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Gestão Hospitalar N.º 15 2018 + Suplemento (Rumo ao Norte Hospitalar)

Entrevista a Gerry O'Dwyer, Presidente da European Association of Hospital Managers

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GH iniciativa apah<br />

FINANCIAMENTO<br />

E EQUIDADE PARA<br />

UM SNS SUSTENTÁVEL<br />

No passado dia 16 de novembro realizou-se<br />

a 10ª Edição do Fórum do Medicamento.<br />

Todos os anos, <strong>ao</strong> longo da<br />

última década, a APAH tem procurado<br />

marcar a agenda da Saúde, aproximando<br />

os vários atores e setores, para uma discussão e avaliação,<br />

franca e realista, das políticas e práticas na área<br />

do medicamento.<br />

Em Portugal, assim como em todos os países desenvolvidos,<br />

o setor da saúde enfrenta desafios relacionados<br />

com o progressivo envelhecimento da população e a<br />

evolução tecnológica, nomeadamente o desenvolvimento<br />

de novos medicamentos e de meios de diagnóstico<br />

mais eficazes que, a par com as expectativas e exigências<br />

dos cidadãos, pressionam um sistema descapitalizado<br />

para aumentar o investimento público na área da Saúde.<br />

Este ponto fraturante reitera a urgente necessidade de<br />

se repensar os atuais modelos de financiamento, conduzindo<br />

à redução da incerteza causada pela introdução<br />

da inovação tecnológica e o seu impacto na sustentabilidade<br />

económica e financeira, a médio prazo.<br />

Com esse objetivo, a edição deste ano que contou<br />

com o apoio da Astra Zeneca, relançou o tema “Financiamento<br />

e equidade para um SNS sustentável” e colocou<br />

em discussão modelos inovadores de financiamento<br />

e a liberdade de escolha do utente, a par com o debate<br />

da equidade no acesso e da necessidade de serem encontradas<br />

respostas diferenciadoras face <strong>ao</strong>s novos desafios<br />

que pressionam o Sistema de Saúde, culminando<br />

com a apresentação de dois projetos hospitalares de melhoria<br />

de acesso <strong>ao</strong>s cuidados de saúde na área oncológica,<br />

relativos <strong>ao</strong> Hospital Beatriz Ângelo e <strong>ao</strong> IPO-Porto,<br />

