, que o produto<br />

é novo mesmo no âmbito global. A AIG<br />

começou a trabalhar nesse tipo de apólice<br />

em meados de 1998, nos Estados Unidos.<br />

De acordo com Sá, também no mercado<br />

norte-americano, a modalidade se desenvolveu<br />

de forma gradual. No primeiro<br />

ano do seu lançamento, a AIG emitiu 11<br />

apólices. Passados cinco anos, foram 30<br />

apólices. E no ano passado, conforme<br />

Sá, a seguradora somou mais de 400<br />

contratos de seguros envolvendo fusões<br />

e aquisições em todo o mundo.<br />

Em consequência, a sinistralidade<br />

também tem crescido ao redor do globo.<br />

O pano de fundo, segundo a chefe global<br />

de seguros de M&A da AIG, Mary Duffy,<br />

é o maior conhecimento dos compradores<br />

a respeito do escopo das coberturas<br />

existentes nas apólices.<br />

Como a procura pelo seguro para<br />

M&As tem aumentado ao redor do globo,<br />

a capacidade do mercado de seguros<br />

também cresceu. Atualmente, há mais<br />

de 25 seguradoras oferecendo apólices<br />

para risco transacional no mundo todo.<br />

O maior interesse das companhias tem<br />

contribuído, inclusive, para pressionar<br />

as taxas do segmento para baixo. No ano<br />

passado, devido ao aumento significativo<br />

da concorrência no mercado segurador,<br />

conforme dados da Marsh, os preços<br />

médios caíram quase 13% ante um ano,<br />

comparado a uma queda de cerca de 2%<br />

em 2016 na comparação com o exercício<br />

imediatamente anterior. Como no Brasil<br />

essa concorrência ainda não se materializou,<br />

bancos de investimento e fundos<br />

de private equity alegam que o custo<br />

do seguro para M&As no Brasil ainda<br />

é proibitivo.<br />

O mercado de seguros, entretanto,<br />

garante que as taxas são acessíveis para<br />

os demandantes e, assim como em outros<br />

segmentos, um desenvolvimento maior<br />

deste segmento passa por uma questão<br />

cultural. Até mesmo porque, embora<br />

as apólices para protegerem transações<br />

de fusões e aquisições não sejam condição<br />

sine qua non para o desfecho dos<br />

negócios, tem ajudado a simplificar as<br />

transações de venda, compra ou fusão<br />

de empresas.<br />

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