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Analytica 103

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Revista<br />

Ano 17 - Edição <strong>103</strong> - Out/Nov<br />

EDITORIAL<br />

Chegamos à <strong>103</strong>ª edição da Revista <strong>Analytica</strong>, cuidadosamente preparada trazendo a maior gama de<br />

assuntos referentes ao setor de controle de qualidade industrial. A nossa revista também traz um material<br />

abrangente. Contamos, desta vez, com dois artigos que abordam diferentes temas: o primeiro sobre<br />

a importância das metodologias de controle de qualidade na produção de cosméticos e sobre os riscos<br />

biológicos associados ao uso de cosméticos; e o segundo artigo traz uma análise sobre a concentração<br />

de metais pesados nas águas do Rio Paraopeba e na lama de rejeitos após o rompimento da barragem de<br />

Brumadinho, em Minas Gerais.<br />

Além dos artigos científicos supracitados, temos também a seção Espectrometria de massas apresentando<br />

um texto que discorre sobre os detectores de íons e algumas de suas características. Na seção Análise de<br />

Minerais, falamos sobre a eminência de uma nova revolução tecnológica e suas consequências no cotidiano<br />

laboratorial. Somado a isso, ainda contamos com a seção de Metrologia, que expõe sobre o poder das<br />

medidas e a sua capacidade de afetar, inclusive, relações comerciais do país.<br />

Todo esse conteúdo, associado à uma importante agenda de eventos e as melhores inovações e soluções<br />

do mercado de controle de qualidade industrial, reunindo as maiores empresas do ramo. Agradecemos a<br />

todos que colaboraram com essa edição, e a todos os leitores.<br />

Boa leitura a todos!<br />

JOÃO GABRIEL DE ALMEIDA<br />

Esta publicação é dirigida a laboratórios analíticos e de controle de qualidade dos setores:<br />

FARMACÊUTICO | ALIMENTÍCIO | QUÍMICO | MINERAÇÃO | AMBIENTAL | COSMÉTICO | PETROQUÍMICO | TINTAS<br />

Os artigos assinados sâo de responsabilidade de seus autores e não representam, necessariamente a opinião da Editora.<br />

Fale com a gente<br />

Comercial | Para Assinaturas | Renovação | Para Anunciar: Daniela Faria | 11 98357-9843 | assinatura@revistaanalytica.com.br<br />

Tel.: 11 3900-2390 | Dúvidas, críticas e ou sugestões, entre em contato, teremos prazer em atendê-lo.<br />

EXPEDIENTE<br />

Realização: DEN Editora<br />

Conselho Editorial: Sylvain Kernbaum | revista@revistaanalytica.com.br<br />

Jornalista Responsável: João Gabriel de Almeida | editoria@revistaanalytica.com.br<br />

Publicidade e Redação: Daniela Faria | 11 98357-9843 | assinatura@revistaanalytica.com.br<br />

Coordenação de Arte: FC DESIGN - contato@fcdesign.com.br<br />

Impressão: Gráfica Vox | Periodicidade: Bimestral<br />

Para novidades,<br />

acessem nossas redes sociais:<br />

/Revista<strong>Analytica</strong><br />

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/revistaanalytica


Revista<br />

Ano 17 - Edição <strong>103</strong> - Out/Nov<br />

ÍNDICE<br />

Artigo 1<br />

10<br />

Riscos Biológicos<br />

Associados a Cosméticos<br />

01<br />

06<br />

08<br />

Editorial<br />

Publique na <strong>Analytica</strong><br />

Agenda<br />

Autores:<br />

Jonathas Xavier Pereira;<br />

Thaís Canuto Pereira.<br />

Artigo 2<br />

20<br />

Avaliação de Metais e Qualidade da Água<br />

em trechos do rio Paraopeba após o<br />

rompimento da barragem do Corrego<br />

do Feijão: Uma visão do fato frente ao<br />

equilíbrio do meio ambiente.<br />

Autores:<br />

Luana Cristina Camargos. Gomes,<br />

Alex Magalhães de Almeida,<br />

Flávio Leonildo de Melo.<br />

2<br />

Revista <strong>Analytica</strong> | Out/Nov 2019<br />

Em Foco Científico<br />

37<br />

Avaliação de Eficiência de Sanitizante<br />

de Ar em Salas e Ambientes de<br />

Laboratórios de Microbiologia<br />

de Alimentos<br />

31<br />

34<br />

36<br />

40<br />

Espectrometria de Massa<br />

Análise de Minerais<br />

Metrologia<br />

Em Foco


Revista<br />

Ano 17 - Edição <strong>103</strong> - Out/Nov<br />

ÍNDICE REMISSIVO DE ANUNCIANTES<br />

ordem alfabética<br />

Anunciante pág. Anunciante pág.<br />

A3Q 07<br />

Analitica Lab 33<br />

Ansell<br />

2ª Capa<br />

Arena Técnica 09<br />

BCQ 29<br />

Bio Scie 03<br />

BioNutrientes 17<br />

Disotax<br />

4ª Capa<br />

Greiner 45<br />

Las do Brasil 05<br />

Merck 35<br />

Nova Analitica 11<br />

Prime Cargo<br />

3ª Capa<br />

Sensoglass 19<br />

Veolia 47<br />

4<br />

Revista <strong>Analytica</strong> | Out/Nov 2019<br />

Esta publicação é dirigida a laboratórios analíticos e de controle de qualidade dos setores:<br />

FARMACÊUTICO | ALIMENTÍCIO | QUÍMICO | MINERAÇÃO | AMBIENTAL | COSMÉTICO | PETROQUÍMICO | TINTAS<br />

Os artigos assinados sâo de responsabilidade de seus autores e não representam, necessariamente a opinião da Editora.<br />

Conselho Editorial<br />

Carla Utecher, Pesquisadora Científica e chefe da seção de controle Microbiológico do serviço de controle de Qualidade do I.Butantan - Chefia Gonçalvez Mothé, Prof ª Titular da Escola de Química da Escola de<br />

Química da Universidade Federal do Rio de Janeiro - Elisabeth de Oliveira, Profª. Titular IQ-USP - Fernando Mauro Lanças, Profª. Titular da Universidade de São Paulo e Fundador do Grupo de Cromatografia (CROMA)<br />

do Instituto de Química de São Carlos - Helena Godoy, FEA / Unicamp - Marcos E berlin, Profª de Química da Unicamp, Vice-Presidente das Sociedade Brasileira de Espectrometria de Massas e Sociedade Internacional<br />

de Especteometria de Massas - Margarete Okazaki, Pesquisadora Cientifica do Centro de Ciências e Qualidade de Alimentos do Ital - Margareth Marques, U.S Pharmacopeia - Maria Aparecida Carvalho de<br />

Medeiros, Profª. Depto. de Saneamento Ambiental-CESET/UNICAMP - Maria Tavares, Profª do Instituto de Química da Universidade de São Paulo - Shirley Abrantes Pesquisadora titular em Saúde Pública do INCQS<br />

da Fundação Oswaldo Cruz - Ubaldinho Dantas, Diretor Presidente de OSCIP Biotema, Ciência e Tecnologia, e Secretário Executivo da Associação Brasileira de Agribusiness.<br />

Colaboraram nesta Edição:<br />

Eduardo Pimenta Almeida de Melo, Luciano Nascimento, Anastasiia Melnyk, Oliveira ML, Pereira AS, Rodrigues KM, França RF, Assis IB, Arena Técnica,<br />

Oscar Vega Bustillos, Américo Tristão, Claudio Kiyoshi Hirai.


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Revista<br />

Ano 17 - Edição <strong>103</strong> - Out/Nov<br />

PUBLIQUE NA ANALYTICA<br />

Normas de publicação para artigos e informes assinados<br />

A Revista <strong>Analytica</strong>, em busca constante de novidades em divulgação científica, disponibiliza abaixo as normas para publicação de artigos, aos<br />

autores interessados. Caso precise de informações adicionais, entre em contato com a redação.<br />

Informações aos Autores<br />

Bimestralmente, a revista <strong>Analytica</strong> publica<br />

editoriais, artigos originais, revisões, casos<br />

educacionais, resumos de teses etc. Os editores<br />

levarão em consideração para publicação toda<br />

e qualquer contribuição que possua correlação<br />

com as análises industriais, instrumentação e o<br />

controle de qualidade.<br />

Todas as contribuições serão revisadas e analisadas<br />

pelos revisores.<br />

Os autores deverão informar todo e qualquer<br />

conflito de interesse existente, em particular<br />

aqueles de natureza financeira relativo<br />

a companhias interessadas ou envolvidas em<br />

produtos ou processos que estejam relacionados<br />

com a contribuição e o manuscrito<br />

apresentado.<br />

Acompanhando o artigo deve vir o termo<br />

de compromisso assinado por todos os autores,<br />

atestando a originalidade do artigo, bem<br />

como a participação de todos os envolvidos.<br />

Os manuscritos deverão ser escritos em português,<br />

mas com Abstract detalhado em inglês.<br />

O Resumo e o Abstract deverão conter as<br />

palavras-chave e keywords, respectivamente.<br />

As fotos e ilustrações devem preferencialmente<br />

ser enviadas na forma original, para<br />

uma perfeita reprodução. Se o autor preferir<br />

mandá-las por e-mail, pedimos que a resolução<br />

do escaneamento seja de 300 dpi’s, com<br />

extensão em TIF ou JPG.<br />

Os manuscritos deverão estar digitados e enviados<br />

por e-mail, ordenados em título, nome<br />

e sobrenomes completos dos autores e nome<br />

da instituição onde o estudo foi realizado.<br />

Além disso, o nome do autor correspondente,<br />

com endereço completo fone/fax e e-mail<br />

também deverão constar. Seguidos por resumo,<br />

palavras-chave, abstract, keywords, texto<br />

(Ex: Introdução, Materiais e Métodos, Parte<br />

Experimental, Resultados e Discussão, Conclusão)<br />

agradecimentos, referências bibliográficas,<br />

tabelas e legendas.<br />

As referências deverão constar no texto com o<br />

sobrenome do devido autor, seguido pelo ano<br />

da publicação, segundo norma ABNT 10520.<br />

As identificações completas de cada referência<br />

citadas no texto devem vir listadas no fim,<br />

com o sobrenome do autor em primeiro lugar<br />

seguido pela sigla do prenome. Ex.: sobrenome,<br />

siglas dos prenomes. Título: subtítulo do<br />

artigo. Título do livro/periódico, volume, fascículo,<br />

página inicial e ano.<br />

Evite utilizar abstracts como referências. Referências<br />

de contribuições ainda não publicadas<br />

deverão ser mencionadas como “no prelo”<br />

ou “in press”.<br />

Observação: É importante frisar que a <strong>Analytica</strong> não informa a previsão sobre quando o artigo será publicado. Isso se deve ao fato que, tendo em<br />

vista a revista também possuir um perfil comercial – além do técnico cientifico -, a decisão sobre a publicação dos artigos pesa nesse sentido. Além<br />

disso, por questões estratégicas, a revista é bimestral, o que incorre a possibilidade de menos artigos serem publicados – levando em conta uma<br />

média de três artigos por edição. Por esse motivo, não exigimos artigos inéditos – dando a liberdade para os autores disponibilizarem seu material<br />

