SaúdeOnline nº 03
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SAÚDE ONLINE | NACIONAL<br />
Portugueses desconhecem valores exatos<br />
das taxas moderadoras<br />
“No caso das urgências a<br />
perceção está mais alinhada<br />
com a realidade, assim como<br />
nos cuidados primários. Onde<br />
se verifica maior diferença<br />
é nas taxas nas consultas<br />
externas dos hospitais”,<br />
explicou Pedro Simões Coelho,<br />
investigador da Nova IMS.<br />
Os portugueses têm uma perceção errada dos custos das taxas moderadoras na saúde<br />
e estimam valores acima dos reais, considerando apesar de tudo que são adequados,<br />
indica um estudo, que tem vindo a ser feito desde 2014.<br />
Segundo o trabalho da<br />
Nova Information Management<br />
School (Nova<br />
IMS), da Universidade Nova de<br />
Lisboa, apresentado no início<br />
de março, em Lisboa, mais de<br />
um em cada três (38,1%) portugueses<br />
considera adequadas<br />
as taxas moderadoras praticadas<br />
no Serviço Nacional de<br />
Saúde (SNS).<br />
Mais de metade dos inquiridos<br />
(50,1%) considera adequados<br />
ou muito adequados os valores<br />
pagos pelos medicamentos<br />
que lhes foram prescritos nos<br />
últimos 12 meses, pouco mais<br />
do que os que consideram adequada<br />
a comparticipação do<br />
Estado para a medicação prescrita<br />
(49,1%).<br />
No entanto, a perceção que os<br />
portugueses têm da realidade<br />
dos valores das taxas moderadoras<br />
é na maioria dos casos<br />
errada. O estudo indica que<br />
há uma diferença entre o que<br />
os portugueses julgam que custa<br />
(11,92 euros) e o que realmente<br />
custa (7,00 euros) a taxa moderadora<br />
para uma consulta externa/<br />
especialidade num hospital público.<br />
Nos episódios de urgência, o valor<br />
que os portugueses julgam (16,88<br />
euros) que custa a taxa moderadora<br />
também é maior do que o real<br />
no caso da urgência básica (14,00<br />
euros) e polivalente (16,00 euros).<br />
O valor estimado apenas é inferior<br />
ao custo real no caso das urgências<br />
médico-cirúrgicas (18,00 euros).<br />
“No caso das urgências a perceção<br />
está mais alinhada com a realidade,<br />
assim como nos cuidados primários.<br />
Onde se verifica maior diferença<br />
é nas taxas nas consultas<br />
externas dos hospitais”, explicou<br />
Pedro Simões Coelho, investigador<br />
da Nova IMS.<br />
Relativamente aos efeitos dos custos<br />
reais dos cuidados de saúde no<br />
bolso dos portugueses, o estudo<br />
revela que 10,7% deixaram de ir<br />
às urgências por falta de dinheiro,<br />
que 3,9% não fizeram exames de<br />
diagnóstico, que 3,4% perderam<br />
uma consulta externa/especialidade<br />
num hospital público e que 2,4%<br />
não foram a uma consulta com o<br />
médico de clínica geral ou médico<br />
de família num centro de saúde.<br />
No que diz respeito àqueles que<br />
deixaram de comprar medicamentos<br />
prescritos pelos médicos por<br />
causa do seu custo, verifica-se que<br />
os números têm vindo a diminuir<br />
desde 2014, sendo que 11,8% ainda<br />
afirmaram esta realidade (contra<br />
14,2% em 2015).<br />
“Este potencial de cuidados de saúde<br />
perdidos está em queda muito<br />
acentuada. Estimamos que cerca<br />
de 11% dos episódios urgência<br />
não se realizaram por esta razão<br />
[falta de dinheiro], mas eram quase<br />
14,5%. Nas consultas externas são<br />
3%, mas eram 8%.(...) Ainda é elevado,<br />
estimamos por exemplo que<br />
12% não compraram medicamentos<br />
por causa do preço, mas em<br />
2014 eram 16%. A tendência é para<br />
uma evolução positiva”, considerou<br />
Pedro Simões Coelho.<br />
“Esta evolução positiva resulta de<br />
várias coisas em simultâneo: da<br />
redução efetiva nas taxas moderadoras,<br />
de um alargamento de<br />
segmentos de população isenta<br />
de taxas moderadora e a verdade<br />
é que, para certos segmentos da<br />
população utilizadores do SNS,<br />
observámos um aumento de rendimento<br />
disponível”, afirmou o investigador.<br />
Com um universo de mais de oito<br />
milhões de cidadãos com mais<br />
de 18 anos, o estudo abrangeu a<br />
realização de 500 entrevistas, em<br />
fevereiro, cujos resultados foram<br />
“extrapolados para o universo segundo<br />
uma pós-estratificação que<br />
tem por base as variáveis género e<br />
classe etária”.<br />
O trabalho foi apresentado durante<br />
a conferência Sustentabilidade na<br />
Saúde, organizada pela TSF e pela<br />
farmacêutica AbbVie.<br />
LUSA/SO<br />
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