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Revista<br />
Ano 17 - Edição <strong>103</strong> - Out/Nov<br />
EDITORIAL<br />
Chegamos à <strong>103</strong>ª edição da Revista <strong>Analytica</strong>, cuidadosamente preparada trazendo a maior gama de<br />
assuntos referentes ao setor de controle de qualidade industrial. A nossa revista também traz um material<br />
abrangente. Contamos, desta vez, com dois artigos que abordam diferentes temas: o primeiro sobre<br />
a importância das metodologias de controle de qualidade na produção de cosméticos e sobre os riscos<br />
biológicos associados ao uso de cosméticos; e o segundo artigo traz uma análise sobre a concentração<br />
de metais pesados nas águas do Rio Paraopeba e na lama de rejeitos após o rompimento da barragem de<br />
Brumadinho, em Minas Gerais.<br />
Além dos artigos científicos supracitados, temos também a seção Espectrometria de massas apresentando<br />
um texto que discorre sobre os detectores de íons e algumas de suas características. Na seção Análise de<br />
Minerais, falamos sobre a eminência de uma nova revolução tecnológica e suas consequências no cotidiano<br />
laboratorial. Somado a isso, ainda contamos com a seção de Metrologia, que expõe sobre o poder das<br />
medidas e a sua capacidade de afetar, inclusive, relações comerciais do país.<br />
Todo esse conteúdo, associado à uma importante agenda de eventos e as melhores inovações e soluções<br />
do mercado de controle de qualidade industrial, reunindo as maiores empresas do ramo. Agradecemos a<br />
todos que colaboraram com essa edição, e a todos os leitores.<br />
Boa leitura a todos!<br />
JOÃO GABRIEL DE ALMEIDA<br />
Esta publicação é dirigida a laboratórios analíticos e de controle de qualidade dos setores:<br />
FARMACÊUTICO | ALIMENTÍCIO | QUÍMICO | MINERAÇÃO | AMBIENTAL | COSMÉTICO | PETROQUÍMICO | TINTAS<br />
Os artigos assinados sâo de responsabilidade de seus autores e não representam, necessariamente a opinião da Editora.<br />
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Comercial | Para Assinaturas | Renovação | Para Anunciar: Daniela Faria | 11 98357-9843 | assinatura@revistaanalytica.com.br<br />
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Conselho Editorial: Sylvain Kernbaum | revista@revistaanalytica.com.br<br />
Jornalista Responsável: João Gabriel de Almeida | editoria@revistaanalytica.com.br<br />
Publicidade e Redação: Daniela Faria | 11 98357-9843 | assinatura@revistaanalytica.com.br<br />
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Impressão: Gráfica Vox | Periodicidade: Bimestral<br />
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/Revista<strong>Analytica</strong><br />
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/revistaanalytica
Revista<br />
Ano 17 - Edição <strong>103</strong> - Out/Nov<br />
ÍNDICE<br />
Artigo 1<br />
10<br />
Riscos Biológicos<br />
Associados a Cosméticos<br />
01<br />
06<br />
08<br />
Editorial<br />
Publique na <strong>Analytica</strong><br />
Agenda<br />
Autores:<br />
Jonathas Xavier Pereira;<br />
Thaís Canuto Pereira.<br />
Artigo 2<br />
20<br />
Avaliação de Metais e Qualidade da Água<br />
em trechos do rio Paraopeba após o<br />
rompimento da barragem do Corrego<br />
do Feijão: Uma visão do fato frente ao<br />
equilíbrio do meio ambiente.<br />
Autores:<br />
Luana Cristina Camargos. Gomes,<br />
Alex Magalhães de Almeida,<br />
Flávio Leonildo de Melo.<br />
2<br />
Revista <strong>Analytica</strong> | Out/Nov 2019<br />
Em Foco Científico<br />
37<br />
Avaliação de Eficiência de Sanitizante<br />
de Ar em Salas e Ambientes de<br />
Laboratórios de Microbiologia<br />
de Alimentos<br />
31<br />
34<br />
36<br />
40<br />
Espectrometria de Massa<br />
Análise de Minerais<br />
Metrologia<br />
Em Foco
Revista<br />
Ano 17 - Edição <strong>103</strong> - Out/Nov<br />
ÍNDICE REMISSIVO DE ANUNCIANTES<br />
ordem alfabética<br />
Anunciante pág. Anunciante pág.<br />
A3Q 07<br />
Analitica Lab 33<br />
Ansell<br />
2ª Capa<br />
Arena Técnica 09<br />
BCQ 29<br />
Bio Scie 03<br />
BioNutrientes 17<br />
Disotax<br />
4ª Capa<br />
Greiner 45<br />
Las do Brasil 05<br />
Merck 35<br />
Nova Analitica 11<br />
Prime Cargo<br />
3ª Capa<br />
Sensoglass 19<br />
Veolia 47<br />
4<br />
Revista <strong>Analytica</strong> | Out/Nov 2019<br />
Esta publicação é dirigida a laboratórios analíticos e de controle de qualidade dos setores:<br />
FARMACÊUTICO | ALIMENTÍCIO | QUÍMICO | MINERAÇÃO | AMBIENTAL | COSMÉTICO | PETROQUÍMICO | TINTAS<br />
Os artigos assinados sâo de responsabilidade de seus autores e não representam, necessariamente a opinião da Editora.<br />
Conselho Editorial<br />
Carla Utecher, Pesquisadora Científica e chefe da seção de controle Microbiológico do serviço de controle de Qualidade do I.Butantan - Chefia Gonçalvez Mothé, Prof ª Titular da Escola de Química da Escola de<br />
Química da Universidade Federal do Rio de Janeiro - Elisabeth de Oliveira, Profª. Titular IQ-USP - Fernando Mauro Lanças, Profª. Titular da Universidade de São Paulo e Fundador do Grupo de Cromatografia (CROMA)<br />
do Instituto de Química de São Carlos - Helena Godoy, FEA / Unicamp - Marcos E berlin, Profª de Química da Unicamp, Vice-Presidente das Sociedade Brasileira de Espectrometria de Massas e Sociedade Internacional<br />
de Especteometria de Massas - Margarete Okazaki, Pesquisadora Cientifica do Centro de Ciências e Qualidade de Alimentos do Ital - Margareth Marques, U.S Pharmacopeia - Maria Aparecida Carvalho de<br />
Medeiros, Profª. Depto. de Saneamento Ambiental-CESET/UNICAMP - Maria Tavares, Profª do Instituto de Química da Universidade de São Paulo - Shirley Abrantes Pesquisadora titular em Saúde Pública do INCQS<br />
da Fundação Oswaldo Cruz - Ubaldinho Dantas, Diretor Presidente de OSCIP Biotema, Ciência e Tecnologia, e Secretário Executivo da Associação Brasileira de Agribusiness.<br />
Colaboraram nesta Edição:<br />
Eduardo Pimenta Almeida de Melo, Luciano Nascimento, Anastasiia Melnyk, Oliveira ML, Pereira AS, Rodrigues KM, França RF, Assis IB, Arena Técnica,<br />
Oscar Vega Bustillos, Américo Tristão, Claudio Kiyoshi Hirai.
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Revista<br />
Ano 17 - Edição <strong>103</strong> - Out/Nov<br />
PUBLIQUE NA ANALYTICA<br />
Normas de publicação para artigos e informes assinados<br />
A Revista <strong>Analytica</strong>, em busca constante de novidades em divulgação científica, disponibiliza abaixo as normas para publicação de artigos, aos<br />
autores interessados. Caso precise de informações adicionais, entre em contato com a redação.<br />
Informações aos Autores<br />
Bimestralmente, a revista <strong>Analytica</strong> publica<br />
editoriais, artigos originais, revisões, casos<br />
educacionais, resumos de teses etc. Os editores<br />
levarão em consideração para publicação toda<br />
e qualquer contribuição que possua correlação<br />
com as análises industriais, instrumentação e o<br />
controle de qualidade.<br />
Todas as contribuições serão revisadas e analisadas<br />
pelos revisores.<br />
Os autores deverão informar todo e qualquer<br />
conflito de interesse existente, em particular<br />
aqueles de natureza financeira relativo<br />
a companhias interessadas ou envolvidas em<br />
produtos ou processos que estejam relacionados<br />
com a contribuição e o manuscrito<br />
apresentado.<br />
Acompanhando o artigo deve vir o termo<br />
de compromisso assinado por todos os autores,<br />
atestando a originalidade do artigo, bem<br />
como a participação de todos os envolvidos.<br />
Os manuscritos deverão ser escritos em português,<br />
mas com Abstract detalhado em inglês.<br />
O Resumo e o Abstract deverão conter as<br />
palavras-chave e keywords, respectivamente.<br />
As fotos e ilustrações devem preferencialmente<br />
ser enviadas na forma original, para<br />
uma perfeita reprodução. Se o autor preferir<br />
mandá-las por e-mail, pedimos que a resolução<br />
do escaneamento seja de 300 dpi’s, com<br />
extensão em TIF ou JPG.<br />
Os manuscritos deverão estar digitados e enviados<br />
por e-mail, ordenados em título, nome<br />
e sobrenomes completos dos autores e nome<br />
da instituição onde o estudo foi realizado.<br />
Além disso, o nome do autor correspondente,<br />
com endereço completo fone/fax e e-mail<br />
também deverão constar. Seguidos por resumo,<br />
palavras-chave, abstract, keywords, texto<br />
(Ex: Introdução, Materiais e Métodos, Parte<br />
Experimental, Resultados e Discussão, Conclusão)<br />
agradecimentos, referências bibliográficas,<br />
tabelas e legendas.<br />
As referências deverão constar no texto com o<br />
sobrenome do devido autor, seguido pelo ano<br />
da publicação, segundo norma ABNT 10520.<br />
As identificações completas de cada referência<br />
citadas no texto devem vir listadas no fim,<br />
com o sobrenome do autor em primeiro lugar<br />
seguido pela sigla do prenome. Ex.: sobrenome,<br />
siglas dos prenomes. Título: subtítulo do<br />
artigo. Título do livro/periódico, volume, fascículo,<br />
página inicial e ano.<br />
Evite utilizar abstracts como referências. Referências<br />
de contribuições ainda não publicadas<br />
deverão ser mencionadas como “no prelo”<br />
ou “in press”.<br />
Observação: É importante frisar que a <strong>Analytica</strong> não informa a previsão sobre quando o artigo será publicado. Isso se deve ao fato que, tendo em<br />
vista a revista também possuir um perfil comercial – além do técnico cientifico -, a decisão sobre a publicação dos artigos pesa nesse sentido. Além<br />
disso, por questões estratégicas, a revista é bimestral, o que incorre a possibilidade de menos artigos serem publicados – levando em conta uma<br />
média de três artigos por edição. Por esse motivo, não exigimos artigos inéditos – dando a liberdade para os autores disponibilizarem seu material<br />
em outras publicações.<br />
6<br />
Revista <strong>Analytica</strong> | Out/Nov 2019<br />
ENVIE SEU TRABALHO<br />
Os trabalhos deverão ser enviados ao endereço:<br />
A/C: João Gabriel de Almeida – redação<br />
Av. Nove de Julho, 3.229 - Cj. 1110 - 01407-000 - São Paulo-SP<br />
Ou por e-mail: editoria@revistaanalytica.com.br<br />
Para outras informações acesse: http://www.revistaanalytica.com.br/publique/
Agenda<br />
agenda<br />
8<br />
Revista <strong>Analytica</strong> | Out/Nov 2019<br />
XX Simpósio Brasileiro de Química Teórica<br />
Data: 10/11/2019 a 14/11/2019<br />
Local: Centro de Convenções, João Pessoa/PB<br />
Informações: http://www.quimica.ufpb.br/sbqt2019/<br />
7th Brazilian Conference On Natural Products<br />
Data: 10/11/2019 a 13/11/2019<br />
Local: Instituto Militar de Engenharia (IME)<br />
Informações: https://2019.bcnp.com.br/<br />
6º Simpósio de Geotecnia do Nordeste<br />
Data: 13/11/2019 a 14/11/2019<br />
Local: Mar Hotel Conventions, Recife/PE<br />
Informações: https://www.geone.com.br/2019/inicial/<br />
Fórum de Cadeia Fria - ANFARLOG<br />
Data: 19/11/2019<br />
Local: Cinesystem Morumbi Town, São Paulo/SP<br />
Informações: http://www.anfarlog.org.br/course/forum-de-cadeia-fria-3/<br />
8º Simpósio Brasileiro de Vigilância Sanitária<br />
Data: 23/11/2019 a 27/11/2019<br />
Local: Expominas, Belo Horizonte/MG<br />
Informações: https://www.simbravisa.com.br/index.php<br />
METROLOGIA 2019<br />
Data: 24/11/2019 a 27/11/2019<br />
Local: Centrosul, Florianópolis/SC<br />
Informações: http://www.metrologia2019.org.br/<br />
XXIII Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos<br />
Data: 24/11/2019 a 28/11/2019<br />
Local: Bourbon Cataratas Convention, Foz do Iguaçu/PR<br />
Informações: https://eventos.abrh.org.br/xxiiisbrh/<br />
II Congresso Alagoano de Engenharia de Agrimensura<br />
Data: 02/12/2019 a 04/12/2019<br />
Local: Centro de Ciências Agrácias – CECA, Rio Largo/AL<br />
Informações: https://doity.com.br/coneagri<br />
Revista NewsLab | Out/Nov 2019
Artigo 1<br />
Autores:<br />
Jonathas Xavier Pereira;<br />
Thaís Canuto Pereira.<br />
Riscos Biológicos<br />
Associados a Cosméticos<br />
10<br />
Revista <strong>Analytica</strong> | Out/Nov 2019<br />
Imagem Ilustrativa<br />
Resumo<br />
O uso de produtos cosméticos está aumentando<br />
em todo o mundo e uma variedade de compostos<br />
químicos utilizados na fabricação desses<br />
produtos cresce ao mesmo tempo. Dessa forma,<br />
também aumentam o risco de intoxicação, processos<br />
alérgicos, exposição química prolongada,<br />
efeitos colaterais e uso indiscriminado. O presente<br />
trabalho tem como objetivo destacar os<br />
riscos biológicos que os cosméticos podem representar<br />
para a saúde humana contra as substâncias<br />
tóxicas utilizadas em sua formulação.<br />
Este trabalho é uma revisão integrativa da literatura<br />
estruturada de acordo com a metodologia<br />
descrita por Whittemore, R. e Knafl, K., 2005. O<br />
presente trabalho relaciona as principais substâncias<br />
químicas tóxicas presentes em produtos<br />
cosméticos às possíveis complicações de saúde<br />
relatadas na literatura científica. Atualmente, as<br />
indústrias cosméticas têm aumentado o uso de<br />
compostos com ação conservante, surfactante,<br />
fragrâncias, corantes, etc. na formulação de<br />
produtos cosméticos. Tais substâncias potencializam<br />
a qualidade, propriedade e prazo de<br />
validade dos cosméticos, mas, por outro lado,<br />
muitas dessas substâncias são tóxicas para o<br />
corpo humano, apresentando riscos à saúde que<br />
variam de uma reação simples de hipersensibilidade<br />
leve a um processo anafilático ou até uma<br />
intoxicação letal. Assim, o uso indiscriminado de<br />
cosméticos pode se apresentar como uma questão<br />
emergente de saúde pública. Diante do exposto,<br />
este trabalho busca incentivar melhorias<br />
na busca de novas metodologias para controle<br />
de qualidade na produção e consumo de produtos<br />
cosméticos em todo o mundo.<br />
Palavras-chave: cosméticos, riscos biológicos, toxicidade,<br />
controle de qualidade, efeitos adversos.<br />
I. Introdução<br />
Historicamente, os cosméticos começaram a<br />
ser usados há 6.000 anos e seu uso se espalhou<br />
pelo mundo. Tais produtos tinham o objetivo<br />
de adornar e perfumar o corpo, de modo<br />
a não alterar a estrutura e a função da pele. No<br />
Egito antigo, os registros apontam para o uso<br />
de cosméticos que contêm pigmentos pretos<br />
(Kohl) com chumbo aplicados na região dos<br />
olhos. O chumbo, por sua vez, quando em<br />
contato com a pele, libera óxido nítrico gasoso<br />
capaz de ativar o sistema imunológico por<br />
vasodilatação e ativação de macrófagos com<br />
características citotóxicas.<br />
Atualmente, cosméticos e produtos para<br />
cuidados com a pele são consumidos em todo<br />
o mundo, com uso frequente, aumentando a<br />
exposição do corpo humano aos vários compostos<br />
químicos que compõem suas fórmulas.<br />
Estipular a incidência de efeitos colaterais causados<br />
por cosméticos é bastante difícil, porque<br />
os usuários com efeitos colaterais fracos geralmente<br />
não procuram atendimento médico.<br />
Os efeitos colaterais derivados do uso de<br />
cosméticos apresentam riscos à saúde, principalmente<br />
devido à exposição a inúmeras<br />
substâncias químicas. Suas consequências podem<br />
variar de uma reação simples de hipersensibilidade<br />
leve a um processo anafilático ou<br />
até uma intoxicação letal.<br />
a) O início das complicações de saúde devido<br />
ao uso de cosméticos.<br />