em outras publicações.<br />

6<br />

Revista <strong>Analytica</strong> | Out/Nov 2019<br />

ENVIE SEU TRABALHO<br />

Os trabalhos deverão ser enviados ao endereço:<br />

A/C: João Gabriel de Almeida – redação<br />

Av. Nove de Julho, 3.229 - Cj. 1110 - 01407-000 - São Paulo-SP<br />

Ou por e-mail: editoria@revistaanalytica.com.br<br />

Para outras informações acesse: http://www.revistaanalytica.com.br/publique/


Agenda<br />

agenda<br />

8<br />

Revista <strong>Analytica</strong> | Out/Nov 2019<br />

XX Simpósio Brasileiro de Química Teórica<br />

Data: 10/11/2019 a 14/11/2019<br />

Local: Centro de Convenções, João Pessoa/PB<br />

Informações: http://www.quimica.ufpb.br/sbqt2019/<br />

7th Brazilian Conference On Natural Products<br />

Data: 10/11/2019 a 13/11/2019<br />

Local: Instituto Militar de Engenharia (IME)<br />

Informações: https://2019.bcnp.com.br/<br />

6º Simpósio de Geotecnia do Nordeste<br />

Data: 13/11/2019 a 14/11/2019<br />

Local: Mar Hotel Conventions, Recife/PE<br />

Informações: https://www.geone.com.br/2019/inicial/<br />

Fórum de Cadeia Fria - ANFARLOG<br />

Data: 19/11/2019<br />

Local: Cinesystem Morumbi Town, São Paulo/SP<br />

Informações: http://www.anfarlog.org.br/course/forum-de-cadeia-fria-3/<br />

8º Simpósio Brasileiro de Vigilância Sanitária<br />

Data: 23/11/2019 a 27/11/2019<br />

Local: Expominas, Belo Horizonte/MG<br />

Informações: https://www.simbravisa.com.br/index.php<br />

METROLOGIA 2019<br />

Data: 24/11/2019 a 27/11/2019<br />

Local: Centrosul, Florianópolis/SC<br />

Informações: http://www.metrologia2019.org.br/<br />

XXIII Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos<br />

Data: 24/11/2019 a 28/11/2019<br />

Local: Bourbon Cataratas Convention, Foz do Iguaçu/PR<br />

Informações: https://eventos.abrh.org.br/xxiiisbrh/<br />

II Congresso Alagoano de Engenharia de Agrimensura<br />

Data: 02/12/2019 a 04/12/2019<br />

Local: Centro de Ciências Agrácias – CECA, Rio Largo/AL<br />

Informações: https://doity.com.br/coneagri<br />

Revista NewsLab | Out/Nov 2019


Artigo 1<br />

Autores:<br />

Jonathas Xavier Pereira;<br />

Thaís Canuto Pereira.<br />

Riscos Biológicos<br />

Associados a Cosméticos<br />

10<br />

Revista <strong>Analytica</strong> | Out/Nov 2019<br />

Imagem Ilustrativa<br />

Resumo<br />

O uso de produtos cosméticos está aumentando<br />

em todo o mundo e uma variedade de compostos<br />

químicos utilizados na fabricação desses<br />

produtos cresce ao mesmo tempo. Dessa forma,<br />

também aumentam o risco de intoxicação, processos<br />

alérgicos, exposição química prolongada,<br />

efeitos colaterais e uso indiscriminado. O presente<br />

trabalho tem como objetivo destacar os<br />

riscos biológicos que os cosméticos podem representar<br />

para a saúde humana contra as substâncias<br />

tóxicas utilizadas em sua formulação.<br />

Este trabalho é uma revisão integrativa da literatura<br />

estruturada de acordo com a metodologia<br />

descrita por Whittemore, R. e Knafl, K., 2005. O<br />

presente trabalho relaciona as principais substâncias<br />

químicas tóxicas presentes em produtos<br />

cosméticos às possíveis complicações de saúde<br />

relatadas na literatura científica. Atualmente, as<br />

indústrias cosméticas têm aumentado o uso de<br />

compostos com ação conservante, surfactante,<br />

fragrâncias, corantes, etc. na formulação de<br />

produtos cosméticos. Tais substâncias potencializam<br />

a qualidade, propriedade e prazo de<br />

validade dos cosméticos, mas, por outro lado,<br />

muitas dessas substâncias são tóxicas para o<br />

corpo humano, apresentando riscos à saúde que<br />

variam de uma reação simples de hipersensibilidade<br />

leve a um processo anafilático ou até uma<br />

intoxicação letal. Assim, o uso indiscriminado de<br />

cosméticos pode se apresentar como uma questão<br />

emergente de saúde pública. Diante do exposto,<br />

este trabalho busca incentivar melhorias<br />

na busca de novas metodologias para controle<br />

de qualidade na produção e consumo de produtos<br />

cosméticos em todo o mundo.<br />

Palavras-chave: cosméticos, riscos biológicos, toxicidade,<br />

controle de qualidade, efeitos adversos.<br />

I. Introdução<br />

Historicamente, os cosméticos começaram a<br />

ser usados há 6.000 anos e seu uso se espalhou<br />

pelo mundo. Tais produtos tinham o objetivo<br />

de adornar e perfumar o corpo, de modo<br />

a não alterar a estrutura e a função da pele. No<br />

Egito antigo, os registros apontam para o uso<br />

de cosméticos que contêm pigmentos pretos<br />

(Kohl) com chumbo aplicados na região dos<br />

olhos. O chumbo, por sua vez, quando em<br />

contato com a pele, libera óxido nítrico gasoso<br />

capaz de ativar o sistema imunológico por<br />

vasodilatação e ativação de macrófagos com<br />

características citotóxicas.<br />

Atualmente, cosméticos e produtos para<br />

cuidados com a pele são consumidos em todo<br />

o mundo, com uso frequente, aumentando a<br />

exposição do corpo humano aos vários compostos<br />

químicos que compõem suas fórmulas.<br />

Estipular a incidência de efeitos colaterais causados<br />

por cosméticos é bastante difícil, porque<br />

os usuários com efeitos colaterais fracos geralmente<br />

não procuram atendimento médico.<br />

Os efeitos colaterais derivados do uso de<br />

cosméticos apresentam riscos à saúde, principalmente<br />

devido à exposição a inúmeras<br />

substâncias químicas. Suas consequências podem<br />

variar de uma reação simples de hipersensibilidade<br />

leve a um processo anafilático ou<br />

até uma intoxicação letal.<br />

a) O início das complicações de saúde devido<br />

ao uso de cosméticos.<br />

O uso de cosméticos pigmentados à base de<br />

chumbo usados pelos egípcios é caracterizado<br />

como a evidência mais antiga do uso de cosméticos<br />

e suas complicações. Posteriormente,<br />

apareceram rouges e batons cuja coloração<br />

avermelhada foi atribuída ao sulfeto de mercúrio.<br />

Esse composto, quando ingerido por<br />

mulheres grávidas, causava aborto espontâneo.<br />

Outro composto tóxico capaz de causar danos<br />

ao organismo foi o arsênico usado por gregos<br />

e romanos em soluções depilatórias químicas.<br />

Com o avanço do conhecimento sobre a fisiologia<br />

da pele e seus componentes, as indústrias<br />

farmacêuticas passaram a investir em novos<br />

princípios ativos e veículos para a produção de<br />

cosméticos. Assim, novos testes de controle<br />

de qualidade na fabricação desses cosméticos<br />

também deveriam ser atualizados para garantir<br />

a segurança no uso de tais compostos.<br />

Várias agências reguladoras em todo o mundo<br />

se dedicam ao controle e regulamentação<br />

de atividades comerciais, segurança e controle


Artigo 1<br />

12<br />

Revista <strong>Analytica</strong> | Out/Nov 2019<br />

de qualidade de cosméticos. Embora existam<br />

regras e controle de qualidade testes a serem<br />

seguidos para a fabricação de um cosmético,<br />

esses mecanismos regulatórios não são totalmente<br />

eficazes, pois os efeitos adversos ainda<br />

persistem na população de consumidores.<br />

b) Os riscos biológicos no uso de cosméticos<br />

e a saúde pública.<br />

Diante do uso de produtos cosméticos e da<br />

maior exposição aos compostos das fórmulas<br />

por um longo tempo e frequência, os efeitos<br />

colaterais desses produtos se tornam mais<br />

frequentes na população em todo o mundo.<br />

Mulheres e homens em todo o mundo usam<br />

grande quantidade de produtos cosméticos<br />

em busca da juventude eterna, ignorando os<br />

prováveis riscos à saúde.<br />

Os ingredientes cosméticos também são<br />

poluentes emergentes. Embora seu monitoramento<br />

ambiental esteja em um estágio muito<br />

inicial, sabe-se que os produtos cosméticos<br />

atingem o meio ambiente de várias maneiras,<br />

muitas vezes através da água, apresentando<br />

riscos biológicos aos ecossistemas e humanos.<br />

Assim, em relação à saúde pública, o termo<br />

“cosmetovigilância” passou a representar um<br />

tipo de estratégia em saúde onde o objetivo<br />

é priorizar a segurança do produto cosmético<br />

para fins comerciais. Essa vigilância é muito<br />

importante para controlar ingredientes<br />

potencialmente perigosos e, portanto, pode<br />

tranquilizar nossa mente quanto aos produtos<br />

colocados no mercado.<br />

As restrições ao uso de alguns ingredientes<br />

cosméticos são estipuladas por várias agências<br />

de vigilância em todo o mundo, permitindo<br />

que qualquer ingrediente que não conste da<br />

lista de restrições, seja permitido. Assim, como<br />

a indústria é bastante criativa e está sempre<br />

buscando melhorar sua produção, constantemente<br />

novos ingredientes são produzidos e<br />

utilizados na confecção de cosméticos por não<br />

constarem na lista de restrições das agências<br />

reguladoras. Esses ingredientes são novos<br />

alérgenos em potencial. Ao contrário dos medicamentos,<br />

não existe um órgão específico<br />

para avaliar a segurança de produtos cosméticos,<br />

nenhuma autorização de comercialização<br />

com requisitos específicos, nenhuma avaliação<br />

da relação risco-benefício e nenhuma garantia<br />

de constância de um lote para outro.<br />

Os riscos à saúde associados ao uso de produtos<br />

cosméticos se tornam atualmente um<br />

problema emergente de saúde pública, onde<br />

cerca de 12% dos usuários na população em<br />

geral experimentaram efeitos indesejáveis<br />

com um ou mais produtos cosméticos nos<br />

últimos nove anos.<br />

II. Metodologia<br />

Este estudo é uma revisão integrativa da<br />

literatura com base no modelo proposto por<br />

Whittemore e Knafl, onde visa relacionar aspectos<br />

clínicos e toxicológicos no uso de produtos<br />

cosméticos. Esta revisão reuniu um total<br />

de 32 estudos publicados entre 1998 e 2015,<br />

derivado do banco de dados PubMed.<br />

Os artigos científicos seguiram os critérios<br />

de inclusão: artigos que contenham os descritores<br />

“cosmetics toxicity”; “cosmetic intoxication”;<br />

“cosmetic risk”; “cosmetic danger”;<br />

“cosmetic side effects”.<br />

Os artigos científicos seguiram os seguintes<br />

critérios de exclusão: foram excluídos os artigos<br />

relacionados à cirurgia estética ou que<br />

não se relacionam a produtos cosméticos. A<br />

seleção de artigos científicos incluiu revisões<br />

e artigos originais com abordagem clínica e<br />

toxicológica. Essa metodologia visa relacionar<br />

as principais substâncias químicas tóxicas<br />

presentes nos produtos cosméticos com as<br />

possíveis complicações de saúde relatadas na<br />

literatura científica. Por meio deste estudo<br />

integrativo, a correlação clínico-toxicológica<br />

se torna um instrumento valioso para esclarecer<br />

e entender os efeitos colaterais do uso de<br />

cosméticos, chamando a atenção para o uso<br />

negligenciado desses produtos e destacando<br />

os riscos à saúde associados.<br />

III. Substâncias com potencial tóxico<br />

na formulação de cosméticos<br />

Diante das inovações tecnológicas na indústria<br />

de cosméticos, muitos produtos químicos<br />

foram adicionados como aditivos químicos<br />

para aumentar seu desempenho, eficácia e<br />

viabilidade. Alguns exemplos desses aditivos<br />

químicos são: Diazolidinil Ureia, Dioxano,<br />

Formaldeído e Paraformaldeído, Imidazolidinil<br />

Ureia, metais pesados, Metilcloroisotiazolinona-metilisotiazolinona<br />

(MCI-MI), Metildibromoglutaronitrila-fenoxietanol<br />

(MDBGN-Quaternal,<br />

PE), Parabenos e outros.<br />

a) Diazolidinil Ureia<br />

É um aditivo usado desde 1982 na fabricação<br />

de produtos para cuidados pessoais, como produtos<br />

infantis, maquiagem para olhos e rosto,<br />

produtos de cuidados com a pele, cabelos e<br />

unhas. A Figura 1 mostra sua fórmula química.<br />

Fig. 1: Fórmula química do Diazolidinil Ureia.<br />

A exposição a esse composto é capaz de causar<br />

dermatite alérgica de contato, além de ser<br />

caracterizada como um agente mutagênico<br />

e carcinogênico, pois é capaz de liberar formaldeído,<br />

um fixador e conservante que será<br />

discutido mais adiante


) Dioxano<br />

O 1,4-dioxano (Figura 2) é um éter com uma<br />

função emulsificante, detergente e solvente<br />

comumente encontrada em produtos como<br />

shampoo, creme dental e enxaguatório bucal.<br />

Fig. 2: Fórmula química do 1,4-dioxano.<br />

Embora este composto não esteja listado<br />

como um componente cosmético, esta<br />

substância é um contaminante na etapa de<br />

etoxilação, criando outros ingredientes como<br />

polietilenoglicol, polietileno e polioxietileno.<br />

Assim, altos níveis desse contaminante podem<br />

ser observados em produtos cosméticos,<br />

sendo essa substância química um potente<br />

carcinógeno, capaz de desencadear câncer de<br />

mama, pele e fígado.<br />

c) Formaldeído e Paraformaldeído<br />

O formaldeído e o paraformaldeído são conservantes<br />

tóxicos, sendo o paraformaldeído um<br />

polímero derivado do formaldeído (Figura 3).<br />

Fig. 3: Fórmula química do Formaldeído e Paraformaldeído.<br />

O formaldeído possui características moleculares<br />

que resultam em um agente de grande<br />

risco potencial para o câncer. Estudos clínicos<br />

mostram que 13% de uma amostra de 957<br />

participantes apresentaram dermatite alérgica<br />

de contato causada por formaldeído, que é a<br />

segunda maior causa de dermatite de contato<br />

provenientes de produtos cosméticos.<br />

Em um estudo realizado por Agner et al.,<br />

1999, 57 pacientes foram avaliados quanto à<br />

sua exposição ao formaldeído. Para essa análise,<br />

os participantes foram convidados a trazer<br />

diariamente os principais cosméticos usados<br />

por eles. No total, 409 produtos foram catalogados<br />

e, dentre eles, <strong>103</strong> tinham formaldeído<br />

em suas composições.<br />

d) Imidazolidinil ureia<br />

A imidazolidinil ureia (Figura 4) é um conservante<br />

usado em produtos cosméticos que<br />

também tem a propriedade de liberar formaldeído<br />

como consequência de sua degradação,<br />

como a Diazolidinil ureia.<br />

Fig. 4: Fórmula química do Imidazolidinil ureia.<br />

Concentrações de 0,01% a 1% de imidazolidinil<br />

ureia às 24 horas em contato com uma<br />

cultura de células do sangue periférico humano<br />

foram consideradas doses moderadamente citotóxicas.<br />

Em concentrações de 0,1% a 0,5%, o<br />

mesmo efeito foi observado em apenas 3 horas.<br />

Os ensaios clínicos apontam para a imidazolidinil<br />

ureia como agente causador de alergias<br />

à dermatite de contato.<br />

e) Metais pesados<br />

Um grupo de substâncias perigosas na fabricação<br />

de cosméticos são os metais pesados tóxicos,<br />

como chumbo (Pb), cádmio (Cd), níquel<br />

(Ni), arsênico (As) e mercúrio (Hg). Alguns<br />

cosméticos podem conter alumínio (Al), classificado<br />

como metal leve. Como não há uma<br />

única regulamentação cosmetológica eficaz<br />

em todo o mundo, alguns cosméticos coloridos,<br />

produtos para cuidados com o rosto e<br />

corpo, cosméticos para cabelos e cosméticos à<br />

base de plantas podem conter em sua formulação<br />

quantidades relativamente altas desses<br />

metais pesados. Esses elementos podem se<br />

acumular na pele e órgãos internos, causando<br />

efeitos tóxicos que podem ser classificados em<br />

tópico (principalmente dermatite de contato)<br />

e sistêmico (dermatite alérgica sistêmica).<br />

Alguns metais servem como substâncias<br />

pigmentares, por exemplo, o cromo (Cr) usado<br />

principalmente para sombras e blushes. Cosméticos<br />

pigmentados de cor avermelhada, por<br />

exemplo, são comumente contaminados com<br />

arsênico (As), chumbo (Pb) e mercúrio (Hg).<br />

O antimônio (Sb) pode causar pneumoconiose,<br />

alterações da função pulmonar, bronquite,<br />

enfisema, dor abdominal, vômitos,<br />

diarréia e úlceras. Este metal é encontrado<br />

principalmente em batons, lápis de olhos e<br />

pó facial. O arsênico (As) pode causar distúrbios<br />

da pele, distúrbios nervosos circulatórios<br />

e periféricos, um risco aumentado de câncer<br />

de pulmão e um possível aumento no risco do<br />

trato gastrointestinal e do câncer do sistema<br />

urinário. Este metal é encontrado principalmente<br />

em pó de maquiagem e creme para<br />

a pele. O cádmio (Cd) pode se acumular nos<br />

rins, com possíveis danos. A exposição crônica<br />

a baixos níveis de cádmio também pode causar<br />

fragilidade óssea e conseqüentes fraturas<br />

ósseas. O cádmio é comumente encontrado<br />

em cremes para o cabelo, batons e creme para<br />

a pele. O cromo (Cr) em seu estado oxidado<br />

pode causar alergias de contato. Sua presença<br />

em cosméticos está principalmente associada<br />

a delineador, lápis de olho, sombra, batom e<br />

pó de maquiagem. O cobalto (Co) e o níquel<br />

Revista <strong>Analytica</strong> | Out/Nov 2019<br />

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Artigo 1<br />

Imagem Ilustrativa<br />

Autores:<br />

Jonathas Xavier Pereira;<br />

Thaís Canuto Pereira.<br />

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Revista <strong>Analytica</strong> | Out/Nov 2019<br />

(Ni) podem causar alergias, como dermatites<br />

de contato, e esses metais geralmente estão<br />

presentes em cosméticos como sombra para<br />

Fig. 5: Fórmula química do Acetato de Chumbo.<br />

os olhos, pintura no rosto, creme para os cabelos<br />

e batom. O chumbo (Pb), quando ingerido<br />

em grandes quantidades, pode interferir<br />

na síntese de hemoglobina e canais de cálcio,<br />

cujas funções são importantes para a condução<br />

nervosa. O chumbo é encontrado em corantes<br />

para cabelos (como acetato de chumbo,<br />

cuja fórmula química é mostrada na Figura 5)<br />

e batons, delineador, lápis para os olhos, creme<br />

para os cabelos em sua forma inorgânica<br />

e pode ser minimamente absorvido pela pele.<br />

f) Metilcloroisotiazolinona-metilisotiazolinona<br />

(MCI-MI)<br />

Fig. 6: Fórmula química do MCI-MI.<br />

O MCI-MI (Figura 6) é um conservante amplamente<br />

utilizado na fabricação de produtos de<br />

higiene pessoal, que possui um alto grau de citotoxicidade<br />

e é dependente da dose quando testado<br />

in vitro, em células cultivadas. Em produtos<br />

cosméticos, este composto representa um alérgeno<br />

importante e pode causar hipersensibilidade<br />

quando há exposição constante a essa substância.<br />

g) Metildibromoglutaronitrila-fenoxietanol<br />

(MDBGN-PE)<br />

O MDBGN-PE (Figura 7) também é um conservante<br />

usado na fabricação de cosméticos,<br />

como, por exemplo, cremes hidratantes. Este<br />

composto é o conservante com maior potencial<br />

de causar dermatite de contato, apresentando<br />

uma incidência média de 14,5% na população.<br />

Fig. 7: Fórmulas químicas dos Parabenos.<br />

h) Parabenos<br />

Os parabenos são ésteres do ácido p-hidroxibenzóico,<br />

com substituintes alquil variando<br />

de grupos metil a butil ou benzil. Os parabenos<br />

também são um grupo de substâncias<br />

para fins de preservação. Alguns exemplos<br />

desses aditivos químicos são metilparabeno,<br />

etilparabeno, propilparabeno, butilparabeno<br />

e benzilparabeno (Figura 8). Seu uso também<br />

está associado à ação antimicrobiana e<br />

é amplamente utilizado na indústria de cosméticos,<br />

pois apresenta baixo custo para sua<br />

implementação na produção. Metilparabeno e<br />

propilparabeno são os mais comumente usados<br />

e frequentemente presentes nos produtos<br />

cosméticos juntos.<br />

Fig. 8: Fórmulas químicas dos Parabenos.<br />

No passado, o uso de parabenos em maior<br />

concentração desencadeou reações alérgicas<br />

na população. Atualmente, em conjunto com a<br />

alteração das resoluções de segurança de cos-<br />

méticos, produtos de higiene e beleza, o uso de<br />

parabenos se tornou muito baixo, sendo utilizado<br />

em baixas concentrações, o que reflete em<br />

uma redução nos casos positivos relacionados a<br />

reações alérgicas ou dermatite de contato.<br />

i) Ftalato<br />

Os ésteres de ftalato são derivados do ácido<br />

ftálico e frequentemente encontrados<br />

em produtos como plastificantes, solventes<br />

e desnaturantes de álcool. Os compostos de<br />

ftalato podem ser encontrados em um número<br />

diversificado de cosméticos (esmaltes,<br />

loções, produtos para os cabelos, perfumes).<br />

As formas mais comumente encontradas são<br />

dimetilftalato e dietilftalato, e suas fórmulas<br />

químicas são mostradas na Figura 9.<br />

Fig. 9: Fórmulas químicas do Dimetilftalato e Dietilftalato.<br />

A exposição a esses componentes pode desencadear<br />

distúrbios do desenvolvimento e câncer de<br />

mama. Alguns estudos experimentais mostraram<br />

que altos níveis de ftalato podem alterar os níveis<br />

hormonais e causar defeitos congênitos relacionados<br />

aos órgãos genitais em roedores.<br />

j) Quaternium-15<br />

Quaternium-15 (Figura 10) é um alérgeno<br />

de contato comum incluído na linha de base<br />

europeia. A prevalência de sensibilização por<br />

contato é tão baixa quanto 1,2-1,6%, mas<br />

Fig. 10: Fórmula química do Quaternium-15.


pode representar o primeiro evento que leva<br />

à reação anafilática sistêmica através da mudança<br />

da hipersensibilidade do tipo IV para a<br />

hipersensibilidade do tipo I.<br />

k) Timerosal<br />

O timerosal (Figura 11), um derivado mercúrico<br />

do ácido tiosalicílico, é um conservante<br />

usado em vários tipos de produtos de consumo,<br />

incluindo cosméticos, medicamentos oftalmológicos<br />

e otorrinolaringológicos e vacinas.<br />

Fig. 11: Fórmula química do Timerosal.<br />

Devido a um grande número de reações alérgicas<br />

e problemas ambientais, seu uso diminuiu<br />

nas últimas duas décadas. O timerosal é usado<br />

principalmente para a conservação de sombras<br />

para os olhos, removedores de maquiagem,<br />

máscaras e produtos de limpeza sem sabão.<br />

l) Outras substâncias<br />

Embora os conservantes mencionados acima<br />

sejam as substâncias responsáveis pelos efeitos<br />

mais adversos dos cosméticos, outras substâncias<br />

têm potencial alergênico, por exemplo:<br />

• Fragrâncias (Myroxylon Pereirae);<br />

• Contaminação química para obter surfactantes<br />

(Cocamidopropyl betaine) usados na produção<br />

de xampu, sabonete líquido, produtos de limpeza<br />

de pele, gel de banho e desodorantes;<br />

• Oxidantes (parafenilenodiamina) muito comuns<br />

na composição de corantes capilares;<br />

• Monotioglicolato de glicerila, usado em soluções<br />

capilares permanentes (para cabelos<br />

ondulados ou cacheados);<br />

• Resina toluenossulfonamida-formaldeído,<br />

utilizada na fabricação de vernizes;<br />

• Propilgalato, octilgalato e dodecilgalato são<br />

todos antioxidantes usados para evitar a deterioração<br />

dos ácidos graxos insaturados que<br />

podem causar descoloração e odor, presentes<br />

na composição dos cremes e loções cosméticas.<br />

IV. Possíveis complicações de saúde<br />

associadas ao uso de cosméticos<br />

Devido à presença de inúmeros componentes<br />

na formulação de produtos cosméticos, esses<br />

produtos têm o potencial de causar efeitos colaterais<br />

e suas consequências podem variar de uma<br />

reação simples de hipersensibilidade leve a um<br />

processo anafilático ou até uma intoxicação letal.<br />

Existem muitos tipos de reações adversas<br />

causadas por cosméticos. A maioria das reações<br />

adversas é irritante, no entanto, hipersensibilidade<br />

do tipo IV, urticária de contato,<br />

fotosensibilização, distúrbios pigmentares,<br />

danos aos cabelos e unhas, paroníquia, erupções<br />

acneiformes, foliculite e exacerbação<br />

de uma dermatose estabelecida também<br />

podem ocorrer. Espera-se que melhorias na<br />

segurança, tolerância e compatibilidade entre<br />

produtos cosméticos e a pele previnam que os<br />

efeitos colaterais aumentem no futuro devido<br />

aos aditivos contínuos que buscam intensificar<br />

sua atividade biológica e eficácia terapêutica.<br />

As áreas do corpo mais afetadas por reações<br />

adversas atribuídas ao uso de cosméticos são<br />

a cabeça e o pescoço, e a dermatite irritante<br />

é o tipo de complicação mais comum. As<br />

complicações de saúde associadas ao uso de<br />

produtos cosméticos podem ser:<br />

a) Reações alérgicas a cosméticos<br />

As reações alérgicas aos cosméticos constituem<br />

uma parcela pequena, mas significativa,<br />

das complicações associadas ao uso de<br />

cosméticos. A dermatite alérgica de contato<br />

representa uma verdadeira hipersensibilidade<br />

do tipo retardado (tipo IV) que apresenta<br />

dermatite eczematosa e compreende aproximadamente<br />

10% a 20% de todos os casos de<br />

dermatite de contato. O tipo IV é uma reação<br />

de hipersensibilidade mediada por células T,<br />

em que células T sensibilizadas circulantes ou<br />

residentes são ativadas pelo alérgeno agressor<br />

para liberar citocinas pró-inflamatórias. A sensibilização<br />

depende de vários fatores, incluindo<br />

a composição do produto, uma concentração<br />

de componentes alergênicos potenciais,<br />

quantidade de produto aplicado, aplicação no<br />

local, integridade da barreira cutânea, frequência<br />

e duração da aplicação.<br />

Esse cenário clínico pode variar de eritema<br />

leve com escala de coceira mínima até placas<br />

vesiculares, bolhosas e endurecidas que são<br />

intensamente pruriginosas. A sensibilização<br />

inicial é necessária para a expansão subsequente<br />

de uma reação quando a exposição<br />

ocorre novamente.<br />

A urticária de contato alérgica é uma hipersensibilidade<br />

imediata que representa uma<br />

verdadeira reação alérgica. Como o nome indica,<br />

as reações ocorrem em minutos a horas e<br />

podem ser limitadas ao local de exposição na<br />

pele ou, em casos graves, as reações podem<br />

ser generalizadas. A urticária de contato é<br />

uma reação mais rara a cosméticos e produtos<br />

para cuidados com a pele, que pode ser<br />

uma reação imunológica ou não imunológica.<br />

O espectro da apresentação clínica varia de<br />

prurido e queimação a urticária generalizada<br />

e anafilaxia. Em indivíduos altamente alérgicos,<br />

nas exposições de mucosas ou grandes<br />

exposições, os sintomas de hipersensibilidade<br />

imediata podem generalizar e incluir conjuntivite,<br />

tosse, bronco constrição, hipotensão,<br />

anafilaxia e, ocasionalmente, morte.<br />

Revista <strong>Analytica</strong> | Out/Nov 2019<br />

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Artigo 1<br />

Imagem Ilustrativa<br />

Autores:<br />

Jonathas Xavier Pereira;<br />

Thaís Canuto Pereira.<br />

16<br />

Revista <strong>Analytica</strong> | Out/Nov 2019<br />

b) Dermatite de contato irritante<br />

Este é o tipo de complicação mais comumente<br />

encontrado devido ao uso de cosméticos,<br />

especialmente aqueles que contêm metilcloroisotiazolinono-metilisotiazolinona<br />

