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Newslab 152

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AUTORES:<br />

ANNE CAROLINE CEZIMBRA DA SILVA 1 ,<br />

LUARA DA SILVA 1 ,<br />

TÁSSIA BOMBARDIERI HOFFMANN 1 ,<br />

ELOIR DUTRA LOURENÇO 2 .<br />

artigo 2<br />

Relação entre<br />

síndrome<br />

metabólica e<br />

síndrome do ovário policístico<br />

Resumo<br />

A síndrome do ovário policístico (SOP) é uma síndrome heterogênea que afeta aproximadamente<br />

5 a 14% das mulheres em idade reprodutiva. Está associada a uma ampla<br />

variedade de alterações endócrinas e metabólicas, a maioria destas presentes na síndrome<br />

metabólica, que afeta aproximadamente 50% das pacientes diagnosticadas com SOP,<br />

aumentando duas vezes o risco de desenvolvimento de doenças vasculares ateroscleróticas<br />

e cinco vezes o risco do aparecimento de diabetes mellitus II. Esta revisão tem como<br />

objetivo evidenciar cientificamente a correlação existente entre a presença de síndrome<br />

do ovário policístico e síndrome metabólica, descrevendo as principais alterações observadas<br />

e demonstrando a relação existente entre essas desordens.<br />

Palavras-chaves: síndrome do ovário policístico, síndrome metabólica, resistência<br />

à insulina, hiperandrogenismo.<br />

Abstract<br />

The polycystic ovary syndrome (PCOS) is a heterogeneous syndrome that affects<br />

approximately 5-14% of women in reproductive age. This coupled with a wide variety of<br />

endocrine and metabolic disorders, most components of the metabolic syndrome, which<br />

affects about 50% of patients diagnosed with PCOS, increasing twice the risk of developing<br />

atherosclerotic vascular diseases and a 5-fold increase risk of diabetes mellitus II. This review<br />

aims to scientifically demonstrate the correlation between the presence of PCOS and metabolic<br />

syndrome, describing the main changes observed and demonstrating the relationship between<br />

these disorders.<br />

Keywords: polycystic ovary syndrome, metabolic syndrome, insulin resistance,<br />