O uso de cosméticos pigmentados à base de<br />
chumbo usados pelos egípcios é caracterizado<br />
como a evidência mais antiga do uso de cosméticos<br />
e suas complicações. Posteriormente,<br />
apareceram rouges e batons cuja coloração<br />
avermelhada foi atribuída ao sulfeto de mercúrio.<br />
Esse composto, quando ingerido por<br />
mulheres grávidas, causava aborto espontâneo.<br />
Outro composto tóxico capaz de causar danos<br />
ao organismo foi o arsênico usado por gregos<br />
e romanos em soluções depilatórias químicas.<br />
Com o avanço do conhecimento sobre a fisiologia<br />
da pele e seus componentes, as indústrias<br />
farmacêuticas passaram a investir em novos<br />
princípios ativos e veículos para a produção de<br />
cosméticos. Assim, novos testes de controle<br />
de qualidade na fabricação desses cosméticos<br />
também deveriam ser atualizados para garantir<br />
a segurança no uso de tais compostos.<br />
Várias agências reguladoras em todo o mundo<br />
se dedicam ao controle e regulamentação<br />
de atividades comerciais, segurança e controle
Artigo 1<br />
12<br />
Revista <strong>Analytica</strong> | Out/Nov 2019<br />
de qualidade de cosméticos. Embora existam<br />
regras e controle de qualidade testes a serem<br />
seguidos para a fabricação de um cosmético,<br />
esses mecanismos regulatórios não são totalmente<br />
eficazes, pois os efeitos adversos ainda<br />
persistem na população de consumidores.<br />
b) Os riscos biológicos no uso de cosméticos<br />
e a saúde pública.<br />
Diante do uso de produtos cosméticos e da<br />
maior exposição aos compostos das fórmulas<br />
por um longo tempo e frequência, os efeitos<br />
colaterais desses produtos se tornam mais<br />
frequentes na população em todo o mundo.<br />
Mulheres e homens em todo o mundo usam<br />
grande quantidade de produtos cosméticos<br />
em busca da juventude eterna, ignorando os<br />
prováveis riscos à saúde.<br />
Os ingredientes cosméticos também são<br />
poluentes emergentes. Embora seu monitoramento<br />
ambiental esteja em um estágio muito<br />
inicial, sabe-se que os produtos cosméticos<br />
atingem o meio ambiente de várias maneiras,<br />
muitas vezes através da água, apresentando<br />
riscos biológicos aos ecossistemas e humanos.<br />
Assim, em relação à saúde pública, o termo<br />
“cosmetovigilância” passou a representar um<br />
tipo de estratégia em saúde onde o objetivo<br />
é priorizar a segurança do produto cosmético<br />
para fins comerciais. Essa vigilância é muito<br />
importante para controlar ingredientes<br />
potencialmente perigosos e, portanto, pode<br />
tranquilizar nossa mente quanto aos produtos<br />
colocados no mercado.<br />
As restrições ao uso de alguns ingredientes<br />
cosméticos são estipuladas por várias agências<br />
de vigilância em todo o mundo, permitindo<br />
que qualquer ingrediente que não conste da<br />
lista de restrições, seja permitido. Assim, como<br />
a indústria é bastante criativa e está sempre<br />
buscando melhorar sua produção, constantemente<br />
novos ingredientes são produzidos e<br />
utilizados na confecção de cosméticos por não<br />
constarem na lista de restrições das agências<br />
reguladoras. Esses ingredientes são novos<br />
alérgenos em potencial. Ao contrário dos medicamentos,<br />
não existe um órgão específico<br />
para avaliar a segurança de produtos cosméticos,<br />
nenhuma autorização de comercialização<br />
com requisitos específicos, nenhuma avaliação<br />
da relação risco-benefício e nenhuma garantia<br />
de constância de um lote para outro.<br />
Os riscos à saúde associados ao uso de produtos<br />
cosméticos se tornam atualmente um<br />
problema emergente de saúde pública, onde<br />
cerca de 12% dos usuários na população em<br />
geral experimentaram efeitos indesejáveis<br />
com um ou mais produtos cosméticos nos<br />
últimos nove anos.<br />
II. Metodologia<br />
Este estudo é uma revisão integrativa da<br />
literatura com base no modelo proposto por<br />
Whittemore e Knafl, onde visa relacionar aspectos<br />
clínicos e toxicológicos no uso de produtos<br />
cosméticos. Esta revisão reuniu um total<br />
de 32 estudos publicados entre 1998 e 2015,<br />
derivado do banco de dados PubMed.<br />
Os artigos científicos seguiram os critérios<br />
de inclusão: artigos que contenham os descritores<br />
“cosmetics toxicity”; “cosmetic intoxication”;<br />
“cosmetic risk”; “cosmetic danger”;<br />
“cosmetic side effects”.<br />
Os artigos científicos seguiram os seguintes<br />
critérios de exclusão: foram excluídos os artigos<br />
relacionados à cirurgia estética ou que<br />
não se relacionam a produtos cosméticos. A<br />
seleção de artigos científicos incluiu revisões<br />
e artigos originais com abordagem clínica e<br />
toxicológica. Essa metodologia visa relacionar<br />
as principais substâncias químicas tóxicas<br />
presentes nos produtos cosméticos com as<br />
possíveis complicações de saúde relatadas na<br />
literatura científica. Por meio deste estudo<br />
integrativo, a correlação clínico-toxicológica<br />
se torna um instrumento valioso para esclarecer<br />
e entender os efeitos colaterais do uso de<br />
cosméticos, chamando a atenção para o uso<br />
negligenciado desses produtos e destacando<br />
os riscos à saúde associados.<br />
III. Substâncias com potencial tóxico<br />
na formulação de cosméticos<br />
Diante das inovações tecnológicas na indústria<br />
de cosméticos, muitos produtos químicos<br />
foram adicionados como aditivos químicos<br />
para aumentar seu desempenho, eficácia e<br />
viabilidade. Alguns exemplos desses aditivos<br />
químicos são: Diazolidinil Ureia, Dioxano,<br />
Formaldeído e Paraformaldeído, Imidazolidinil<br />
Ureia, metais pesados, Metilcloroisotiazolinona-metilisotiazolinona<br />
(MCI-MI), Metildibromoglutaronitrila-fenoxietanol<br />
(MDBGN-Quaternal,<br />
PE), Parabenos e outros.<br />
a) Diazolidinil Ureia<br />
É um aditivo usado desde 1982 na fabricação<br />
de produtos para cuidados pessoais, como produtos<br />
infantis, maquiagem para olhos e rosto,<br />
produtos de cuidados com a pele, cabelos e<br />
unhas. A Figura 1 mostra sua fórmula química.<br />
Fig. 1: Fórmula química do Diazolidinil Ureia.<br />
A exposição a esse composto é capaz de causar<br />
dermatite alérgica de contato, além de ser<br />
caracterizada como um agente mutagênico<br />
e carcinogênico, pois é capaz de liberar formaldeído,<br />
um fixador e conservante que será<br />
discutido mais adiante
) Dioxano<br />
O 1,4-dioxano (Figura 2) é um éter com uma<br />
função emulsificante, detergente e solvente<br />
comumente encontrada em produtos como<br />
shampoo, creme dental e enxaguatório bucal.<br />
Fig. 2: Fórmula química do 1,4-dioxano.<br />
Embora este composto não esteja listado<br />
como um componente cosmético, esta<br />
substância é um contaminante na etapa de<br />
etoxilação, criando outros ingredientes como<br />
polietilenoglicol, polietileno e polioxietileno.<br />
Assim, altos níveis desse contaminante podem<br />
ser observados em produtos cosméticos,<br />
sendo essa substância química um potente<br />
carcinógeno, capaz de desencadear câncer de<br />
mama, pele e fígado.<br />
c) Formaldeído e Paraformaldeído<br />
O formaldeído e o paraformaldeído são conservantes<br />
tóxicos, sendo o paraformaldeído um<br />
polímero derivado do formaldeído (Figura 3).<br />
Fig. 3: Fórmula química do Formaldeído e Paraformaldeído.<br />
O formaldeído possui características moleculares<br />
que resultam em um agente de grande<br />
risco potencial para o câncer. Estudos clínicos<br />
mostram que 13% de uma amostra de 957<br />
participantes apresentaram dermatite alérgica<br />
de contato causada por formaldeído, que é a<br />
segunda maior causa de dermatite de contato<br />
provenientes de produtos cosméticos.<br />
Em um estudo realizado por Agner et al.,<br />
1999, 57 pacientes foram avaliados quanto à<br />
sua exposição ao formaldeído. Para essa análise,<br />
os participantes foram convidados a trazer<br />
diariamente os principais cosméticos usados<br />
por eles. No total, 409 produtos foram catalogados<br />
e, dentre eles, <strong>103</strong> tinham formaldeído<br />
em suas composições.<br />
d) Imidazolidinil ureia<br />
A imidazolidinil ureia (Figura 4) é um conservante<br />
usado em produtos cosméticos que<br />
também tem a propriedade de liberar formaldeído<br />
como consequência de sua degradação,<br />
como a Diazolidinil ureia.<br />
Fig. 4: Fórmula química do Imidazolidinil ureia.<br />
Concentrações de 0,01% a 1% de imidazolidinil<br />
ureia às 24 horas em contato com uma<br />
cultura de células do sangue periférico humano<br />
foram consideradas doses moderadamente citotóxicas.<br />
Em concentrações de 0,1% a 0,5%, o<br />
mesmo efeito foi observado em apenas 3 horas.<br />
Os ensaios clínicos apontam para a imidazolidinil<br />
ureia como agente causador de alergias<br />
à dermatite de contato.<br />
e) Metais pesados<br />
Um grupo de substâncias perigosas na fabricação<br />
de cosméticos são os metais pesados tóxicos,<br />
como chumbo (Pb), cádmio (Cd), níquel<br />
(Ni), arsênico (As) e mercúrio (Hg). Alguns<br />
cosméticos podem conter alumínio (Al), classificado<br />
como metal leve. Como não há uma<br />
única regulamentação cosmetológica eficaz<br />
em todo o mundo, alguns cosméticos coloridos,<br />
produtos para cuidados com o rosto e<br />
corpo, cosméticos para cabelos e cosméticos à<br />
base de plantas podem conter em sua formulação<br />
quantidades relativamente altas desses<br />
metais pesados. Esses elementos podem se<br />
acumular na pele e órgãos internos, causando<br />
efeitos tóxicos que podem ser classificados em<br />
tópico (principalmente dermatite de contato)<br />
e sistêmico (dermatite alérgica sistêmica).<br />
Alguns metais servem como substâncias<br />
pigmentares, por exemplo, o cromo (Cr) usado<br />
principalmente para sombras e blushes. Cosméticos<br />
pigmentados de cor avermelhada, por<br />
exemplo, são comumente contaminados com<br />
arsênico (As), chumbo (Pb) e mercúrio (Hg).<br />
O antimônio (Sb) pode causar pneumoconiose,<br />
alterações da função pulmonar, bronquite,<br />
enfisema, dor abdominal, vômitos,<br />
diarréia e úlceras. Este metal é encontrado<br />
principalmente em batons, lápis de olhos e<br />
pó facial. O arsênico (As) pode causar distúrbios<br />
da pele, distúrbios nervosos circulatórios<br />
e periféricos, um risco aumentado de câncer<br />
de pulmão e um possível aumento no risco do<br />
trato gastrointestinal e do câncer do sistema<br />
urinário. Este metal é encontrado principalmente<br />
em pó de maquiagem e creme para<br />
a pele. O cádmio (Cd) pode se acumular nos<br />
rins, com possíveis danos. A exposição crônica<br />
a baixos níveis de cádmio também pode causar<br />
fragilidade óssea e conseqüentes fraturas<br />
ósseas. O cádmio é comumente encontrado<br />
em cremes para o cabelo, batons e creme para<br />
a pele. O cromo (Cr) em seu estado oxidado<br />
pode causar alergias de contato. Sua presença<br />
em cosméticos está principalmente associada<br />
a delineador, lápis de olho, sombra, batom e<br />
pó de maquiagem. O cobalto (Co) e o níquel<br />
Revista <strong>Analytica</strong> | Out/Nov 2019<br />
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Artigo 1<br />
Imagem Ilustrativa<br />
Autores:<br />
Jonathas Xavier Pereira;<br />
Thaís Canuto Pereira.<br />
14<br />
Revista <strong>Analytica</strong> | Out/Nov 2019<br />
(Ni) podem causar alergias, como dermatites<br />
de contato, e esses metais geralmente estão<br />
presentes em cosméticos como sombra para<br />
Fig. 5: Fórmula química do Acetato de Chumbo.<br />
os olhos, pintura no rosto, creme para os cabelos<br />
e batom. O chumbo (Pb), quando ingerido<br />
em grandes quantidades, pode interferir<br />
na síntese de hemoglobina e canais de cálcio,<br />
cujas funções são importantes para a condução<br />
nervosa. O chumbo é encontrado em corantes<br />
para cabelos (como acetato de chumbo,<br />
cuja fórmula química é mostrada na Figura 5)<br />
e batons, delineador, lápis para os olhos, creme<br />
para os cabelos em sua forma inorgânica<br />
e pode ser minimamente absorvido pela pele.<br />
f) Metilcloroisotiazolinona-metilisotiazolinona<br />
(MCI-MI)<br />
Fig. 6: Fórmula química do MCI-MI.<br />
O MCI-MI (Figura 6) é um conservante amplamente<br />
utilizado na fabricação de produtos de<br />
higiene pessoal, que possui um alto grau de citotoxicidade<br />
e é dependente da dose quando testado<br />
in vitro, em células cultivadas. Em produtos<br />
cosméticos, este composto representa um alérgeno<br />
importante e pode causar hipersensibilidade<br />
quando há exposição constante a essa substância.<br />
g) Metildibromoglutaronitrila-fenoxietanol<br />
(MDBGN-PE)<br />
O MDBGN-PE (Figura 7) também é um conservante<br />
usado na fabricação de cosméticos,<br />
como, por exemplo, cremes hidratantes. Este<br />
composto é o conservante com maior potencial<br />
de causar dermatite de contato, apresentando<br />
uma incidência média de 14,5% na população.<br />
Fig. 7: Fórmulas químicas dos Parabenos.<br />
h) Parabenos<br />
Os parabenos são ésteres do ácido p-hidroxibenzóico,<br />
com substituintes alquil variando<br />
de grupos metil a butil ou benzil. Os parabenos<br />
também são um grupo de substâncias<br />
para fins de preservação. Alguns exemplos<br />
desses aditivos químicos são metilparabeno,<br />
etilparabeno, propilparabeno, butilparabeno<br />
e benzilparabeno (Figura 8). Seu uso também<br />
está associado à ação antimicrobiana e<br />
é amplamente utilizado na indústria de cosméticos,<br />
pois apresenta baixo custo para sua<br />
implementação na produção. Metilparabeno e<br />
propilparabeno são os mais comumente usados<br />
e frequentemente presentes nos produtos<br />
cosméticos juntos.<br />
Fig. 8: Fórmulas químicas dos Parabenos.<br />
No passado, o uso de parabenos em maior<br />
concentração desencadeou reações alérgicas<br />
na população. Atualmente, em conjunto com a<br />
alteração das resoluções de segurança de cos-<br />
méticos, produtos de higiene e beleza, o uso de<br />
parabenos se tornou muito baixo, sendo utilizado<br />
em baixas concentrações, o que reflete em<br />
uma redução nos casos positivos relacionados a<br />
reações alérgicas ou dermatite de contato.<br />
i) Ftalato<br />
Os ésteres de ftalato são derivados do ácido<br />
ftálico e frequentemente encontrados<br />
em produtos como plastificantes, solventes<br />
e desnaturantes de álcool. Os compostos de<br />
ftalato podem ser encontrados em um número<br />
diversificado de cosméticos (esmaltes,<br />
loções, produtos para os cabelos, perfumes).<br />
As formas mais comumente encontradas são<br />
dimetilftalato e dietilftalato, e suas fórmulas<br />
químicas são mostradas na Figura 9.<br />
Fig. 9: Fórmulas químicas do Dimetilftalato e Dietilftalato.<br />
A exposição a esses componentes pode desencadear<br />
distúrbios do desenvolvimento e câncer de<br />
mama. Alguns estudos experimentais mostraram<br />
que altos níveis de ftalato podem alterar os níveis<br />
hormonais e causar defeitos congênitos relacionados<br />
aos órgãos genitais em roedores.<br />
j) Quaternium-15<br />
Quaternium-15 (Figura 10) é um alérgeno<br />
de contato comum incluído na linha de base<br />
europeia. A prevalência de sensibilização por<br />
contato é tão baixa quanto 1,2-1,6%, mas<br />
Fig. 10: Fórmula química do Quaternium-15.