(MCI-MI)<br />

em sua formulação. Atualmente, existem mais<br />

de 57.000 irritantes descritos em todo o mundo,<br />

variando de irritantes fracos ou marginais a<br />

ácidos e bases fortemente corrosivos. Então, a<br />

maioria dos problemas faciais que surgem com<br />

produtos para cuidados com a pele e cosméticos<br />

são do tipo de dermatite de contato irritante,<br />

manifestando-se como pele eritematosa,<br />

ardente e pruriginosa, que pode desenvolver<br />

microvesiculação e descamação posterior. A<br />

dermatite é caracterizada por dano no estrato<br />

córneo sem reação imunológica.<br />

A dermatite irritante facial, que resulta principalmente<br />

de cosméticos, se apresenta como<br />

pápulas e placas. Outra apresentação comum<br />

é uma “dermatite seborreica” com placas escamosas<br />

rosa nas bochechas e queixo. Menos<br />

comumente, os pacientes podem desenvolver<br />

placas urticariformes ou infiltradas.<br />

c) Dermatite fotoalérgica<br />

Esse tipo de reação alérgica ocorre após o contato<br />

com produtos cosméticos e a subsequente<br />

exposição à luz. Geralmente, essa reação se<br />

apresenta como queimadura solar que pode ser<br />

seguida por hiperpigmentação e descamação.<br />

Essa reação é formada por substâncias químicas<br />

capazes de absorver radiação, principalmente o<br />

ultravioleta A, e não possuir mecanismo imunológico<br />

definido. Suas manifestações clínicas<br />

variam de eritema, edema até vesiculação. A<br />

incidência de dermatite fotoalérgica é baixa<br />

e é causada principalmente pelas fragrâncias<br />

metilcumarina e ambreta de almíscar, agentes<br />

antibacterianos e ésteres do ácido para-aminobenzóico<br />

como agentes de proteção solar.<br />

A fotoalergia é uma reatividade imunológica<br />

alterada, adquirida, incomum, e dependente<br />

de um anticorpo imediato ou de uma reação<br />

imunológica retardada mediada por células.<br />

d) Ardência facial<br />

Há um grupo de pacientes que notam ardências<br />

ou queimaduras alguns minutos após<br />

a aplicação de um cosmético que se intensifica<br />

por 5 a 10 minutos e depois desaparece após<br />

15 minutos. Este efeito ocorre sem o paciente<br />

apresentar dermatite alérgica de contato ou<br />

dermatite irritante de contato com a substância<br />

aplicada. Os testes devem ser feitos na pele<br />

do paciente antes de usar esses componentes.<br />

Geralmente, substâncias como benzeno, fenol,<br />

ácido salicílico, resorcinol e ácido fosfórico são<br />

as principais causas de ardência na face.<br />

e) Vermelhidão<br />

A vermelhidão da pele causada por produtos<br />

cosméticos, principalmente sabonetes, está<br />

associada ao desequilíbrio no pH cutâneo.<br />

O sabão moderno é uma mistura de óleo de<br />

sebo e nozes, ou os ácidos graxos derivados<br />

desses produtos, na proporção de 4:1. Esse<br />

fato permite que o pH desses sabonetes seja<br />

geralmente alcalinizado (pH 9-10), o que<br />

pode gerar vermelhidão na pele, que normalmente<br />

tem um pH de 5,2-5,4. Idealmente,<br />

esses compostos devem ter pH neutro ou levemente<br />

acidificado. Outro motivo pelo qual a<br />

vermelhidão pode ocorrer é o uso de hidratantes<br />

com maior proporção oleosa, permitindo o<br />

aquecimento da pele ao longo do dia.<br />

V. Resultados<br />

Atualmente, a inovação, a pesquisa e o desenvolvimento<br />

de novos produtos cosméticos<br />

aumentaram o uso de compostos com ação<br />

conservante, surfactante, fragrâncias, manchas,<br />

etc. Essas substâncias aumentam a qualidade,<br />

a propriedade e o prazo de validade das<br />

formulações cosméticas, mas, por outro lado,<br />

muitas dessas substâncias pode ser prejudicial<br />

à saúde humana devido à exposição frequente,<br />

prolongada e indiscriminada. Existem várias<br />

agências em todo o mundo para regular o<br />

controle de qualidade, segurança e produção<br />

de produtos cosméticos, responsáveis por<br />

ajustar os padrões e diretrizes para o uso seguro<br />

e saudável de tais produtos pela população,<br />

minimizando os riscos à saúde. No entanto,<br />

não existe um órgão específico que regule o<br />

custo-benefício, a garantia de segurança no<br />

uso de substâncias com potencial tóxico quando<br />

aplicadas a produtos cosméticos.<br />

Este trabalho analisou várias substâncias<br />

com potencial tóxico para o corpo humano,<br />

que podem ser encontradas na formulação de<br />

vários produtos cosméticos em todo o mundo.<br />

Também revisamos as possíveis complicações<br />

de saúde relatadas pela literatura científica associadas<br />

ao uso de cosméticos e atribuídas a<br />

tais substâncias tóxicas. A literatura científica


evela que altas quantidades de conservantes<br />

químicos, perfumes e emulsificantes usados<br />

na fabricação de produtos cosméticos aumentam<br />

os efeitos colaterais e os riscos à saúde por<br />

meio de princípios químicos e físicos.<br />

Quimicamente, os compostos conservantes<br />

geralmente possuem estruturas químicas associadas<br />

a anéis aromáticos que geralmente têm<br />

potencial tóxico e capacidade de se ligar a elementos<br />

metálicos que promovem bioacumulação<br />

no corpo. Embora nem todos os compostos<br />

que apresentam potencial tóxico tenham seu<br />

mecanismo de toxicidade esclarecido na literatura,<br />

evidências clínicas obtidas pelos efeitos<br />

colaterais após o uso dessas substâncias apontam<br />

para o risco à saúde associado ao uso de<br />

cosméticos. O risco à saúde associado ao uso de<br />

cosméticos pode variar de uma reação simples<br />

de hipersensibilidade leve a um processo anafilático<br />

ou até uma intoxicação letal.<br />

O câncer também é uma complicação associada<br />

ao uso de cosméticos em face de evidências<br />

clínicas relatadas na literatura.<br />

Diante da ocorrência de efeitos colaterais, a<br />

iminência de complicações associadas ao uso<br />

de cosméticos contribui para um problema<br />

emergente de saúde pública, conclui-se que o<br />

processo de controle de qualidade na fabricação<br />

de produtos cosméticos não é totalmente<br />

eficaz na prevenção de riscos à saúde associados<br />

com o uso de produtos cosméticos.<br />

atribuídos às substâncias tóxicas comumente encontradas<br />

em suas formulações. Embora as várias<br />

estruturas de regulação e controle de qualidade<br />

de cosméticos em todo o mundo sejam bastante<br />

complexas e abrangentes, elas devem ser mais<br />

rigorosas na inclusão de novas substâncias com<br />

potencial tóxico na formulação de cosméticos<br />

para evitar danos à saúde humana.<br />

Para incentivar melhorias na fabricação, comercialização<br />

e uso de produtos cosméticos<br />

pela população, é necessário aplicar uma cosmovigilância<br />

unificada em todo o mundo. Essa<br />

estratégia de saúde pública é um meio genuíno<br />

de obter informações sobre a segurança de produtos<br />

cosméticos e seus ingredientes, evitando<br />

que os riscos associados ao uso de cosméticos<br />

se tornem um sério problema de saúde pública.<br />

Agradecimentos<br />

Os autores agradecem à professora Márcia<br />

Cury El-Cheikh por incentivar publicações independentes<br />

e por estimular a carreira profissional<br />

de seus alunos. Os autores agradecem ao Dr. Yuri<br />

Cavalcante pela revisão crítica e sugestões para<br />

a conclusão deste artigo de revisão. Os autores<br />

agradecem a Prof. Mariana Pereira Cabanel e o<br />

Prof. Sergio Lisboa Machado pelo apoio e incentivo<br />

intelectual. Os autores agradecem à Universidade<br />

Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).<br />

Referência:<br />

VI. Conclusão<br />

Os produtos cosméticos podem apresentar<br />

riscos à saúde e efeitos adversos recorrentes são<br />

• PEREIRA, J.X.; PEREIRA, T. C. Cosmetics and its<br />

Health Risks. GLOBAL JOURNAL OF MEDICAL RE-<br />

SEARCH, v. 18, p. 63-70, 2018.<br />

Revista <strong>Analytica</strong> | Out/Nov 2019<br />

17


Artigo 1<br />

Complemento Normativo - Artigo 1<br />

Referente ao artigo 1<br />

Disponibilizado por <strong>Analytica</strong> em parceria com Arena Técnica<br />

Riscos Biológicos Associados a Cosméticos<br />

ISO 24442<br />

Cosmetics — Sun protection test methods — In vivo determination of sunscreen UVA protection<br />

Norma publicada em: 12/2011. / Status: Vigente.<br />

Classificação 1: Cosméticos. Artigos de higiene pessoal<br />

Classificação 2: Norma recomendada.<br />

Artigo: Riscos Biológicos Associados a Cosméticos<br />

Entidade: ISO.<br />

País de procedência/Região: Suiça.<br />

https://www.iso.org/standard/46521.html<br />

ISO 11930<br />

Cosmetics — Microbiology — Evaluation of the antimicrobial protection of a cosmetic product<br />

Norma publicada em: 01/2019. / Status: Vigente.<br />

Classificação 1: Microbiologia de cosméticos<br />

Classificação 2: Norma recomendada<br />

Artigo: Riscos Biológicos Associados a Cosméticos<br />

Entidade: ISO.<br />

País de procedência/Região: Suiça.<br />

https://www.iso.org/standard/75058.html<br />

ISO 16212<br />

Cosmetics — Microbiology — Enumeration of yeast and mould<br />

Norma publicada em: 06/2017. / Status: Vigente.<br />

Classificação 1: Microbiologia de cosméticos<br />

Classificação 2: Norma recomendada<br />

Artigo: Riscos Biológicos Associados a Cosméticos<br />

Entidade: ISO.<br />

País de procedência/Região: Suiça.<br />

https://www.iso.org/standard/72241.html<br />

ABNT NBR ISO 16128-1<br />

Diretrizes sobre definições técnicas e critérios para ingredientes e produtos cosméticos naturais<br />

e orgânicos<br />

Norma publicada em: 10/2018. / Status: Vigente.<br />

Classificação 1: Cosméticos. Artigos de higiene pessoal.<br />

Classificação 2: Norma recomendada.<br />

Artigo: Riscos Biológicos Associados a Cosméticos<br />

Entidade: ABNT.<br />

País de procedência/Região: Brasil.<br />

https://www.abntcatalogo.com.br/norma.aspx?ID=406818<br />

ABNT NBR ISO 21149<br />

Cosméticos - Microbiologia - Contagem e detecção de bactérias mesófilas aeróbicas<br />

Norma publicada em: 06/2008. / Status: Vigente.<br />

Classificação 1: Outras normas relacionadas à microbiologia.<br />

Classificação 2: Norma recomendada.<br />

Artigo: Riscos Biológicos Associados a Cosméticos<br />

Entidade: ABNT.<br />

País de procedência/Região: Brasil.<br />

https://www.abntcatalogo.com.br/norma.aspx?ID=1213<br />

ABNT NBR ISO 22718<br />

Cosméticos - Microbiologia - Detecção de Staphylococcus aureus<br />

Norma publicada em: 06/2008. / Status: Vigente.<br />

Classificação 1: Outras normas relacionadas à microbiologia.<br />

Classificação 2: Norma recomendada.<br />

Artigo: Riscos Biológicos Associados a Cosméticos<br />

Entidade: ABNT.<br />

País de procedência/Região: Brasil.<br />

https://www.abntcatalogo.com.br/norma.aspx?ID=1156<br />

ABNT NBR 16160<br />

Bisnaga de alumínio para produtos cosméticos — Requisitos e métodos de ensaio<br />

