SaúdeOnline nº 03
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ESPECIAL<br />
XXXII Congresso de Pneumologia<br />
UM LONGO CAMINHO EM<br />
PROL DOS DOENTES<br />
Em jeito de primeira conclusão dos<br />
dados apresentados, o Dr. Ian Naya<br />
frisou ser claro que a dupla broncodilatação<br />
é eficaz na redução dos<br />
sintomas na dispneia moderada e<br />
grave em doentes com DPOC, pelo<br />
que, todas as combinações LABA/<br />
LAMA estão indicadas para o alívio<br />
dos sintomas.<br />
O PAPEL DA DUPLA BRON-<br />
CODILATAÇÃO NA MELHO-<br />
RIA DO ESTADO DE SAÚDE<br />
A terminar, o palestrante falou ainda<br />
dos ensaios clínicos de fase III sobre<br />
a eficácia a seis meses da combinação<br />
UMEC/VI, trabalhos realizados<br />
apenas com doentes que se enquadram<br />
nos grupos B e D de acordo<br />
com as orientações GOLD 2015, que<br />
já usavam broncodilatadores,<br />
mas apresentavam<br />
na grande<br />
maioria um comprometimento<br />
grave ou<br />
muito grave da função<br />
pulmonar com<br />
scores de dispneia<br />
segundo a escala<br />
mMRC de dois ou<br />
superiores.<br />
Um desses trabalhos, publicado em<br />
2013 por Donohue JF et al no Resp<br />
Med, foi um estudo que comparou a<br />
combinação UMEC/VI com placebo<br />
e onde, destacou o orador, se verificou<br />
“uma clara melhoria do estado de<br />
saúde com a associação”, com menos<br />
recurso à medicação de emergência e<br />
melhorias significativas na dispneia.<br />
«A DPOC<br />
causa um impacto<br />
profundo na<br />
qualidade de vida<br />
do doente»<br />
No mesmo sentido apontam as conclusões<br />
do ensaio conduzido por<br />
Maleki-Yazdi M et al, publicadas<br />
em 2014, no Resp Med. Este ensaio<br />
comparou a combinação UMEC/VI<br />
com o tiotrópio e verificou que a<br />
dupla broncodilatação diminuiu<br />
o recurso a medicação de urgência<br />
em 62% e melhorou o score geral<br />
de saúde dos doentes em 43%<br />
quando comparado com o tratamento<br />
standard.<br />
E se todas as associações LABA/<br />
LAMA estão indicadas para o<br />
alívio da sintomatologia, haverá<br />
também um papel destas associações<br />
na redução do risco de exacerbações?<br />
Em termos de classe, o Diretor científico<br />
global para a área respiratória<br />
da GSK citou os<br />
resultados de uma<br />
meta-análise publicada<br />
em 2015<br />
por Oba Y. et al no<br />
jornal Thorax dos<br />
16 ensaios disponíveis<br />
com todos os<br />
broncodilatadores<br />
comparando a associação<br />
LABA/LAMA, com a ação<br />
das duas moléculas separadamente<br />
e com placebo. As conclusões demonstraram<br />
que com a dupla broncodilatação<br />
o risco de exacerbações<br />
foi diminuido em 34% versus placebo;<br />
que comparado com LABA<br />
a diminuição do risco é de 18% e<br />
quando comparado com LAMA há<br />
uma diminuição de 8%.<br />
Dr. Adam Hawkins<br />
Area Medical Lead da GSK<br />
O<br />
Dr. Adam Hawkins, Area<br />
Medical Lead da GSK,<br />
abriu o simpósio com uma<br />
pequena viagem histórica ao percurso<br />
percorrido pela companhia no<br />
desenvolvimento de fármacos na área<br />
respiratória.<br />
A relevância do trabalho desenvolvido<br />
pela GSK é notória pois, recordou<br />
o responsável, “todos se lembram o<br />
que era o tratamento da asma antes<br />