pode representar o primeiro evento que leva<br />
à reação anafilática sistêmica através da mudança<br />
da hipersensibilidade do tipo IV para a<br />
hipersensibilidade do tipo I.<br />
k) Timerosal<br />
O timerosal (Figura 11), um derivado mercúrico<br />
do ácido tiosalicílico, é um conservante<br />
usado em vários tipos de produtos de consumo,<br />
incluindo cosméticos, medicamentos oftalmológicos<br />
e otorrinolaringológicos e vacinas.<br />
Fig. 11: Fórmula química do Timerosal.<br />
Devido a um grande número de reações alérgicas<br />
e problemas ambientais, seu uso diminuiu<br />
nas últimas duas décadas. O timerosal é usado<br />
principalmente para a conservação de sombras<br />
para os olhos, removedores de maquiagem,<br />
máscaras e produtos de limpeza sem sabão.<br />
l) Outras substâncias<br />
Embora os conservantes mencionados acima<br />
sejam as substâncias responsáveis pelos efeitos<br />
mais adversos dos cosméticos, outras substâncias<br />
têm potencial alergênico, por exemplo:<br />
• Fragrâncias (Myroxylon Pereirae);<br />
• Contaminação química para obter surfactantes<br />
(Cocamidopropyl betaine) usados na produção<br />
de xampu, sabonete líquido, produtos de limpeza<br />
de pele, gel de banho e desodorantes;<br />
• Oxidantes (parafenilenodiamina) muito comuns<br />
na composição de corantes capilares;<br />
• Monotioglicolato de glicerila, usado em soluções<br />
capilares permanentes (para cabelos<br />
ondulados ou cacheados);<br />
• Resina toluenossulfonamida-formaldeído,<br />
utilizada na fabricação de vernizes;<br />
• Propilgalato, octilgalato e dodecilgalato são<br />
todos antioxidantes usados para evitar a deterioração<br />
dos ácidos graxos insaturados que<br />
podem causar descoloração e odor, presentes<br />
na composição dos cremes e loções cosméticas.<br />
IV. Possíveis complicações de saúde<br />
associadas ao uso de cosméticos<br />
Devido à presença de inúmeros componentes<br />
na formulação de produtos cosméticos, esses<br />
produtos têm o potencial de causar efeitos colaterais<br />
e suas consequências podem variar de uma<br />
reação simples de hipersensibilidade leve a um<br />
processo anafilático ou até uma intoxicação letal.<br />
Existem muitos tipos de reações adversas<br />
causadas por cosméticos. A maioria das reações<br />
adversas é irritante, no entanto, hipersensibilidade<br />
do tipo IV, urticária de contato,<br />
fotosensibilização, distúrbios pigmentares,<br />
danos aos cabelos e unhas, paroníquia, erupções<br />
acneiformes, foliculite e exacerbação<br />
de uma dermatose estabelecida também<br />
podem ocorrer. Espera-se que melhorias na<br />
segurança, tolerância e compatibilidade entre<br />
produtos cosméticos e a pele previnam que os<br />
efeitos colaterais aumentem no futuro devido<br />
aos aditivos contínuos que buscam intensificar<br />
sua atividade biológica e eficácia terapêutica.<br />
As áreas do corpo mais afetadas por reações<br />
adversas atribuídas ao uso de cosméticos são<br />
a cabeça e o pescoço, e a dermatite irritante<br />
é o tipo de complicação mais comum. As<br />
complicações de saúde associadas ao uso de<br />
produtos cosméticos podem ser:<br />
a) Reações alérgicas a cosméticos<br />
As reações alérgicas aos cosméticos constituem<br />
uma parcela pequena, mas significativa,<br />
das complicações associadas ao uso de<br />
cosméticos. A dermatite alérgica de contato<br />
representa uma verdadeira hipersensibilidade<br />
do tipo retardado (tipo IV) que apresenta<br />
dermatite eczematosa e compreende aproximadamente<br />
10% a 20% de todos os casos de<br />
dermatite de contato. O tipo IV é uma reação<br />
de hipersensibilidade mediada por células T,<br />
em que células T sensibilizadas circulantes ou<br />
residentes são ativadas pelo alérgeno agressor<br />
para liberar citocinas pró-inflamatórias. A sensibilização<br />
depende de vários fatores, incluindo<br />
a composição do produto, uma concentração<br />
de componentes alergênicos potenciais,<br />
quantidade de produto aplicado, aplicação no<br />
local, integridade da barreira cutânea, frequência<br />
e duração da aplicação.<br />
Esse cenário clínico pode variar de eritema<br />
leve com escala de coceira mínima até placas<br />
vesiculares, bolhosas e endurecidas que são<br />
intensamente pruriginosas. A sensibilização<br />
inicial é necessária para a expansão subsequente<br />
de uma reação quando a exposição<br />
ocorre novamente.<br />
A urticária de contato alérgica é uma hipersensibilidade<br />
imediata que representa uma<br />
verdadeira reação alérgica. Como o nome indica,<br />
as reações ocorrem em minutos a horas e<br />
podem ser limitadas ao local de exposição na<br />
pele ou, em casos graves, as reações podem<br />
ser generalizadas. A urticária de contato é<br />
uma reação mais rara a cosméticos e produtos<br />
para cuidados com a pele, que pode ser<br />
uma reação imunológica ou não imunológica.<br />
O espectro da apresentação clínica varia de<br />
prurido e queimação a urticária generalizada<br />
e anafilaxia. Em indivíduos altamente alérgicos,<br />
nas exposições de mucosas ou grandes<br />
exposições, os sintomas de hipersensibilidade<br />
imediata podem generalizar e incluir conjuntivite,<br />
tosse, bronco constrição, hipotensão,<br />
anafilaxia e, ocasionalmente, morte.<br />
Revista <strong>Analytica</strong> | Out/Nov 2019<br />
15
Artigo 1<br />
Imagem Ilustrativa<br />
Autores:<br />
Jonathas Xavier Pereira;<br />
Thaís Canuto Pereira.<br />
16<br />
Revista <strong>Analytica</strong> | Out/Nov 2019<br />
b) Dermatite de contato irritante<br />
Este é o tipo de complicação mais comumente<br />
encontrado devido ao uso de cosméticos,<br />
especialmente aqueles que contêm metilcloroisotiazolinono-metilisotiazolinona<br />
(MCI-MI)<br />
em sua formulação. Atualmente, existem mais<br />
de 57.000 irritantes descritos em todo o mundo,<br />
variando de irritantes fracos ou marginais a<br />
ácidos e bases fortemente corrosivos. Então, a<br />
maioria dos problemas faciais que surgem com<br />
produtos para cuidados com a pele e cosméticos<br />
são do tipo de dermatite de contato irritante,<br />
manifestando-se como pele eritematosa,<br />
ardente e pruriginosa, que pode desenvolver<br />
microvesiculação e descamação posterior. A<br />
dermatite é caracterizada por dano no estrato<br />
córneo sem reação imunológica.<br />
A dermatite irritante facial, que resulta principalmente<br />
de cosméticos, se apresenta como<br />
pápulas e placas. Outra apresentação comum<br />
é uma “dermatite seborreica” com placas escamosas<br />
rosa nas bochechas e queixo. Menos<br />
comumente, os pacientes podem desenvolver<br />
placas urticariformes ou infiltradas.<br />
c) Dermatite fotoalérgica<br />
Esse tipo de reação alérgica ocorre após o contato<br />
com produtos cosméticos e a subsequente<br />
exposição à luz. Geralmente, essa reação se<br />
apresenta como queimadura solar que pode ser<br />
seguida por hiperpigmentação e descamação.<br />
Essa reação é formada por substâncias químicas<br />
capazes de absorver radiação, principalmente o<br />
ultravioleta A, e não possuir mecanismo imunológico<br />
definido. Suas manifestações clínicas<br />
variam de eritema, edema até vesiculação. A<br />
incidência de dermatite fotoalérgica é baixa<br />
e é causada principalmente pelas fragrâncias<br />
metilcumarina e ambreta de almíscar, agentes<br />
antibacterianos e ésteres do ácido para-aminobenzóico<br />
como agentes de proteção solar.<br />
A fotoalergia é uma reatividade imunológica<br />
alterada, adquirida, incomum, e dependente<br />
de um anticorpo imediato ou de uma reação<br />
imunológica retardada mediada por células.<br />
d) Ardência facial<br />
Há um grupo de pacientes que notam ardências<br />
ou queimaduras alguns minutos após<br />
a aplicação de um cosmético que se intensifica<br />
por 5 a 10 minutos e depois desaparece após<br />
15 minutos. Este efeito ocorre sem o paciente<br />
apresentar dermatite alérgica de contato ou<br />
dermatite irritante de contato com a substância<br />
aplicada. Os testes devem ser feitos na pele<br />
do paciente antes de usar esses componentes.<br />
Geralmente, substâncias como benzeno, fenol,<br />
ácido salicílico, resorcinol e ácido fosfórico são<br />
as principais causas de ardência na face.<br />
e) Vermelhidão<br />
A vermelhidão da pele causada por produtos<br />
cosméticos, principalmente sabonetes, está<br />
associada ao desequilíbrio no pH cutâneo.<br />
O sabão moderno é uma mistura de óleo de<br />
sebo e nozes, ou os ácidos graxos derivados<br />
desses produtos, na proporção de 4:1. Esse<br />
fato permite que o pH desses sabonetes seja<br />
geralmente alcalinizado (pH 9-10), o que<br />
pode gerar vermelhidão na pele, que normalmente<br />
tem um pH de 5,2-5,4. Idealmente,<br />
esses compostos devem ter pH neutro ou levemente<br />
acidificado. Outro motivo pelo qual a<br />
vermelhidão pode ocorrer é o uso de hidratantes<br />
com maior proporção oleosa, permitindo o<br />
aquecimento da pele ao longo do dia.<br />
V. Resultados<br />
Atualmente, a inovação, a pesquisa e o desenvolvimento<br />
de novos produtos cosméticos<br />
aumentaram o uso de compostos com ação<br />
conservante, surfactante, fragrâncias, manchas,<br />
etc. Essas substâncias aumentam a qualidade,<br />
a propriedade e o prazo de validade das<br />
formulações cosméticas, mas, por outro lado,<br />
muitas dessas substâncias pode ser prejudicial<br />
à saúde humana devido à exposição frequente,<br />
prolongada e indiscriminada. Existem várias<br />
agências em todo o mundo para regular o<br />
controle de qualidade, segurança e produção<br />
de produtos cosméticos, responsáveis por<br />
ajustar os padrões e diretrizes para o uso seguro<br />
e saudável de tais produtos pela população,<br />
minimizando os riscos à saúde. No entanto,<br />
não existe um órgão específico que regule o<br />
custo-benefício, a garantia de segurança no<br />
uso de substâncias com potencial tóxico quando<br />
aplicadas a produtos cosméticos.<br />
Este trabalho analisou várias substâncias<br />
com potencial tóxico para o corpo humano,<br />
que podem ser encontradas na formulação de<br />
vários produtos cosméticos em todo o mundo.<br />
Também revisamos as possíveis complicações<br />
de saúde relatadas pela literatura científica associadas<br />
ao uso de cosméticos e atribuídas a<br />
tais substâncias tóxicas. A literatura científica
evela que altas quantidades de conservantes<br />
químicos, perfumes e emulsificantes usados<br />
na fabricação de produtos cosméticos aumentam<br />
os efeitos colaterais e os riscos à saúde por<br />
meio de princípios químicos e físicos.<br />
Quimicamente, os compostos conservantes<br />
geralmente possuem estruturas químicas associadas<br />
a anéis aromáticos que geralmente têm<br />
potencial tóxico e capacidade de se ligar a elementos<br />
metálicos que promovem bioacumulação<br />
no corpo. Embora nem todos os compostos<br />
que apresentam potencial tóxico tenham seu<br />
mecanismo de toxicidade esclarecido na literatura,<br />
evidências clínicas obtidas pelos efeitos<br />
colaterais após o uso dessas substâncias apontam<br />
para o risco à saúde associado ao uso de<br />
cosméticos. O risco à saúde associado ao uso de<br />
cosméticos pode variar de uma reação simples<br />
de hipersensibilidade leve a um processo anafilático<br />
ou até uma intoxicação letal.<br />
O câncer também é uma complicação associada<br />
ao uso de cosméticos em face de evidências<br />
clínicas relatadas na literatura.<br />
Diante da ocorrência de efeitos colaterais, a<br />
iminência de complicações associadas ao uso<br />
de cosméticos contribui para um problema<br />
emergente de saúde pública, conclui-se que o<br />
processo de controle de qualidade na fabricação<br />
de produtos cosméticos não é totalmente<br />
eficaz na prevenção de riscos à saúde associados<br />
com o uso de produtos cosméticos.<br />
atribuídos às substâncias tóxicas comumente encontradas<br />
em suas formulações. Embora as várias<br />
estruturas de regulação e controle de qualidade<br />
de cosméticos em todo o mundo sejam bastante<br />
complexas e abrangentes, elas devem ser mais<br />
rigorosas na inclusão de novas substâncias com<br />
potencial tóxico na formulação de cosméticos<br />
para evitar danos à saúde humana.<br />
Para incentivar melhorias na fabricação, comercialização<br />
e uso de produtos cosméticos<br />
pela população, é necessário aplicar uma cosmovigilância<br />
unificada em todo o mundo. Essa<br />
estratégia de saúde pública é um meio genuíno<br />
de obter informações sobre a segurança de produtos<br />
cosméticos e seus ingredientes, evitando<br />
que os riscos associados ao uso de cosméticos<br />
se tornem um sério problema de saúde pública.<br />
Agradecimentos<br />
Os autores agradecem à professora Márcia<br />
Cury El-Cheikh por incentivar publicações independentes<br />
e por estimular a carreira profissional<br />
de seus alunos. Os autores agradecem ao Dr. Yuri<br />
Cavalcante pela revisão crítica e sugestões para<br />
a conclusão deste artigo de revisão. Os autores<br />
agradecem a Prof. Mariana Pereira Cabanel e o<br />
Prof. Sergio Lisboa Machado pelo apoio e incentivo<br />
intelectual. Os autores agradecem à Universidade<br />
Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).<br />
Referência:<br />
VI. Conclusão<br />
Os produtos cosméticos podem apresentar<br />
riscos à saúde e efeitos adversos recorrentes são<br />
• PEREIRA, J.X.; PEREIRA, T. C. Cosmetics and its<br />
Health Risks. GLOBAL JOURNAL OF MEDICAL RE-<br />
SEARCH, v. 18, p. 63-70, 2018.<br />
Revista <strong>Analytica</strong> | Out/Nov 2019<br />
17
Artigo 1<br />
Complemento Normativo - Artigo 1<br />
Referente ao artigo 1<br />
Disponibilizado por <strong>Analytica</strong> em parceria com Arena Técnica<br />
Riscos Biológicos Associados a Cosméticos<br />
ISO 24442<br />
Cosmetics — Sun protection test methods — In vivo determination of sunscreen UVA protection<br />
Norma publicada em: 12/2011. / Status: Vigente.<br />
Classificação 1: Cosméticos. Artigos de higiene pessoal<br />
Classificação 2: Norma recomendada.<br />
Artigo: Riscos Biológicos Associados a Cosméticos<br />
Entidade: ISO.<br />
País de procedência/Região: Suiça.<br />
https://www.iso.org/standard/46521.html<br />
ISO 11930<br />
Cosmetics — Microbiology — Evaluation of the antimicrobial protection of a cosmetic product<br />
Norma publicada em: 01/2019. / Status: Vigente.<br />
Classificação 1: Microbiologia de cosméticos<br />
Classificação 2: Norma recomendada<br />
Artigo: Riscos Biológicos Associados a Cosméticos<br />
Entidade: ISO.<br />
País de procedência/Região: Suiça.<br />
https://www.iso.org/standard/75058.html<br />
ISO 16212<br />
Cosmetics — Microbiology — Enumeration of yeast and mould<br />
Norma publicada em: 06/2017. / Status: Vigente.<br />
Classificação 1: Microbiologia de cosméticos<br />
Classificação 2: Norma recomendada<br />
Artigo: Riscos Biológicos Associados a Cosméticos<br />
Entidade: ISO.<br />
País de procedência/Região: Suiça.<br />
https://www.iso.org/standard/72241.html<br />
ABNT NBR ISO 16128-1<br />
Diretrizes sobre definições técnicas e critérios para ingredientes e produtos cosméticos naturais<br />
e orgânicos<br />
Norma publicada em: 10/2018. / Status: Vigente.<br />
Classificação 1: Cosméticos. Artigos de higiene pessoal.<br />
Classificação 2: Norma recomendada.<br />
Artigo: Riscos Biológicos Associados a Cosméticos<br />
Entidade: ABNT.<br />
País de procedência/Região: Brasil.<br />
https://www.abntcatalogo.com.br/norma.aspx?ID=406818<br />
ABNT NBR ISO 21149<br />
Cosméticos - Microbiologia - Contagem e detecção de bactérias mesófilas aeróbicas<br />
Norma publicada em: 06/2008. / Status: Vigente.<br />
Classificação 1: Outras normas relacionadas à microbiologia.<br />
Classificação 2: Norma recomendada.<br />
Artigo: Riscos Biológicos Associados a Cosméticos<br />
Entidade: ABNT.<br />
País de procedência/Região: Brasil.<br />
https://www.abntcatalogo.com.br/norma.aspx?ID=1213<br />
ABNT NBR ISO 22718<br />
Cosméticos - Microbiologia - Detecção de Staphylococcus aureus<br />
Norma publicada em: 06/2008. / Status: Vigente.<br />
Classificação 1: Outras normas relacionadas à microbiologia.<br />
Classificação 2: Norma recomendada.<br />
Artigo: Riscos Biológicos Associados a Cosméticos<br />
Entidade: ABNT.<br />
País de procedência/Região: Brasil.<br />
https://www.abntcatalogo.com.br/norma.aspx?ID=1156<br />
ABNT NBR 16160<br />
Bisnaga de alumínio para produtos cosméticos — Requisitos e métodos de ensaio<br />
Norma publicada em: 03/2013. / Status: Vigente.<br />
Classificação 1: Cosméticos. Artigos de higiene pessoal.<br />
Classificação 2: Norma recomendada.<br />
Artigo: Riscos Biológicos Associados a Cosméticos<br />
Entidade: ABNT.<br />
País de procedência/Região: Brasil.<br />
https://www.abntcatalogo.com.br/norma.aspx?ID=196481<br />
18<br />
Revista <strong>Analytica</strong> | Out/Nov 2019
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Artigo 2<br />
1Centro Universitário de Formiga, Curso de Engenharia Química<br />
2Centro Universitário de Formiga, Pesquisador UNIFOR-MG<br />
3Serviço Autônomo de Água e Esgoto SAAE – Formiga-MG<br />
E-mail: luanacamargos_gomes@hotmail.com<br />
Autores:<br />
Luana Cristina Camargos. Gomes1 ,<br />
Alex Magalhães de Almeida2 ,<br />
Flávio Leonildo de Melo3<br />
Avaliação de Metais e Qualidade da Água<br />
em trechos do rio Paraopeba após o<br />
rompimento da barragem do Corrego<br />
do Feijão: Uma visão do fato frente ao<br />
equilíbrio do meio ambiente.<br />
20<br />
Revista <strong>Analytica</strong> | Out/Nov 2019<br />
Imagem Ilustrativa<br />
Resumo<br />
A mineração é uma atividade econômica essencial<br />
e significativa para a economia brasileira,<br />
pois contribui para o desenvolvimento do país e<br />
da sociedade, desde que seja efetuada com responsabilidade<br />
e princípios norteados pela sustentabilidade.<br />
O emprego das barragens de rejeitos<br />
em atividades de mineração é uma das formas de<br />