Norma publicada em: 03/2013. / Status: Vigente.<br />

Classificação 1: Cosméticos. Artigos de higiene pessoal.<br />

Classificação 2: Norma recomendada.<br />

Artigo: Riscos Biológicos Associados a Cosméticos<br />

Entidade: ABNT.<br />

País de procedência/Região: Brasil.<br />

https://www.abntcatalogo.com.br/norma.aspx?ID=196481<br />

18<br />

Revista <strong>Analytica</strong> | Out/Nov 2019


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Artigo 2<br />

1Centro Universitário de Formiga, Curso de Engenharia Química<br />

2Centro Universitário de Formiga, Pesquisador UNIFOR-MG<br />

3Serviço Autônomo de Água e Esgoto SAAE – Formiga-MG<br />

E-mail: luanacamargos_gomes@hotmail.com<br />

Autores:<br />

Luana Cristina Camargos. Gomes1 ,<br />

Alex Magalhães de Almeida2 ,<br />

Flávio Leonildo de Melo3<br />

Avaliação de Metais e Qualidade da Água<br />

em trechos do rio Paraopeba após o<br />

rompimento da barragem do Corrego<br />

do Feijão: Uma visão do fato frente ao<br />

equilíbrio do meio ambiente.<br />

20<br />

Revista <strong>Analytica</strong> | Out/Nov 2019<br />

Imagem Ilustrativa<br />

Resumo<br />

A mineração é uma atividade econômica essencial<br />

e significativa para a economia brasileira,<br />

pois contribui para o desenvolvimento do país e<br />

da sociedade, desde que seja efetuada com responsabilidade<br />

e princípios norteados pela sustentabilidade.<br />

O emprego das barragens de rejeitos<br />

em atividades de mineração é uma das formas de<br />

controle dos resíduos que apresentam resultados<br />

significativos quando executados de maneira<br />

correta. Mas analisando o seu potencial de danos<br />

ambientais e sociais, a construção de barragens<br />

concebe grandes riscos, quando mal dimensionadas.<br />

O presente trabalho analisou a concentração<br />

de metais pesados nas águas do Rio Paraopeba<br />

e na lama de rejeitos, sendo também avaliados<br />

os parâmetros físico-químicos das águas, após<br />

o rompimento da barragem de Brumadinho,<br />

em Minas Gerais. Foram coletadas amostras de<br />

água correspondentes a uma área não afetada<br />

pela lama (P1), área afetada pela lama despejada<br />

(P2), Brumadinho (P3) e Belo Horizonte (P4) e a<br />

lama próxima ao Rio Paraopeba (P5), local este<br />

afetado pelos rejeitos. Posteriormente foram caracterizadas<br />

quanto aos teores de Chumbo (Pb),<br />

Cromo (Cr), Ferro (Fe), Manganês (Mn), Mercúrio<br />

(Hg) e Níquel (Ni) por espectrofotometria UV-VIS.<br />

As maiores concentrações (em mg L-1) dos metais<br />

nas águas foram observadas nos pontos: Fe<br />

P3 (1,50); Mn P2 (0,30) e P3 (0,30); Hg P1 (4,46)<br />

e P4 (4,81) e Ni P4 (3,31). Para a lama no ponto<br />

P5: Fe (3,290); Mn (260,98) e Pb (0,26), sendo<br />

que as concentrações, nesse ponto, estão respectivamente<br />

10,9 mil, 2,6 mil e 26 vezes maior que<br />

o valor máximo permitido (VMP) pela legislação<br />

brasileira, para Classe II de qualidade das águas.<br />

Para realização das análises físico-químicas,<br />

foram avaliados os seguintes parâmetros: pH,<br />

oxigênio dissolvido, sólidos totais dissolvidos,<br />

condutividade e turbidez. Na análise dos parâmetros<br />

físico-químicos, em todos os pontos, foram<br />

obtidos valores dentro dos limites estabelecidos.<br />

Devem ser intensificadas ações de vigilância para<br />

a qualidade da água e recuperação da área, o que<br />

necessita intervenções do poder público e da sociedade,<br />

para reduzir os teores de contaminantes<br />

tóxicos lançados, visando à recuperação do ecossistema<br />

aquático.<br />

Palavras-chave: Mineração, Barragens, Qualidade<br />

da Água, Metais Pesados, Espectrofotometria<br />

UV-VIS.<br />

Abstract<br />

Mining is an essential and significant economic<br />

activity for the Brazilian economy, as it contributes<br />

to the development of the country and<br />

society, provided it is carried out with responsibility<br />

and principles guided by sustainability.<br />

The use of tailings dams in mining activities is<br />

one of the forms of waste control that present<br />

significant results when properly executed. But<br />

by analyzing its potential for environmental and<br />

social damage, dam construction poses major<br />

risks when mis-sized. The present work analyzed<br />

the concentration of heavy metals in the waters<br />

of the Paraopeba River and in the tailings sludge,<br />

as well as the physicochemical parameters of<br />

the waters after the Brumadinho dam rupture in<br />

Minas Gerais. Water samples were collected corresponding<br />

to an area not affected by the mud<br />

(P1), area affected by the poured mud (P2),<br />

Brumadinho (P3) and Belo Horizonte (P4) and<br />

the mud near the Paraopeba River (P5). by the<br />

tailings. Subsequently, they were characterized<br />

for lead (Pb), chromium (Cr), iron (Fe), manganese<br />

(Mn), mercury (Hg) and nickel (Ni) levels<br />

by UV-VIS spectrophotometry. The highest<br />

concentrations (in mg L-1) of the metals in the<br />

waters were observed in the points: Fe P3 (1,50);<br />

Mn P2 (0,30) and P3 (0,30); Hg P1 (4,46) and<br />

P4 (4,81) and Ni P4 (3,31). For the mud at point<br />

P5: Fe (3,290); Mn (260,98) and Pb (0,26), and<br />

the concentrations at this point are respectively<br />

10,9 thousand, 2,6 thousand and 26 times higher<br />

than the maximum allowed value (MPV)<br />

by Brazilian Water quality class II. To perform the


physicochemical analyzes, the following parameters<br />

were evaluated: pH, dissolved oxygen,<br />

total dissolved solids, conductivity and turbidity.<br />

In the analysis of the physicochemical parameters,<br />

in all points, values were obtained within<br />

the established limits. Surveillance actions for<br />

water quality and restoration of the area should<br />

be intensified, which requires interventions by<br />

the government and society to reduce the levels<br />

of toxic contaminants released, aiming at the<br />

recovery of the aquatic ecosystem.<br />

Keywords: Mining, Dams, Water Quality, Heavy<br />

Metals, UV-VIS Spectrophotometry.<br />

Introdução<br />

Análise da História e importância<br />

econômica<br />

A mineração é uma das atividades econômicas<br />

mais antigas e habituais do Brasil. O<br />

advento de grupos organizados, aventureiros<br />

e membros da corte portuguesa, iniciaram-se<br />

a busca por ouro nos primórdios do século<br />

XVII, em Minas Gerais (SOBREIRA E FONSECA,<br />

2001). Segundo o IBRAM, a produção de minerais,<br />

assim como a procura e descoberta de<br />

jazidas, foram atreladas à história e ao desenvolvimento<br />

do país (IBRAM, 2003).<br />

Em pesquisas noticiadas no ano de 2015, o<br />

IBRAM qualificou Minas Gerais como sendo<br />

o estado minerador mais formidável do país,<br />

a mineração está presente em mais de 400<br />

municípios mineiros, extraindo mais de 180<br />

milhões de toneladas por ano de minério de<br />

ferro. Sendo responsável por aproximadamente<br />

53% da população brasileira de minerais<br />

metálicos e 29% de minérios em geral<br />

(IBRAM, 2015).<br />

A concepção do estado de Minas Gerais<br />

tem sua ascendência na indústria extrativa<br />

mineral. Diversas cidades mineiras apresentaram<br />

sua origem fortemente vinculada<br />

à mineração, estas que posteriormente tornaram-se<br />

influentes no aspecto econômico,<br />

social e político. É considerado o maior pólo<br />

siderúrgico do Brasil, proveniente do minério<br />

de ferro, bauxita, manganês e ouro, extraídos<br />

no Quadrilátero Ferrífero (QF), regiões geológicas<br />

localizadas no centro do estado de<br />

Minas Gerais, que perfaz mais expressivas<br />

em recursos minerais.<br />

O Quadrilátero Ferrífero é uma área geológica<br />

que se totaliza aproximadamente 7000<br />

Km2, estimado como a maior província de<br />

minério do Brasil, estende-se no centro-sudeste<br />

do estado de Minas Gerais (ROESER E<br />

ROESER, 2010). Composto pelos municípios<br />

mineiros: Barão de Cocais, Bela Vista de Minas,<br />

Belo Horizonte, Belo Vale, Betim, Brumadinho,<br />

Caeté, Catas Altas, Congonhas, Conselheiro<br />

Lafaiete, Ibirité, Igarapé, Itabira, Itabirito, Itatiaiuçu,<br />

Itaúna, Jeceaba, João Monlevade, Mário<br />

Campos, Mariana, Mateus Leme, Moeda,<br />

Nova Lima, Ouro Branco, Ouro Preto, Piranga,<br />

Raposos, Ribeirão das Neves, Rio Acima, Rio<br />

Manso, Rio Piracicaba, Sabará, Santa Bárbara,<br />

Santa Luzia, São Brás do Suaçuí, São Gonçalo<br />

do Rio Abaixo, São Joaquim das Bicas, Sarzedo<br />

(DINIZ et al., 2014).<br />

Também se dispõe pelo circuito hidrográfico<br />

concebido pela Bacia do Rio Doce e do Rio São<br />

Francisco. A primeira é composta pela bacia do<br />

Rio Piracicaba, e a segunda, pelas sub-bacias<br />

do Rio das Velhas e do Rio Paraopeba (NUNES<br />

et al.,2012).<br />

Os municípios que compõem o Quadrilátero<br />

Ferrífero são importantes para a economia mineira.<br />

Caracterizados por uma estrutura produtiva<br />

fundamentada, sobretudo na indústria<br />

extrativa e de transformação, revela um bom<br />

indicador em termos de atividades econômicas<br />

quanto de mão-de-obra, como também<br />

no mercado consumidor.<br />

Para compreender a importância do domínio<br />

mineral brasileiro em panorama mundial,<br />

se faz imprescindível apresentar as reservas<br />

minerais nas quais o Brasil possui maior importância.<br />

Segundo o DNPM (2015), o Brasil é<br />

líder mundial nas reservas de Nióbio (98,2%)<br />

e Grafita Natural (50%). Detém a segunda<br />

colocação de Tântalo (33,8%), Terras Raras<br />

(17,4%) e Níquel (14,7%). Os minérios de Barita<br />

(18,5%), Manganês (18,3%), Vermiculita<br />

(10,1%), Estanho (9,2%) e Alumínio (9,2%)<br />

tem o Brasil como possuidor da terceira maior<br />

reserva. O Brasil apresenta a quarta colocação<br />

em reservas com 11,9% do total existente no<br />

mundo em minério de Ferro.<br />

De modo, a produção mineral brasileira se<br />

centraliza no estado de Minas Gerais e em outros<br />

7 estados da federação, além da participação<br />

de outros 19 estados, incluindo o Distrito<br />

Federal, como ressalta a Figura 1.<br />

Figura 1 - Produção extrativa mineral entre os estados brasileiros em 2015<br />

Fonte: Elaboração própria segundo dados do DNPM<br />

Na produção interna brasileira, os 20 minérios<br />

mais produzidos em valor de operação no<br />

país são: Ferro (53,59%), Ouro (9,68%), Cobre<br />

(8,16%), Alumínio (3,86%), Granito (3,38%),<br />

Calcário Dolomítico (2,90%), Areia (1,98%),<br />

Água Mineral (1,88%), Fosfato (1,65%), Níquel<br />

(1,28%), Basalto (1,25%), Gnaisse (1,14%),<br />

Antracito (0,97%), Caulim (0,84%), Manganês<br />

(0,83%), Nióbio (0,69%), Amianto (0,65%),<br />

Sais de Potássio (0,59%), Estanho (0,51%) e<br />

Argila (0,49%), que somados compreendem<br />

96,32% da produção brasileira (DNPM 2015).<br />

Percebe-se grande influência dos municípios<br />

em relação ao Estado Mineiro, em meio a<br />

classificação interna no território brasileiro por<br />

município. A operação mineral brasileira fica<br />

fragmentada entre os municípios brasileiros,<br />

como mostra a Figura 2:<br />

Figura 2 - Municípios brasileiros com maior valor de operação extrativa<br />

mineral em 2015<br />

Fonte: Elaboração própria segundo dados do DNPM<br />

Para Nunes (2010), mineração é uma atividade<br />

econômica essencial, importante para o<br />

desenvolvimento da humanidade, pois propicia<br />

a fabricação de ferramentas e utensílios<br />

fundamentais para a sobrevivência humana.<br />

É significativa para a economia brasileira, pois<br />

contribui para o aumento da infraestrutura local<br />

e benefícios da região, exportação do país,<br />

geração de empregos e rendas, desde que seja<br />

atuada com responsabilidade social, permanecendo<br />

presentes os princípios do desenvolvimento<br />

sustentável.<br />

Revista <strong>Analytica</strong> | Out/Nov 2019<br />

21


Artigo 2<br />

Imagem Ilustrativa<br />

Autores:<br />

Luana Cristina Camargos. Gomes1 ,<br />

Alex Magalhães de Almeida2 ,<br />

Flávio Leonildo de Melo3<br />

22<br />

Revista <strong>Analytica</strong> | Out/Nov 2019<br />

Em contrapartida, a extração mineral é uma<br />

atividade de elevado potencial impactante perante<br />

o meio ambiente, em exclusivo sobre a<br />

qualidade das águas, a biota, sobre o relevo e a<br />

população entorno as áreas de mineração. Por<br />

se abordar de um recurso natural não renovável,<br />

a “sustentabilidade ambiental” deve ser<br />

considerada inadmissível, quanto ao conceito<br />

da atividade exploradora.<br />

O emprego de barragens de rejeitos na mineração<br />

é um dos métodos de disposição de resíduos<br />

mais usados que proporcionam resultados<br />

satisfatórios quando bem executados. Em contrapartida,<br />

essas estruturas de contenção podem<br />

ser rompidas perante o grande volume de<br />

rejeitos gerados, quando mal dimensionadas ou<br />

executadas, tornando-se num agente de danos<br />

ambientais que, além de destruir a infraestrutura<br />

da sociedade próxima ao local e impactar<br />

a fauna e a flora, pode levar a perdas de vidas<br />

humanas (Duarte, 2008).<br />

Compreende-se que as sociedades mais<br />

avançadas necessitam de uma maior utilização<br />

de bens minerais, de modo em que toda<br />

a indústria depende direta ou indiretamente<br />

desde setor. Com isso, a mineração acarreta<br />

um determinado nível de risco, mas em função<br />

da sua necessidade e da perspectiva de<br />

lucro, é benquista por aqueles que aceitam<br />

também seus efeitos. O desmatamento, a poluição,<br />

assoreamento de rios, contaminação do<br />

solo e água por produtos químicos e a produção<br />

de rejeitos, são alguns danos ambientais<br />

causados por esse processo.<br />

Toxicidade dos metais<br />

Os metais estão presentes facilmente no<br />

meio ambiente, mesmo que não exista atuação<br />

antrópica o avanço na concentração pode<br />

advir tanto por processos naturais quanto por<br />

atividades humanas. No Brasil, a mineração<br />

tem contribuído com a liberação de rejeitos<br />

que se compõem como uma das formas fundamentais<br />

de contaminação do solo e da água<br />

por metais pesados. A emissão de contaminantes<br />

se define por constantes variações nas<br />

características físico-químicas da água, como<br />

salinidade, temperatura e pH, alterando a<br />

biodisponibilidade dos mesmos e a toxicidade<br />

dos metais presentes (Witters, 1998).<br />

A atividade humana tem contribuído notavelmente<br />

com o acúmulo destes contaminantes<br />

nos mais diferentes ecossistemas. Conforme<br />

a concentração destes contaminantes no<br />

ambiente, interação com organismo alvo e o<br />

meio, poderão oferecer sérios riscos à biota,<br />

tornando-se um grande poluente (Rand&Petrocelli,<br />

1985). Estes contaminantes tais como<br />

ferro (Fe), manganês (Mn), cromo (Cr) e cobre<br />

(Cu), são elementos essenciais em baixas concentrações<br />

para processos biológicos. Outros<br />

como chumbo (Pb), arsênio (As) e cádmio<br />

(Cd) são avaliados não essenciais à biota, pois<br />

não apresentam nenhuma função biológica<br />

reconhecida (Bianchini, 2016, Pais & Jones Jr.,<br />

1997; Wood et al., 2011).<br />

Por conseguinte, a poluição aquática pode<br />

trazer sérias consequências, tanto econômicas<br />

(redução da produção pesqueira) quanto ecológicas<br />

(diminuição da densidade e diversidade<br />

biológica). Além disso, muitos poluentes são<br />

transferidos e acumulados ao longo das cadeias<br />

alimentares, ameaçando também de forma<br />

indireta a saúde de seus consumidores, que<br />

podem ser tanto organismos aquáticos quanto<br />

seres humanos (Rodríguez-Ariza et al., 1999).<br />

Portanto, a emissão destes contaminantes<br />

químicos está regulamentado, em função do<br />

dano ambiental que os metais podem expor<br />

à biota e ao ambiente aquático. Em diferentes<br />

países, até mesmo no Brasil, os níveis de lançamento<br />

de metais estão fundamentados na<br />

concentração total ou dissolvidos do metal no<br />

ambiente aquático ou no efluente. No Brasil, a<br />

regulamentação é apresentada Resolução 357<br />

de 17/03/2005, alterada pelas Resoluções<br />

410/2009 e 430/2011, do Conselho Nacional<br />

do Meio Ambiente (CONAMA, 2005). Esta legislação<br />

apodera-se sobre a categorização dos<br />

corpos de água e estabelece as diretrizes ambientais<br />

para o seu ajuste, assim como determina<br />

os padrões e condições de lançamento<br />

de efluentes, e oferece diferentes providências.<br />

O desastre de Brumadinho (MG)<br />

As barragens de propriedade da Samarco<br />

Mineração S.A., uma empresa fundada no<br />

ano de 1977, que atualmente é controlada<br />

pela Companhia Vale do Rio Doce S.A. e pela<br />

anglo-australiana BHP Billinton, foram projetadas<br />

e construídas para acomodar os rejeitos<br />

provenientes da extração do minério de ferro<br />

da região (IBAMA, 2015). A cidade de Brumadinho,<br />

a 65 Km de Belo Horizonte, em Minas<br />

Gerais, pertence ao quadrilátero ferrífero, devido<br />

a sua intensidade de recursos minerais,<br />

que em 25 de janeiro de 2019, rompeu sua<br />

barragem de rejeitos, acarretando-se a erosão,<br />

despejando cerca de 12,7 milhões de metros<br />

cúbicos de rejeito de mineração no vale do rio<br />

Paraopeba (IBAMA, 2019).<br />

A nascente do Rio Paraopeba está localizada<br />

ao sul no município de Cristiano Otoni e sua foz<br />

está na represa de Três Marias, 330 Km de Brumadinho,<br />

no município de Felixlândia, ambos<br />

em Minas Gerais. A extensão do rio é de 546,5<br />

Km e sua bacia cobre 13643 km2 e 48 municípios.<br />

Seus principais efluentes são os rios Águas<br />

Claras, Macaúbas, Camapuã, Betim, Manso e o<br />

Ribeirão Serra Azul, sendo os três últimos cursos<br />

de água represados para formação dos três reservatórios<br />

que compõem o Sistema Paraopeba:<br />

Sistema Vargem das Flores, Sistema Rio Manso<br />

e Sistema Serra Azul, respectivamente. Os três


sistemas funcionam de forma integrada para<br />

abastecimento, trata-se de um conjunto de preservação,<br />

captação de água para vários municípios<br />

da bacia incluindo a Região Metropolitana<br />

de Belo Horizonte, tratamento e distribuição de<br />

água (CAVALCANTI, 2019).<br />

Segundo o Ibama (2019), dados preliminares<br />

adquiridos através de imagens de satélite<br />

(Figura 3), no trecho da barragem da mina<br />

Córrego do Feijão até a confluência com o rio<br />

Paraopeba, dois dias depois do rompimento,<br />

indicam que o rompimento de barragem da<br />

mineradora Vale em Brumadinho (MG) causou<br />

a destruição de pelo menos 269,84 hectares.<br />

Análise desempenhada pelo Centro Nacional<br />

de Monitoramento e Informações Ambientais<br />

(Cenima) do Ibama destaca que os rejeitos<br />

de mineração destruíram 133,27 hectares de<br />

vegetação nativa de Mata Atlântica e 70,65<br />

hectares de Áreas de Preservação Permanente<br />

Tabela 1<br />

Tabela 1: Coordenadas geográficas dos pontos de coleta de água<br />

no rio Paraopeba<br />

Tabela 1. Coordenadas geográficas dos pontos de coleta de água no rio Paraopeba.<br />

Ponto S (m) W (m) Elevação (m)<br />

P1 20°10’36” 44°08’57” 749<br />

P2 20°09’16” 44°09’54” 740<br />

P3 20°08’26” 44°12’03” 736<br />

P4 19°58’19” 44°16’38” 716<br />

Fonte: Google Earth Pro, 2015<br />

Tabela 2<br />

MATERIAL E MÉTODOS<br />

Área de coleta<br />

Foram coletadas amostras de água no Rio<br />

Paraopeba, em quatro pontos distintos, situados<br />

nas proximidades da região de Brumadinho,<br />

em Minas Gerais (Tabela 1).<br />

Figura 4 - Área não afetada<br />

Tabela 2. Coordenadas geográficas do ponto de coleta da lama próximo ao rio Paraopeba.<br />

Ponto S (m) W (m) Elevação (m)<br />

P5 20º9’14,16” 44º9’32,39” 735<br />

Fonte: Google Earth Pro, 2015<br />

Fonte: Google Earth Pro, 2015<br />

O primeiro ponto (Figura 4 e 5) corresponde a<br />

uma área primeiramente não afetada pela lama.<br />

O segundo ponto (Figura 6 e 7) é referente a uma<br />

área afetada pela lama lançada através do rompimento<br />

da barragem. A amostragem no terceiro<br />

ponto (Figura 8) foi realizada na cidade de Brumadinho.<br />

E a amostragem no quarto ponto (Figura<br />

9 na Rodovia BR 262-Belo Horizonte.<br />

As amostras de água para a determinação<br />

das concentrações dos metais foram coletadas<br />

utilizando-se uma garrafa do tipo “van Dorn”<br />

Figura 5 - Área não afetada<br />

Figura 3 - Imagem de satélite da área atingida pela lama da barragem<br />

em Brumadinho<br />

Fonte: Google Earth Pro, 2015<br />

Fonte: Google Earth Pro, 2015<br />

Fonte: Elaboração própria segundo dados do DNPM<br />

(APP) ao longo de cursos d’água afetados.<br />

A análise foi realizada no trecho da barragem<br />

da mina Córrego do Feijão até a confluência<br />

com o rio Paraopeba. Após o acidente, o caminho<br />

da lama comprometeu a qualidade<br />

da água em muitos municípios, provocando<br />

a suspensão imediata da captação (Figura 3).<br />

São indiscutíveis os danos causados pela<br />

tragédia, porém, o presente trabalho propõe<br />

averiguar tão somente o dano ambiental. Valendo-se<br />

por meio de pesquisa exploratória,<br />

verificar em especial, a contaminação da água<br />

do rio Paraopeba e da lama de rejeitos por metais<br />

pesados.<br />

Figura 6 - Área de impacto imediato<br />

Fonte: Google Earth Pro, 2015<br />

Figura 7 - Área de impacto imediato<br />

Fonte: Google Earth Pro, 2015<br />

Revista <strong>Analytica</strong> | Out/Nov 2019<br />

23


Artigo 2<br />

Imagem Ilustrativa<br />

Autores:<br />

Luana Cristina Camargos. Gomes1 ,<br />

Alex Magalhães de Almeida2 ,<br />

Flávio Leonildo de Melo3<br />

24<br />

Tabela 1<br />

Revista <strong>Analytica</strong> | Out/Nov 2019<br />

e armazenadas em recipientes de polietileno<br />

(PET) higienizados com água destilada, posteriormente<br />

sendo identificadas, conservadas<br />

em caixas térmicas, onde foram mantidas<br />

Ponto<br />

resfriadas até<br />

S (m)<br />

o seu uso,<br />

W (m)<br />

no laboratório<br />

Elevação (m)<br />

de<br />

P1 20°10’36” 44°08’57” 749<br />

pesquisa. P2 20°09’16” As amostras 44°09’54” foram coletadas 740 no dia<br />

P3 20°08’26” 44°12’03” 736<br />

28 P4 de maio 19°58’19” de 2019, no 44°16’38” período entre 716 10:00 e<br />

15:00 horas.<br />

Também foram coletadas amostras da lama<br />

de rejeitos lançada após o rompimento da barragem<br />

da mina Córrego do Feijão, próximo ao<br />

Rio Paraopeba (Tabela 2).<br />

Tabela 1. Coordenadas geográficas dos pontos de coleta de água no rio Paraopeba.<br />

Fonte: Google Earth Pro, 2015<br />

Tabela 2<br />

Tabela 2: Coordenadas geográficas do ponto de coleta da lama próximo<br />

ao rio Paraopeba.<br />

Tabela 2. Coordenadas geográficas do ponto de coleta da lama próximo ao rio Paraopeba.<br />

Ponto S (m) W (m) Elevação (m)<br />

P5 20º9’14,16” 44º9’32,39” 735<br />

Fonte: Google Earth Pro, 2015<br />

Figura 8 - Brumadinho/MG<br />

Fonte: Google Earth Pro, 2015<br />

Determinação dos metais<br />

As determinações dos metais foram feitas<br />

em triplicada por meio de espectrofotometria<br />

UV-VIS, para todas as amostras. Os metais<br />

verificados foram: cromo (Cr), chumbo (Pb),<br />

ferro (Fe), manganês (Mn), mercúrio (Hg) e<br />

níquel (Ni).<br />

Para a lama, primeiramente submeteu-se<br />

Figura 9 - Rodovia BR 262-BH<br />

Fonte: Google Earth Pro, 2015 Fonte: Google Earth Pro, 2015<br />

a um ataque ácido sob aquecimento. Em seguida,<br />

filtrou-se os extratos e completou-se<br />

o volume até 100 mL com água deionizada,<br />

posteriormente sendo utilizados para a determinação<br />

dos metais.<br />

Para a determinação dos teores de cromo (Cr)<br />

dispôs-se de uma solução homogenia composto<br />

por: 10,0 mL de acetona e 2 gotas de ácido<br />

nítrico. Como reagente complexante, utilizou-se<br />

o difenilcarbazida em etanol. As leituras de<br />

absorvância foram feitas em λmax = 540 nm<br />

(máximo de ABS do complexo). Para obtenção<br />

da curva de calibração, utilizaram-se soluções<br />

de cromo nas concentrações de 0 a 30 mg.L-<br />

1, obtendo-se a equação ABS = 0,044[Cr] +<br />

0,022, sendo o valor de R2 = 0,997.<br />

Para o elemento chumbo (Pb), utilizou-se<br />

como meio reacional um sistema homogêneo<br />

composto por: 2,0 mL de água, 12,0 mL<br />

de etanol e 5,0 mL de clorofórmio. Como<br />

reagente complexante, utilizou-se o 1-(2-piridilazo)-2-naftol<br />

preparado em clorofórmio.<br />

As leituras de absorvância foram feitas em<br />

λmax = 562 nm (máximo de ABS do complexo).<br />

Para obtenção da curva de calibração,<br />

utilizaram-se soluções de chumbo nas concentrações<br />

de 0,1 a 1,0 mg.L-1, obtendo-se a<br />

equação ABS = 1,4316[Pb] + 0,0344, sendo<br />

o valor do R² = 0,996.<br />

Para avaliar o teor de ferro (Fe), utilizou-se como<br />

reagente complexante tiocianato sendo as leituras<br />

realizadas em λmax = 480 nm. Para a obtenção<br />

da curva de calibração utilizou-se soluções de ferro<br />

nas concentrações de 0,0 a 75,0 mg.L-1, caracterizada<br />

pela equação ABS = 0,005[Fe] – 0,005,<br />

sendo o valor do R2 = 0,992.<br />

Na determinação dos teores de mercúrio<br />

(Hg), utilizou-se como meio reacional água-<br />

-etanol-metilisobutilcetona na proporção de<br />

2,0 mL, 5 mL e 2 mL, respectivamente. Foi<br />

empregado como base a reação de complexação<br />

entre o reagente ditizona e o íon metálico<br />

e as leituras de absorvância foram efetuadas<br />

em λmax = 500 nm. A curva de calibração foi<br />

elaborada entre as concentrações de 0 a 20<br />

mg.L-1 de mercúrio, obtendo-se a equação<br />

ABS=0,037[Hg] + 0,354 com R2 = 0,988.<br />

Na determinação dos teores de manganês<br />

(Mn), utilizou-se um sistema ternário homogêneo<br />

de solventes estabelecidos por água-<br />

-etanol-clorofórmio sendo o reagente 8-hidroxiquinolina<br />

utilizado como complexante.<br />

As leituras de absorvância foram realizadas<br />

em λmax = 420 nm. Utilizaram-se soluções<br />

de manganês nas concentrações de 0 a 0,25<br />

mg.L-1 para a obtenção da curva de calibração,<br />

obtendo-se a equação ABS = 0,0061[Mn] +<br />

0,004 com R2 = 0,999.<br />

Para o elemento Níquel, utilizou-se como<br />

reagente complexante dimetilglioxima sendo<br />

as leituras realizadas em λmax = 360<br />

nm. Para a obtenção da curva de calibração<br />

utilizou-se soluções de níquel nas concentrações<br />

de .0 a 5,0. mg.L-1, caracterizada pela<br />

equação ABS = 0,0294[Ni] + 0,0057, sendo<br />

o valor do R2 = 0,998.


RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

Os dados obtidos nas Tabelas 3 e 4, foram<br />

comparados com os valores legais da legislação<br />

vigente, referentes a Classe II de qualidade<br />

segundo Resolução nº 357 do Conselho<br />

Tabela 3<br />

Nacional do Meio Ambiente – CONAMA, de<br />

17 de Março de 2005 e pela Portaria nº 36 do<br />

Ponto amostragem<br />

VMP<br />

Metal Ministério P1 P2 da Saúde, P3 de 19 P4 de Janeiro CONAMA de Ministério 1990. da Saúde<br />

Tabela 3. Concentrações médias (mg L -1 ) dos metais avaliados nas amostras de água<br />

coletadas no Rio Paraopeba, Minas Gerais.<br />

Cr 0,045 0,035 0,052 0,048 0,05 0,05<br />

Pb 2,65 2,58 2,72 2,48 0,01 0,05<br />

Fe 1, 25 Tabela 3 1,36 1,50 0,99 0,30 0,3<br />

Mn 0,10 0,30 0,30 0,20 0,10 0,1<br />

Hg 4,46 2,65 3,22 4,81 0,0002 0,001<br />

Tabela 3: Concentrações médias (mg L-1) dos metais avaliados nas amos-<br />

Ni 1,07 1,75 1,27 3,31 0,025<br />

Tabela 3. Concentrações médias (mg L -1 ) dos metais avaliados nas amostras de água<br />

VMP tras<br />

coletadas<br />

= Valor de água coletadas no Rio Paraopeba, Minas Gerais.<br />

no<br />

máximo<br />

Rio Paraopeba,<br />

permitido<br />

Minas<br />

pela<br />

Gerais.<br />

Resolução CONAMA 357/05 para classe II de<br />

qualidade de águas e Portaria Ponto 36 de do amostragem Ministério da Saúde.<br />

VMP<br />

Metal P1 P2 P3 P4 CONAMA Ministério da Saúde<br />

Cr 0,045 0,035 0,052 0,048 0,05 0,05<br />

Pb 2,65 2,58 2,72 2,48 0,01 0,05<br />

Fe 1, 25 1,36 1,50 0,99 0,30 0,3<br />

Mn 0,10 0,30 0,30 0,20 0,10 0,1<br />

Hg 4,46 2,65 3,22 4,81 0,0002 0,001<br />

Ni 1,07 1,75 1,27 3,31 0,025<br />

VMP = Valor máximo permitido pela Resolução CONAMA 357/05 para classe II de<br />

qualidade de águas e Portaria 36 do Ministério da Saúde.<br />

VMP = Valor máximo permitido pela Resolução CONAMA 357/05 para<br />

classe II de qualidade de águas e Portaria 36 do Ministério da Saúde.<br />

Tabela 4<br />

Tabela 4: Concentrações médias (mg L-1) dos metais avaliados nas amos-<br />

Tabela 4. Concentrações médias (mg L -1 ) dos metais avaliados nas amostras de lama<br />

coletadas<br />

tras de<br />

próximo<br />

lama<br />

ao<br />

coletadas<br />

Rio Paraopeba,<br />

próximo<br />

Minas<br />

ao Rio<br />

Gerais.<br />

Paraopeba, Minas Gerais.<br />

Ponto de amostragem<br />

VMP<br />

P5 Metal CONAMA Ministério da Saúde<br />

Tabela 4<br />

Cr 0,04 0,05 0,05<br />

Pb 0,26 0,01 0,05<br />

Fe 3.290 0,3 0,3<br />

Tabela Mn 4. Concentrações 260,98 médias (mg L -1 ) dos metais 0,1 avaliados nas amostras 0,1 de lama<br />

coletadas próximo ao Rio Paraopeba, Minas Gerais.<br />

Hg 2,33 0,0002 0,001<br />

Ponto de amostragem<br />

VMP<br />

Ni 0,07 0,025<br />

P5 CONAMA Metal Ministério da Saúde<br />

VMP = Valor Cr máximo permitido 0,04 pela Resolução CONAMA 0,05 357/05 para 0,05 classe II de<br />

qualidade VMP de Pb águas = Valor e Portaria máximo 36 0,26 permitido Ministério pela da Resolução Saúde. 0,01 CONAMA 357/05 0,05 para<br />