do aparecimento do salbutamol”. Este<br />
agonista dos recetores adrenérgicos<br />
β2 de curta duração, desenvolvido<br />
por Sir David Jack, trouxe uma alteração<br />
significativa no alívio do<br />
broncoespasmo em condições como<br />
a asma e a DPOC, com correspondente<br />
melhoria da qualidade de vida<br />
dos doentes.<br />
Nos anos 90 foi desenvolvido o Serevent<br />
® como um agonista de longa<br />
duração, ainda usado hoje no tratamento<br />
da DPOC.<br />
O Dr. Adam Hawkins recordou ainda<br />
que por trás do desenvolvimento de<br />
todo o portfólio terapêutico da companhia<br />
estiveram sempre grandes<br />
estudos, entre os quais o GOAL, o<br />
TORCH, o ECLIPSE, o SUMMIT<br />
e o IMPACT.<br />
Em termos de investigação mais recente,<br />
o orador mencionou trabalhos<br />
como o SUMMIT, publicado por Vestbo<br />
J et al no European Respiratory<br />
Journal em 2013. Este ensaio aleatorizou<br />
mais de 16 mil doentes com<br />
DPOC em quatro braços comparando<br />
a associação furoato de fluticasona<br />
(FF)/vilanterol (VI) com as moléculas<br />
em separado e com placebo.<br />
Entretanto a GSK, para além da<br />
eficácia, considerou importante estudar<br />
a efetividade da utilização da<br />
associação FF/VI tendo realizado<br />
um estudo open label, o Salford Lung<br />
Study (COPD) onde cerca de 2800<br />
doentes com DPOC foram acompanhados<br />
durante um ano em contexto<br />
de cuidados de saúde primários.<br />
A primeira conclusão deste trabalho é<br />
que a maioria das pessoas (88%) com<br />
registo de pelo menos uma exacerbação<br />
moderada a grave no último ano<br />
estava sob terapêutica com corticosteroides<br />
inalados (ICS).<br />
Os resultados demonstraram ainda<br />
que, com a abordagem clássica, o<br />
número de exacerbações rondava<br />
as 1,9 anuais, enquanto que com a<br />
terapêutica à base da associação FF/<br />
VI com LAMA a ocorrência descia<br />
para as 1,74, uma redução de 8,4%.<br />
“E quando comparamos a associação<br />
ICS/LABA mais LAMA com Relvar ®<br />
mais LAMA a redução do número de<br />
exacerbações anuais também chega<br />
aos 8% mostrando que é uma terapêutica<br />
mais efetiva”, acrescentou<br />
o orador.<br />
O Dr. Adam Hawkins avançou ainda<br />
que estará para breve a divulgação<br />
das conclusões do estudo SLS Asthma,<br />
conduzido por Woodcock et<br />
al, um trabalho na mesma linha do<br />
Salford Lung Study, que acompanha<br />
mais de 4000 mil doentes com asma,<br />
em FF/VI open label.<br />
Também para o próximo ano são esperadas<br />
novidades relativamente ao<br />
estudo IMPACT - COPD Exacerbation<br />
Reduction Study avalia o<br />
efeito de FF/UMEC/VI vs. UMEC/<br />
VI e vs. FF/VI na prevenção das<br />
exacerbações moderadas e graves.<br />
Para os próximos anos, o orador<br />
garantiu que a GSK continuará a<br />
trabalhar em conjunto com a comunidade<br />
académica e científica<br />
para o desenvolvimento de novos<br />
marcos terapêuticos no tratamento<br />
da asma e da DPOC.<br />
Apesar de ser difícil prever o futuro,<br />
o responsável crê que este trará<br />
“a oportunidade de personalizar a<br />
medicina e os tratamentos com os<br />
biomarcadores e adaptar a terapêutica<br />
ao mapa genético de cada doente”,<br />
concluiu.<br />
Dr. Adam Hawki