hyperandrogenism.<br />

1 Graduandas do Curso de Biomedicina, Universidade Feevale.<br />

2 Professor do Curso de Biomedicina, Universidade Feevale.<br />

Autor correspondente:<br />

Anne Caroline Cezimbra da Silva<br />

Rodovia RS-239, 2755 – Vila Nova<br />

Novo Hamburgo – RS, CEP – 93525-075<br />

Fone: (51) 8537-2555<br />

E-mail: anne.cezimbra@hotmail.com<br />

1. Introdução<br />

A síndrome do ovário policístico (SOP)<br />

é uma síndrome heterogênea que afeta<br />

aproximadamente 5 a 14% das mulheres<br />

em idade reprodutiva, é a causa mais comum<br />

de desordem endócrina e anormalidades<br />

reprodutivas (1; 2). Atualmente, o<br />

diagnóstico da SOP pode ser obtido através<br />

dos critérios de Rotterdam, que define<br />

na presença de dois dos três seguintes critérios:<br />

oligo e/ou anovulação; hiperandrogenismo<br />

clínico ou laboratorial e ovários<br />

com aspectos policísticos a ultrassom (12<br />

ou mais folículos medindo entre 2-9mm<br />

de diâmetro ou volume ovariano aumentado<br />

>10cm). Deve-se ainda excluir outras<br />

causas de irregularidade menstrual e hiperandrogenismo,<br />

tais como: hiperprolactinemia,<br />

hipotireoidismo, hipertireoidismo,<br />

síndrome de Cushing, formas não claras<br />

das hiperplasias adrenais congênitas e neoplasias<br />

secretoras de andrógenos. Acredita-se<br />

que em condições intrauterinas<br />

como a restrição de crescimento, hiperinsulinemia,<br />

obesidade, hiperandrogenismo<br />

e, finalmente, a SOP possam determinar a<br />

cascata de efeitos metabólicos ao longo da<br />

vida da mulher (3).<br />

imagem ilustrativa<br />

Está associada a uma ampla variedade<br />

de alterações endócrinas e metabólicas,<br />

sendo comum a presença de hiperinsulinemia,<br />

hiperglicemia, intolerância a<br />

glicose, dislipidemia, diabetes mellitus II,<br />

disfunção endotelial, hipertensão arterial<br />

sistêmica (HAS), alteração de marcadores<br />

pró-inflamatórios e obesidade, a maioria<br />

componentes da síndrome metabólica,<br />

que afeta aproximadamente 50% das<br />

pacientes diagnosticadas com SOP, atingindo<br />

principalmente mulheres com alto<br />

índice de massa corporal (IMC) e elevado<br />

nível de insulina, isso sugere que a SOP<br />

atue como uma forma sexo-específica de<br />

síndrome metabólica (2; 4; 5). A síndrome<br />

metabólica é um conjunto de fatores de<br />

risco cardiovascular, abrange alteração<br />

na glicemia de jejum, obesidade central,<br />

dislipidemia e hipertensão arterial, além<br />

de outros fatores. Seu significado clínico,<br />

embora ainda discutível, reside no fato de<br />

que pode prever um maior risco de eventos<br />

cardiovasculares.<br />

A resistência à insulina tem sido reconhecida<br />

como um elo comum entre<br />

essas anormalidades (6). A presença<br />

concomitante de SOP e síndrome metabólica<br />

aumentam duas vezes o risco de<br />

desenvolvimento de doenças vasculares<br />

ateroscleróticas e cinco vezes o risco do<br />

aparecimento de diabetes mellitus II em<br />

comparação com populações que não<br />

apresentam síndrome metabólica (7).<br />

Apesar de não fazer parte dos critérios<br />

diagnósticos da PCOS, a resistência insulínica<br />

(RI) com consequente hiperinsulinemia<br />

atua no centro da patogenia<br />

presente nas síndromes, eleva os riscos<br />

de desenvolvimento de doenças cardiovasculares<br />

e de síndrome metabólica, na<br />

SOP age direta e indiretamente através do<br />

estímulo da produção de androgênio pela<br />

glândula pituitária. (5; 7). Esta revisão tem<br />

como objetivo evidenciar cientificamente<br />

a correlação existente entre a presença de<br />

síndrome do ovário policístico e síndrome<br />

metabólica, descrevendo as principais<br />

alterações observadas e demonstrando a<br />

relação existente entre essas desordens.<br />

Metodologia<br />

O procedimento da pesquisa para<br />

revisão bibliográfica baseou-se na utilização<br />

de sites de busca de artigos, como<br />

Scielo, Pubmed, Google Acadêmico e<br />

Bireme, onde foram selecionados artigos<br />

que apresentassem as palavras chaves<br />

síndrome do ovário policístico, síndrome<br />

metabólica, bioquímica e resistência insulínica.<br />

Foram selecionados artigos com<br />

dados atualizados e que compreendessem<br />

o período de 2000 a 2015, escritos em<br />

português e inglês.<br />

Diagnóstico de Síndrome<br />

Metabólica<br />

Na literatura, existem diversos critérios<br />

diagnósticos para síndrome metabólica<br />

(SM), mas nem todos são bem aceitos pela<br />

comunidade científica. O primeiro critério<br />

sugerido pela Organização Mundial da<br />

Saúde (OMS) reforçava a intolerância à glicose<br />

ou diabetes mellitus II, decorrente de<br />

resistência insulínica, como fatores principais<br />

para o diagnóstico da SM, acompanhados<br />

de pelo menos dois dos critérios<br />

a seguir: HAS, dislipidemia, obesidade ou<br />

microalbuminúria. Porém, o Grupo Europeu<br />

de Estudos sobre Resistência à Insulina<br />

alterou os critérios estabelecidos pela<br />

OMS, eliminando pacientes diabéticos,<br />

mas passando a avaliar a hiperinsulinemia<br />

e a medição da circunferência abdominal,<br />

a fim de avaliar a obesidade.<br />

Em 2001, a Third Report of the National<br />

Cholesterol Education Program (NCEP)<br />

sugeriu uma nova definição para SM, que<br />

é fortemente questionada devido à imprecisão<br />

de seus critérios e pela baixa aplicabilidade<br />

em diferentes grupos étnicos. A<br />

NCEP sugere a presença de pelo menos<br />

três das seguintes alterações: circunferência<br />

abdominal maior que 88 cm, glicose de<br />

jejum em níveis iguais ou superiores a 110<br />

mg/dL, triglicerídeos iguais ou superiores<br />

a 150 mg/dL, HDL colesterol em níveis<br />

iguais ou inferiores a 50 mg/dL e pressão<br />

arterial de no mínimo 130/85 mmHg (7;<br />

8). Posteriormente, foram aceitas duas novas<br />

definições para a SM, provenientes da<br />

OMS e da Europen Group for the Study of<br />

Insulin Resistance, que passaram a avaliar<br />

a resistência à insulina (RI) e tolerância à<br />

glicose, em vez de utilizar a dosagem de<br />

glicose em jejum, uma vez que os testes de<br />

RI a partir de metodologias complexas são<br />

mais específicos e os testes de tolerância<br />

à glicose são frequentemente realizados,<br />

porém esses critérios possuem melhor<br />

aplicabilidade na pesquisa, sendo menos<br />

utilizados na clínica.<br />

Atualmente, os critérios publicados pela<br />

International Diabetes Federation (IDF),<br />

com base em um consenso mundial, são<br />

os mais aceitos para o diagnóstico de SM,<br />

com boa aplicabilidade na prática clínica<br />

e diferenciação por grupos étnicos, apesar<br />

disso não possuem unanimidade (8).<br />

Segundo a IDF, o diagnóstico pode ser<br />

definido, pela presença de circunferência<br />

abdominal maior que 80 cm e pelo menos<br />

mais dois dos seguintes critérios: triglicerídeos<br />

em níveis iguais ou superiores a 150<br />

mg/dL, HDL colesterol em níveis iguais ou<br />

inferiores a 50 mg/dL, pressão arterial acima<br />

de 130/85 mmHg e glicemia em níveis<br />

iguais ou superiores a 100 mg/dL. Devido<br />

à praticidade e simplicidade, a definição do<br />

NCEP é amplamente aceita e recomendada<br />

pela I Diretriz Brasileira de Diagnóstico<br />

e Tratamento da Síndrome Metabólica (7).<br />

Fatores associados à<br />

fisiopatologia da síndrome<br />

metabólica na síndrome do<br />

ovário policístico<br />

Resistência á Insulina<br />

A resistência insulínica caracteriza-se<br />

pela diminuição da sensibilidade dos tecidos<br />

à ação da insulina, gerando importantes<br />

implicações metabólicas. Na SOP,<br />

tem prevalência de 50 a 70% e provoca<br />

deterioração da função das células beta<br />

do pâncreas, levando a intolerância à glicose<br />

e causando uma hiperinsulinemia<br />

compensadora, que conduz a muitas das<br />

características presentes na SOP. (1; 9; 10).<br />

As mulheres obesas com SOP devem ser<br />

avaliadas quanto à presença de resistência<br />

030<br />

Revista NewsLab | Fev/Mar 2019<br />

031

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