Fe 3.290 0,3 0,3<br />

classe II de qualidade de águas e Portaria 36 do Ministério da Saúde.<br />

Mn 260,98 0,1 0,1<br />

Hg 2,33 0,0002 0,001<br />

Ni 0,07 0,025<br />

VMP = Valor máximo permitido pela Resolução CONAMA 357/05 para classe II de<br />

qualidade de águas e Portaria 36 do Ministério da Saúde.<br />

Ferro<br />

A Tabela 3 e 4 evidencia as concentrações<br />

dos metais nas amostras analisadas. Os valores<br />

obtidos de ferro na água apresentaram-se superiores<br />

a 0,3 mg/L, ocorrendo oscilações dos<br />

valores ao longo dos pontos de monitoramento.<br />

A concentração na lama apresentou 10,9 mil<br />

vezes maior que os limites estabelecidos.<br />

Maia (2007), avaliando a qualidade das<br />

águas do rio Doce após o rompimento da Barragem<br />

do Fundão, em Mariana, Minas Gerais,<br />

também observou elevado teor de Fe solúvel<br />

excedendo o valor máximo estabelecido para<br />

a Classe 2.<br />

O ferro concede cor e sabor à água, ocasiona<br />

manchas em roupas e utensílios sanitários,<br />

problemas de desenvolvimento de depósitos<br />

em canalizações, provocando a contaminação<br />

biológica da água na própria rede de distribuição.<br />

Em razão disso, o ferro constitui-se em<br />

padrão de potabilidade, sendo a concentração<br />

limite de 0,3 mg/L instituída pela Resolução<br />

CONAMA 357 e Portaria 36 do Ministério da<br />

Saúde (PIVELLI, 2000).<br />

Manganês<br />

Os valores de manganês obtidos na água nos<br />

pontos P2, P3 e P4 estão em desconformidade<br />

com o limite legal na Resolução CONAMA 357 e<br />

Portaria 36 do Ministério da Saúde, já na lama<br />

apresentou cerca de 2,6 mil vezes maior que o<br />

máximo permitido, correspondente a 0,1 mg/L.<br />

A Fundação SOS Mata Atlântica (SOSMA,<br />

2019) em uma expedição pelo Rio Paraopeba,<br />

em decorrência do impacto provocado pelo<br />

rompimento da barragem, verificaram concentrações<br />

de Mn acima dos limites máximos<br />

permitidos.<br />

Mediante essas oscilações das concentrações,<br />

Dornfeld (2002) questiona que determinados<br />

processos causam a remoção dos metais<br />

da coluna d’água e entre eles pode-se citar<br />

a adsorção em hidróxidos de Ferro e Mangânes.<br />

O autor destaca que estes processos concedem<br />

metais para os sedimentos que é outro<br />

compartimento abiótico de suma importância<br />

no ambiente aquático por ser, geralmente, o<br />

destino final para a maior porção do metal<br />

presente neste sistema.<br />

Anjos (2003) ressalta que Fe e Mn atuam<br />

como elementos suporte influenciando na<br />

concentração dos metais em solução assim<br />

como na sua relação com os processos de<br />

remoção ou disponibilidade. Esses processos<br />

podem ser relacionados ao desempenho dos<br />

metais na área em estudo, principalmente na<br />

estação chuvosa, pois se percebe uma notável<br />

diminuição em alguns pontos e um aumento<br />

dos teores de Fe em quase todos os pontos de<br />

amostragem.<br />

O manganês desenvolve coloração negra na<br />

água, podendo-se apresentar nos estados de<br />

oxidação Mn+2 (forma mais solúvel) e Mn+4<br />

(forma menos solúvel). Seu comportamento é<br />

muito análogo ao do ferro nas águas em seus<br />

aspectos mais diversos, visto que a sua ocorrência<br />

é mais infreqüente (PIVELLI, 2000).<br />

Chumbo<br />

O chumbo é padrão de potabilidade, sendo<br />

fixado o valor máximo permissível de 0,05<br />

mg/L pela Portaria 36 do Ministério da Saúde<br />

e 0,01 mg/L pela Resolução CONAMA 357. A<br />

concentração de chumbo analisada na lama<br />

apresentou 26 vezes maior que o VMP estabelecido<br />

pela Resolução CONAMA 357 e 5,2<br />

vezes maior que a Portaria 36 do Ministério<br />

da Saúde. Isso é preocupante considerando-se<br />

que o chumbo é um elemento bioacumulativo,<br />

o que poderá comprometer o ecossistema<br />

local por um longo período de tempo.<br />

Segundo Cavalcanti (2019), em Brumadinho<br />

a concentração histórica máxima na água para<br />

o chumbo era de 0,021 mg/L. Durante o período<br />

de coleta, após o acidente, este valor não<br />

foi ultrapassado, sendo o máximo atingido de<br />

0,015 mg/L em 22/02 e em 28/02 o valor já<br />

era de 0,011 mg/L.<br />

A existência do chumbo nas águas pode<br />

gerar sérios problemas toxicológicos para os<br />

seres vivos devido à sua característica de persistência<br />

no ambiente. Pode adentrar no organismo<br />

pela respiração ou através do consumo<br />

de água ou alimentos, pois não possui nenhuma<br />

função fisiológica conhecida no organismo.<br />

Não constitui um problema ambiental até<br />

que venha a se dissolver passando a forma iônica.<br />

Em meio ácido é um elemento grave para<br />

o ambiente e para a saúde da população, pois<br />

apresenta efeito cumulativo dentro da cadeia<br />

trófica (BAIRD, 2002; MOREIRA e MOREIRA,<br />

2004).<br />

A toxidade crônica originada pelo chumbo<br />

no organismo humano pode desencadear no<br />

indivíduo saturnismo e neoplasia, doença que<br />

pode levar à morte, além de problemas de<br />

alteração de crescimento, audição, desenvolvimento<br />

cerebral deficiente, infertilidade, elevação<br />

da pressão arterial, convulsões e perda<br />

de memória (BRITO FILHO, 1983; LARINI, 1997<br />

Mercúrio<br />

O padrão de potabilidade fixado pela Portaria<br />

36 do Ministério da Saúde é de 0,001 mg/L<br />

e 0,0002 mg/L pela Resolução CONAMA 357.<br />

Observa-se que nos pontos para a água P1,<br />

P2, P3 e P4 foram encontradas concentrações<br />

acima dos VMP’s estabelecidos, sendo 4,5;<br />

2,7; 3,2 e 4,8 mil vezes respectivamente, referente<br />

a Portaria 36 do Ministério da Saúde. Já<br />

pela Resolução CONAMA 357 os valores foram<br />

ainda mais alarmantes, sendo respectivamente<br />

22,3; 13,3; 16,1 e 24 mil vezes maiores.<br />

Revista <strong>Analytica</strong> | Out/Nov 2019<br />

25


Artigo 2<br />

Imagem Ilustrativa<br />

Autores:<br />

Luana Cristina Camargos. Gomes1 ,<br />

Alex Magalhães de Almeida2 ,<br />

Flávio Leonildo de Melo3<br />

26<br />

Revista <strong>Analytica</strong> | Out/Nov 2019<br />

Laudos oficiais da qualidade da água,<br />

elaborados pelo Instituto Mineiro de Gestão<br />

das Águas (IGAM), Agência Nacional de<br />

Águas (ANA), Serviço Geológico do Brasil<br />

(CPMR) e Copasa apontaram concentrações<br />

elevadas de Hg nos primeiros 20 quilômetros<br />

do rio Paraopeba, a partir da área afetada<br />

(SOSMA, 2019).<br />

Pivelli (2000) ressalta que o elemento mercúrio<br />

é altamente tóxico ao homem, apresenta<br />

efeito cumulativo e provoca lesões cerebrais,<br />

sendo que doses de 3 a 30 gramas são fatais.<br />

Níquel<br />

Concentrações de níquel nas águas apresentaram<br />

em todos os pontos quantidades elevadas,<br />

acima do VMP estabelecido pelo Conama,<br />

sendo 0,025 mg/L o máximo permitido.<br />

Hg, Cr, Pb e Ni, como mencionado por Esteves<br />

(1988), não tem função biológica conhecida<br />

e frequentemente apresentam toxicidade<br />

aos organismos. Em relação aos peixes, as<br />

elevadas concentrações de Ni e Cu podem<br />

precipitar a secreção da mucosa produzida<br />

pelas brânquias dos peixes, obstruindo o espaço<br />

interlamelar e bloqueando o movimento<br />

normal dos filamentos branquiais, o que pode<br />

ter contribuído para a morte da fauna aquática<br />

do rio Doce pós o rompimento da barragem de<br />

rejeitos em Mariana, MG (Freitas et al, 2016).<br />

A Agência Nacional de Águas (ANA, 2019)<br />

mediante boletim, evidenciou que a análise<br />

feita pelas entidades estaduais e federais que<br />

monitoram a qualidade da água no Rio Paraopeba<br />

“aponta o decaimento da concentração”<br />

dos metais pesados no manancial. Ressalta<br />

que comportamento análogo foi verificado no<br />

Rio Doce, por circunstância do rompimento da<br />

barragem de rejeitos do Fundão, em Mariana,<br />

em 5 de novembro de 2015. Deve-se mencionar,<br />

ainda, que a ausência de precipitações<br />

significativas nos primeiros dias após o rompimento<br />

da barragem colaborou para a baixa<br />

velocidade de propagação da frente de sedimentos<br />

e para sua deposição no leito do rio.<br />

Além de chumbo e mercúrio, foram encontrados<br />

elementos como níquel e cádmio nas<br />

águas do Rio Paraopeba, todos acima dos valores<br />

que podem ser tolerados para consumo<br />

humano (ANA, 2019).<br />

Também foram avaliados cinco parâmetros<br />

de qualidade da água (Tabela 5) comparados<br />

na Resolução CONAMA n° 357 de 2005, tendo<br />

consideração que se aborda de um recurso<br />

hídrico de classe 2. Além desses parâmetros,<br />

foram inclusos também Sólidos Totais Dissolvidos<br />

e Condutividade que, embora não<br />

constem na Resolução, são importantes para<br />

a melhor compreensão, pois são considerados<br />

Tabela 5<br />

indicativos indiretos de poluição. Todas as aná-<br />

Dentre as características do ambiente que<br />

podem influenciar o comportamento e os processos<br />

dos metais, Dornfeld (2002) enfatiza<br />

que o pH tem forte influência na disponibilidade<br />

dos metais, sendo que a maioria dos<br />

metais é insolúvel em água com pH neutro ou<br />

básico e, portanto, são adsorvidos rapidamente<br />

pela matéria particulada ou assimilados pelos<br />

organismos. Assim os metais podem fazer<br />

um caminho de adsorção a matéria orgânica<br />

mais rápido e se acumular nos sedimentos.<br />

Esses conjuntos de processos (adsorção/<br />

desorção, precipitação, sedimentação e difusão)<br />

intervém na disponibilidade dos metais,<br />

características geoquímicas que definem a<br />

capacidade de ligação dos metais nos corpos<br />

d’água contribuindo ou não a autodepuração.<br />

Tabela 5. Parâmetros físico-químicos nas amostras de água coletadas no Rio Paraopeba,<br />

Tabela<br />

Minas<br />

5: Parâmetros<br />

Gerais.<br />

físico-químicos nas amostras de água coletadas no Rio Paraopeba, Minas Gerais.<br />

Parâmetros P1 P2 P3 P4 Valor Limite<br />

Sólidos Totais Dissolvidos (STD) 48,27 46,96 46,04 45,60 ≤ 500 mg/L<br />

Condutividade 97,47 95,33 95,13 91,50 ≤ 100 μS/cm<br />

Oxigênio Dissolvido (OD) 7,10 6,10 6,20 6,80 ≥ 5,0 mg/L O2<br />

Potencial Hidrogeniônico (pH)<br />

Turbidez<br />

Fonte: Autores Autores da pesquisa, da 2019. pesquisa, 2019.<br />

7,52<br />

29,83<br />

lises foram realizadas no campo em triplicata,<br />

na condição de temperatura de 25°C.<br />

Potencial Hidrogeniônico (pH)<br />

Segundo Vieira (2015) o pH é um parâmetro<br />

significativo por exercer influência na solubilidade<br />

das substâncias (sais metálicos), na predominância<br />

de determinadas espécies mais ou menos tóxicas<br />

e nos processos de adsorção/sedimentação<br />

dos metais e outras substâncias na água.<br />

Ao comparar o pH da água, verificou-se, por<br />

meio das análises, que os parâmetros estão<br />

próximos à neutralidade e seus valores são<br />

condizentes com os da classe 2, segundo a<br />

Resolução CONAMA 357/2005, uma vez que,<br />

o valor pode oscilar entre 6 e 9.<br />

7,61<br />

39,43<br />

7,68<br />

59,33<br />

7,56<br />

27,10<br />

6,0 a 9,0<br />

≤ 100 uT<br />

Oxigênio Dissolvido (OD)<br />

O oxigênio dissolvido (OD) é o elemento<br />

principal no metabolismo dos microrganismos<br />

aeróbios que habitam as águas naturais. O<br />

oxigênio é indispensável também para outros<br />

seres vivos, sobretudo os peixes, onde a maioria<br />

das espécies não resiste a concentrações de<br />

oxigênio dissolvido na água inferiores a 4,0<br />

mg/L. É, portanto, um parâmetro de extrema<br />

relevância na legislação de classificação das<br />

águas naturais, bem como na composição de<br />

índices de qualidade de águas (PIVELI, 2010).<br />

O valor de OD para todos os pontos está de acordo<br />

com a Resolução CONAMA 357/2005, apresentaram<br />

valores acima, mas não tão expressivos, do<br />

limite estipulado que não pode ser inferior a 5mg/L.


Provavelmente, os valores baixos de OD<br />

podem ser devido ao acúmulo de matéria<br />

orgânica proveniente dos lançamentos a<br />

montante lançados ao curso d’água, que não<br />

foram totalmente neutralizados durante o<br />

procedimento de autodepuração, dentre outros<br />

motivos, a baixa velocidade das águas<br />

entorno dos pontos mencionados dificultou a<br />

autodepuração da matéria orgânica. Esse fato<br />

também foi aferido por Damasceno (2008),<br />

em estudo realizado em Teresina, no Piauí.<br />

Sólidos Totais Dissolvidos (STD)<br />

Quanto aos Sólidos Totais Dissolvidos (STD),<br />

foi possível verificar que o ponto P2 apresentou<br />

o maior valor, 46,96 mg/L, enquanto no<br />

ponto P3 verificou-se o menor valor, 46,04<br />

mg/L. Portanto, todos os pontos possuem<br />

valores condizentes, sendo menor que 500<br />

mg/L.<br />

Sólidos dissolvidos permanecem em solução<br />

mesmo após a filtração e são constituídos por<br />

partículas de diâmetro inferior a 10-3 μm. A<br />

entrada de sólidos na água pode ocorrer de<br />

forma natural (processos erosivos, detritos orgânicos<br />

e organismos) ou antropogênica (lançamento<br />

de esgotos e lixos). Nas águas naturais<br />

os sólidos dissolvidos estão constituídos<br />

basicamente por carbonatos, bicarbonatos,<br />

cloretos, fosfatos, sulfatos, nitratos de cálcio,<br />

potássio e magnésio (GASPAROTTO, 2011).<br />

Turbidez<br />

Em relação à turbidez percebe-se que o ponto<br />

P4 apresentou menor valor, sendo 27,1 uT e<br />

o ponto P3 apresentou o maior valor dentre os<br />

demais, sendo 59,33 uT. De acordo com o CO-<br />

NAMA 357/2005, para se enquadrar na classe<br />

2 a turbidez deve ter o valor limite de unidade<br />

nefelométrica até 100 (uT), portanto percebe-<br />

-se que todos os pontos analisados, para esse<br />

parâmetro, estão abaixo do limite estabelecido<br />

na Resolução.<br />

Conforme Barcellos (2019), a contaminação<br />

do Rio Paraopeba pelos rejeitos da mina pode<br />

ser percebida pelo aumento da turbidez das<br />

águas. A existência de materiais em suspensão<br />

nas águas dos rios afetados originou em<br />

uma mortandade de peixes e impossibilitou a<br />

captação e tratamento da água para consumo<br />

humano. Todavia, o sedimento enriquecido por<br />

metais pesados pode ser remobilizado para os<br />

rios a longas distâncias com as chuvas intensas.<br />

O IGAM (2019) examinando a qualidade das<br />

águas no Rio Doce após três meses do rompimento<br />

da barragem do Fundão, observaram<br />

que os resultados de turbidez demonstram o<br />

impacto do rompimento. Mesmo dois meses<br />

e meio após o acidente, os valores são muito<br />

superiores aos que eram obtidos antes do<br />

rompimento da barragem ao longo dos quatro<br />

trechos avaliados.<br />

Condutividade<br />

Para a condutividade os pontos P1 e P4 apresentaram<br />

respectivamente os maiores e menores<br />

valores, sendo 97,47 μs/cm e 91,50 μs/<br />

cm, estando dentre o limite máximo de 100<br />

μs/cm proposto.<br />

Condutividade elétrica é uma medida da<br />

disposição de uma solução aquosa de conduzir<br />

corrente elétrica devido à presença de íons.<br />

Essa propriedade varia com a concentração<br />

total de substâncias ionizadas dissolvidas na<br />

água, com a temperatura. Devido a isso, para<br />

propósitos comparativos de dados de condutividade<br />

elétrica, deve ser definida uma das<br />

temperaturas de referência (20 ºC ou 25 ºC)<br />

(PINTO, 2007).<br />

Na legislação do Brasil não se encontra um<br />

limite superior deste parâmetro tido como<br />

aceitável. Porém, deve-se notar que oscilações<br />

na condutividade da água, ainda que não<br />

causem dano imediato ao ser humano, podem<br />

indicar tanto o assoreamento acelerado de rios<br />

por destruição da mata ciliar como a contaminação<br />

do meio aquático por efluentes industriais<br />

(LÔNDERO e GARCIA, 2010).<br />

CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />

Após análise dos resultados pode-se perceber<br />

que muitos metais apresentaram níveis<br />

elevados, acima dos valores máximos permitido<br />

pela Classe 2 de acordo com a Resolução<br />

CONAMA 357/2005 e Portaria 36 do Ministério<br />

da Saúde, sendo que o primeiro ponto (P1)<br />

apresentou também valores acima do limite<br />

estabelecido mesmo antes do acidente. Demonstrando<br />

que mesmo antes do acidente o<br />

Rio Doce já apresentava sinais de degradação<br />

ambiental e que necessitava de cuidado imediato,<br />

pois se trata de um curso d’agua muito<br />

importante para a região.<br />

No entanto, é importante ressaltar que<br />

apesar das análises físico-químicas serem<br />

fundamentais para a caracterização da qualidade<br />

da água, elas não permitem uma<br />

avaliação dos efeitos da poluição sobre os<br />

seres vivos. Além disso, elas são realizadas<br />

de forma pontual e medidas instantaneamente<br />

nos pontos amostrais e, portanto, necessitam<br />

de um grande número de medições<br />

para que se obtenha uma maior perspicácia<br />

nos resultados, o que não foi possível de ser<br />

realizado no presente estudo.<br />

Todavia, com a ocorrência de chuvas, poderão<br />

ser notadas alterações no comportamento<br />

até agora ressaltado. Trata-se, portanto, de um<br />

desastre complexo cujo desenvolvimento no<br />

tempo e no espaço necessita ser monitorado<br />

de forma que se possa avaliar todos os desdobramentos<br />

para a bacia hidrográfica.<br />

É preciso reforçar a ideia de que o problema<br />

não é a existência de metais, mas sua concentração.<br />

Diante disso, devem ser intensificadas<br />

ações de vigilância para a qualidade da água<br />

e recuperação da área, o que necessita intervenções<br />

do poder público e da sociedade, para<br />

reduzir os teores de contaminantes tóxicos<br />

lançados, visando à recuperação do ecossistema<br />

aquático.<br />

Revista <strong>Analytica</strong> | Out/Nov 2019<br />

27


Artigo 2<br />

28<br />

Revista <strong>Analytica</strong> | Out/Nov 2019<br />

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Curitiba, v.20, no 3, p.683-700, jul-set, 2014. BCG - Boletim<br />

de Ciências Geodésicas - On-Line version,ISSN<br />

1982-2170. Disponível em: . Acesso<br />

em: 08 mar. 2019. DNPM. Departamento Nacional de<br />

Produção Mineral: Sumário Mineral. Brasília, DistritoFederal,<br />

2015. Disponível em: . Acesso<br />

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Gerais. 2015. Disponível em: . Acesso em: 07<br />

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Fundão. 2018. Disponível em: . Acesso em: 29 jul. 2019.LARINI. L. Toxicologia. 3.<br />

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Acesso em: 31 jul. 2019.MAIA, F.F.<br />

2017. Elementos traços em sedimentos e qualidade da<br />

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Pub, Washington, USA, 1985.ROESER, H. M. P.;<br />

ROESER, P. A.. O quadriláteroferrífero - MG, Brasil: aspectos<br />

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dynamics andtoxicityassessment in<br />

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Safety 41: 90-95.WOOD, C.M., FARRELL, T, BRAUNER,<br />

C.. 2011. Fish Physiology: Homeostasis and Toxicologyo<br />

fessential Metals. 1st Edition. Academic Press,<br />

New York, USA. 1998.