controle dos resíduos que apresentam resultados<br />
significativos quando executados de maneira<br />
correta. Mas analisando o seu potencial de danos<br />
ambientais e sociais, a construção de barragens<br />
concebe grandes riscos, quando mal dimensionadas.<br />
O presente trabalho analisou a concentração<br />
de metais pesados nas águas do Rio Paraopeba<br />
e na lama de rejeitos, sendo também avaliados<br />
os parâmetros físico-químicos das águas, após<br />
o rompimento da barragem de Brumadinho,<br />
em Minas Gerais. Foram coletadas amostras de<br />
água correspondentes a uma área não afetada<br />
pela lama (P1), área afetada pela lama despejada<br />
(P2), Brumadinho (P3) e Belo Horizonte (P4) e a<br />
lama próxima ao Rio Paraopeba (P5), local este<br />
afetado pelos rejeitos. Posteriormente foram caracterizadas<br />
quanto aos teores de Chumbo (Pb),<br />
Cromo (Cr), Ferro (Fe), Manganês (Mn), Mercúrio<br />
(Hg) e Níquel (Ni) por espectrofotometria UV-VIS.<br />
As maiores concentrações (em mg L-1) dos metais<br />
nas águas foram observadas nos pontos: Fe<br />
P3 (1,50); Mn P2 (0,30) e P3 (0,30); Hg P1 (4,46)<br />
e P4 (4,81) e Ni P4 (3,31). Para a lama no ponto<br />
P5: Fe (3,290); Mn (260,98) e Pb (0,26), sendo<br />
que as concentrações, nesse ponto, estão respectivamente<br />
10,9 mil, 2,6 mil e 26 vezes maior que<br />
o valor máximo permitido (VMP) pela legislação<br />
brasileira, para Classe II de qualidade das águas.<br />
Para realização das análises físico-químicas,<br />
foram avaliados os seguintes parâmetros: pH,<br />
oxigênio dissolvido, sólidos totais dissolvidos,<br />
condutividade e turbidez. Na análise dos parâmetros<br />
físico-químicos, em todos os pontos, foram<br />
obtidos valores dentro dos limites estabelecidos.<br />
Devem ser intensificadas ações de vigilância para<br />
a qualidade da água e recuperação da área, o que<br />
necessita intervenções do poder público e da sociedade,<br />
para reduzir os teores de contaminantes<br />
tóxicos lançados, visando à recuperação do ecossistema<br />
aquático.<br />
Palavras-chave: Mineração, Barragens, Qualidade<br />
da Água, Metais Pesados, Espectrofotometria<br />
UV-VIS.<br />
Abstract<br />
Mining is an essential and significant economic<br />
activity for the Brazilian economy, as it contributes<br />
to the development of the country and<br />
society, provided it is carried out with responsibility<br />
and principles guided by sustainability.<br />
The use of tailings dams in mining activities is<br />
one of the forms of waste control that present<br />
significant results when properly executed. But<br />
by analyzing its potential for environmental and<br />
social damage, dam construction poses major<br />
risks when mis-sized. The present work analyzed<br />
the concentration of heavy metals in the waters<br />
of the Paraopeba River and in the tailings sludge,<br />
as well as the physicochemical parameters of<br />
the waters after the Brumadinho dam rupture in<br />
Minas Gerais. Water samples were collected corresponding<br />
to an area not affected by the mud<br />
(P1), area affected by the poured mud (P2),<br />
Brumadinho (P3) and Belo Horizonte (P4) and<br />
the mud near the Paraopeba River (P5). by the<br />
tailings. Subsequently, they were characterized<br />
for lead (Pb), chromium (Cr), iron (Fe), manganese<br />
(Mn), mercury (Hg) and nickel (Ni) levels<br />
by UV-VIS spectrophotometry. The highest<br />
concentrations (in mg L-1) of the metals in the<br />
waters were observed in the points: Fe P3 (1,50);<br />
Mn P2 (0,30) and P3 (0,30); Hg P1 (4,46) and<br />
P4 (4,81) and Ni P4 (3,31). For the mud at point<br />
P5: Fe (3,290); Mn (260,98) and Pb (0,26), and<br />
the concentrations at this point are respectively<br />
10,9 thousand, 2,6 thousand and 26 times higher<br />
than the maximum allowed value (MPV)<br />
by Brazilian Water quality class II. To perform the
physicochemical analyzes, the following parameters<br />
were evaluated: pH, dissolved oxygen,<br />
total dissolved solids, conductivity and turbidity.<br />
In the analysis of the physicochemical parameters,<br />
in all points, values were obtained within<br />
the established limits. Surveillance actions for<br />
water quality and restoration of the area should<br />
be intensified, which requires interventions by<br />
the government and society to reduce the levels<br />
of toxic contaminants released, aiming at the<br />
recovery of the aquatic ecosystem.<br />
Keywords: Mining, Dams, Water Quality, Heavy<br />
Metals, UV-VIS Spectrophotometry.<br />
Introdução<br />
Análise da História e importância<br />
econômica<br />
A mineração é uma das atividades econômicas<br />
mais antigas e habituais do Brasil. O<br />
advento de grupos organizados, aventureiros<br />
e membros da corte portuguesa, iniciaram-se<br />
a busca por ouro nos primórdios do século<br />
XVII, em Minas Gerais (SOBREIRA E FONSECA,<br />
2001). Segundo o IBRAM, a produção de minerais,<br />
assim como a procura e descoberta de<br />
jazidas, foram atreladas à história e ao desenvolvimento<br />
do país (IBRAM, 2003).<br />
Em pesquisas noticiadas no ano de 2015, o<br />
IBRAM qualificou Minas Gerais como sendo<br />
o estado minerador mais formidável do país,<br />
a mineração está presente em mais de 400<br />
municípios mineiros, extraindo mais de 180<br />
milhões de toneladas por ano de minério de<br />
ferro. Sendo responsável por aproximadamente<br />
53% da população brasileira de minerais<br />
metálicos e 29% de minérios em geral<br />
(IBRAM, 2015).<br />
A concepção do estado de Minas Gerais<br />
tem sua ascendência na indústria extrativa<br />
mineral. Diversas cidades mineiras apresentaram<br />
sua origem fortemente vinculada<br />
à mineração, estas que posteriormente tornaram-se<br />
influentes no aspecto econômico,<br />
social e político. É considerado o maior pólo<br />
siderúrgico do Brasil, proveniente do minério<br />
de ferro, bauxita, manganês e ouro, extraídos<br />
no Quadrilátero Ferrífero (QF), regiões geológicas<br />
localizadas no centro do estado de<br />
Minas Gerais, que perfaz mais expressivas<br />
em recursos minerais.<br />
O Quadrilátero Ferrífero é uma área geológica<br />
que se totaliza aproximadamente 7000<br />
Km2, estimado como a maior província de<br />
minério do Brasil, estende-se no centro-sudeste<br />
do estado de Minas Gerais (ROESER E<br />
ROESER, 2010). Composto pelos municípios<br />
mineiros: Barão de Cocais, Bela Vista de Minas,<br />
Belo Horizonte, Belo Vale, Betim, Brumadinho,<br />
Caeté, Catas Altas, Congonhas, Conselheiro<br />
Lafaiete, Ibirité, Igarapé, Itabira, Itabirito, Itatiaiuçu,<br />
Itaúna, Jeceaba, João Monlevade, Mário<br />
Campos, Mariana, Mateus Leme, Moeda,<br />
Nova Lima, Ouro Branco, Ouro Preto, Piranga,<br />
Raposos, Ribeirão das Neves, Rio Acima, Rio<br />
Manso, Rio Piracicaba, Sabará, Santa Bárbara,<br />
Santa Luzia, São Brás do Suaçuí, São Gonçalo<br />
do Rio Abaixo, São Joaquim das Bicas, Sarzedo<br />
(DINIZ et al., 2014).<br />
Também se dispõe pelo circuito hidrográfico<br />
concebido pela Bacia do Rio Doce e do Rio São<br />
Francisco. A primeira é composta pela bacia do<br />
Rio Piracicaba, e a segunda, pelas sub-bacias<br />
do Rio das Velhas e do Rio Paraopeba (NUNES<br />
et al.,2012).<br />
Os municípios que compõem o Quadrilátero<br />
Ferrífero são importantes para a economia mineira.<br />
Caracterizados por uma estrutura produtiva<br />
fundamentada, sobretudo na indústria<br />
extrativa e de transformação, revela um bom<br />
indicador em termos de atividades econômicas<br />
quanto de mão-de-obra, como também<br />
no mercado consumidor.<br />
Para compreender a importância do domínio<br />
mineral brasileiro em panorama mundial,<br />
se faz imprescindível apresentar as reservas<br />
minerais nas quais o Brasil possui maior importância.<br />
Segundo o DNPM (2015), o Brasil é<br />
líder mundial nas reservas de Nióbio (98,2%)<br />
e Grafita Natural (50%). Detém a segunda<br />
colocação de Tântalo (33,8%), Terras Raras<br />
(17,4%) e Níquel (14,7%). Os minérios de Barita<br />
(18,5%), Manganês (18,3%), Vermiculita<br />
(10,1%), Estanho (9,2%) e Alumínio (9,2%)<br />
tem o Brasil como possuidor da terceira maior<br />
reserva. O Brasil apresenta a quarta colocação<br />
em reservas com 11,9% do total existente no<br />
mundo em minério de Ferro.<br />
De modo, a produção mineral brasileira se<br />
centraliza no estado de Minas Gerais e em outros<br />
7 estados da federação, além da participação<br />
de outros 19 estados, incluindo o Distrito<br />
Federal, como ressalta a Figura 1.<br />
Figura 1 - Produção extrativa mineral entre os estados brasileiros em 2015<br />
Fonte: Elaboração própria segundo dados do DNPM<br />
Na produção interna brasileira, os 20 minérios<br />
mais produzidos em valor de operação no<br />
país são: Ferro (53,59%), Ouro (9,68%), Cobre<br />
(8,16%), Alumínio (3,86%), Granito (3,38%),<br />
Calcário Dolomítico (2,90%), Areia (1,98%),<br />
Água Mineral (1,88%), Fosfato (1,65%), Níquel<br />
(1,28%), Basalto (1,25%), Gnaisse (1,14%),<br />
Antracito (0,97%), Caulim (0,84%), Manganês<br />
(0,83%), Nióbio (0,69%), Amianto (0,65%),<br />
Sais de Potássio (0,59%), Estanho (0,51%) e<br />
Argila (0,49%), que somados compreendem<br />
96,32% da produção brasileira (DNPM 2015).<br />
Percebe-se grande influência dos municípios<br />
em relação ao Estado Mineiro, em meio a<br />
classificação interna no território brasileiro por<br />
município. A operação mineral brasileira fica<br />
fragmentada entre os municípios brasileiros,<br />
como mostra a Figura 2:<br />
Figura 2 - Municípios brasileiros com maior valor de operação extrativa<br />
mineral em 2015<br />
Fonte: Elaboração própria segundo dados do DNPM<br />
Para Nunes (2010), mineração é uma atividade<br />
econômica essencial, importante para o<br />
desenvolvimento da humanidade, pois propicia<br />
a fabricação de ferramentas e utensílios<br />
fundamentais para a sobrevivência humana.<br />
É significativa para a economia brasileira, pois<br />
contribui para o aumento da infraestrutura local<br />
e benefícios da região, exportação do país,<br />
geração de empregos e rendas, desde que seja<br />
atuada com responsabilidade social, permanecendo<br />
presentes os princípios do desenvolvimento<br />
sustentável.<br />
Revista <strong>Analytica</strong> | Out/Nov 2019<br />
21
Artigo 2<br />
Imagem Ilustrativa<br />
Autores:<br />
Luana Cristina Camargos. Gomes1 ,<br />
Alex Magalhães de Almeida2 ,<br />
Flávio Leonildo de Melo3<br />
22<br />
Revista <strong>Analytica</strong> | Out/Nov 2019<br />
Em contrapartida, a extração mineral é uma<br />
atividade de elevado potencial impactante perante<br />
o meio ambiente, em exclusivo sobre a<br />
qualidade das águas, a biota, sobre o relevo e a<br />
população entorno as áreas de mineração. Por<br />
se abordar de um recurso natural não renovável,<br />
a “sustentabilidade ambiental” deve ser<br />
considerada inadmissível, quanto ao conceito<br />
da atividade exploradora.<br />
O emprego de barragens de rejeitos na mineração<br />
é um dos métodos de disposição de resíduos<br />
mais usados que proporcionam resultados<br />
satisfatórios quando bem executados. Em contrapartida,<br />
essas estruturas de contenção podem<br />
ser rompidas perante o grande volume de<br />
rejeitos gerados, quando mal dimensionadas ou<br />
executadas, tornando-se num agente de danos<br />
ambientais que, além de destruir a infraestrutura<br />
da sociedade próxima ao local e impactar<br />
a fauna e a flora, pode levar a perdas de vidas<br />
humanas (Duarte, 2008).<br />
Compreende-se que as sociedades mais<br />
avançadas necessitam de uma maior utilização<br />
de bens minerais, de modo em que toda<br />
a indústria depende direta ou indiretamente<br />
desde setor. Com isso, a mineração acarreta<br />
um determinado nível de risco, mas em função<br />
da sua necessidade e da perspectiva de<br />
lucro, é benquista por aqueles que aceitam<br />
também seus efeitos. O desmatamento, a poluição,<br />
assoreamento de rios, contaminação do<br />
solo e água por produtos químicos e a produção<br />
de rejeitos, são alguns danos ambientais<br />
causados por esse processo.<br />
Toxicidade dos metais<br />
Os metais estão presentes facilmente no<br />
meio ambiente, mesmo que não exista atuação<br />
antrópica o avanço na concentração pode<br />
advir tanto por processos naturais quanto por<br />
atividades humanas. No Brasil, a mineração<br />
tem contribuído com a liberação de rejeitos<br />
que se compõem como uma das formas fundamentais<br />
de contaminação do solo e da água<br />
por metais pesados. A emissão de contaminantes<br />
se define por constantes variações nas<br />
características físico-químicas da água, como<br />
salinidade, temperatura e pH, alterando a<br />
biodisponibilidade dos mesmos e a toxicidade<br />
dos metais presentes (Witters, 1998).<br />
A atividade humana tem contribuído notavelmente<br />
com o acúmulo destes contaminantes<br />
nos mais diferentes ecossistemas. Conforme<br />
a concentração destes contaminantes no<br />
ambiente, interação com organismo alvo e o<br />
meio, poderão oferecer sérios riscos à biota,<br />
tornando-se um grande poluente (Rand&Petrocelli,<br />
1985). Estes contaminantes tais como<br />
ferro (Fe), manganês (Mn), cromo (Cr) e cobre<br />
(Cu), são elementos essenciais em baixas concentrações<br />
para processos biológicos. Outros<br />
como chumbo (Pb), arsênio (As) e cádmio<br />
(Cd) são avaliados não essenciais à biota, pois<br />
não apresentam nenhuma função biológica<br />
reconhecida (Bianchini, 2016, Pais & Jones Jr.,<br />
1997; Wood et al., 2011).<br />
Por conseguinte, a poluição aquática pode<br />
trazer sérias consequências, tanto econômicas<br />
(redução da produção pesqueira) quanto ecológicas<br />
(diminuição da densidade e diversidade<br />
biológica). Além disso, muitos poluentes são<br />
transferidos e acumulados ao longo das cadeias<br />
alimentares, ameaçando também de forma<br />
indireta a saúde de seus consumidores, que<br />
podem ser tanto organismos aquáticos quanto<br />
seres humanos (Rodríguez-Ariza et al., 1999).<br />
Portanto, a emissão destes contaminantes<br />
químicos está regulamentado, em função do<br />
dano ambiental que os metais podem expor<br />
à biota e ao ambiente aquático. Em diferentes<br />
países, até mesmo no Brasil, os níveis de lançamento<br />
de metais estão fundamentados na<br />
concentração total ou dissolvidos do metal no<br />
ambiente aquático ou no efluente. No Brasil, a<br />
regulamentação é apresentada Resolução 357<br />
de 17/03/2005, alterada pelas Resoluções<br />
410/2009 e 430/2011, do Conselho Nacional<br />
do Meio Ambiente (CONAMA, 2005). Esta legislação<br />
apodera-se sobre a categorização dos<br />
corpos de água e estabelece as diretrizes ambientais<br />
para o seu ajuste, assim como determina<br />
os padrões e condições de lançamento<br />
de efluentes, e oferece diferentes providências.<br />
O desastre de Brumadinho (MG)<br />
As barragens de propriedade da Samarco<br />
Mineração S.A., uma empresa fundada no<br />
ano de 1977, que atualmente é controlada<br />
pela Companhia Vale do Rio Doce S.A. e pela<br />
anglo-australiana BHP Billinton, foram projetadas<br />
e construídas para acomodar os rejeitos<br />
provenientes da extração do minério de ferro<br />
da região (IBAMA, 2015). A cidade de Brumadinho,<br />
a 65 Km de Belo Horizonte, em Minas<br />
Gerais, pertence ao quadrilátero ferrífero, devido<br />
a sua intensidade de recursos minerais,<br />
que em 25 de janeiro de 2019, rompeu sua<br />
barragem de rejeitos, acarretando-se a erosão,<br />
despejando cerca de 12,7 milhões de metros<br />
cúbicos de rejeito de mineração no vale do rio<br />
Paraopeba (IBAMA, 2019).<br />
A nascente do Rio Paraopeba está localizada<br />
ao sul no município de Cristiano Otoni e sua foz<br />
está na represa de Três Marias, 330 Km de Brumadinho,<br />
no município de Felixlândia, ambos<br />
em Minas Gerais. A extensão do rio é de 546,5<br />
Km e sua bacia cobre 13643 km2 e 48 municípios.<br />
Seus principais efluentes são os rios Águas<br />
Claras, Macaúbas, Camapuã, Betim, Manso e o<br />
Ribeirão Serra Azul, sendo os três últimos cursos<br />
de água represados para formação dos três reservatórios<br />
que compõem o Sistema Paraopeba:<br />
Sistema Vargem das Flores, Sistema Rio Manso<br />
e Sistema Serra Azul, respectivamente. Os três
sistemas funcionam de forma integrada para<br />
abastecimento, trata-se de um conjunto de preservação,<br />
captação de água para vários municípios<br />
da bacia incluindo a Região Metropolitana<br />
de Belo Horizonte, tratamento e distribuição de<br />
água (CAVALCANTI, 2019).<br />
Segundo o Ibama (2019), dados preliminares<br />
adquiridos através de imagens de satélite<br />
(Figura 3), no trecho da barragem da mina<br />
Córrego do Feijão até a confluência com o rio<br />
Paraopeba, dois dias depois do rompimento,<br />
indicam que o rompimento de barragem da<br />
mineradora Vale em Brumadinho (MG) causou<br />
a destruição de pelo menos 269,84 hectares.<br />
Análise desempenhada pelo Centro Nacional<br />
de Monitoramento e Informações Ambientais<br />
(Cenima) do Ibama destaca que os rejeitos<br />
de mineração destruíram 133,27 hectares de<br />
vegetação nativa de Mata Atlântica e 70,65<br />
hectares de Áreas de Preservação Permanente<br />
Tabela 1<br />
Tabela 1: Coordenadas geográficas dos pontos de coleta de água<br />
no rio Paraopeba<br />
Tabela 1. Coordenadas geográficas dos pontos de coleta de água no rio Paraopeba.<br />
Ponto S (m) W (m) Elevação (m)<br />
P1 20°10’36” 44°08’57” 749<br />
P2 20°09’16” 44°09’54” 740<br />
P3 20°08’26” 44°12’03” 736<br />
P4 19°58’19” 44°16’38” 716<br />
Fonte: Google Earth Pro, 2015<br />
Tabela 2<br />
MATERIAL E MÉTODOS<br />
Área de coleta<br />
Foram coletadas amostras de água no Rio<br />
Paraopeba, em quatro pontos distintos, situados<br />
nas proximidades da região de Brumadinho,<br />
em Minas Gerais (Tabela 1).<br />
Figura 4 - Área não afetada<br />
