Revista Cleto Fontoura 25º

Câncer
E OBESIDADE
DR. ANTONIO
H. O. POLETTO
Cirurgia Oncológica
Doutorado - FMUSP
A
maioria das pessoas relaciona obesidade com
aumento do risco para doença cardiovascular e
diabetes, mas na verdade, a obesidade é um fator
de risco para mais de 200 doenças, podendo
levar à redução da expectativa de vida em até
30 anos, e ainda, é um importante fator de risco para
o câncer. A Organização Mundial de Saúde (OMS) já
aponta a condição como segundo maior fator de risco
para o câncer, atrás somente do tabagismo.
Atualmente, a obesidade é considerada um dos maiores
problemas de saúde pública. Mais de 670 milhões de
pessoas no mundo são obesas, de acordo com dados
da Organização das Nações Unidas (ONU). No Brasil, a
doença já atinge 50% dos brasileiros e 15% das crianças.
O diagnóstico mais simples de obesidade é feito por
meio do cálculo do índice de massa corpórea (IMC),
que é a relação do peso em quilogramas pelo quadrado
da altura em metros, sendo acima de 30 considerado
obesidade.
É uma condição inflamatória crônica, onde inúmeros
mediadores bioquímicos podem possibilitar a proliferação
celular, predispondo ao câncer. Acredita-se que
o aumento do risco esteja relacionado com alterações
hormonais, além de alterações nos níveis de fatores de
crescimento relacionados com a insulina. Este fato qualifica
a obesidade para ser um fator que aumenta o risco,
mas não uma característica determinante para que
ocorra o câncer.
Em estudo recente realizado pelo Cancer Research UK, a
obesidade ultrapassou o tabagismo como principal fator
de risco para os cânceres de intestino, rim, fígado e ovário.
Pesquisadores ingleses compararam dados de fumantes
do Reino Unido e concluíram que anualmente,
a obesidade provoca 3.940 casos a mais. De acordo
com as informações do Cancer Research, o tabagismo
ainda representa a maior causa evitável de câncer no
Reino Unido, mas os números relacionados a obesos
só crescem.
Em dados gerais, os indicadores mostram que fumar
causa 54.300 casos de câncer por ano, em comparação
aos 22.800 provocados pelo excesso de peso.
Os autores acreditam que, com a queda nas taxas de
tabagismo e aumento das taxas de obesidade, estes
riscos inverterão.
Diante destes resultados, vale muito a pena refletir e ter
atitude para agir nos dois principais fatores modificáveis
da obesidade: Dieta e atividade física.
Por meio da alimentação saudável é possível promover
o balanço energético negativo e levar à perda de peso.
Já a atividade física regular, por sua vez, repercute na
saúde de forma global, além de promover melhora na
condição física e facilitar o balanço energético negativo,
reduz o estresse, melhora o humor e diminui o risco de
doenças cardiovasculares e do câncer.