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Artigo 2<br />

Complemento Normativo - Artigo 2<br />

Referente ao artigo 2<br />

Disponibilizado por <strong>Analytica</strong> em parceria com Arena Técnica<br />

Avaliação de Metais e Qualidade da Água em trechos do rio<br />

Paraopeba após o rompimento da barragem do Corrego do Feijão:<br />

Uma visão do fato frente ao equilíbrio do meio ambiente.<br />

ISO 3471<br />

Earth-moving machinery - Roll-over protective structures - Laboratory tests and performance<br />

requirements<br />

Norma publicada em: 08/2008. / Status: Vigente.<br />

Classificação 1: segurança, ergonomia e requisitos gerais.<br />

Classificação 2: Norma recomendada.<br />

Artigo: AVALIAÇÃO DE METAIS E QUALIDADE DA ÁGUA EM TRECHOS DO RIO PARAOPEBA APÓS O ROMPIMENTO DA<br />

BARRAGEM DO FUNDÃO: UMA VISÃO DO FATO FRENTE AO EQUILÍBRIO DO MEIO AMBIENTE.<br />

Entidade: ISO.<br />

País de procedência/Região: Suiça.<br />

https://www.iso.org/standard/38084.html<br />

ISO 19434<br />

Mining — Classification of mine accidents<br />

Norma publicada em: 10/2017. / Status: Vigente.<br />

Classificação 1: Minas e pedreiras<br />

Classificação 2: Norma recomendada.<br />

Artigo: AVALIAÇÃO DE METAIS E QUALIDADE DA ÁGUA EM TRECHOS DO RIO PARAOPEBA APÓS O ROMPIMENTO DA<br />

BARRAGEM DO FUNDÃO: UMA VISÃO DO FATO FRENTE AO EQUILÍBRIO DO MEIO AMBIENTE.<br />

Entidade: ISO.<br />

País de procedência/Região: Suiça.<br />

https://www.iso.org/standard/64897.html<br />

ISO 15176<br />

Guidance on characterization of excavated soil and other materials intended for re-use<br />

Norma publicada em: 06/2019. / Status: Vigente.<br />

Classificação 1: Outros padrões relacionados à qualidade do solo.<br />

Classificação 2: Norma recomendada.<br />

Artigo: AVALIAÇÃO DE METAIS E QUALIDADE DA ÁGUA EM TRECHOS DO RIO PARAOPEBA APÓS O ROMPIMENTO DA<br />

BARRAGEM DO FUNDÃO: UMA VISÃO DO FATO FRENTE AO EQUILÍBRIO DO MEIO AMBIENTE.<br />

Entidade: ISO.<br />

País de procedência/Região: Suiça.<br />

https://www.iso.org/standard/70771.html<br />

ISO 10704<br />

Water quality — Gross alpha and gross beta activity — Test method using thin source deposit<br />

Norma publicada em: 02/2019. / Status: Vigente.<br />

Classificação 1: Exame das propriedades físicas da água. Proteção contra Radiação<br />

Artigo: AVALIAÇÃO DE METAIS E QUALIDADE DA ÁGUA EM TRECHOS DO RIO PARAOPEBA APÓS O ROMPIMENTO DA<br />

BARRAGEM DO FUNDÃO: UMA VISÃO DO FATO FRENTE AO EQUILÍBRIO DO MEIO AMBIENTE.<br />

Entidade: ISO.<br />

País de procedência/Região: Suiça.<br />

https://www.iso.org/standard/70597.html<br />

ABNT NBR 13028<br />

Mineração - Elaboração e apresentação de projeto de barragens para disposição de rejeitos,<br />

contenção de sedimentos e reservação de água – Requisitos<br />

Norma publicada em: 11/2017. / Status: Vigente.<br />

Classificação 1: Mineração e exploração de pedreiras.<br />

Classificação 2: Norma recomendada.<br />

Artigo: AVALIAÇÃO DE METAIS E QUALIDADE DA ÁGUA EM TRECHOS DO RIO PARAOPEBA APÓS O ROMPIMENTO DA<br />

BARRAGEM DO FUNDÃO: UMA VISÃO DO FATO FRENTE AO EQUILÍBRIO DO MEIO AMBIENTE.<br />

Entidade: ABNT.<br />

País de procedência/Região: Brasil.<br />

https://www.abntcatalogo.com.br/norma.aspx?ID=382573<br />

ABNT NBR 9653<br />

Guia para avaliação dos efeitos provocados pelo uso de explosivos nas minerações em áreas<br />

urbanas<br />

Norma publicada em: 05/2018. / Status: Vigente.<br />

Classificação 1: Mineração e exploração de pedreiras.<br />

Classificação 2: Norma recomendada.<br />

Artigo: AVALIAÇÃO DE METAIS E QUALIDADE DA ÁGUA EM TRECHOS DO RIO PARAOPEBA APÓS O ROMPIMENTO DA<br />

BARRAGEM DO FUNDÃO: UMA VISÃO DO FATO FRENTE AO EQUILÍBRIO DO MEIO AMBIENTE.<br />

Entidade: ABNT.<br />

País de procedência/Região: Brasil.<br />

https://www.abntcatalogo.com.br/norma.aspx?ID=398390<br />

30<br />

Revista <strong>Analytica</strong> | Out/Nov 2019<br />

ISO 21675<br />

Water quality — Determination of perfluoroalkyl and polyfluoroalkyl substances (PFAS) in<br />

water — Method using solid phase extraction and liquid chromatography-tandem mass<br />

spectrometry (LC-MS/MS)<br />

Norma publicada em: projeto em desenvolvimento<br />

Classificação 1: Exame de água para substâncias químicas<br />

Artigo: AVALIAÇÃO DE METAIS E QUALIDADE DA ÁGUA EM TRECHOS DO RIO PARAOPEBA APÓS O ROMPIMENTO DA<br />

BARRAGEM DO FUNDÃO: UMA VISÃO DO FATO FRENTE AO EQUILÍBRIO DO MEIO AMBIENTE.<br />

Entidade: ISO.<br />

País de procedência/Região: Suiça.<br />

https://www.iso.org/standard/71338.html


Espectrometria de Massa<br />

O detector de íons na<br />

espectrometria de massas<br />

Por Oscar Vega Bustillos*<br />

Joseph John Thomson desenvolveu o primeiro<br />

espectrômetro de massas no ano de 1897. As<br />

partes do primeiro espectrômetro já foram descritas<br />

na revista ANALYTICA (Edição 96 de Agosto<br />

de 2018) e as mesmas são: “Fonte de íons”,<br />

“Analisador de massas” e “Detector de íons”.<br />

Como detector de íons J.J. Thomson utilizou<br />

uma placa fotográfica para registrar o caminho<br />

ótico dos íons, obtendo geometrias parabólicas<br />

(Figura 1). Por esta configuração, o primeiro<br />

analisador de massas foi denominado “Espectrógrafo<br />

de massas”.<br />

A função do detector de íons no espectrômetro<br />

de massas é transformar as informações do<br />

analisador de massas em imagens que auxiliam<br />

na percepção do analito em estudo. O detector<br />

de íons fornece informações sobre o fluxo de<br />

íons ou abundancia de íons após a sua saída<br />

do analisador de massas. O detector converte<br />

o feixe de íons num sinal elétrico que pode ser<br />

amplificado, digitalizado, armazenado e exibido<br />

pelo sistema de dados ante os olhos ou ouvidos<br />

do ser humano. Sensibilidade, precisão, resolução,<br />

tempo de resposta, estabilidade, faixa<br />

dinâmica e baixo ruído são as características<br />

importantes de todo detector de íons. Os detectores<br />

de íons que podem ser utilizados no espectrômetro<br />

de massas são os seguintes: Placa<br />

fotográfica, Copo de Faraday, Multiplicados de<br />

elétrons, Fotomultiplicadora e Multicanal.<br />

As placas fotográficas foram utilizadas de<br />

1897 até 1940 por J.J. Thomson e seu aluno Aston.<br />

Hoje em dia, não são mais utilizadas, pela<br />

falta de resolução e especialmente pelo elevado<br />

ruído interferente, mas graças a este detector<br />

foi possível descobrir os elétrons e a maioria<br />

dos isótopos, ou seja, tem seu mérito analítico,<br />

apesar da obsolescência. O Copo de Faraday<br />

foi inventado por Michel Faraday em 1831 e foi<br />

testado por Dempster no seu espectrômetro de<br />

massas, mas quem o utilizou efetivamente foi<br />

Alfred Nier. Até 1940, as medidas da massa dos<br />

isótopos eram feitas por meio da distância entre<br />

as linhas registradas sobre chapas fotográficas.<br />

Nier revolucionou essa metodologia ao propor a<br />

utilização de um dispositivo elétrico para eliminar<br />

erros sistemáticos obtidos. O detector Copo<br />

de Faraday ou “Faraday Cup” em inglês é um<br />

copo metálico projetado para capturar partículas<br />

carregadas no vácuo (Figura 2). A corrente<br />

elétrica resultante pode ser medida e usada para<br />

determinar o número de íons atingindo o copo.<br />

Os íons positivos que saem do espectrômetro<br />

de massa entram no copo metálico que está<br />

aterrado. Quando os íons se chocam com as<br />

paredes do copo, os mesmos são neutralizados,<br />

absorvendo um elétron do copo metálico. A<br />

perda de um elétron do copo metálico é medida<br />

por um amperímetro interposto entre o copo e o<br />

terra. Portanto, quanto maior o número de íons<br />

que entram no copo maior a corrente detectada.<br />

Uma das melhores características do Copo<br />

de Faraday é que todos os íons são detectados<br />

com a mesma eficiência, de acordo com suas<br />

massas. Desde então, o “Espectrógrafo de massas”<br />

se converte em “Espectrômetro de massas”,<br />

porque é possível detectar e quantificar as massas<br />

dos íons selecionados pelo analisador com<br />

maior sensibilidade, precisão, resolução e principalmente<br />

baixo ruído interferente, comparado<br />

com as placas fotográficas.<br />

O detector de íons denominado “Multiplicador<br />

de elétrons” foi desenvolvido por Norman Daly<br />

no ano de 1950, sendo o detector de íons mais<br />

utilizado na espectrometria de massas devido<br />

a sua elevada sensibilidade, comparada com o<br />

Copo de Faraday. O Multiplicador de elétrons<br />

tem formato de cone metálico, geralmente<br />

banhado em ouro, por onde os íons entram<br />

na boca do cone (Figura 3). A entrada é fortemente<br />

negativa, relativamente ao fim do cone,<br />

de tal forma que íons positivos são acelerados<br />

em direção à superfície do cone. Na medida<br />

em que atingem o seu interior, os íons ejetam<br />

elétrons da superfície do cone. Estes elétrons<br />

secundários são acelerados em direção ao fim<br />

do cone, se chocando com a superfície do mesmo<br />

repetidamente e causando a liberação de<br />

mais elétrons da superfície. Esta multiplicação<br />

do número de elétrons causa a emissão de uma<br />

cascata de elétrons no fim do cone. A corrente<br />

eletrônica é amplificada para produzir um sinal<br />

proporcional à corrente iônica incidente no detector.<br />

O gradiente do potencial elétrico no cone<br />

é ajustado de tal forma a manter um máximo<br />

de elétrons emitidos no fim do cone para cada<br />

íon que ingressa no detector. No entanto, existe<br />

um limite máximo no cone que pode liberar<br />

elétrons por íon, dependendo do desgaste metálico<br />

da superfície do cone e outros parâmetros<br />

elétricos, necessitando obrigatoriamente ser<br />

calibrado periodicamente para atingir este máximo.<br />

Por esta razão, o detector de íons Multiplicador<br />

de elétrons tem sua vida útil limitada<br />

quando comparada ao detector Copo de Faraday.<br />

O Multiplicador de elétrons é 1000 vezes<br />

mais sensível que o Copo de Faraday.<br />

O detector de íons “Foto multiplicador de elétrons”<br />

tem como base o Efeito Fotoelétrico descrito<br />

por Albert Einstein, que lhe deu o Nobel de<br />

Física. O íon positivo é acelerado e colide sobre<br />

Revista <strong>Analytica</strong> | Out/Nov 2019<br />

31


Espectrometria de Massa<br />

uma superfície de alumínio, que libera elétrons<br />

secundários, e estes, por sua vez, são aceleradas<br />

para um cintilador, direcionadas para uma fotomultiplicadora<br />

selada (Figura 4). Num processo<br />

chamado emissão secundária, um único elétron<br />

pode, quando bombardeado em material<br />

emissivo secundário, induzir a emissão de vários<br />

elétrons. Se um potencial elétrico é aplicado<br />

entre esta placa de metal, os elétrons emitidos<br />

vão induzir uma emissão secundária com mais<br />

elétrons. Isto pode ser repetido várias vezes, resultando<br />

num chuveiro de elétrons, todos recolhidos<br />

por um ânodo de metal, onde é medida<br />

a corrente elétrica em Amperes. A contagem de<br />

elétrons secundários é usado para medir os feixes<br />

de íons que atingem a foto multiplicadora.<br />

O detector tem um baixo nível de ruído, comparados<br />

com outros detectores de íons.<br />

O detector de íons denominado “Detector<br />

Multicanal” ou “Multi Channel Plate – MCP”<br />

em inglês, foi desenvolvido em 1970 para ser<br />

utilizado nos espectrômetros de Tempo de Voo<br />

ou “Time of Flight - TOF” em inglês. O MCP está<br />

composto de centenas de micro canais contendo<br />

cada canal um multiplicador de elétrons (Figura<br />

5). O mesmo apresenta tempo de resposta<br />

menor que 1 ns e alta sensibilidade, maior que<br />

50 mV. Apenas alguns poucos canais do MCP<br />

são afetados pela detecção de um íon e assim<br />

é possível a detecção de muitos íons ao mesmo<br />

tempo, onde centenas de íons podem ser geradas<br />

em poucos nano segundos.<br />

Os íons com trajetórias estáveis que saíram do<br />

analisador de massas são detectados por algum<br />

detector de íons descrito anteriormente. O detector<br />

de íons transforma a corrente iônica em<br />

corrente elétrica, especificamente, em pulsos<br />

elétricos medidos temporalmente, na ordem<br />

de micro segundos, que geram um gráfico da<br />

variação temporal da intensidade dos íons,<br />

denominado “Espectro de Massas”. Cada sinal<br />

detectado no espectro de massas pode ser relacionado<br />

a uma espécie iônica com determinada<br />

razão massa/carga (m/z).<br />

A desvantagem de todos os detectores de<br />

íons descritos neste trabalho é que só funcionam<br />

em alto vácuo, precisando um sistema de<br />

alto vácuo.<br />

Figura 1: Placa fotográfica utilizada por J.J. Thomson<br />

como detector de íons em 1897. Os íons dos diferentes<br />

analitos são detectados por meio de figuras parabólicas<br />

na placa fotográfica conforme o desenho.<br />

Figura 2: O Copo de Faraday. Íons positivos penetram<br />

e se chocam com as paredes do copo metálico. Um<br />

amperímetro é interposto entre o copo e o aterramento<br />

sendo a corrente eletrônica medida. Esta corrente será<br />

proporcional a corrente iônica que penetra no copo.<br />

Figura 3: Multiplicador de Elétrons. Íons positivos atingem<br />

o interior do cone, próximo da entrada do multiplicador<br />

de elétrons, liberando elétrons que são acelerados na<br />

direção do fim do cone devido a um gradiente negativo no<br />

cone. Os elétrons se chocam repetidamente com a superfície<br />

interna do cone, causando a emissão de mais elétrons.<br />

Figura 4: Detector “Foto multiplicador de elétrons”. Os<br />

íons atingem um dinodo que geram elétrons que logo<br />

após atingir o cintilador da fotomultiplicadora.<br />

Figura 5: Detector de íons do espectrômetro de massas<br />

denominado Detector Multicanal.<br />

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1) M. Gross and R. Caprioli. “The development of<br />

mass spectrometry”. Edit. Elsevier Science Ltd. England.<br />

2016.<br />

2) Bustillos, O.V., Sassine, A., March, R. A espectrometria<br />

de massas quadrupolar. 1ª. Edição. Scortecci<br />

editora, São Paulo. 2003.<br />

32<br />

Revista <strong>Analytica</strong> | Out/Nov 2019<br />

*Oscar Vega Bustillos<br />

Pesquisador do Centro de Química e Meio Ambiente CQMA do Instituto de Pesquisas Energéticas e<br />

Nucleares IPEN/CNEN-SP


A RDC RDC nº nº 234, de 20 de Junho<br />

Espectrometria 234, de 20 de de Massa Junho<br />

de de 2018 2018 autoriza as as Indústrias<br />

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Revista <strong>Analytica</strong> | Out/Nov 2019<br />

33


Análise de Minerais<br />

O Laboratório do Futuro:<br />

uma revolução cada vez<br />

mais presente<br />

No último artigo aqui na Revista <strong>Analytica</strong> falamos<br />

um pouco da transformação digital que<br />

tem afetado os laboratórios dos mais diversos<br />

setores, oferecendo mais eficiência e otimizando<br />

os processos. É indiscutível que, a cada dia,<br />

o uso da inteligência artificial está crescendo<br />

associando-se a uma forte onda de inovação,<br />

mecanização e incremento da precisão nos laboratórios<br />

de todo o mundo.<br />

A cada novo artigo científico ou reportagem,<br />

pode-se observar como esta revolução está a<br />

cada dia mais próxima de nós. Arriscar acertar o<br />

que irá acontecer nos próximos anos é um exercício<br />

deveras perigoso! Vários renomados presidentes<br />

de empresas e pesquisadores tentaram<br />

prever o futuro ou condenaram determinadas<br />

tecnologias e acabaram “arranhando” sua credibilidade<br />

ou levando suas empresas à falência.<br />

Apesar do dito, ainda assim, vale provocar a<br />

reflexão: os laboratórios dos dias de hoje são,<br />

com certeza, muito diferentes dos laboratórios<br />

do passado, mas e daqui a cinco ou dez anos,<br />

como eles serão?<br />

A integração da robótica e da automação continuará<br />

revolucionando os métodos analíticos e<br />

os procedimentos operacionais, transformando<br />

tediosos processos manuais (ou com baixo nível<br />

de mecanização) em inteligentes sistemas automatizados<br />

de análises de líquidos, sólidos ou<br />

gases. Os analistas e gestores terão sua análise<br />

crítica e sua gestão operacional cada vez mais<br />

drasticamente influenciada pelo avanço das diversas<br />

tecnologias analíticas e pela colaboração<br />

de sistemas inteligentes que contribuirão, significativamente,<br />

nestes processos.<br />

A computação em nuvem, a aprendizagem<br />

de máquinas (Machine Learning) e Inteligência<br />

Artificial estarão cada vez mais presentes e serão<br />

fatores fundamentais para a transformação dos<br />

laboratórios, tanto tecnologicamente quanto<br />

operacionalmente. Mais especificamente, estas<br />

tecnologias influenciarão a eficiência dos<br />

procedimentos que serão cada vez mais pré-<br />

-programados e personalizáveis. Além disso,<br />

importantes ganhos serão obtidos em repetibilidade<br />

e reprodutibilidade dos métodos a partir<br />

da coleta, armazenamento, análise e compartilhamento<br />

de intensivo dos dados.<br />

E há de se dizer que cada vez mais dados<br />

gerados, mais estes serão compartilhados; e<br />

se temos mais compartilhamento, maior será a<br />

capacidade de análise destes dados e por consequência,<br />

mais revoluções advindas de um nível<br />

de colaboração nunca visto na história da humanidade.<br />

Nada ficará apenas nos laboratórios!<br />

Os segredos deixarão de estar nas máquinas,<br />

nos métodos ou nas pessoas; eles estarão na<br />

34<br />

Revista <strong>Analytica</strong> | Out/Nov 2019<br />

Eduardo Pimenta de Almeida Melo<br />

Eduardo Pimenta de Almeida Melo é Engenheiro Químico, Gerente de Laboratórios da CSN Mineração, MBA em Gestão Empresarial, Pós–Graduado<br />

em Gestão de Laboratórios e Especializado em Data Science. Coordenador da Comissão de Estudos para Amostragem e Preparação de<br />

Amostras em Minério de Ferro para a ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas.<br />