Tabela 2. Coordenadas geográficas do ponto de coleta da lama próximo ao rio Paraopeba.<br />
Ponto S (m) W (m) Elevação (m)<br />
P5 20º9’14,16” 44º9’32,39” 735<br />
Fonte: Google Earth Pro, 2015<br />
Fonte: Google Earth Pro, 2015<br />
O primeiro ponto (Figura 4 e 5) corresponde a<br />
uma área primeiramente não afetada pela lama.<br />
O segundo ponto (Figura 6 e 7) é referente a uma<br />
área afetada pela lama lançada através do rompimento<br />
da barragem. A amostragem no terceiro<br />
ponto (Figura 8) foi realizada na cidade de Brumadinho.<br />
E a amostragem no quarto ponto (Figura<br />
9 na Rodovia BR 262-Belo Horizonte.<br />
As amostras de água para a determinação<br />
das concentrações dos metais foram coletadas<br />
utilizando-se uma garrafa do tipo “van Dorn”<br />
Figura 5 - Área não afetada<br />
Figura 3 - Imagem de satélite da área atingida pela lama da barragem<br />
em Brumadinho<br />
Fonte: Google Earth Pro, 2015<br />
Fonte: Google Earth Pro, 2015<br />
Fonte: Elaboração própria segundo dados do DNPM<br />
(APP) ao longo de cursos d’água afetados.<br />
A análise foi realizada no trecho da barragem<br />
da mina Córrego do Feijão até a confluência<br />
com o rio Paraopeba. Após o acidente, o caminho<br />
da lama comprometeu a qualidade<br />
da água em muitos municípios, provocando<br />
a suspensão imediata da captação (Figura 3).<br />
São indiscutíveis os danos causados pela<br />
tragédia, porém, o presente trabalho propõe<br />
averiguar tão somente o dano ambiental. Valendo-se<br />
por meio de pesquisa exploratória,<br />
verificar em especial, a contaminação da água<br />
do rio Paraopeba e da lama de rejeitos por metais<br />
pesados.<br />
Figura 6 - Área de impacto imediato<br />
Fonte: Google Earth Pro, 2015<br />
Figura 7 - Área de impacto imediato<br />
Fonte: Google Earth Pro, 2015<br />
Revista <strong>Analytica</strong> | Out/Nov 2019<br />
23
Artigo 2<br />
Imagem Ilustrativa<br />
Autores:<br />
Luana Cristina Camargos. Gomes1 ,<br />
Alex Magalhães de Almeida2 ,<br />
Flávio Leonildo de Melo3<br />
24<br />
Tabela 1<br />
Revista <strong>Analytica</strong> | Out/Nov 2019<br />
e armazenadas em recipientes de polietileno<br />
(PET) higienizados com água destilada, posteriormente<br />
sendo identificadas, conservadas<br />
em caixas térmicas, onde foram mantidas<br />
Ponto<br />
resfriadas até<br />
S (m)<br />
o seu uso,<br />
W (m)<br />
no laboratório<br />
Elevação (m)<br />
de<br />
P1 20°10’36” 44°08’57” 749<br />
pesquisa. P2 20°09’16” As amostras 44°09’54” foram coletadas 740 no dia<br />
P3 20°08’26” 44°12’03” 736<br />
28 P4 de maio 19°58’19” de 2019, no 44°16’38” período entre 716 10:00 e<br />
15:00 horas.<br />
Também foram coletadas amostras da lama<br />
de rejeitos lançada após o rompimento da barragem<br />
da mina Córrego do Feijão, próximo ao<br />
Rio Paraopeba (Tabela 2).<br />
Tabela 1. Coordenadas geográficas dos pontos de coleta de água no rio Paraopeba.<br />
Fonte: Google Earth Pro, 2015<br />
Tabela 2<br />
Tabela 2: Coordenadas geográficas do ponto de coleta da lama próximo<br />
ao rio Paraopeba.<br />
Tabela 2. Coordenadas geográficas do ponto de coleta da lama próximo ao rio Paraopeba.<br />
Ponto S (m) W (m) Elevação (m)<br />
P5 20º9’14,16” 44º9’32,39” 735<br />
Fonte: Google Earth Pro, 2015<br />
Figura 8 - Brumadinho/MG<br />
Fonte: Google Earth Pro, 2015<br />
Determinação dos metais<br />
As determinações dos metais foram feitas<br />
em triplicada por meio de espectrofotometria<br />
UV-VIS, para todas as amostras. Os metais<br />
verificados foram: cromo (Cr), chumbo (Pb),<br />
ferro (Fe), manganês (Mn), mercúrio (Hg) e<br />
níquel (Ni).<br />
Para a lama, primeiramente submeteu-se<br />
Figura 9 - Rodovia BR 262-BH<br />
Fonte: Google Earth Pro, 2015 Fonte: Google Earth Pro, 2015<br />
a um ataque ácido sob aquecimento. Em seguida,<br />
filtrou-se os extratos e completou-se<br />
o volume até 100 mL com água deionizada,<br />
posteriormente sendo utilizados para a determinação<br />
dos metais.<br />
Para a determinação dos teores de cromo (Cr)<br />
dispôs-se de uma solução homogenia composto<br />
por: 10,0 mL de acetona e 2 gotas de ácido<br />
nítrico. Como reagente complexante, utilizou-se<br />
o difenilcarbazida em etanol. As leituras de<br />
absorvância foram feitas em λmax = 540 nm<br />
(máximo de ABS do complexo). Para obtenção<br />
da curva de calibração, utilizaram-se soluções<br />
de cromo nas concentrações de 0 a 30 mg.L-<br />
1, obtendo-se a equação ABS = 0,044[Cr] +<br />
0,022, sendo o valor de R2 = 0,997.<br />
Para o elemento chumbo (Pb), utilizou-se<br />
como meio reacional um sistema homogêneo<br />
composto por: 2,0 mL de água, 12,0 mL<br />
de etanol e 5,0 mL de clorofórmio. Como<br />
reagente complexante, utilizou-se o 1-(2-piridilazo)-2-naftol<br />
preparado em clorofórmio.<br />
As leituras de absorvância foram feitas em<br />
λmax = 562 nm (máximo de ABS do complexo).<br />
Para obtenção da curva de calibração,<br />
utilizaram-se soluções de chumbo nas concentrações<br />
de 0,1 a 1,0 mg.L-1, obtendo-se a<br />
equação ABS = 1,4316[Pb] + 0,0344, sendo<br />
o valor do R² = 0,996.<br />
Para avaliar o teor de ferro (Fe), utilizou-se como<br />
reagente complexante tiocianato sendo as leituras<br />
realizadas em λmax = 480 nm. Para a obtenção<br />
da curva de calibração utilizou-se soluções de ferro<br />
nas concentrações de 0,0 a 75,0 mg.L-1, caracterizada<br />
pela equação ABS = 0,005[Fe] – 0,005,<br />
sendo o valor do R2 = 0,992.<br />
Na determinação dos teores de mercúrio<br />
(Hg), utilizou-se como meio reacional água-<br />
-etanol-metilisobutilcetona na proporção de<br />
2,0 mL, 5 mL e 2 mL, respectivamente. Foi<br />
empregado como base a reação de complexação<br />
entre o reagente ditizona e o íon metálico<br />
e as leituras de absorvância foram efetuadas<br />
em λmax = 500 nm. A curva de calibração foi<br />
elaborada entre as concentrações de 0 a 20<br />
mg.L-1 de mercúrio, obtendo-se a equação<br />
ABS=0,037[Hg] + 0,354 com R2 = 0,988.<br />
Na determinação dos teores de manganês<br />
(Mn), utilizou-se um sistema ternário homogêneo<br />
de solventes estabelecidos por água-<br />
-etanol-clorofórmio sendo o reagente 8-hidroxiquinolina<br />
utilizado como complexante.<br />
As leituras de absorvância foram realizadas<br />
em λmax = 420 nm. Utilizaram-se soluções<br />
de manganês nas concentrações de 0 a 0,25<br />
mg.L-1 para a obtenção da curva de calibração,<br />
obtendo-se a equação ABS = 0,0061[Mn] +<br />
0,004 com R2 = 0,999.<br />
Para o elemento Níquel, utilizou-se como<br />
reagente complexante dimetilglioxima sendo<br />
as leituras realizadas em λmax = 360<br />
nm. Para a obtenção da curva de calibração<br />
utilizou-se soluções de níquel nas concentrações<br />
de .0 a 5,0. mg.L-1, caracterizada pela<br />
equação ABS = 0,0294[Ni] + 0,0057, sendo<br />
o valor do R2 = 0,998.
RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />
Os dados obtidos nas Tabelas 3 e 4, foram<br />
comparados com os valores legais da legislação<br />
vigente, referentes a Classe II de qualidade<br />
segundo Resolução nº 357 do Conselho<br />
Tabela 3<br />
Nacional do Meio Ambiente – CONAMA, de<br />
17 de Março de 2005 e pela Portaria nº 36 do<br />
Ponto amostragem<br />
VMP<br />
Metal Ministério P1 P2 da Saúde, P3 de 19 P4 de Janeiro CONAMA de Ministério 1990. da Saúde<br />
Tabela 3. Concentrações médias (mg L -1 ) dos metais avaliados nas amostras de água<br />
coletadas no Rio Paraopeba, Minas Gerais.<br />
Cr 0,045 0,035 0,052 0,048 0,05 0,05<br />
Pb 2,65 2,58 2,72 2,48 0,01 0,05<br />
Fe 1, 25 Tabela 3 1,36 1,50 0,99 0,30 0,3<br />
Mn 0,10 0,30 0,30 0,20 0,10 0,1<br />
Hg 4,46 2,65 3,22 4,81 0,0002 0,001<br />
Tabela 3: Concentrações médias (mg L-1) dos metais avaliados nas amos-<br />
Ni 1,07 1,75 1,27 3,31 0,025<br />
Tabela 3. Concentrações médias (mg L -1 ) dos metais avaliados nas amostras de água<br />
VMP tras<br />
coletadas<br />
= Valor de água coletadas no Rio Paraopeba, Minas Gerais.<br />
no<br />
máximo<br />
Rio Paraopeba,<br />
permitido<br />
Minas<br />
pela<br />
Gerais.<br />
Resolução CONAMA 357/05 para classe II de<br />
qualidade de águas e Portaria Ponto 36 de do amostragem Ministério da Saúde.<br />
VMP<br />
Metal P1 P2 P3 P4 CONAMA Ministério da Saúde<br />
Cr 0,045 0,035 0,052 0,048 0,05 0,05<br />
Pb 2,65 2,58 2,72 2,48 0,01 0,05<br />
Fe 1, 25 1,36 1,50 0,99 0,30 0,3<br />
Mn 0,10 0,30 0,30 0,20 0,10 0,1<br />
Hg 4,46 2,65 3,22 4,81 0,0002 0,001<br />
Ni 1,07 1,75 1,27 3,31 0,025<br />
VMP = Valor máximo permitido pela Resolução CONAMA 357/05 para classe II de<br />
qualidade de águas e Portaria 36 do Ministério da Saúde.<br />
VMP = Valor máximo permitido pela Resolução CONAMA 357/05 para<br />
classe II de qualidade de águas e Portaria 36 do Ministério da Saúde.<br />
Tabela 4<br />
Tabela 4: Concentrações médias (mg L-1) dos metais avaliados nas amos-<br />
Tabela 4. Concentrações médias (mg L -1 ) dos metais avaliados nas amostras de lama<br />
coletadas<br />
tras de<br />
próximo<br />
lama<br />
ao<br />
coletadas<br />
Rio Paraopeba,<br />
próximo<br />
Minas<br />
ao Rio<br />
Gerais.<br />
Paraopeba, Minas Gerais.<br />
Ponto de amostragem<br />
VMP<br />
P5 Metal CONAMA Ministério da Saúde<br />
Tabela 4<br />
Cr 0,04 0,05 0,05<br />
Pb 0,26 0,01 0,05<br />
Fe 3.290 0,3 0,3<br />
Tabela Mn 4. Concentrações 260,98 médias (mg L -1 ) dos metais 0,1 avaliados nas amostras 0,1 de lama<br />
coletadas próximo ao Rio Paraopeba, Minas Gerais.<br />
Hg 2,33 0,0002 0,001<br />
Ponto de amostragem<br />
VMP<br />
Ni 0,07 0,025<br />
P5 CONAMA Metal Ministério da Saúde<br />
VMP = Valor Cr máximo permitido 0,04 pela Resolução CONAMA 0,05 357/05 para 0,05 classe II de<br />
qualidade VMP de Pb águas = Valor e Portaria máximo 36 0,26 permitido Ministério pela da Resolução Saúde. 0,01 CONAMA 357/05 0,05 para<br />
Fe 3.290 0,3 0,3<br />
classe II de qualidade de águas e Portaria 36 do Ministério da Saúde.<br />
Mn 260,98 0,1 0,1<br />
Hg 2,33 0,0002 0,001<br />
Ni 0,07 0,025<br />
VMP = Valor máximo permitido pela Resolução CONAMA 357/05 para classe II de<br />
qualidade de águas e Portaria 36 do Ministério da Saúde.<br />
Ferro<br />
A Tabela 3 e 4 evidencia as concentrações<br />
dos metais nas amostras analisadas. Os valores<br />
obtidos de ferro na água apresentaram-se superiores<br />
a 0,3 mg/L, ocorrendo oscilações dos<br />
valores ao longo dos pontos de monitoramento.<br />
A concentração na lama apresentou 10,9 mil<br />
vezes maior que os limites estabelecidos.<br />
Maia (2007), avaliando a qualidade das<br />
águas do rio Doce após o rompimento da Barragem<br />
do Fundão, em Mariana, Minas Gerais,<br />
também observou elevado teor de Fe solúvel<br />
excedendo o valor máximo estabelecido para<br />
a Classe 2.<br />
O ferro concede cor e sabor à água, ocasiona<br />
manchas em roupas e utensílios sanitários,<br />
problemas de desenvolvimento de depósitos<br />
em canalizações, provocando a contaminação<br />
biológica da água na própria rede de distribuição.<br />
Em razão disso, o ferro constitui-se em<br />
padrão de potabilidade, sendo a concentração<br />
limite de 0,3 mg/L instituída pela Resolução<br />
CONAMA 357 e Portaria 36 do Ministério da<br />
Saúde (PIVELLI, 2000).<br />
Manganês<br />
Os valores de manganês obtidos na água nos<br />
pontos P2, P3 e P4 estão em desconformidade<br />
com o limite legal na Resolução CONAMA 357 e<br />
Portaria 36 do Ministério da Saúde, já na lama<br />
apresentou cerca de 2,6 mil vezes maior que o<br />
máximo permitido, correspondente a 0,1 mg/L.<br />
A Fundação SOS Mata Atlântica (SOSMA,<br />
2019) em uma expedição pelo Rio Paraopeba,<br />
em decorrência do impacto provocado pelo<br />
rompimento da barragem, verificaram concentrações<br />
de Mn acima dos limites máximos<br />
permitidos.<br />
Mediante essas oscilações das concentrações,<br />
Dornfeld (2002) questiona que determinados<br />
processos causam a remoção dos metais<br />
da coluna d’água e entre eles pode-se citar<br />
a adsorção em hidróxidos de Ferro e Mangânes.<br />
O autor destaca que estes processos concedem<br />
metais para os sedimentos que é outro<br />
compartimento abiótico de suma importância<br />
no ambiente aquático por ser, geralmente, o<br />
destino final para a maior porção do metal<br />
presente neste sistema.<br />
Anjos (2003) ressalta que Fe e Mn atuam<br />
como elementos suporte influenciando na<br />
concentração dos metais em solução assim<br />
como na sua relação com os processos de<br />
remoção ou disponibilidade. Esses processos<br />
podem ser relacionados ao desempenho dos<br />
metais na área em estudo, principalmente na<br />
estação chuvosa, pois se percebe uma notável<br />
diminuição em alguns pontos e um aumento<br />
dos teores de Fe em quase todos os pontos de<br />
amostragem.<br />
O manganês desenvolve coloração negra na<br />
água, podendo-se apresentar nos estados de<br />
oxidação Mn+2 (forma mais solúvel) e Mn+4<br />
(forma menos solúvel). Seu comportamento é<br />
muito análogo ao do ferro nas águas em seus<br />
aspectos mais diversos, visto que a sua ocorrência<br />
é mais infreqüente (PIVELLI, 2000).<br />
Chumbo<br />
O chumbo é padrão de potabilidade, sendo<br />
fixado o valor máximo permissível de 0,05<br />
mg/L pela Portaria 36 do Ministério da Saúde<br />
e 0,01 mg/L pela Resolução CONAMA 357. A<br />
concentração de chumbo analisada na lama<br />
apresentou 26 vezes maior que o VMP estabelecido<br />
pela Resolução CONAMA 357 e 5,2<br />
vezes maior que a Portaria 36 do Ministério<br />
da Saúde. Isso é preocupante considerando-se<br />
que o chumbo é um elemento bioacumulativo,<br />
o que poderá comprometer o ecossistema<br />
local por um longo período de tempo.<br />
Segundo Cavalcanti (2019), em Brumadinho<br />
a concentração histórica máxima na água para<br />
o chumbo era de 0,021 mg/L. Durante o período<br />
de coleta, após o acidente, este valor não<br />
foi ultrapassado, sendo o máximo atingido de<br />
0,015 mg/L em 22/02 e em 28/02 o valor já<br />
era de 0,011 mg/L.<br />
A existência do chumbo nas águas pode<br />
gerar sérios problemas toxicológicos para os<br />
seres vivos devido à sua característica de persistência<br />
no ambiente. Pode adentrar no organismo<br />
pela respiração ou através do consumo<br />
de água ou alimentos, pois não possui nenhuma<br />
função fisiológica conhecida no organismo.<br />
Não constitui um problema ambiental até<br />
que venha a se dissolver passando a forma iônica.<br />
Em meio ácido é um elemento grave para<br />
o ambiente e para a saúde da população, pois<br />
apresenta efeito cumulativo dentro da cadeia<br />
trófica (BAIRD, 2002; MOREIRA e MOREIRA,<br />
2004).<br />
A toxidade crônica originada pelo chumbo<br />
no organismo humano pode desencadear no<br />
indivíduo saturnismo e neoplasia, doença que<br />
pode levar à morte, além de problemas de<br />
alteração de crescimento, audição, desenvolvimento<br />
cerebral deficiente, infertilidade, elevação<br />
da pressão arterial, convulsões e perda<br />
de memória (BRITO FILHO, 1983; LARINI, 1997<br />
Mercúrio<br />
O padrão de potabilidade fixado pela Portaria<br />
36 do Ministério da Saúde é de 0,001 mg/L<br />
e 0,0002 mg/L pela Resolução CONAMA 357.<br />
Observa-se que nos pontos para a água P1,<br />
P2, P3 e P4 foram encontradas concentrações<br />
acima dos VMP’s estabelecidos, sendo 4,5;<br />
2,7; 3,2 e 4,8 mil vezes respectivamente, referente<br />
a Portaria 36 do Ministério da Saúde. Já<br />
pela Resolução CONAMA 357 os valores foram<br />
ainda mais alarmantes, sendo respectivamente<br />
22,3; 13,3; 16,1 e 24 mil vezes maiores.<br />
Revista <strong>Analytica</strong> | Out/Nov 2019<br />
25
Artigo 2<br />
Imagem Ilustrativa<br />
Autores:<br />
Luana Cristina Camargos. Gomes1 ,<br />
Alex Magalhães de Almeida2 ,<br />
Flávio Leonildo de Melo3<br />
26<br />
Revista <strong>Analytica</strong> | Out/Nov 2019<br />
Laudos oficiais da qualidade da água,<br />
elaborados pelo Instituto Mineiro de Gestão<br />
das Águas (IGAM), Agência Nacional de<br />
Águas (ANA), Serviço Geológico do Brasil<br />
(CPMR) e Copasa apontaram concentrações<br />
elevadas de Hg nos primeiros 20 quilômetros<br />
do rio Paraopeba, a partir da área afetada<br />
(SOSMA, 2019).<br />
Pivelli (2000) ressalta que o elemento mercúrio<br />
é altamente tóxico ao homem, apresenta<br />
efeito cumulativo e provoca lesões cerebrais,<br />
sendo que doses de 3 a 30 gramas são fatais.<br />
Níquel<br />
Concentrações de níquel nas águas apresentaram<br />
em todos os pontos quantidades elevadas,<br />
acima do VMP estabelecido pelo Conama,<br />
sendo 0,025 mg/L o máximo permitido.<br />
Hg, Cr, Pb e Ni, como mencionado por Esteves<br />
(1988), não tem função biológica conhecida<br />
e frequentemente apresentam toxicidade<br />
aos organismos. Em relação aos peixes, as<br />
elevadas concentrações de Ni e Cu podem<br />
precipitar a secreção da mucosa produzida<br />
pelas brânquias dos peixes, obstruindo o espaço<br />
interlamelar e bloqueando o movimento<br />
normal dos filamentos branquiais, o que pode<br />
ter contribuído para a morte da fauna aquática<br />
do rio Doce pós o rompimento da barragem de<br />
rejeitos em Mariana, MG (Freitas et al, 2016).<br />
A Agência Nacional de Águas (ANA, 2019)<br />
mediante boletim, evidenciou que a análise<br />
feita pelas entidades estaduais e federais que<br />
monitoram a qualidade da água no Rio Paraopeba<br />
“aponta o decaimento da concentração”<br />
dos metais pesados no manancial. Ressalta<br />
que comportamento análogo foi verificado no<br />
Rio Doce, por circunstância do rompimento da<br />
barragem de rejeitos do Fundão, em Mariana,<br />
em 5 de novembro de 2015. Deve-se mencionar,<br />
ainda, que a ausência de precipitações<br />
significativas nos primeiros dias após o rompimento<br />
da barragem colaborou para a baixa<br />
velocidade de propagação da frente de sedimentos<br />
e para sua deposição no leito do rio.<br />
Além de chumbo e mercúrio, foram encontrados<br />
elementos como níquel e cádmio nas<br />
