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Mindset magazine Janeiro 2019A

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LIDAR COM O STRESS<br />

AO LONGO DA VIDA<br />

PAULO MOREIRA<br />

O stress é um tema que tem vindo a ser estudado ao<br />

longo das últimas décadas. Hans Selye, considerado<br />

o “Pai do Stress” considerava que um evento<br />

negativo, gerava automaticamente a reação de<br />

stress. No entanto, este modelo apresentava uma<br />

grande limitação, que era a ausência do papel dos<br />

fatores psicológicos.<br />

Lazarus e Folkman, outros dois nomes fortes na área<br />

do stress, indicaram que a forma como lidamos com<br />

um evento negativo, é o resultado entre o<br />

julgamento sobre o que está em causa e a<br />

percepção das nossas opções para lidar com o<br />

evento. Estes autores desenvolveram teorias<br />

fundamentadas em processos cognitivos, mostrando<br />

que é o significado que damos aos acontecimentos<br />

e a avaliação que fazemos aos mesmos, que os<br />

transforma num evento de stress.<br />

Alguns autores têm vindo a verificar que ao longo<br />

do nosso ciclo de vida, vamos mudando as<br />

estratégias (coping) adaptativas, para lidar com os<br />

eventos negativos e existem estratégias que<br />

podemos aprender com indivíduos que estão<br />

noutras faixas etárias.<br />

Para entendermos melhor como é que podemos<br />

lidar com um evento de stress ao longo da nossa<br />

vida, vamos ver como um jovem adulto, um adulto<br />

de meia-idade e um idoso tipicamente lidam.<br />

Começando pelos jovens adultos, é interessante ver<br />

que embora ainda não tenham experienciado tantas<br />

perdas e tantos conflitos como os adultos de meiaidade<br />

e os idosos, são os que reportam experienciar<br />

mais stress. Tipicamente, perante um conflito, os<br />

jovens adultos tendem a focar-se mais na regulação<br />

emocional para lidar com o stress sentido (Arnett,<br />

2001). Embora também direcionem<br />

comportamentos para a resolução do objetivo, não<br />

são tão diretos como os adultos de meia idade. Em<br />

vez de utilizar a regulação emocional, os adultos de<br />

Fundador da marca Treino<br />

Inteligência Emocional ® e o CEO da<br />

empresa EQ-TRAINING LDA, empresa<br />

líder na prestação de eventos e<br />

formações na área da Inteligência<br />

Emocional em Portugal.<br />

Certificado nas três grandes<br />

correntes mundiais da Inteligência<br />

Emocional, nomeadamente na<br />

Emotional Quotient Inventory (EQ-i);<br />

na Emotional and Social Competence<br />

Inventory (ESCI) e na Mayer-Salovey-<br />

Caruso Emotional Intelligence Test<br />

(MSCEIT).<br />

meia idade tendem a utilizar mais estratégias<br />

focadas no problema. Então, perante um evento<br />

negativo, é mais comum que um adulto nesta<br />

idade, tente abordar diretamente a pessoa ou<br />

situação, tentando comunicar de forma mais<br />

objetiva de forma a resolver a situação. É<br />

despendida muito mais energia a tentar eliminar<br />

os eventos negativos que surjam, em vez de<br />

perderem tempo com o seu estado emocional,<br />

como fazem os jovens adultos.<br />

Em relação aos idosos, o que é muito interessante<br />

analisar é que embora experienciem mais eventos<br />

negativos, pois têm maior probabilidade de<br />

sofrerem de problemas de saúde e terem perdido<br />

pessoas mais próximas, são os que tendem a<br />

relatar menos acontecimentos de vida stressantes<br />

e preocupantes (Chiriboga, 1997). O que a<br />

investigação tem mostrado é que os idosos vão-se<br />

desfazendo de estratégias que não resultam tão<br />

bem, aprendendo a reconhecer mais facilmente<br />

que alguns problemas se resolvem por si próprios<br />

e outros que não têm solução.<br />

M I N D S E T M A G A Z I N E | 4 5

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