seguido de debate sobre o desenvolvimento de vias verdes<br />

na oncologia.<br />

Uma vez mais, esta iniciativa trouxe até nós o estado da<br />

arte na Europa sobre estas temáticas, sendo igualmente<br />

dada voz <strong>ao</strong>s diversos atores nacionais para perspetivar<br />

quer as implicações quer as alternativas para Portugal.<br />

Assim, contámos com a presença, no primeiro painel da<br />

manhã, de Antoine-Georges Picot, Ricardo Mestre, Sofia<br />

Crisóstomo, Maria do Céu Machado, João Almeida<br />

Lopes, João Marques, Ricardo Baptista Leite e, no<br />

segundo painel, Rui Maio, Francisco Rocha Gonçalves,<br />

Eunice Carrapiço, Margarida Ornelas e António Araújo.<br />

Este ano, tivemos ainda a presença do jornalista Carlos<br />

Raleiras (TSF) como moderador da sessão.<br />

Na discussão gerada foi unânime a asserção que a inovação<br />

terapêutica tem vindo a contribuir significativamente<br />

para aumentar o tempo de vida dos doentes e<br />

a melhoria da qualidade de vida, mas que o preço tem<br />

um impacto muito grande no orçamento dos hospitais<br />

e do próprio SNS. Concretizando, o preço global da<br />

inovação terapêutica, nos últimos anos, aumentou em<br />

média 25 a 50%, e enquanto sociedade, a pergunta que<br />

temos de responder é quanto estamos dispostos a pagar<br />

pelo medicamento.<br />

Foi reconhecido que, até à data, a aprovação dos medicamentos<br />

tem sido mais submetida <strong>ao</strong>s interesses<br />

comerciais da Indústria Farmacêutica do que às necessidades<br />

em saúde, e é emergente que o medicamento<br />

seja enquadrado nas políticas do Sistema de Saúde,<br />

de forma a minimizar o desperdício na sua utilização.<br />

O recurso a modelos de financiamento com partilha<br />

de risco e que implicam a submissão da inovação com<br />

maior solidez e com mais e melhor informação, são<br />

estratégias mais eficientes para assegurar a sustentabilidade<br />

do sistema.<br />

Devido à acentuada redução do investimento público<br />

em Saúde, os hospitais atravessam constrangimentos<br />

diários de natureza variada (estrutural, técnica, listas de<br />

espera e recursos humanos) que colocam em causa o<br />

acesso dos doentes e a própria prestação de cuidados<br />

de saúde, e cuja resolução não pode ser dissociada da<br />

utilização do medicamento. Atualmente, parece ser<br />

mais fácil autorizar a utilização de medicamentos inovadores<br />

do que contratar os recursos humanos necessários<br />

à prestação de cuidados de saúde.<br />

“A matéria da autonomia da gestão hospitalar é, em última<br />

instância, também ela, uma questão de desperdício”,<br />

afirmou Alexandre Lourenço, Presidente da APAH.<br />

Na área oncológica, a implementação de vias verdes<br />

parece ser um caminho possível para responder <strong>ao</strong>s<br />

atuais tempos de espera alargados e dificuldades no<br />

acesso, uma vez que o seu estabelecimento preconiza<br />

a identificação de constrangimentos, a aproximação entre<br />

profissionais de saúde e a necessária reorganização<br />

hospitalar para que o doente possa fazer o seu circuito<br />

de forma rápida, eficaz e eficiente.<br />

Discutir liberdade de escolha é reforçar a crucial importância<br />

em fomentar mecanismos que promovam a<br />

participação do cidadão e garantir que os cuidados de<br />

saúde são desenhados com e à medida das necessidades<br />

dos doentes e das suas famílias.<br />

No encerramento da sessão esteve presente o Secretário<br />

de Estado Adjunto e da Saúde, Francisco Ramos, dando<br />

nota que foram aprovadas dezenas de novos medicamentos<br />

inovadores para o mercado português em<br />

2016 e 2017, e também já este ano, cerca de 40 novos<br />

fármacos foram aprovados até final de outubro.<br />

O governante adiantou ainda que o INFARMED está a<br />

trabalhar para “antecipar em dois anos as intenções das<br />

companhias apresentarem os ‘dossiers’ (de aprovação<br />

e introdução de um fármaco) para que o ritmo de apreciação<br />

não seja o de entrada, ditado pelos interesses comerciais<br />

das companhias, mas um ritmo de interesse para<br />

as prioridades da saúde em Portugal”, adiantou afirmando<br />

que o objetivo é, por exemplo, poder apressar a<br />

aprovação de um “medicamento mais importante” ou<br />

atrasar outro “numa área onde haja já muita oferta”.<br />

“Há muito trabalho que pode ser feito para melhorar<br />

o acesso <strong>ao</strong>s medicamentos inovadores num quadro<br />

de cada vez mais rigor, quer em termos de metodologia,<br />

quer em termos de chamar a atenção para<br />

todos os atores de que é muito importante acolhermos<br />

toda a inovação que faz a diferença, mas que<br />

isso tem de ser feito a níveis económicos que sejam<br />

comportados pelas economias dos países”, sublinhou<br />

Francisco Ramos.<br />

No final da sua intervenção, o Secretário de Estado Adjunto<br />

e da Saúde informou que o Governo se prepara,<br />

no próximo ano, para dar autonomia <strong>ao</strong>s hospitais, uma<br />

medida que tem sido defendida pela APAH. Ã<br />

Mais informações em:<br />

https://apah.pt/iniciativas-projetos/forum-do-medicamento/<br />

Reportagem Fotográfica:<br />

https://justnews.pt/galeria/album/x-forum-do-medicamento/1<br />

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