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LIDAR COM O STRESS<br />
AO LONGO DA VIDA<br />
PAULO MOREIRA<br />
O stress é um tema que tem vindo a ser estudado ao<br />
longo das últimas décadas. Hans Selye, considerado<br />
o “Pai do Stress” considerava que um evento<br />
negativo, gerava automaticamente a reação de<br />
stress. No entanto, este modelo apresentava uma<br />
grande limitação, que era a ausência do papel dos<br />
fatores psicológicos.<br />
Lazarus e Folkman, outros dois nomes fortes na área<br />
do stress, indicaram que a forma como lidamos com<br />
um evento negativo, é o resultado entre o<br />
julgamento sobre o que está em causa e a<br />
percepção das nossas opções para lidar com o<br />
evento. Estes autores desenvolveram teorias<br />
fundamentadas em processos cognitivos, mostrando<br />
que é o significado que damos aos acontecimentos<br />
e a avaliação que fazemos aos mesmos, que os<br />
transforma num evento de stress.<br />
Alguns autores têm vindo a verificar que ao longo<br />
do nosso ciclo de vida, vamos mudando as<br />
estratégias (coping) adaptativas, para lidar com os<br />
eventos negativos e existem estratégias que<br />
podemos aprender com indivíduos que estão<br />
noutras faixas etárias.<br />
Para entendermos melhor como é que podemos<br />
lidar com um evento de stress ao longo da nossa<br />
vida, vamos ver como um jovem adulto, um adulto<br />
de meia-idade e um idoso tipicamente lidam.<br />
Começando pelos jovens adultos, é interessante ver<br />
que embora ainda não tenham experienciado tantas<br />
perdas e tantos conflitos como os adultos de meiaidade<br />
e os idosos, são os que reportam experienciar<br />
mais stress. Tipicamente, perante um conflito, os<br />
jovens adultos tendem a focar-se mais na regulação<br />
emocional para lidar com o stress sentido (Arnett,<br />
2001). Embora também direcionem<br />
comportamentos para a resolução do objetivo, não<br />
são tão diretos como os adultos de meia idade. Em<br />
vez de utilizar a regulação emocional, os adultos de<br />
Fundador da marca Treino<br />
Inteligência Emocional ® e o CEO da<br />
empresa EQ-TRAINING LDA, empresa<br />
líder na prestação de eventos e<br />
formações na área da Inteligência<br />
Emocional em Portugal.<br />
Certificado nas três grandes<br />
correntes mundiais da Inteligência<br />
Emocional, nomeadamente na<br />
Emotional Quotient Inventory (EQ-i);<br />
na Emotional and Social Competence<br />
Inventory (ESCI) e na Mayer-Salovey-<br />
Caruso Emotional Intelligence Test<br />
(MSCEIT).<br />
meia idade tendem a utilizar mais estratégias<br />
focadas no problema. Então, perante um evento<br />
negativo, é mais comum que um adulto nesta<br />
idade, tente abordar diretamente a pessoa ou<br />
situação, tentando comunicar de forma mais<br />
objetiva de forma a resolver a situação. É<br />
despendida muito mais energia a tentar eliminar<br />
os eventos negativos que surjam, em vez de<br />
perderem tempo com o seu estado emocional,<br />
como fazem os jovens adultos.<br />
Em relação aos idosos, o que é muito interessante<br />
analisar é que embora experienciem mais eventos<br />
negativos, pois têm maior probabilidade de<br />
sofrerem de problemas de saúde e terem perdido<br />
pessoas mais próximas, são os que tendem a<br />
relatar menos acontecimentos de vida stressantes<br />
e preocupantes (Chiriboga, 1997). O que a<br />
investigação tem mostrado é que os idosos vão-se<br />
desfazendo de estratégias que não resultam tão<br />
bem, aprendendo a reconhecer mais facilmente<br />
que alguns problemas se resolvem por si próprios<br />
e outros que não têm solução.<br />
M I N D S E T M A G A Z I N E | 4 5