LinkedIn: https://br.linkedin.com/in/eduardo-melo-16b22722 - Telefone: 31 3749 1516 - E-mail: eduardo.melo@csn.com.br


capacidade de conectar problemas e ferramenta,<br />

entregando as melhores soluções, no menor<br />

tempo possível e, integralmente, dentro da necessidade<br />

do cliente.<br />

E ao refletirmos sobre isto, um período de<br />

cinco ou dez anos pode parecer muito distante,<br />

o que na prática não é! Recentemente, a IBM<br />

lançou o que denominou de AgroPad.<br />

“Um pequeno cartão de papel e um aplicativo<br />

móvel. Estes são os componentes necessários<br />

para o AgroPad analisar uma amostra de água<br />

ou de solo em alguns segundos.”<br />

“Em contato com uma pequena amostra,<br />

o cartão reage mostrando diferentes cores de<br />

acordo com a concentração de elementos como<br />

Cloro e Magnésio, além de pH. A análise detalhada<br />

fica por conta do aplicativo, que utiliza<br />

recursos de machine learning e reconhecimento<br />

visual para ler e interpretar as informações.”<br />

Este simples exemplo demonstra de forma<br />

clara tudo o que foi dito acima, tecnologia,<br />

sistemas inteligentes, simplicidade, eficiência e<br />

uma possibilidade de revolucionar como se faz<br />

análises de água e solo nos dias de hoje. E sabe o<br />

que falta para que ele seja disponibilizado para<br />

o mercado de forma sistemática? Colaboração.<br />

A tecnologia IBM associada a produtores rurais<br />

gerando diagnósticos práticos. Em suma, dados<br />

para serem transformados em informações e<br />

por fim, para se tornarem algoritmos ainda<br />

mais capazes de responder de forma assertiva<br />

em todas as situações.<br />

Pode até ser que não tenhamos tudo isto em<br />

cinco ou dez anos, ou quem sabe, tenhamos até<br />

muito mais do que isso. O que é inegável é que<br />

passaremos por estas etapas e temos duas claras<br />

opções: aguardar que o futuro chegue e nos<br />

leve rumo ao desconhecido ou nos prepararmos<br />

de forma rápida e assertiva para que possamos<br />

aproveitar todos os pontos extremamente positivos<br />

que a “era do conhecimento” pode nos<br />

proporcionar. E aí, qual sua opção?<br />

Amostragem de Ar<br />

Por que vários formatos?<br />

Confie na resposta de<br />

quem tem mais de 100<br />

anos de experiência<br />

nesse assunto.<br />

Para cotações e mais informações,<br />

contate-nos através do e-mail:<br />

biomonitoringbra@merckgroup.com<br />

Revista <strong>Analytica</strong> | Out/Nov 2019<br />

35


Metrologia<br />

O poder das medidas<br />

Debatem-se atualmente no Brasil os resultados<br />

de medições referentes ao desmatamento<br />

da Amazônia, a dados de clima referentes a<br />

aquecimento global, aos impactos de mineração<br />

em águas e no ambiente regional. Os<br />

resultados nessas medições são capazes de<br />

afetar as relações comerciais do país, com forte<br />

impacto particularmente nas exportações<br />

de alimentos.<br />

A coleta de dados, as medições, sua organização<br />

em informações que permitam a tomada<br />

de decisões políticas, são processos baseados<br />

em técnicas rigorosas e todo um acúmulo<br />

de conhecimento científico. Este acúmulo está<br />

nas disciplinas de ciências da natureza e nas<br />

bases matemáticas e estatísticas que regem o<br />

formalismo que garante que essas informações<br />

reflitam da melhor maneira possível a<br />

realidade. Ciência busca conhecer a realidade<br />

e é o que de melhor trouxe a humanidade até<br />

aqui. O que permitiu produzir mais alimentos,<br />

diminuir a mortalidade, aumentar a expectativa<br />

de vida, maior conforto, melhor qualidade<br />

de vida e bem-estar.<br />

O desconhecimento dessas técnicas, procedimentos<br />

e bases científicas relacionadas<br />

às medições, o não domínio dessas noções<br />

fundamentais pela sociedade e sua incompreensão<br />

por aqueles responsáveis pelas tomadas<br />

de decisões políticas pode ter resultados desastrosos<br />

para o Brasil. Não simplesmente para<br />

as relações comerciais, mas principalmente<br />

para a vida das populações. E aqui não pensamos<br />

apenas naquelas comunidades vivendo<br />

diretamente nas regiões afetadas. No dia 19 de<br />

agosto de 2019 noticiou-se que o céu da cidade<br />

de São Paulo ficou negro no meio da tarde<br />

e caiu uma chuva cinza, cheia de particulado<br />

oriundo nas queimadas nas regiões Norte e<br />

Centro-Oeste. As consequências desses fenômenos<br />

também são importantes para o mundo.<br />

Veja-se o alerta em muitos países sobre as<br />

situações levantadas acima.<br />

E então nos vem a pergunta: por que uma<br />

Sociedade Brasileira de Metrologia?<br />

O melhor remédio contra a desinformação e a<br />

propagação de boatos ou de informações ou notícias<br />

falsas, as hoje tão comentadas fake news, é<br />

a apropriação de conhecimento pela maior parte<br />

da população, não apenas por tomadores de<br />

decisão ou formadores de opinião. É necessário<br />

que tenhamos conhecimento dos processos de<br />

medição, dos instrumentos e dos resultados. Isso<br />

garante a confiança nas medições.<br />

A SBM busca, desde sua fundação, ter um<br />

papel importante na disseminação do conhecimento<br />

em metrologia e nas demais<br />

disciplinas ou ferramentas de Tecnologia<br />

Industrial Básica. Além de essenciais para o<br />

desenvolvimento econômico e para a melhoria<br />

de processos e produtos e para a garantia<br />

da competitividade da indústria brasileira, a<br />

apropriação desses conhecimentos é muito<br />

importante para a efetiva construção da cidadania,<br />

para que as pessoas possam, elas mesmas,<br />

construir as condições de compreensão e<br />

julgamento das informações recebidas.<br />

Aumenta nossas preocupações o fato de<br />

que, mesmo naqueles processos formativos<br />

onde essas ferramentas são evidentemente<br />

necessárias, como nas áreas de ciências da<br />

natureza, engenharias e tecnologia, percebe-<br />

-se uma enorme carência de conhecimentos<br />

nessas áreas de TIB. Como constatamos em<br />

estudo discutido no XLV Congresso Brasileiro<br />

de Educação em Engenharia – COBENGE , a<br />

maior parte dos cursos de Engenharia não tem<br />

uma formação adequada em Metrologia.<br />

A disseminação de conhecimentos em metrologia<br />

é, portanto, um grande desafio. E a<br />

SBM se coloca como agente a buscar parcerias<br />

para vencê-lo. Cada passo não dado significa<br />

que mais distante ficamos de nosso objetivo:<br />

desenvolvimento econômico sustentável e socialmente<br />

justo.<br />

Referências<br />

BERNARDES, A. T.; MENDES, A. ; SOUTO, A. L. C. F. ;<br />

GRANJEIRO, J. M. ; ALVES, L. E. S. ; MENDES, M. F. A.<br />

; COSTA-FELIX, R. P. B. ENSINO DE METROLOGIA NOS<br />

CURSOS DE ENGENHARIA. In: Adriana Maria Tonini.<br />

(Org.). DESAFIOS DA EDUCAÇÃO EM ENGENHARIA:<br />

Formação acadêmica e atuação profissional, Práticas<br />

Pedagógicas e Laboratórios Remotos. 1ed. Brasilia:<br />

Abenge, 2017, v. 1, p. 126-158.<br />

36<br />

Revista <strong>Analytica</strong> | Out/Nov 2019<br />

Américo Tristão Bernardes<br />

Presidente da Sociedade Brasileira de Metrologia, Engenheiro Eletricista, Doutor em Física<br />

e Professor da Universidade Federal de Ouro Preto.


Em Foco Científico<br />

Avaliação de Eficiência de Sanitizante<br />

de Ar em Salas e Ambientes de<br />

Laboratórios de Microbiologia<br />

de Alimentos<br />

Artigo baseado em estudo realizado no instituto de tecnologia de alimentos em Campinas pelos seguintes autores:<br />

Thaís M. Paes, Hector A. Palacios, Artur Rocha, Adriana Sottero, Suzana Eri Yotsuyanagi, Beatriz Iamanaka – ISBN-85-7029-135-6<br />

De acordo com OMS, mais de 50% dos<br />

locais fechados tem ar de má qualidade, o<br />

que se deve principalmente a má higienização<br />

dos aparelhos de ar condicionado e<br />

a falta de controle periódico sobre as possíveis<br />

fontes de contaminação (Schirmer<br />

et al.,2011). Em tais espaços confinados,<br />

com escassa renovação do ar, há maior<br />

tendência de acumulação de microrganismos<br />

oriundos de infiltrações ou da má conservação<br />

do sistema de ar condicionado,<br />

principalmente fungos e bactérias (Sodré,<br />

2006).Sabendo-se que grande parte das<br />

bactérias patogénicas são mesófilas, uma<br />

alta contagem total deste tipo de microrganismo<br />

no ar é um indicativo de insalubridade,<br />

pois significa que o ambiente está<br />

apropriado para seu crescimento (Jesus<br />

et al. , 2007). É sabido que ar e ambiente<br />

interagem de forma dinâmica em termos<br />

de contaminação por agentes microbianos,<br />

portanto “quaisquer superfícies nas quais<br />

os microrganismos estejam depositados<br />

podem agir como fontes de contaminação<br />

para o ar, quando ocorrerem condições<br />

apropriadas para a formação de aerossóis”<br />

(Salustiano, 2002).<br />

A sanitização é uma etapa indispensável aos<br />

procedimentos de higienização em ambientes<br />

confinados especialmente sob ar condicionado.<br />

Em harmonia com as tendências de sustentabilidade,<br />

proteção ao meio ambiente e pesquisa<br />

alternativa, os terpenos e seus derivados, que<br />

não apresentam toxicidade e são biodegradá-<br />

Revista <strong>Analytica</strong> | Out/Nov 2019<br />

37


Em Foco Científico<br />

veis, podem ser uma alternativa para este fim.<br />

O objetivo do trabalho citado é avaliar a<br />

performance do sanitizante à base de terpenos<br />

para redução da contaminação de<br />

bolores em ambientes fechados, bem como<br />

comparar diferentes métodos de quantificação<br />

de bolores utilizando as técnicas de<br />

compactação e sedimentação.<br />

trado foi 283 litros, a altura de coleta fixa a 1,5<br />

m. Após cada coleta, a placa era tampada e<br />

incubada - a 35ºC por 2 dias para o PCA e a<br />

25°C por 5 dias para o DG18. Após a incubação,<br />

prosseguiu-se com a contagem de colônias<br />

nas placas e os resultados puderam ser<br />

reportados em UFC/placa ou UFC/m3.<br />

Para efeito deste artigo focaremos nos<br />

resultados do amostrador MAS-100 ECO<br />

afim de avaliar sua eficiência para esse<br />

monitoramento de air em ambientes<br />

Diagnóstico inicial: as salas 9 e 13 foram<br />

escolhidas para realização dos testes.<br />

Aplicação do sanitizante: para a<br />

aplicação de sanitizante foi utilizado um<br />

lavador de ar de médio porte, com vazão<br />

de 400m3/h, fornecido pelo fabricante do<br />

sanitizante.<br />

A Tabela 1 apresenta os resultados do diagnóstico inicial ( antes da sanitização) da sala 9<br />

(72m3), a qual foi diagnosticada com maior contaminação do ar ambiente:<br />

Diagnóstico inicial: as salas 9 e 13 foram escolhidas para realização dos testes.<br />

A Tabela 1 apresenta os resultados do diagnóstico inicial ( antes da sanitização) da sala 9 (72m 3 ), a<br />

qual foi diagnosticada com maior contaminação do ar ambiente:<br />

Tabela 1- Coleta de ar na Sala 09<br />

Tabela 1- Coleta de ar na Sala 09<br />

PCA<br />

DG18<br />

Método de sedimentação:<br />

Metodologias A B Média A B Média<br />

1-Sedimentação (UFC/placa) 1,0 0,0 0,5 10,0 10,0 10,0<br />

Consistiu na exposição de uma placa de<br />

Petri - contendo os meios de cultura Dicloran<br />

18% Glicerol (DG18) e Ágar Padrão (PCA)<br />

-aberta ao ambiente por 15 minutos.Após<br />

cada coleta, a placa era tampada e incubada<br />

- a 35ºC por 2 dias para o PCA e a 25°C<br />

por 5 dias para o DG18. Após a incubação,<br />

prosseguiu-se com a contagem de colônias<br />

nas placas e os resultados foram reportados<br />

em UFC/placa.<br />

2-Compactação<br />

Diagnóstico b) MAS 100 inicial: Eco (UFC/m as salas 3 ) 1 9 e 13 foram escolhidas para realização dos testes.<br />

169,61 159,0 164,3 2339,2 1939,9 2139,6<br />

A Tabela 1 apresenta os resultados do diagnóstico inicial ( antes da sanitização) da sala 9 (72m 3 ), a<br />

qual foi diagnosticada com maior contaminação do ar ambiente:<br />

A Tabela 2 apresenta os resultados do diagnóstico inicial da sala 13, a qual foi escolhida por ter<br />

Tabela maior dimensão(157,5m 1- Coleta de ar na Sala 3 ), controle 09 de temperatura e menor movimentação de pessoas.<br />

PCA<br />

DG18<br />

Tabela 2- Coleta de ar na Sala 13<br />

Metodologias A B Média A B Média<br />

1-Sedimentação (UFC/placa) 1,0 PCA 0,0 0,5 10,0 DG18 10,0 10,0<br />

2-Compactação<br />

Metodologias A B Média A B Média<br />

A 1-Sedimentação<br />

Tabela b) MAS 2100 apresenta Eco (UFC/m os resultados 3 ) 1,0 do diagnóstico 2,0 1,5 inicial da 4,0 sala 13, a qual 4,0 foi escolhida 1<br />

4,0 por<br />

(UFC/placa)<br />

169,61 159,0 164,3 2339,2 1939,9 2139,6<br />

2-Compactação<br />

b) MAS 100 Eco<br />

102,5 113,0 107,8 470,0 629,0 549,5<br />

A Tabela (UFC/m 2 apresenta 3 ) 1<br />

os resultados do diagnóstico inicial da sala 13, a qual foi escolhida por ter<br />

maior dimensão(157,5m 3 ), controle de temperatura e menor movimentação de pessoas.<br />

ter maior dimensão(157,5m3), controle de temperatura e menor movimentação de pessoas.<br />

Tabela 2- Coleta de ar na Sala 13<br />

Tabela 3 – Média dos resultados obtidos pelos métodos da sedimentação e compactação no monitoramento<br />

Tabela de 8 horas 2- Coleta da sala de ar 9 (em na Sala ágar 13 DG18 e PCA) ( pós sanitização do ambiente).<br />

38<br />

Revista <strong>Analytica</strong> | Out/Nov 2019<br />

Método da compactação:<br />

foram utilizados dois equipamentos:<br />

a) MAS 100 Eco (Merck) e b)Amostrador de<br />

Andersen. Para ambos, o volume de ar amos-<br />

PCA (UFC/placa) PCA<br />

DG18 (UFC/placa) DG18<br />

MAS 100<br />

MAS 100<br />

Metodologias Sedimentação A B Sedimentação<br />

Média A B Média<br />

Eco<br />

Eco<br />

1-Sedimentação<br />

1,0 2,0 1,5 4,0 4,0 4,0<br />

(UFC/placa) Hora 1 1,0 291,5 100,5 404,5<br />

2-Compactação Hora 2 2,5 92,0 25,5 371,0<br />

b) MAS 100 Eco<br />

102,5 113,0 107,8 470,0 629,0 549,5<br />

(UFC/m Hora 3 3 ) 1 0,5 96,0 12,0 360,0<br />

Hora 4 0,5 70,5 7,5 335,5<br />

Hora 5 0,0 19,5 4,5 291,0<br />

Tabela 3 – Média dos resultados obtidos pelos métodos da sedimentação e compactação no monitoramento<br />

de 8 horas Hora da sala 6 9 (em ágar 0,0 DG18 e PCA) 7,0 ( pós sanitização 4,0 do ambiente). 288,0<br />

Hora 7 0,0 4,5 4,5 224,0<br />

PCA (UFC/placa)<br />

DG18 (UFC/placa)<br />

Hora 8 0,5 18,5 3,0 248,0<br />

MAS 100<br />

MAS 100<br />

%d 1 Sedimentação<br />

50 93,7<br />

Sedimentação<br />

Eco<br />

97,0 38,7 Eco<br />

Hora 1 1,0 291,5 100,5 404,5<br />

Hora 2 2,5 92,0 25,5 371,0<br />

Hora 3 0,5 96,0 12,0 360,0


169,61 159,0 164,3 2339,2 1939,9 2139,6<br />

Em Foco Científico<br />

A Tabela 2 apresenta os resultados do diagnóstico inicial da sala 13, a qual foi escolhida po<br />

maior dimensão(157,5m 3 ), controle de temperatura e menor movimentação de pessoas.<br />

Tabela 2- Coleta de ar na Sala 13<br />

PCA<br />

DG18<br />

CONCLUSÃO<br />

Os resultados obtidos do monitoramento<br />

nas salas 9 e 13 indicam que a eficiência da<br />

aplicação do sanitizante à base de terpenos<br />

depende das condições ambientes e que a<br />

adoção desse produto como método de descontaminação<br />

do ar deve ser feita mediante<br />

um estudo microbiológico criterioso para assegurar<br />

que o produto tenha o efeito desejado.<br />

A quantificação da contaminação do ar<br />

ambiente se mostrou mais eficiente com o<br />

método da compactação, apesar do método<br />

da sedimentação ser mais usado.<br />

Metodologias A B Média A B Média<br />

1-Sedimentação<br />

1,0 2,0 1,5 4,0 4,0 4,0<br />

(UFC/placa)<br />

2-Compactação<br />

Tabela 3 Média dos resultados obtidos pelos métodos da sedimentação e compactação no monitoramento<br />

(UFC/m de 3 ) 8 horas da sala 9 (em ágar DG18 e PCA) ( pós sanitização do ambiente).<br />

1<br />

b) MAS 100 Eco<br />

102,5 113,0 107,8 470,0 629,0 549,5<br />

Tabela 3 – Média dos resultados obtidos pelos métodos da sedimentação e compactação no monitor<br />

de 8 horas da sala 9 (em ágar DG18 e PCA) ( pós sanitização do ambiente).<br />

Sedimentação<br />

PCA (UFC/placa)<br />

MAS 100<br />

Eco<br />

Tabela 3<br />

Sedimentação<br />

DG18 (UFC/placa)<br />

MAS 100<br />

Eco<br />

Hora 1 1,0 291,5 100,5 404,5<br />

Hora 2 2,5 92,0 25,5 371,0<br />

Hora 3 0,5 96,0 12,0 360,0<br />

Hora 4 0,5 70,5 7,5 335,5<br />

Hora 5 0,0 19,5 4,5 291,0<br />

Hora 6 0,0 7,0 4,0 288,0<br />

Hora 7 0,0 4,5 4,5 224,0<br />

Hora 8 0,5 18,5 3,0 248,0<br />

%d 1 50 93,7 97,0 38,7<br />

O equipamento MAS 100 Eco apresentou<br />

resultados equivalentes ao amostrador de Andersen,<br />

o que indica que ele é uma alternativa<br />

válida, além de ser mais rápido e facilmente<br />

Tabela 4 Média dos resultados obtidos pelos métodos da sedimentação e compactaçãono<br />

monitoramento de 6 horas da sala 13 (em ágar DG18 e PCA)<br />

manipulável.<br />

Tabela 4 – Média dos resultados obtidos pelos métodos da sedimentação e compactaçãono monit<br />

Tabela 4<br />

de 6 horas da sala 13 (em ágar DG18 e PCA)<br />

A contaminação do ar ambiente, nas dimensões<br />

de salas testadas, se mostrou homogênea.<br />

O desempenho do sanitizante aplicado<br />

com o lavador de ar utilizado no estudo também<br />

se mostrou homogeneo.<br />

Resumo/adaptação: Luis Henrique da Costa<br />

Field Marketing America Latina<br />

Biomonitoring Division<br />

Merck S.A.<br />

biomonitoringbra@merckgroup.com<br />

Sedimentação<br />

PCA (UFC/placa)<br />

MAS 100<br />

Eco<br />

Sedimentaçã<br />

o<br />

DG18 (UFC/placa)<br />

MAS 100<br />

Eco<br />

Hora 1 0,0 12,0 2,0 108,0<br />

Hora 2 1,0 3,5 1,0 140,5<br />

Hora 3 0,5 8,5 1,0 115,0<br />

Hora 4 1,5 9,0 0,0 69,5<br />

Hora 5 0,5 8,0 0,0 66,5<br />

Hora 6 3,0 57,5 0,5 99,0<br />

%d 1 - - - 75,0 8,3<br />

CONCLUSÃO<br />

Revista <strong>Analytica</strong> | Out/Nov 2019<br />

39<br />

Os resultados obtidos do monitoramento nas salas 9 e 13 indicam que a efi<br />

aplicação do sanitizante à base de terpenos depende das condições ambientes e que<br />

desse produto como método de descontaminação do ar deve ser feita mediante u<br />

microbiológico criterioso para assegurar que o produto tenha o efeito desejado.<br />

A quantificação da contaminação do ar ambiente se mostrou mais eficiente com o<br />

compactação, apesar do método da sedimentação ser mais usado.