águas do Rio Paraopeba, todos acima dos valores<br />
que podem ser tolerados para consumo<br />
humano (ANA, 2019).<br />
Também foram avaliados cinco parâmetros<br />
de qualidade da água (Tabela 5) comparados<br />
na Resolução CONAMA n° 357 de 2005, tendo<br />
consideração que se aborda de um recurso<br />
hídrico de classe 2. Além desses parâmetros,<br />
foram inclusos também Sólidos Totais Dissolvidos<br />
e Condutividade que, embora não<br />
constem na Resolução, são importantes para<br />
a melhor compreensão, pois são considerados<br />
Tabela 5<br />
indicativos indiretos de poluição. Todas as aná-<br />
Dentre as características do ambiente que<br />
podem influenciar o comportamento e os processos<br />
dos metais, Dornfeld (2002) enfatiza<br />
que o pH tem forte influência na disponibilidade<br />
dos metais, sendo que a maioria dos<br />
metais é insolúvel em água com pH neutro ou<br />
básico e, portanto, são adsorvidos rapidamente<br />
pela matéria particulada ou assimilados pelos<br />
organismos. Assim os metais podem fazer<br />
um caminho de adsorção a matéria orgânica<br />
mais rápido e se acumular nos sedimentos.<br />
Esses conjuntos de processos (adsorção/<br />
desorção, precipitação, sedimentação e difusão)<br />
intervém na disponibilidade dos metais,<br />
características geoquímicas que definem a<br />
capacidade de ligação dos metais nos corpos<br />
d’água contribuindo ou não a autodepuração.<br />
Tabela 5. Parâmetros físico-químicos nas amostras de água coletadas no Rio Paraopeba,<br />
Tabela<br />
Minas<br />
5: Parâmetros<br />
Gerais.<br />
físico-químicos nas amostras de água coletadas no Rio Paraopeba, Minas Gerais.<br />
Parâmetros P1 P2 P3 P4 Valor Limite<br />
Sólidos Totais Dissolvidos (STD) 48,27 46,96 46,04 45,60 ≤ 500 mg/L<br />
Condutividade 97,47 95,33 95,13 91,50 ≤ 100 μS/cm<br />
Oxigênio Dissolvido (OD) 7,10 6,10 6,20 6,80 ≥ 5,0 mg/L O2<br />
Potencial Hidrogeniônico (pH)<br />
Turbidez<br />
Fonte: Autores Autores da pesquisa, da 2019. pesquisa, 2019.<br />
7,52<br />
29,83<br />
lises foram realizadas no campo em triplicata,<br />
na condição de temperatura de 25°C.<br />
Potencial Hidrogeniônico (pH)<br />
Segundo Vieira (2015) o pH é um parâmetro<br />
significativo por exercer influência na solubilidade<br />
das substâncias (sais metálicos), na predominância<br />
de determinadas espécies mais ou menos tóxicas<br />
e nos processos de adsorção/sedimentação<br />
dos metais e outras substâncias na água.<br />
Ao comparar o pH da água, verificou-se, por<br />
meio das análises, que os parâmetros estão<br />
próximos à neutralidade e seus valores são<br />
condizentes com os da classe 2, segundo a<br />
Resolução CONAMA 357/2005, uma vez que,<br />
o valor pode oscilar entre 6 e 9.<br />
7,61<br />
39,43<br />
7,68<br />
59,33<br />
7,56<br />
27,10<br />
6,0 a 9,0<br />
≤ 100 uT<br />
Oxigênio Dissolvido (OD)<br />
O oxigênio dissolvido (OD) é o elemento<br />
principal no metabolismo dos microrganismos<br />
aeróbios que habitam as águas naturais. O<br />
oxigênio é indispensável também para outros<br />
seres vivos, sobretudo os peixes, onde a maioria<br />
das espécies não resiste a concentrações de<br />
oxigênio dissolvido na água inferiores a 4,0<br />
mg/L. É, portanto, um parâmetro de extrema<br />
relevância na legislação de classificação das<br />
águas naturais, bem como na composição de<br />
índices de qualidade de águas (PIVELI, 2010).<br />
O valor de OD para todos os pontos está de acordo<br />
com a Resolução CONAMA 357/2005, apresentaram<br />
valores acima, mas não tão expressivos, do<br />
limite estipulado que não pode ser inferior a 5mg/L.
Provavelmente, os valores baixos de OD<br />
podem ser devido ao acúmulo de matéria<br />
orgânica proveniente dos lançamentos a<br />
montante lançados ao curso d’água, que não<br />
foram totalmente neutralizados durante o<br />
procedimento de autodepuração, dentre outros<br />
motivos, a baixa velocidade das águas<br />
entorno dos pontos mencionados dificultou a<br />
autodepuração da matéria orgânica. Esse fato<br />
também foi aferido por Damasceno (2008),<br />
em estudo realizado em Teresina, no Piauí.<br />
Sólidos Totais Dissolvidos (STD)<br />
Quanto aos Sólidos Totais Dissolvidos (STD),<br />
foi possível verificar que o ponto P2 apresentou<br />
o maior valor, 46,96 mg/L, enquanto no<br />
ponto P3 verificou-se o menor valor, 46,04<br />
mg/L. Portanto, todos os pontos possuem<br />
valores condizentes, sendo menor que 500<br />
mg/L.<br />
Sólidos dissolvidos permanecem em solução<br />
mesmo após a filtração e são constituídos por<br />
partículas de diâmetro inferior a 10-3 μm. A<br />
entrada de sólidos na água pode ocorrer de<br />
forma natural (processos erosivos, detritos orgânicos<br />
e organismos) ou antropogênica (lançamento<br />
de esgotos e lixos). Nas águas naturais<br />
os sólidos dissolvidos estão constituídos<br />
basicamente por carbonatos, bicarbonatos,<br />
cloretos, fosfatos, sulfatos, nitratos de cálcio,<br />
potássio e magnésio (GASPAROTTO, 2011).<br />
Turbidez<br />
Em relação à turbidez percebe-se que o ponto<br />
P4 apresentou menor valor, sendo 27,1 uT e<br />
o ponto P3 apresentou o maior valor dentre os<br />
demais, sendo 59,33 uT. De acordo com o CO-<br />
NAMA 357/2005, para se enquadrar na classe<br />
2 a turbidez deve ter o valor limite de unidade<br />
nefelométrica até 100 (uT), portanto percebe-<br />
-se que todos os pontos analisados, para esse<br />
parâmetro, estão abaixo do limite estabelecido<br />
na Resolução.<br />
Conforme Barcellos (2019), a contaminação<br />
do Rio Paraopeba pelos rejeitos da mina pode<br />
ser percebida pelo aumento da turbidez das<br />
águas. A existência de materiais em suspensão<br />
nas águas dos rios afetados originou em<br />
uma mortandade de peixes e impossibilitou a<br />
captação e tratamento da água para consumo<br />
humano. Todavia, o sedimento enriquecido por<br />
metais pesados pode ser remobilizado para os<br />
rios a longas distâncias com as chuvas intensas.<br />
O IGAM (2019) examinando a qualidade das<br />
águas no Rio Doce após três meses do rompimento<br />
da barragem do Fundão, observaram<br />
que os resultados de turbidez demonstram o<br />
impacto do rompimento. Mesmo dois meses<br />
e meio após o acidente, os valores são muito<br />
superiores aos que eram obtidos antes do<br />
rompimento da barragem ao longo dos quatro<br />
trechos avaliados.<br />
Condutividade<br />
Para a condutividade os pontos P1 e P4 apresentaram<br />
respectivamente os maiores e menores<br />
valores, sendo 97,47 μs/cm e 91,50 μs/<br />
cm, estando dentre o limite máximo de 100<br />
μs/cm proposto.<br />
Condutividade elétrica é uma medida da<br />
disposição de uma solução aquosa de conduzir<br />
corrente elétrica devido à presença de íons.<br />
Essa propriedade varia com a concentração<br />
total de substâncias ionizadas dissolvidas na<br />
água, com a temperatura. Devido a isso, para<br />
propósitos comparativos de dados de condutividade<br />
elétrica, deve ser definida uma das<br />
temperaturas de referência (20 ºC ou 25 ºC)<br />
(PINTO, 2007).<br />
Na legislação do Brasil não se encontra um<br />
limite superior deste parâmetro tido como<br />
aceitável. Porém, deve-se notar que oscilações<br />
na condutividade da água, ainda que não<br />
causem dano imediato ao ser humano, podem<br />
indicar tanto o assoreamento acelerado de rios<br />
por destruição da mata ciliar como a contaminação<br />
do meio aquático por efluentes industriais<br />
(LÔNDERO e GARCIA, 2010).<br />
CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />
Após análise dos resultados pode-se perceber<br />
que muitos metais apresentaram níveis<br />
elevados, acima dos valores máximos permitido<br />
pela Classe 2 de acordo com a Resolução<br />
CONAMA 357/2005 e Portaria 36 do Ministério<br />
da Saúde, sendo que o primeiro ponto (P1)<br />
apresentou também valores acima do limite<br />
estabelecido mesmo antes do acidente. Demonstrando<br />
que mesmo antes do acidente o<br />
Rio Doce já apresentava sinais de degradação<br />
ambiental e que necessitava de cuidado imediato,<br />
pois se trata de um curso d’agua muito<br />
importante para a região.<br />
No entanto, é importante ressaltar que<br />
apesar das análises físico-químicas serem<br />
fundamentais para a caracterização da qualidade<br />
da água, elas não permitem uma<br />
avaliação dos efeitos da poluição sobre os<br />
seres vivos. Além disso, elas são realizadas<br />
de forma pontual e medidas instantaneamente<br />
nos pontos amostrais e, portanto, necessitam<br />
de um grande número de medições<br />
para que se obtenha uma maior perspicácia<br />
nos resultados, o que não foi possível de ser<br />
realizado no presente estudo.<br />
Todavia, com a ocorrência de chuvas, poderão<br />
ser notadas alterações no comportamento<br />
até agora ressaltado. Trata-se, portanto, de um<br />
desastre complexo cujo desenvolvimento no<br />
tempo e no espaço necessita ser monitorado<br />
de forma que se possa avaliar todos os desdobramentos<br />
para a bacia hidrográfica.<br />
É preciso reforçar a ideia de que o problema<br />
não é a existência de metais, mas sua concentração.<br />
Diante disso, devem ser intensificadas<br />
ações de vigilância para a qualidade da água<br />
e recuperação da área, o que necessita intervenções<br />
do poder público e da sociedade, para<br />
reduzir os teores de contaminantes tóxicos<br />
lançados, visando à recuperação do ecossistema<br />
aquático.<br />
Revista <strong>Analytica</strong> | Out/Nov 2019<br />
27
Artigo 2<br />
28<br />
Revista <strong>Analytica</strong> | Out/Nov 2019<br />
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C.. 2011. Fish Physiology: Homeostasis and Toxicologyo<br />
fessential Metals. 1st Edition. Academic Press,<br />
New York, USA. 1998.
DESDE 2000<br />
Conceito de qualidade em Microbiologia<br />
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Artigo 2<br />
Complemento Normativo - Artigo 2<br />
Referente ao artigo 2<br />
Disponibilizado por <strong>Analytica</strong> em parceria com Arena Técnica<br />
Avaliação de Metais e Qualidade da Água em trechos do rio<br />
Paraopeba após o rompimento da barragem do Corrego do Feijão:<br />
Uma visão do fato frente ao equilíbrio do meio ambiente.<br />
ISO 3471<br />
Earth-moving machinery - Roll-over protective structures - Laboratory tests and performance<br />
requirements<br />
Norma publicada em: 08/2008. / Status: Vigente.<br />
Classificação 1: segurança, ergonomia e requisitos gerais.<br />
Classificação 2: Norma recomendada.<br />
Artigo: AVALIAÇÃO DE METAIS E QUALIDADE DA ÁGUA EM TRECHOS DO RIO PARAOPEBA APÓS O ROMPIMENTO DA<br />
BARRAGEM DO FUNDÃO: UMA VISÃO DO FATO FRENTE AO EQUILÍBRIO DO MEIO AMBIENTE.<br />
Entidade: ISO.<br />
País de procedência/Região: Suiça.<br />
https://www.iso.org/standard/38084.html<br />
ISO 19434<br />
Mining — Classification of mine accidents<br />
Norma publicada em: 10/2017. / Status: Vigente.<br />
Classificação 1: Minas e pedreiras<br />
Classificação 2: Norma recomendada.<br />
Artigo: AVALIAÇÃO DE METAIS E QUALIDADE DA ÁGUA EM TRECHOS DO RIO PARAOPEBA APÓS O ROMPIMENTO DA<br />
BARRAGEM DO FUNDÃO: UMA VISÃO DO FATO FRENTE AO EQUILÍBRIO DO MEIO AMBIENTE.<br />
Entidade: ISO.<br />
País de procedência/Região: Suiça.<br />
https://www.iso.org/standard/64897.html<br />
ISO 15176<br />
Guidance on characterization of excavated soil and other materials intended for re-use<br />
Norma publicada em: 06/2019. / Status: Vigente.<br />
Classificação 1: Outros padrões relacionados à qualidade do solo.<br />
Classificação 2: Norma recomendada.<br />
Artigo: AVALIAÇÃO DE METAIS E QUALIDADE DA ÁGUA EM TRECHOS DO RIO PARAOPEBA APÓS O ROMPIMENTO DA<br />
BARRAGEM DO FUNDÃO: UMA VISÃO DO FATO FRENTE AO EQUILÍBRIO DO MEIO AMBIENTE.<br />
Entidade: ISO.<br />
País de procedência/Região: Suiça.<br />
https://www.iso.org/standard/70771.html<br />
ISO 10704<br />
Water quality — Gross alpha and gross beta activity — Test method using thin source deposit<br />
Norma publicada em: 02/2019. / Status: Vigente.<br />
Classificação 1: Exame das propriedades físicas da água. Proteção contra Radiação<br />
Artigo: AVALIAÇÃO DE METAIS E QUALIDADE DA ÁGUA EM TRECHOS DO RIO PARAOPEBA APÓS O ROMPIMENTO DA<br />
BARRAGEM DO FUNDÃO: UMA VISÃO DO FATO FRENTE AO EQUILÍBRIO DO MEIO AMBIENTE.<br />
Entidade: ISO.<br />
País de procedência/Região: Suiça.<br />
https://www.iso.org/standard/70597.html<br />
ABNT NBR 13028<br />
Mineração - Elaboração e apresentação de projeto de barragens para disposição de rejeitos,<br />
contenção de sedimentos e reservação de água – Requisitos<br />
Norma publicada em: 11/2017. / Status: Vigente.<br />
Classificação 1: Mineração e exploração de pedreiras.<br />
Classificação 2: Norma recomendada.<br />
Artigo: AVALIAÇÃO DE METAIS E QUALIDADE DA ÁGUA EM TRECHOS DO RIO PARAOPEBA APÓS O ROMPIMENTO DA<br />
BARRAGEM DO FUNDÃO: UMA VISÃO DO FATO FRENTE AO EQUILÍBRIO DO MEIO AMBIENTE.<br />
Entidade: ABNT.<br />
País de procedência/Região: Brasil.<br />
https://www.abntcatalogo.com.br/norma.aspx?ID=382573<br />
ABNT NBR 9653<br />
Guia para avaliação dos efeitos provocados pelo uso de explosivos nas minerações em áreas<br />
urbanas<br />
Norma publicada em: 05/2018. / Status: Vigente.<br />
Classificação 1: Mineração e exploração de pedreiras.<br />
Classificação 2: Norma recomendada.<br />
Artigo: AVALIAÇÃO DE METAIS E QUALIDADE DA ÁGUA EM TRECHOS DO RIO PARAOPEBA APÓS O ROMPIMENTO DA<br />
BARRAGEM DO FUNDÃO: UMA VISÃO DO FATO FRENTE AO EQUILÍBRIO DO MEIO AMBIENTE.<br />
Entidade: ABNT.<br />
País de procedência/Região: Brasil.<br />
https://www.abntcatalogo.com.br/norma.aspx?ID=398390<br />
30<br />
Revista <strong>Analytica</strong> | Out/Nov 2019<br />
ISO 21675<br />
Water quality — Determination of perfluoroalkyl and polyfluoroalkyl substances (PFAS) in<br />
water — Method using solid phase extraction and liquid chromatography-tandem mass<br />
spectrometry (LC-MS/MS)<br />
Norma publicada em: projeto em desenvolvimento<br />
Classificação 1: Exame de água para substâncias químicas<br />
Artigo: AVALIAÇÃO DE METAIS E QUALIDADE DA ÁGUA EM TRECHOS DO RIO PARAOPEBA APÓS O ROMPIMENTO DA<br />
BARRAGEM DO FUNDÃO: UMA VISÃO DO FATO FRENTE AO EQUILÍBRIO DO MEIO AMBIENTE.<br />
Entidade: ISO.<br />
País de procedência/Região: Suiça.<br />
https://www.iso.org/standard/71338.html
Espectrometria de Massa<br />
O detector de íons na<br />
espectrometria de massas<br />
Por Oscar Vega Bustillos*<br />
Joseph John Thomson desenvolveu o primeiro<br />
espectrômetro de massas no ano de 1897. As<br />
partes do primeiro espectrômetro já foram descritas<br />
na revista ANALYTICA (Edição 96 de Agosto<br />
de 2018) e as mesmas são: “Fonte de íons”,<br />
“Analisador de massas” e “Detector de íons”.<br />
Como detector de íons J.J. Thomson utilizou<br />
uma placa fotográfica para registrar o caminho<br />
ótico dos íons, obtendo geometrias parabólicas<br />
(Figura 1). Por esta configuração, o primeiro<br />
analisador de massas foi denominado “Espectrógrafo<br />
de massas”.<br />
A função do detector de íons no espectrômetro<br />
de massas é transformar as informações do<br />
analisador de massas em imagens que auxiliam<br />
na percepção do analito em estudo. O detector<br />
de íons fornece informações sobre o fluxo de<br />
íons ou abundancia de íons após a sua saída<br />
do analisador de massas. O detector converte<br />
o feixe de íons num sinal elétrico que pode ser<br />
amplificado, digitalizado, armazenado e exibido<br />
pelo sistema de dados ante os olhos ou ouvidos<br />
do ser humano. Sensibilidade, precisão, resolução,<br />
tempo de resposta, estabilidade, faixa<br />
dinâmica e baixo ruído são as características<br />
importantes de todo detector de íons. Os detectores<br />
de íons que podem ser utilizados no espectrômetro<br />
de massas são os seguintes: Placa<br />
fotográfica, Copo de Faraday, Multiplicados de<br />
elétrons, Fotomultiplicadora e Multicanal.<br />
As placas fotográficas foram utilizadas de<br />
1897 até 1940 por J.J. Thomson e seu aluno Aston.<br />
Hoje em dia, não são mais utilizadas, pela<br />
falta de resolução e especialmente pelo elevado<br />
ruído interferente, mas graças a este detector<br />
foi possível descobrir os elétrons e a maioria<br />
dos isótopos, ou seja, tem seu mérito analítico,<br />
apesar da obsolescência. O Copo de Faraday<br />
foi inventado por Michel Faraday em 1831 e foi<br />
testado por Dempster no seu espectrômetro de<br />
massas, mas quem o utilizou efetivamente foi<br />
Alfred Nier. Até 1940, as medidas da massa dos<br />
isótopos eram feitas por meio da distância entre<br />
as linhas registradas sobre chapas fotográficas.<br />
Nier revolucionou essa metodologia ao propor a<br />
utilização de um dispositivo elétrico para eliminar<br />
erros sistemáticos obtidos. O detector Copo<br />
de Faraday ou “Faraday Cup” em inglês é um<br />
copo metálico projetado para capturar partículas<br />
carregadas no vácuo (Figura 2). A corrente<br />
elétrica resultante pode ser medida e usada para<br />
determinar o número de íons atingindo o copo.<br />
Os íons positivos que saem do espectrômetro<br />
de massa entram no copo metálico que está<br />
aterrado. Quando os íons se chocam com as<br />
paredes do copo, os mesmos são neutralizados,<br />
absorvendo um elétron do copo metálico. A<br />
perda de um elétron do copo metálico é medida<br />
por um amperímetro interposto entre o copo e o<br />
terra. Portanto, quanto maior o número de íons<br />
que entram no copo maior a corrente detectada.<br />
Uma das melhores características do Copo<br />
de Faraday é que todos os íons são detectados<br />
com a mesma eficiência, de acordo com suas<br />
massas. Desde então, o “Espectrógrafo de massas”<br />
se converte em “Espectrômetro de massas”,<br />
porque é possível detectar e quantificar as massas<br />
dos íons selecionados pelo analisador com<br />
maior sensibilidade, precisão, resolução e principalmente<br />
baixo ruído interferente, comparado<br />
com as placas fotográficas.<br />