Em Foco<br />

LUVAS PARA SALAS LIMPAS: POR QUE O COMPRIMENTO IMPORTA<br />

A popularidade de luvas para sala limpa de<br />

comprimento mais longo é o resultado de uma<br />

maior conscientização e da necessidade de mais<br />

proteção pessoal ou do produto, juntamente<br />

com uma motivação para cortar custos e reduzir<br />

o impacto ambiental. O comprimento tradicional<br />

de uma luva usada em uma sala limpa é de<br />

300 mm/12 polegadas (12”).<br />

No entanto, ao manusear produtos químicos<br />

perigosos, tais como medicamentos<br />

quimioterápicos, o usuário deve ter maior proteção<br />

e tranquilidade de uma luva que tenha<br />

400mm/16” de comprimento, garantindo que o<br />

antebraço inteiro, até o cotovelo, seja coberto e<br />

protegido contra o risco de exposição a produtos<br />

químicos perigosos.<br />

A proteção do produto também é de extrema<br />

importância; a cobertura até o cotovelo com<br />

punho com rebordo para um ajuste mais seguro<br />

no braço possibilita que as luvas de 400 mm/<br />

16” eliminem o risco de contaminação da pele<br />

exposta entre as luvas e o vestuário das salas<br />

limpas. Usar as luvas para salas limpas que<br />

são 33% mais longas do que o padrão do setor,<br />

elimina a necessidade de artigos protetores<br />

adicionais tais como capas para manga ou o uso<br />

da fita de punho e, dessa forma, permite economias<br />

em custos e redução de desperdício, o que<br />

resulta em um impacto positivo no ambiente.<br />

Saiba mais sobre as luvas BioClean<br />

www.ansell.com/br/pt/life-sciences<br />

LABORATÓRIO A3Q - DESTAQUE NO CENÁRIO DE ANÁLISES<br />

40<br />

Revista <strong>Analytica</strong> | Out/Nov 2019<br />

O Laboratório A3Q atua na realização de<br />

ensaios físico-químicos e microbiológicos nas<br />

áreas de Alimentos, Água e Ambiental buscando<br />

atender o mercado de forma ampla e<br />

com a qualidade de um verdadeiro laboratório<br />

de referência. Recentemente ampliamos nosso<br />

escopo de análises acreditadas no INMETRO<br />

e MAPA nos tornando seguramente um dos<br />

laboratórios com maior número de ensaios<br />

acreditados no Brasil. Além de termos um<br />

moderno parque de equipamentos, inclusive<br />

na área de cromatografia, também contamos<br />

com profissionais de alto nível com Mestrados,<br />

Doutorados e Pós-Doutorados capacitados<br />

para desenvolvimento de novas análises nas<br />

mais específicas técnicas.<br />

Conheça mais sobre nosso trabalho em:<br />

www.a3q.com.br


Em Foco<br />

NOVOS ESPECTROFOTÔMETROS UV-VISÍVEL GENESYS<br />

DA THERMO SCIENTIFIC<br />

com maior rapidez e comodidade comparado<br />

aos instrumentos da geração anterior.<br />

GENESYS 180: O espectrofotômetro UV-<br />

-Vis GENESYS 180 inclui todos os recursos do<br />

espectrofotômetro GENESYS 150. Também<br />

inclui um trocador automatizado de 8 cubetas<br />

para ambientes de maior produtividade e sistema<br />

óptico de duplo feixe para experimentos<br />

avançados com uma referência variável.<br />

A Analitica apresenta a nova linha de espectrofotômetros<br />

GENESYS da Thermo Scientific,<br />

projetados para os laboratórios modernos e a<br />

nova geração de analistas.<br />

Técnicos do controle de qualidade industriais,<br />

instrutores e pesquisadores universitários que<br />

buscam um espectrofotômetro UV-Visível robusto,<br />

automatizado, pronto para uso em rede<br />

Wi-Fi e com custo acessível agora podem escolher<br />

entre uma ampla variedade de opções<br />

com a chegada da nova série de espectrofotômetros<br />

GENESYS da Thermo Scientific. Reconhecidos<br />

mundialmente por sua confiabilidade,<br />

precisão e reprodutibilidade, os novos<br />

GENESYS foram projetados para atender às<br />

expectativas de tecnologias avançadas da era<br />

moderna em um pacote compacto e robusto.<br />

GENESYS 50: espectrofotômetro UV-Vis<br />

que apresenta uma interface ao usuário simplificada,<br />

com ampla tela sensível ao toque<br />

colorida e de alta resolução. A carcaça externa<br />

é muito robusta, projetada para ambientes<br />

que requerem uso repetitivo e pesado, apresentando<br />

superfícies inclinadas para prevenir<br />

infiltrações e respingos. Possui compartimento<br />

de amostras para uma única cubeta, atendendo<br />

a demanda de laboratórios que não<br />

exigem alta produtividade, mas não abrem<br />

mão da qualidade.<br />

GENESYS 150: O espectrofotômetro UV-Vis<br />

que inclui os mesmos recursos do GENESYS<br />

50, acrescentando opção de uso com carrossel<br />

automatizado para leitura de até 8 cubetas e<br />

capacidade de operação com a tampa do compartimento<br />

de amostras aberto, para medições<br />

Biomate 160: O espectrofotômetro UV-Vis<br />

BioMate 160 também inclui todos os benefícios<br />

do espectrofotômetro GENESYS 150 com adição<br />

de métodos pré-programados para ajudar os<br />

pesquisadores da área de Biociências a obter<br />

suas respostas mais rapidamente.<br />

Uma variada linha de acessórios supermodernos,<br />

incluindo trocadores de cubetas automatizados,<br />

suporte termostatizado por Peltier, acessório<br />

sipper para sucção semi-automática das<br />

amostras e sonda de fibra óptica, estão disponíveis<br />

para simplificar a amostragem e atender às<br />

necessidades dos mais exigentes laboratórios.<br />

Interessado em conhecer esses novos<br />

instrumentos?<br />

Contate a Nova Analitica.<br />

www.analiticaweb.com.br/<br />

Revista <strong>Analytica</strong> | Out/Nov 2019<br />

41


Em Foco<br />

O PODER COLETIVO DA CROMATOGRAFIA.<br />

Resultados reprodutíveis com preparo<br />

e pesquisas clínicas com amostras biológicas<br />

Líder em tecnologia de colunas para croma-<br />

e amostra, colunas e vials.<br />

complexas em alta demanda enquanto cum-<br />

tografia líquida, com produção da sílica de alta<br />

prem legislações rigorosas, o SOLA SPE com-<br />

pureza, polímeros e carbono grafite poroso, fase<br />

Maximizar a produtividade da cromatografia e<br />

bina o suporte e os componentes do meio ativo<br />

ligada e empacotamento de coluna por 40 anos,<br />

atingir resultados reprodutíveis requer otimiza-<br />

em uma cama absorvente uniforme e sólida,<br />

a Thermo Fisher oferece acessórios e colunas<br />

ção de todo o workflow, da amostra ao conhe-<br />

o que fornece um fluxo estável e controlável e<br />

inovadoras para as análises mais desafiadoras,<br />

cimento. Escolhendo as ferramentas corretas do<br />

ainda previne o bloqueio de amostras biológi-<br />

incluindo colunas desenvolvidas especialmente<br />

preparo de amostra (manual ou automatiza-<br />

cas viscosas. Assim, além da alta produtividade,<br />

para as inovadoras aplicações Biofarmacêuticas.<br />

do) à melhor seletividade química das colunas,<br />

melhoram a reprodutibilidade não só cartucho<br />

As colunas de núcleo sólido Accucore permi-<br />

é possível manter a integridade da amostra e al-<br />

a cartucho, como de lote a lote. A versão SOLAμ<br />

tem uma separação rápida e de alta resolução<br />

cançar máxima eficiência do instrumento, além<br />

permite aumentar a concentração da amostra<br />

com back pressure significativamente menor do<br />

de reduzir custos com reanálises.<br />

sem modificar o workflow, além de fornecer a<br />

que as colunas convencionais para UHPLC. As<br />

opção de diminuição do volume total sem adi-<br />

colunas Hypersil GOLD oferecem picos croma-<br />

No preparo de amostras, a Thermo Fisher ofe-<br />

cionar outros passos na metodologia.<br />

tográficos excepcionais para fase reversa, troca<br />

rece os kits SMART Digest e o SMART Digest<br />

iônica, HILIC ou fase normal. Além das colunas<br />

ImmunoAffinity (IA) criados para caracterização<br />

e quantificação de biomarcadores e bio-terapêuticos.<br />

Através da imobilização da enzima<br />

tripsina estável ao calor, os kits melhoram o<br />

workflow com a digestão rápida e eficiente de<br />

proteínas para caracterização e quantificação.<br />

Além do avanço tecnológico, os kits oferecem<br />

simples utilização evitando erros no processo,<br />

melhorando assim a reprodutibilidade dos testes<br />

e automatização.<br />

A Thermo Fisher oferece ainda em sua linha<br />

premium para preparo de amostras os filtros de<br />

seringa Titan3 de alta performance. Disponíveis<br />

em diferentes diâmetros e tipos de membrana, os<br />

filtros apresentam codificação por cor, facilitando<br />

a identificação das membranas corretas e também<br />

do tamanho do poro, abertura luer lock melhorada<br />

e anel integral o que previne vazamentos<br />

e colapso, além disso filtros de 30mm suportam<br />

até 120psi. Atendendo também as análises mais<br />

complexas e exigentes em termos de impureza,<br />

Acclaim baseadas em partículas de sílica porosa<br />

ultra-pura com tecnologia avançada e inovadora<br />

de ligação, o que promove seletividade<br />

complementar, alta eficiência e picos simétricos.<br />

Trazendo tecnologia de ponta e visando a<br />

otimização do tempo e quantidade amostral, a<br />

linha premium Thermo Fisher oferece produtos<br />

para o preparo de amostras de forma rápida,<br />

precisa e econômica para superar seus desafios.<br />

42<br />

Revista <strong>Analytica</strong> | Out/Nov 2019<br />

Se comparado ao SPE tradicional os produtos<br />

SOLA fornecem maior robustez, alta sensibilidade,<br />

fácil utilização, alta produtividade, além<br />

de eficiência e rápido processamento, devido<br />

a sua tecnologia exclusiva e inovadora frit-less.<br />

Desenvolvidos para as análises bioanalíticas<br />

a Thermo Fisher traz o primeiro vial pré-limpo,<br />

com baixo número de partículas e background,<br />

testado e certificado para 15 características físicas<br />

que podem afetar a performance do vial, disponível<br />

em âmbar ou transparente em vidro Tipo 1,<br />

atendendo a todos os critérios das Farmacopeias<br />

Americana, Europeia e Japonesa.<br />

+55 62 3983-1900<br />

www.bioscie.com.br<br />

comercial@bioscie.com.br


Em Foco<br />

ENSAIOS DE VISCOSIDADE NO CONTROLE DE QUALIDADE<br />

O objetivo principal de um laboratório de<br />

controle de qualidade é monitorar as características<br />

físico-químicas e microbiológicas de<br />

um produto com o intuito de evitar possíveis<br />

desvios e corrigi-los a tempo. Os ensaios são<br />

realizados desde a entrada da matéria-prima<br />

até o produto acabado, monitorando cada etapa<br />

do processo garantindo segurança, eficácia<br />

e qualidade do produto.<br />

A viscosidade é uma das características mais<br />

complexas de se monitorar. A consistência do<br />

produto deve ser compatível com a aplicação<br />

além de ser fator estético determinante quando<br />

se trata de alimentos, cosméticos e fármacos<br />

dermatológicos.<br />

A manutenção da faixa de viscosidade em<br />

cada etapa do processo diminui a necessidade<br />

de interrupção ou reprovação de lotes evitando<br />

custos desnecessários.<br />

Nos departamentos de desenvolvimento analítico<br />

a viscosidade é trabalhada principalmente<br />

na apresentação do produto. Um dermocosmético<br />

por exemplo, dependendo da sua aplicação<br />

necessita de viscosidades diferentes. Um creme<br />

de rápida absorção para melhorar a suavidade<br />

ou elasticidade da pele deve ter uma viscosidade<br />

baixa quando comparado a uma pomada cicatrizante<br />

para queimaduras que necessita criar<br />

uma camada protetora.<br />

Uma viscosidade que não acompanha a<br />

aplicação pode atrapalhar na eficácia e aceitação<br />

do produto pelo mercado. A diferença de<br />

viscosidade entre lotes é um fator preocupante<br />

pois gera perca de credibilidade no produto e<br />

reclamações de SAC afetando negativamente<br />

nas vendas.<br />

Existem diversas formas de monitorar a viscosidade,<br />

sendo a utilização de viscosímetros<br />

os métodos mais precisos. Os viscosímetros<br />

capilares fazem a medição da viscosidade<br />

através do cálculo do tempo que uma esfera<br />

atravessa um capilar de vidro. Para aplicações<br />

que exigem mais precisão os indicados são<br />

os viscosímetros rotacionais, que medem o<br />

torque necessário para que uma palheta dê<br />

uma volta completa em torno do seu eixo na<br />

amostra. A opção mais simples e mais aces-<br />

sível é o viscosímetro de orifício, que mede o<br />

tempo necessário para que uma amostra de<br />

volume conhecido necessita para escoar por<br />

um orifício.<br />

Os viscosímetros rotacionais existem no mercado<br />

a décadas e as novidades estão cada vez<br />

mais sofisticadas fazendo a medição de 1 centiPoise<br />

(Cp) a milhões de Cps. Um bom viscosímetro<br />

é capaz de monitorar, salvar e transferir<br />

os dados para o computador, é conveniente<br />

que ele expresse a leitura através de gráfico<br />

facilitando a compreensão do momento de<br />

estabilização. Conectores rápidos facilitam a<br />

troca dos spindles e a capacidade de configurar<br />

rampas simplifica tarefas repetitivas. A LAS<br />

do Brasil oferece diversas opções com marcas<br />

ofertando até 10 anos de garantia. Entre em<br />

contato conosco e confira a solução ideal para<br />

sua empresa.<br />

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Revista <strong>Analytica</strong> | Out/Nov 2019<br />

43


Em Foco<br />

PAPILLOCHECK® DA GREINER BIO-ONE CONTRIBUI PARA<br />

A PREVENÇÃO DE CÂNCER NO COLO DO ÚTERO<br />

Genotipagem simultânea e confiável<br />

de 24 subtipos de Papilomavírus<br />

Humano (HPV).<br />

A infecção persistente com o carcinogênico<br />

Papilomavírus Humano (HPV) é encontrada<br />

em praticamente todos os casos de câncer<br />

no colo do útero. De acordo com o Instituto<br />

Nacional do Câncer (INCA), à infecção persistente<br />

por subtipos oncogênicos do vírus HPV<br />

(Papilomavírus Humano), especialmente pelos<br />

subtipos HPV-16 e HPV-18, resultam em<br />

cerca de 70% dos cânceres cervicais. Com a<br />

existência dos subtipos classificados como<br />

baixo risco, a detecção da genotipagem do<br />

HPV identifica os pacientes com maiores<br />

riscos de desenvolver câncer cervical e lesões<br />

precursoras de alto grau.<br />

Essa detecção pode ser realizada com o kit<br />

PapilloCheck®, um teste para diagnóstico baseado<br />

na análise de DNA para identificação e<br />

genotipagem simultânea de 24 subtipos diferentes<br />

de HPV. Destes, 18 são classificados<br />

como de alto risco e 6 como de baixo risco,<br />

sendo esses últimos, os agentes causadores<br />

de verrugas benignas.<br />

O PapilloCheck® permite o diagnóstico<br />

rápido (menos de 5 horas) e, com uma sensibilidade<br />

de 98%, detecta pacientes colonizados<br />

com subtipos de HPV que ainda não<br />

apresentam quadros clínicos ou lesões visíveis.<br />

Possibilita o monitoramento de infecções<br />

agudas, persistentes e múltiplas, além<br />

de controles internos que avaliam a qualidade<br />

da amostra e ajudam a evitar resultados<br />

falsos negativos.<br />

Validado de acordo com as diretrizes internacionais<br />

para testes de HPV na triagem de<br />

câncer de colo do útero, estudos clínicos demonstraram<br />

que o PapilloCheck® é um teste<br />

de genotipagem com potencial alto para o<br />

rendimento de amostras em ambiente clínico.<br />

As amostras dos pacientes podem ser<br />

processadas manualmente, bem como em<br />

plataformas de automação, que permitem<br />

uma alta taxa de transferência com mínimo<br />

manuseio. O CX NIMBUS® e o CX STARlet,<br />

também desenvolvidos pela Greiner Bio-One,<br />

combinam as vantagens da automação<br />

com uma metodologia inteligente, eficiente<br />

e precisa para a triagem e genotipagem simultâneas<br />

do Papilomavírus Humano.<br />

Os produtos atendem a todos os requisitos<br />

das leis e normas exigidos pela ANVISA<br />

(Agência Nacional de Vigilância Sanitária)<br />

para produtos e equipamentos para diagnóstico<br />

in vitro.<br />

Para mais informações,<br />

entre em contato: info@br.gbo.com,<br />

ou acesse: www.gbo.com.br<br />

44<br />

Revista <strong>Analytica</strong> | Out/Nov 2019


Em Foco<br />

your power for health<br />

PapilloCheck ®<br />

O kit PapilloCheck ® detecta e faz a genotipagem<br />

simultânea de 24 subtipos diferentes do<br />

Papilomavírus Humano (HPV).<br />

Diagnóstico rápido<br />

Monitoramento de infecções agudas,<br />

persistentes e múltiplas<br />

Controles internos que avaliam a qualidade da<br />

amostra e ajudam a evitar resultados<br />

falsos negativos<br />

Com sensibilidade de 98%, é capaz de<br />

detectar subtipos de HPV em amostras de<br />

pacientes que ainda não apresentam quadros<br />

clínicos e lesões visíveis<br />

Revista <strong>Analytica</strong> | Out/Nov 2019<br />

45<br />

Greiner Bio-One Brasil | Avenida Affonso Pansan, 1967 | CEP 13473-620 | Americana | SP<br />

Tel: +55 (19) 3468-9600 | Fax: +55 (19) 3468-3601 | E-mail: info@br.gbo.com<br />

www.gbo.com/preanalytics


Em Foco<br />

MANUTENÇÃO DA INTEGRIDADE MICROBIANA<br />

NA ÁGUA PURA<br />

Apesar da água muito pura ser um ambiente<br />

extremamente difícil, com um conteúdo mínimo<br />

de nutrientes - após a remoção das impurezas<br />

químicas orgânicas e inorgânicas da<br />

água -, ainda pode ocorrer crescimento bacteriano.<br />

Os vestígios residuais de impurezas ou<br />

detritos de bactérias mortas podem funcionar<br />

como fonte de alimento e biofilmes. As bactérias<br />

em si não são o único problema: elas<br />

também produzem endotoxinas e nucleases.<br />

Várias tecnologias de purificação removem<br />

ou degradam as bactérias e os respectivos<br />

produtos secundários. A resina<br />

de troca aniônica inativa as bactérias e,<br />

assim como a retenção de uma membrana<br />

osmose reversa, ambas podem reduzir o<br />

total viável em mais de 95. As moléculas<br />

com carga, tais como endotoxinas, são efetivamente<br />

atraídas por ânions e resinas de<br />

leito misto durante a maior parte do tempo<br />

de vida útil da resina. Os microfiltros e<br />

ultramicrofiltros, com cortes de 0,2 e 0,05<br />

μm respectivamente, são excelentes para<br />

remover microrganismos, mas menos eficazes<br />

para remover endotoxinas.<br />

A exposição à luz ultravioleta é também<br />

muito eficaz na destruição de microrganismos.<br />

Já a combinação da fotoxidação com 185 nm<br />

de luz UV, seguida de um ultrafiltro, remove<br />

bem as bactérias, bem como endotoxinas e<br />

enzimas, como nucleases.<br />

Para mais informações:<br />

(11) 3888-8800<br />

watertech.marcom.lata@veolia.com<br />

www.veoliawatertech.com/latam<br />

CULT PACK (SACHÊ)<br />

A SOLUÇÃO ECONÔMICA PARA BAIXOS VOLUMES DE CONSUMO.<br />

A pesagem exata e o controle de qualidade,<br />

executado sobre o meio de cultura desidratado,<br />

garantem o melhor desempenho, rapidez<br />

e produtividade, redução do risco de contaminação<br />

e evita o desperdício.<br />

RENDIMENTO<br />

Até 100 placas de 60 x 15mm<br />

Até 50 placas de 90 x 15mm<br />

Até 15 placas de 140 x 15mm<br />

46<br />

Revista <strong>Analytica</strong> | Out/Nov 2019<br />

FINALIDADE<br />

Independente da opção, em utilizar placas<br />

prontas para o uso ou de preparar suas próprias<br />

placas, nós temos a solução.<br />

Na medida exata para o preparo de 1 litro<br />

de meio de cultura, o Cult Pack (sachê) é uma<br />

alternativa econômica para a utilização de<br />

produtos de alta qualidade em seu laboratório.<br />

CONTATOS:<br />

Informações técnicas:<br />

+55 (41) 3888 - 1300 | 0800 - 6001302<br />

E-mail: sac@newprov.com.br<br />

Informações comerciais:<br />

+55 (41) 3888 - 1300 | 0800 - 6001302<br />

E-mail: vendas@newprov.com.br


Em Foco<br />

Revista <strong>Analytica</strong> | Out/Nov 2019<br />

47


Em Foco<br />

O GRUPO PRIME CARGO SEMPRE ATENTO E ACREDITANDO NO<br />

MERCADO NACIONAL E INTERNACIONAL REALIZA FREQUENTEMENTE<br />

MASSIVOS INVESTIMENTOS EM SUAS INSTALAÇÕES E FILIAIS.<br />

Contando com estrutura de 7000mts² em<br />

Barueri - SP, e filiais em pontos estratégicos<br />

por todo território nacional, sendo eles totalmente<br />

adequados ao segmento médico-laboratório-hospitalar,<br />

o Grupo Prime Cargo disponibiliza<br />

aos seus clientes um novo conceito<br />

em transporte e armazenagem, que segue em<br />

conformidade com as boas práticas exigidas<br />

pelas diretrizes.<br />

Dispondo de áreas técnicas, laboratórios<br />

para manutenção de equipamentos e espaço<br />

para treinamento de equipes, a PRIME inova<br />

mais uma vez no atendimento e velocidade<br />

nos processos.<br />

O investimento em pessoal é constante com<br />

treinamentos, atualizações de equipamentos e<br />

materiais, isso faz com que além de atender os<br />

prazos, seja feito com qualidade e segurança,<br />

contando com todas as certificações e adequações<br />

necessárias como a ISO9001 (Matriz)<br />

e ANVISA.<br />

O que é a CP 343/2017?<br />

As alterações e novidades abordadas nessa<br />

Consulta Pública vieram para harmonizar<br />

os requerimentos sanitários da Anvisa com<br />

aqueles definidos nas diversas diretrizes internacionais.<br />

Portanto, agora mais do que nunca, os gestores<br />

das empresas embarcadoras, precisam<br />

realizar processo de Qualificação de Fornecedores<br />

de forma a garantir a integridade do<br />

produto farmacêutico de ponta a ponta.<br />

Em fevereiro de 2019, a Agência Nacional<br />

de Vigilância Sanitária, inclusive, promoveu o<br />

Diálogo Setorial, justamente para apresentar<br />

as alterações na CP 343/2017, além de ouvir<br />

as considerações e preocupações dos empresários,<br />

especialistas e técnicos do setor.<br />

Foram enviadas 445 contribuições pelos<br />

participantes, que receberam a versão prévia<br />

da publicação, bem como as alterações do<br />

texto inicial com todas as sugestões e comentários<br />

recebidos.<br />

Com o texto consolidado, a norma reduziu a<br />

quantidade de artigos de 127 para 90.<br />

48<br />

Revista <strong>Analytica</strong> | Out/Nov 2019<br />

A CP 343/2017 da Agência Nacional de Vigilância<br />

Sanitária se refere às boas práticas de<br />

armazenagem e transporte e tem o intuito de<br />

promover maior controle da cadeia produtiva,<br />

garantindo a qualidade dos medicamentos<br />

em todas as etapas de transporte, distribuição<br />

e armazenamento.<br />

Avenida Piraíba, 296 parte A / Centro<br />

Comercial Jubran –<br />

Barueri – Sp / CEP: 06460-121<br />

0800 591 4110 / (11) 4280 9110<br />

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www.primecargo.com.br

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