O detector de íons denominado “Multiplicador<br />
de elétrons” foi desenvolvido por Norman Daly<br />
no ano de 1950, sendo o detector de íons mais<br />
utilizado na espectrometria de massas devido<br />
a sua elevada sensibilidade, comparada com o<br />
Copo de Faraday. O Multiplicador de elétrons<br />
tem formato de cone metálico, geralmente<br />
banhado em ouro, por onde os íons entram<br />
na boca do cone (Figura 3). A entrada é fortemente<br />
negativa, relativamente ao fim do cone,<br />
de tal forma que íons positivos são acelerados<br />
em direção à superfície do cone. Na medida<br />
em que atingem o seu interior, os íons ejetam<br />
elétrons da superfície do cone. Estes elétrons<br />
secundários são acelerados em direção ao fim<br />
do cone, se chocando com a superfície do mesmo<br />
repetidamente e causando a liberação de<br />
mais elétrons da superfície. Esta multiplicação<br />
do número de elétrons causa a emissão de uma<br />
cascata de elétrons no fim do cone. A corrente<br />
eletrônica é amplificada para produzir um sinal<br />
proporcional à corrente iônica incidente no detector.<br />
O gradiente do potencial elétrico no cone<br />
é ajustado de tal forma a manter um máximo<br />
de elétrons emitidos no fim do cone para cada<br />
íon que ingressa no detector. No entanto, existe<br />
um limite máximo no cone que pode liberar<br />
elétrons por íon, dependendo do desgaste metálico<br />
da superfície do cone e outros parâmetros<br />
elétricos, necessitando obrigatoriamente ser<br />
calibrado periodicamente para atingir este máximo.<br />
Por esta razão, o detector de íons Multiplicador<br />
de elétrons tem sua vida útil limitada<br />
quando comparada ao detector Copo de Faraday.<br />
O Multiplicador de elétrons é 1000 vezes<br />
mais sensível que o Copo de Faraday.<br />
O detector de íons “Foto multiplicador de elétrons”<br />
tem como base o Efeito Fotoelétrico descrito<br />
por Albert Einstein, que lhe deu o Nobel de<br />
Física. O íon positivo é acelerado e colide sobre<br />
Revista <strong>Analytica</strong> | Out/Nov 2019<br />
31
Espectrometria de Massa<br />
uma superfície de alumínio, que libera elétrons<br />
secundários, e estes, por sua vez, são aceleradas<br />
para um cintilador, direcionadas para uma fotomultiplicadora<br />
selada (Figura 4). Num processo<br />
chamado emissão secundária, um único elétron<br />
pode, quando bombardeado em material<br />
emissivo secundário, induzir a emissão de vários<br />
elétrons. Se um potencial elétrico é aplicado<br />
entre esta placa de metal, os elétrons emitidos<br />
vão induzir uma emissão secundária com mais<br />
elétrons. Isto pode ser repetido várias vezes, resultando<br />
num chuveiro de elétrons, todos recolhidos<br />
por um ânodo de metal, onde é medida<br />
a corrente elétrica em Amperes. A contagem de<br />
elétrons secundários é usado para medir os feixes<br />
de íons que atingem a foto multiplicadora.<br />
O detector tem um baixo nível de ruído, comparados<br />
com outros detectores de íons.<br />
O detector de íons denominado “Detector<br />
Multicanal” ou “Multi Channel Plate – MCP”<br />
em inglês, foi desenvolvido em 1970 para ser<br />
utilizado nos espectrômetros de Tempo de Voo<br />
ou “Time of Flight - TOF” em inglês. O MCP está<br />
composto de centenas de micro canais contendo<br />
cada canal um multiplicador de elétrons (Figura<br />
5). O mesmo apresenta tempo de resposta<br />
menor que 1 ns e alta sensibilidade, maior que<br />
50 mV. Apenas alguns poucos canais do MCP<br />
são afetados pela detecção de um íon e assim<br />
é possível a detecção de muitos íons ao mesmo<br />
tempo, onde centenas de íons podem ser geradas<br />
em poucos nano segundos.<br />
Os íons com trajetórias estáveis que saíram do<br />
analisador de massas são detectados por algum<br />
detector de íons descrito anteriormente. O detector<br />
de íons transforma a corrente iônica em<br />
corrente elétrica, especificamente, em pulsos<br />
elétricos medidos temporalmente, na ordem<br />
de micro segundos, que geram um gráfico da<br />
variação temporal da intensidade dos íons,<br />
denominado “Espectro de Massas”. Cada sinal<br />
detectado no espectro de massas pode ser relacionado<br />
a uma espécie iônica com determinada<br />
razão massa/carga (m/z).<br />
A desvantagem de todos os detectores de<br />
íons descritos neste trabalho é que só funcionam<br />
em alto vácuo, precisando um sistema de<br />
alto vácuo.<br />
Figura 1: Placa fotográfica utilizada por J.J. Thomson<br />
como detector de íons em 1897. Os íons dos diferentes<br />
analitos são detectados por meio de figuras parabólicas<br />
na placa fotográfica conforme o desenho.<br />
Figura 2: O Copo de Faraday. Íons positivos penetram<br />
e se chocam com as paredes do copo metálico. Um<br />
amperímetro é interposto entre o copo e o aterramento<br />
sendo a corrente eletrônica medida. Esta corrente será<br />
proporcional a corrente iônica que penetra no copo.<br />
Figura 3: Multiplicador de Elétrons. Íons positivos atingem<br />
o interior do cone, próximo da entrada do multiplicador<br />
de elétrons, liberando elétrons que são acelerados na<br />
direção do fim do cone devido a um gradiente negativo no<br />
cone. Os elétrons se chocam repetidamente com a superfície<br />
interna do cone, causando a emissão de mais elétrons.<br />
Figura 4: Detector “Foto multiplicador de elétrons”. Os<br />
íons atingem um dinodo que geram elétrons que logo<br />
após atingir o cintilador da fotomultiplicadora.<br />
Figura 5: Detector de íons do espectrômetro de massas<br />
denominado Detector Multicanal.<br />
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2016.<br />
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de massas quadrupolar. 1ª. Edição. Scortecci<br />
editora, São Paulo. 2003.<br />
32<br />
Revista <strong>Analytica</strong> | Out/Nov 2019<br />
*Oscar Vega Bustillos<br />
Pesquisador do Centro de Química e Meio Ambiente CQMA do Instituto de Pesquisas Energéticas e<br />
Nucleares IPEN/CNEN-SP
A RDC RDC nº nº 234, de 20 de Junho<br />
Espectrometria 234, de 20 de de Massa Junho<br />
de de 2018 2018 autoriza as as Indústrias<br />
280<br />
Farmacêuticas 280a a terceirizarem as as<br />
análises de de MATÉRIAS-PRIMAS<br />
Terceirize<br />
Terceirize<br />
suas<br />
suas<br />
análises<br />
análises<br />
com<br />
com<br />
o<br />
o<br />
laboratório<br />
laboratório<br />
Reblas<br />
Rebla<br />
de<br />
de<br />
maior<br />
maior<br />
escopo<br />
escopo<br />
de<br />
de<br />
ensaios<br />
ensaios<br />
específicos<br />
específicos<br />
em<br />
em<br />
matérias-primas matérias-primas do do país. país.<br />
Contamos<br />
Contamos<br />
com<br />
com<br />
profissionais<br />
profissionais<br />
qualificados,<br />
qualificados,<br />
estrutura<br />
estrutura<br />
de<br />
de<br />
mais<br />
mais<br />
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1.600m²<br />
1.600m²<br />
de<br />
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laboratórios<br />
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Análises Análises Físico-químicas Físico-químicas e e Microbiológicas:<br />
Microbiológicas:<br />
- - Efluentes Efluentes e e águas águas tratadas. tratadas.<br />
- - Alimentos. Alimentos.<br />
- - Ambientais. Ambientais.<br />
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de de Produtos.<br />
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Revista <strong>Analytica</strong> | Out/Nov 2019<br />
33
Análise de Minerais<br />
O Laboratório do Futuro:<br />
uma revolução cada vez<br />
mais presente<br />
No último artigo aqui na Revista <strong>Analytica</strong> falamos<br />
um pouco da transformação digital que<br />
tem afetado os laboratórios dos mais diversos<br />
setores, oferecendo mais eficiência e otimizando<br />
os processos. É indiscutível que, a cada dia,<br />
o uso da inteligência artificial está crescendo<br />
associando-se a uma forte onda de inovação,<br />
mecanização e incremento da precisão nos laboratórios<br />
de todo o mundo.<br />
A cada novo artigo científico ou reportagem,<br />
pode-se observar como esta revolução está a<br />
cada dia mais próxima de nós. Arriscar acertar o<br />
que irá acontecer nos próximos anos é um exercício<br />
deveras perigoso! Vários renomados presidentes<br />
de empresas e pesquisadores tentaram<br />
prever o futuro ou condenaram determinadas<br />
tecnologias e acabaram “arranhando” sua credibilidade<br />
ou levando suas empresas à falência.<br />
Apesar do dito, ainda assim, vale provocar a<br />
reflexão: os laboratórios dos dias de hoje são,<br />
com certeza, muito diferentes dos laboratórios<br />
do passado, mas e daqui a cinco ou dez anos,<br />
como eles serão?<br />
A integração da robótica e da automação continuará<br />
revolucionando os métodos analíticos e<br />
os procedimentos operacionais, transformando<br />
tediosos processos manuais (ou com baixo nível<br />
de mecanização) em inteligentes sistemas automatizados<br />
de análises de líquidos, sólidos ou<br />
gases. Os analistas e gestores terão sua análise<br />
crítica e sua gestão operacional cada vez mais<br />
drasticamente influenciada pelo avanço das diversas<br />
tecnologias analíticas e pela colaboração<br />
de sistemas inteligentes que contribuirão, significativamente,<br />
nestes processos.<br />
A computação em nuvem, a aprendizagem<br />
de máquinas (Machine Learning) e Inteligência<br />
Artificial estarão cada vez mais presentes e serão<br />
fatores fundamentais para a transformação dos<br />
laboratórios, tanto tecnologicamente quanto<br />
operacionalmente. Mais especificamente, estas<br />
tecnologias influenciarão a eficiência dos<br />
procedimentos que serão cada vez mais pré-<br />
-programados e personalizáveis. Além disso,<br />
importantes ganhos serão obtidos em repetibilidade<br />
e reprodutibilidade dos métodos a partir<br />
da coleta, armazenamento, análise e compartilhamento<br />
de intensivo dos dados.<br />
E há de se dizer que cada vez mais dados<br />
gerados, mais estes serão compartilhados; e<br />
se temos mais compartilhamento, maior será a<br />
capacidade de análise destes dados e por consequência,<br />
mais revoluções advindas de um nível<br />
de colaboração nunca visto na história da humanidade.<br />
Nada ficará apenas nos laboratórios!<br />
Os segredos deixarão de estar nas máquinas,<br />
nos métodos ou nas pessoas; eles estarão na<br />
34<br />
Revista <strong>Analytica</strong> | Out/Nov 2019<br />
Eduardo Pimenta de Almeida Melo<br />
Eduardo Pimenta de Almeida Melo é Engenheiro Químico, Gerente de Laboratórios da CSN Mineração, MBA em Gestão Empresarial, Pós–Graduado<br />
em Gestão de Laboratórios e Especializado em Data Science. Coordenador da Comissão de Estudos para Amostragem e Preparação de<br />
Amostras em Minério de Ferro para a ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas.<br />
LinkedIn: https://br.linkedin.com/in/eduardo-melo-16b22722 - Telefone: 31 3749 1516 - E-mail: eduardo.melo@csn.com.br
capacidade de conectar problemas e ferramenta,<br />
entregando as melhores soluções, no menor<br />
tempo possível e, integralmente, dentro da necessidade<br />
do cliente.<br />
E ao refletirmos sobre isto, um período de<br />
cinco ou dez anos pode parecer muito distante,<br />
o que na prática não é! Recentemente, a IBM<br />
lançou o que denominou de AgroPad.<br />
“Um pequeno cartão de papel e um aplicativo<br />
móvel. Estes são os componentes necessários<br />
para o AgroPad analisar uma amostra de água<br />
ou de solo em alguns segundos.”<br />
“Em contato com uma pequena amostra,<br />
o cartão reage mostrando diferentes cores de<br />
acordo com a concentração de elementos como<br />
Cloro e Magnésio, além de pH. A análise detalhada<br />
fica por conta do aplicativo, que utiliza<br />
recursos de machine learning e reconhecimento<br />
visual para ler e interpretar as informações.”<br />
Este simples exemplo demonstra de forma<br />
clara tudo o que foi dito acima, tecnologia,<br />
sistemas inteligentes, simplicidade, eficiência e<br />
uma possibilidade de revolucionar como se faz<br />
análises de água e solo nos dias de hoje. E sabe o<br />
que falta para que ele seja disponibilizado para<br />
o mercado de forma sistemática? Colaboração.<br />
A tecnologia IBM associada a produtores rurais<br />
gerando diagnósticos práticos. Em suma, dados<br />
para serem transformados em informações e<br />
por fim, para se tornarem algoritmos ainda<br />
mais capazes de responder de forma assertiva<br />
em todas as situações.<br />
Pode até ser que não tenhamos tudo isto em<br />
cinco ou dez anos, ou quem sabe, tenhamos até<br />
muito mais do que isso. O que é inegável é que<br />
passaremos por estas etapas e temos duas claras<br />
opções: aguardar que o futuro chegue e nos<br />
leve rumo ao desconhecido ou nos prepararmos<br />
de forma rápida e assertiva para que possamos<br />
aproveitar todos os pontos extremamente positivos<br />
que a “era do conhecimento” pode nos<br />
proporcionar. E aí, qual sua opção?<br />
Amostragem de Ar<br />
Por que vários formatos?<br />
Confie na resposta de<br />
quem tem mais de 100<br />
anos de experiência<br />
nesse assunto.<br />
Para cotações e mais informações,<br />
contate-nos através do e-mail:<br />
biomonitoringbra@merckgroup.com<br />
Revista <strong>Analytica</strong> | Out/Nov 2019<br />
35
Metrologia<br />
O poder das medidas<br />
Debatem-se atualmente no Brasil os resultados<br />
de medições referentes ao desmatamento<br />
da Amazônia, a dados de clima referentes a<br />
aquecimento global, aos impactos de mineração<br />
em águas e no ambiente regional. Os<br />
resultados nessas medições são capazes de<br />
afetar as relações comerciais do país, com forte<br />
impacto particularmente nas exportações<br />
de alimentos.<br />
A coleta de dados, as medições, sua organização<br />
em informações que permitam a tomada<br />
de decisões políticas, são processos baseados<br />
em técnicas rigorosas e todo um acúmulo<br />
de conhecimento científico. Este acúmulo está<br />
nas disciplinas de ciências da natureza e nas<br />
bases matemáticas e estatísticas que regem o<br />
formalismo que garante que essas informações<br />
reflitam da melhor maneira possível a<br />
realidade. Ciência busca conhecer a realidade<br />
e é o que de melhor trouxe a humanidade até<br />
aqui. O que permitiu produzir mais alimentos,<br />
diminuir a mortalidade, aumentar a expectativa<br />
de vida, maior conforto, melhor qualidade<br />
de vida e bem-estar.<br />
O desconhecimento dessas técnicas, procedimentos<br />
e bases científicas relacionadas<br />
às medições, o não domínio dessas noções<br />
fundamentais pela sociedade e sua incompreensão<br />
por aqueles responsáveis pelas tomadas<br />
de decisões políticas pode ter resultados desastrosos<br />
para o Brasil. Não simplesmente para<br />
as relações comerciais, mas principalmente<br />
para a vida das populações. E aqui não pensamos<br />
apenas naquelas comunidades vivendo<br />
diretamente nas regiões afetadas. No dia 19 de<br />
agosto de 2019 noticiou-se que o céu da cidade<br />
de São Paulo ficou negro no meio da tarde<br />
e caiu uma chuva cinza, cheia de particulado<br />
oriundo nas queimadas nas regiões Norte e<br />
Centro-Oeste. As consequências desses fenômenos<br />
também são importantes para o mundo.<br />
Veja-se o alerta em muitos países sobre as<br />
situações levantadas acima.<br />
E então nos vem a pergunta: por que uma<br />
Sociedade Brasileira de Metrologia?<br />
O melhor remédio contra a desinformação e a<br />
propagação de boatos ou de informações ou notícias<br />
falsas, as hoje tão comentadas fake news, é<br />
a apropriação de conhecimento pela maior parte<br />
da população, não apenas por tomadores de<br />
decisão ou formadores de opinião. É necessário<br />
que tenhamos conhecimento dos processos de<br />
medição, dos instrumentos e dos resultados. Isso<br />
garante a confiança nas medições.<br />
A SBM busca, desde sua fundação, ter um<br />
papel importante na disseminação do conhecimento<br />
em metrologia e nas demais<br />
disciplinas ou ferramentas de Tecnologia<br />
Industrial Básica. Além de essenciais para o<br />
desenvolvimento econômico e para a melhoria<br />
de processos e produtos e para a garantia<br />
da competitividade da indústria brasileira, a<br />
apropriação desses conhecimentos é muito<br />
importante para a efetiva construção da cidadania,<br />
para que as pessoas possam, elas mesmas,<br />
construir as condições de compreensão e<br />
julgamento das informações recebidas.<br />
Aumenta nossas preocupações o fato de<br />
que, mesmo naqueles processos formativos<br />
onde essas ferramentas são evidentemente<br />
necessárias, como nas áreas de ciências da<br />
natureza, engenharias e tecnologia, percebe-<br />
-se uma enorme carência de conhecimentos<br />
nessas áreas de TIB. Como constatamos em<br />
estudo discutido no XLV Congresso Brasileiro<br />
de Educação em Engenharia – COBENGE , a<br />
maior parte dos cursos de Engenharia não tem<br />
uma formação adequada em Metrologia.<br />
A disseminação de conhecimentos em metrologia<br />
é, portanto, um grande desafio. E a<br />
SBM se coloca como agente a buscar parcerias<br />
para vencê-lo. Cada passo não dado significa<br />
que mais distante ficamos de nosso objetivo:<br />
desenvolvimento econômico sustentável e socialmente<br />
justo.<br />
Referências<br />
BERNARDES, A. T.; MENDES, A. ; SOUTO, A. L. C. F. ;<br />
GRANJEIRO, J. M. ; ALVES, L. E. S. ; MENDES, M. F. A.<br />
; COSTA-FELIX, R. P. B. ENSINO DE METROLOGIA NOS<br />
CURSOS DE ENGENHARIA. In: Adriana Maria Tonini.<br />
(Org.). DESAFIOS DA EDUCAÇÃO EM ENGENHARIA:<br />
Formação acadêmica e atuação profissional, Práticas<br />
Pedagógicas e Laboratórios Remotos. 1ed. Brasilia:<br />
Abenge, 2017, v. 1, p. 126-158.<br />
36<br />
Revista <strong>Analytica</strong> | Out/Nov 2019<br />
Américo Tristão Bernardes<br />
Presidente da Sociedade Brasileira de Metrologia, Engenheiro Eletricista, Doutor em Física<br />
e Professor da Universidade Federal de Ouro Preto.
Em Foco Científico<br />
Avaliação de Eficiência de Sanitizante<br />
de Ar em Salas e Ambientes de<br />
Laboratórios de Microbiologia<br />
de Alimentos<br />
Artigo baseado em estudo realizado no instituto de tecnologia de alimentos em Campinas pelos seguintes autores:<br />
Thaís M. Paes, Hector A. Palacios, Artur Rocha, Adriana Sottero, Suzana Eri Yotsuyanagi, Beatriz Iamanaka – ISBN-85-7029-135-6<br />
De acordo com OMS, mais de 50% dos<br />
locais fechados tem ar de má qualidade, o<br />
que se deve principalmente a má higienização<br />
dos aparelhos de ar condicionado e<br />
a falta de controle periódico sobre as possíveis<br />
fontes de contaminação (Schirmer<br />
et al.,2011). Em tais espaços confinados,<br />
com escassa renovação do ar, há maior<br />
tendência de acumulação de microrganismos<br />
oriundos de infiltrações ou da má conservação<br />
do sistema de ar condicionado,<br />
principalmente fungos e bactérias (Sodré,<br />
2006).Sabendo-se que grande parte das<br />
bactérias patogénicas são mesófilas, uma<br />
alta contagem total deste tipo de microrganismo<br />
no ar é um indicativo de insalubridade,<br />
pois significa que o ambiente está<br />
apropriado para seu crescimento (Jesus<br />
et al. , 2007). É sabido que ar e ambiente<br />
interagem de forma dinâmica em termos<br />
de contaminação por agentes microbianos,<br />
portanto “quaisquer superfícies nas quais<br />
os microrganismos estejam depositados<br />
podem agir como fontes de contaminação<br />
para o ar, quando ocorrerem condições<br />
apropriadas para a formação de aerossóis”<br />
(Salustiano, 2002).<br />
A sanitização é uma etapa indispensável aos<br />
procedimentos de higienização em ambientes<br />
confinados especialmente sob ar condicionado.<br />
Em harmonia com as tendências de sustentabilidade,<br />
proteção ao meio ambiente e pesquisa<br />
alternativa, os terpenos e seus derivados, que<br />
não apresentam toxicidade e são biodegradá-<br />
Revista <strong>Analytica</strong> | Out/Nov 2019<br />
37
Em Foco Científico<br />
veis, podem ser uma alternativa para este fim.<br />
O objetivo do trabalho citado é avaliar a<br />
performance do sanitizante à base de terpenos<br />
para redução da contaminação de<br />
bolores em ambientes fechados, bem como<br />
comparar diferentes métodos de quantificação<br />
de bolores utilizando as técnicas de<br />
compactação e sedimentação.<br />
trado foi 283 litros, a altura de coleta fixa a 1,5<br />
m. Após cada coleta, a placa era tampada e<br />
incubada - a 35ºC por 2 dias para o PCA e a<br />
25°C por 5 dias para o DG18. Após a incubação,<br />
prosseguiu-se com a contagem de colônias<br />
nas placas e os resultados puderam ser<br />
reportados em UFC/placa ou UFC/m3.<br />
Para efeito deste artigo focaremos nos<br />
resultados do amostrador MAS-100 ECO<br />
afim de avaliar sua eficiência para esse<br />
monitoramento de air em ambientes<br />
Diagnóstico inicial: as salas 9 e 13 foram<br />
escolhidas para realização dos testes.<br />
Aplicação do sanitizante: para a<br />
aplicação de sanitizante foi utilizado um<br />
lavador de ar de médio porte, com vazão<br />
de 400m3/h, fornecido pelo fabricante do<br />
sanitizante.<br />
A Tabela 1 apresenta os resultados do diagnóstico inicial ( antes da sanitização) da sala 9<br />
(72m3), a qual foi diagnosticada com maior contaminação do ar ambiente:<br />
Diagnóstico inicial: as salas 9 e 13 foram escolhidas para realização dos testes.<br />
A Tabela 1 apresenta os resultados do diagnóstico inicial ( antes da sanitização) da sala 9 (72m 3 ), a<br />
qual foi diagnosticada com maior contaminação do ar ambiente:<br />
Tabela 1- Coleta de ar na Sala 09<br />
Tabela 1- Coleta de ar na Sala 09<br />
PCA<br />
DG18<br />
Método de sedimentação:<br />
Metodologias A B Média A B Média<br />
1-Sedimentação (UFC/placa) 1,0 0,0 0,5 10,0 10,0 10,0<br />
Consistiu na exposição de uma placa de<br />
Petri - contendo os meios de cultura Dicloran<br />
18% Glicerol (DG18) e Ágar Padrão (PCA)<br />
-aberta ao ambiente por 15 minutos.Após<br />
cada coleta, a placa era tampada e incubada<br />
- a 35ºC por 2 dias para o PCA e a 25°C<br />
por 5 dias para o DG18. Após a incubação,<br />
prosseguiu-se com a contagem de colônias<br />
nas placas e os resultados foram reportados<br />
em UFC/placa.<br />
2-Compactação<br />
Diagnóstico b) MAS 100 inicial: Eco (UFC/m as salas 3 ) 1 9 e 13 foram escolhidas para realização dos testes.<br />
169,61 159,0 164,3 2339,2 1939,9 2139,6<br />
A Tabela 1 apresenta os resultados do diagnóstico inicial ( antes da sanitização) da sala 9 (72m 3 ), a<br />
qual foi diagnosticada com maior contaminação do ar ambiente:<br />
A Tabela 2 apresenta os resultados do diagnóstico inicial da sala 13, a qual foi escolhida por ter<br />
Tabela maior dimensão(157,5m 1- Coleta de ar na Sala 3 ), controle 09 de temperatura e menor movimentação de pessoas.<br />
PCA<br />
DG18<br />
Tabela 2- Coleta de ar na Sala 13<br />
Metodologias A B Média A B Média<br />
1-Sedimentação (UFC/placa) 1,0 PCA 0,0 0,5 10,0 DG18 10,0 10,0<br />
2-Compactação<br />
Metodologias A B Média A B Média<br />
A 1-Sedimentação<br />
Tabela b) MAS 2100 apresenta Eco (UFC/m os resultados 3 ) 1,0 do diagnóstico 2,0 1,5 inicial da 4,0 sala 13, a qual 4,0 foi escolhida 1<br />
4,0 por<br />
(UFC/placa)<br />
169,61 159,0 164,3 2339,2 1939,9 2139,6<br />
2-Compactação<br />
b) MAS 100 Eco<br />
102,5 113,0 107,8 470,0 629,0 549,5<br />
A Tabela (UFC/m 2 apresenta 3 ) 1<br />
os resultados do diagnóstico inicial da sala 13, a qual foi escolhida por ter<br />
maior dimensão(157,5m 3 ), controle de temperatura e menor movimentação de pessoas.<br />
ter maior dimensão(157,5m3), controle de temperatura e menor movimentação de pessoas.<br />
Tabela 2- Coleta de ar na Sala 13<br />
Tabela 3 – Média dos resultados obtidos pelos métodos da sedimentação e compactação no monitoramento<br />
Tabela de 8 horas 2- Coleta da sala de ar 9 (em na Sala ágar 13 DG18 e PCA) ( pós sanitização do ambiente).<br />
38<br />
Revista <strong>Analytica</strong> | Out/Nov 2019<br />
Método da compactação:<br />
foram utilizados dois equipamentos:<br />
a) MAS 100 Eco (Merck) e b)Amostrador de<br />
Andersen. Para ambos, o volume de ar amos-<br />
PCA (UFC/placa) PCA<br />
DG18 (UFC/placa) DG18<br />
MAS 100<br />
MAS 100<br />
Metodologias Sedimentação A B Sedimentação<br />
Média A B Média<br />
Eco<br />
Eco<br />
1-Sedimentação<br />
1,0 2,0 1,5 4,0 4,0 4,0<br />
(UFC/placa) Hora 1 1,0 291,5 100,5 404,5<br />
2-Compactação Hora 2 2,5 92,0 25,5 371,0<br />
b) MAS 100 Eco<br />
102,5 113,0 107,8 470,0 629,0 549,5<br />
(UFC/m Hora 3 3 ) 1 0,5 96,0 12,0 360,0<br />
Hora 4 0,5 70,5 7,5 335,5<br />
Hora 5 0,0 19,5 4,5 291,0<br />
Tabela 3 – Média dos resultados obtidos pelos métodos da sedimentação e compactação no monitoramento<br />
de 8 horas Hora da sala 6 9 (em ágar 0,0 DG18 e PCA) 7,0 ( pós sanitização 4,0 do ambiente). 288,0<br />
Hora 7 0,0 4,5 4,5 224,0<br />
PCA (UFC/placa)<br />
DG18 (UFC/placa)<br />
Hora 8 0,5 18,5 3,0 248,0<br />
MAS 100<br />
MAS 100<br />
%d 1 Sedimentação<br />
50 93,7<br />
Sedimentação<br />
Eco<br />
97,0 38,7 Eco<br />
Hora 1 1,0 291,5 100,5 404,5<br />
Hora 2 2,5 92,0 25,5 371,0<br />
Hora 3 0,5 96,0 12,0 360,0
169,61 159,0 164,3 2339,2 1939,9 2139,6<br />
Em Foco Científico<br />
A Tabela 2 apresenta os resultados do diagnóstico inicial da sala 13, a qual foi escolhida po<br />
maior dimensão(157,5m 3 ), controle de temperatura e menor movimentação de pessoas.<br />
Tabela 2- Coleta de ar na Sala 13<br />
PCA<br />
DG18<br />
CONCLUSÃO<br />
Os resultados obtidos do monitoramento<br />
nas salas 9 e 13 indicam que a eficiência da<br />
aplicação do sanitizante à base de terpenos<br />
depende das condições ambientes e que a<br />
adoção desse produto como método de descontaminação<br />
do ar deve ser feita mediante<br />
um estudo microbiológico criterioso para assegurar<br />
que o produto tenha o efeito desejado.<br />
A quantificação da contaminação do ar<br />
ambiente se mostrou mais eficiente com o<br />
método da compactação, apesar do método<br />
da sedimentação ser mais usado.<br />
Metodologias A B Média A B Média<br />
1-Sedimentação<br />
1,0 2,0 1,5 4,0 4,0 4,0<br />
(UFC/placa)<br />
2-Compactação<br />
Tabela 3 Média dos resultados obtidos pelos métodos da sedimentação e compactação no monitoramento<br />
(UFC/m de 3 ) 8 horas da sala 9 (em ágar DG18 e PCA) ( pós sanitização do ambiente).<br />
1<br />
b) MAS 100 Eco<br />
102,5 113,0 107,8 470,0 629,0 549,5<br />
Tabela 3 – Média dos resultados obtidos pelos métodos da sedimentação e compactação no monitor<br />
de 8 horas da sala 9 (em ágar DG18 e PCA) ( pós sanitização do ambiente).<br />
Sedimentação<br />
PCA (UFC/placa)<br />
MAS 100<br />
Eco<br />
Tabela 3<br />
Sedimentação<br />
DG18 (UFC/placa)<br />
MAS 100<br />
Eco<br />
Hora 1 1,0 291,5 100,5 404,5<br />
Hora 2 2,5 92,0 25,5 371,0<br />
Hora 3 0,5 96,0 12,0 360,0<br />
Hora 4 0,5 70,5 7,5 335,5<br />
Hora 5 0,0 19,5 4,5 291,0<br />
Hora 6 0,0 7,0 4,0 288,0<br />
Hora 7 0,0 4,5 4,5 224,0<br />
Hora 8 0,5 18,5 3,0 248,0<br />
%d 1 50 93,7 97,0 38,7<br />
O equipamento MAS 100 Eco apresentou<br />
resultados equivalentes ao amostrador de Andersen,<br />
o que indica que ele é uma alternativa<br />
válida, além de ser mais rápido e facilmente<br />
Tabela 4 Média dos resultados obtidos pelos métodos da sedimentação e compactaçãono<br />
monitoramento de 6 horas da sala 13 (em ágar DG18 e PCA)<br />
manipulável.<br />
Tabela 4 – Média dos resultados obtidos pelos métodos da sedimentação e compactaçãono monit<br />
Tabela 4<br />
de 6 horas da sala 13 (em ágar DG18 e PCA)<br />
A contaminação do ar ambiente, nas dimensões<br />
de salas testadas, se mostrou homogênea.<br />
O desempenho do sanitizante aplicado<br />
com o lavador de ar utilizado no estudo também<br />
se mostrou homogeneo.<br />
Resumo/adaptação: Luis Henrique da Costa<br />
Field Marketing America Latina<br />
Biomonitoring Division<br />
Merck S.A.<br />
biomonitoringbra@merckgroup.com<br />
Sedimentação<br />
PCA (UFC/placa)<br />
MAS 100<br />
Eco<br />
Sedimentaçã<br />
o<br />
DG18 (UFC/placa)<br />
MAS 100<br />
Eco<br />
Hora 1 0,0 12,0 2,0 108,0<br />
Hora 2 1,0 3,5 1,0 140,5<br />
Hora 3 0,5 8,5 1,0 115,0<br />
Hora 4 1,5 9,0 0,0 69,5<br />
Hora 5 0,5 8,0 0,0 66,5<br />
Hora 6 3,0 57,5 0,5 99,0<br />
%d 1 - - - 75,0 8,3<br />
CONCLUSÃO<br />
Revista <strong>Analytica</strong> | Out/Nov 2019<br />
39<br />
Os resultados obtidos do monitoramento nas salas 9 e 13 indicam que a efi<br />
aplicação do sanitizante à base de terpenos depende das condições ambientes e que<br />
desse produto como método de descontaminação do ar deve ser feita mediante u<br />
microbiológico criterioso para assegurar que o produto tenha o efeito desejado.<br />
A quantificação da contaminação do ar ambiente se mostrou mais eficiente com o<br />
compactação, apesar do método da sedimentação ser mais usado.
Em Foco<br />
LUVAS PARA SALAS LIMPAS: POR QUE O COMPRIMENTO IMPORTA<br />
A popularidade de luvas para sala limpa de<br />
comprimento mais longo é o resultado de uma<br />
maior conscientização e da necessidade de mais<br />
proteção pessoal ou do produto, juntamente<br />
com uma motivação para cortar custos e reduzir<br />
o impacto ambiental. O comprimento tradicional<br />
de uma luva usada em uma sala limpa é de<br />
300 mm/12 polegadas (12”).<br />
No entanto, ao manusear produtos químicos<br />
perigosos, tais como medicamentos<br />
quimioterápicos, o usuário deve ter maior proteção<br />
e tranquilidade de uma luva que tenha<br />
400mm/16” de comprimento, garantindo que o<br />
antebraço inteiro, até o cotovelo, seja coberto e<br />
protegido contra o risco de exposição a produtos<br />
químicos perigosos.<br />
A proteção do produto também é de extrema<br />
importância; a cobertura até o cotovelo com<br />
punho com rebordo para um ajuste mais seguro<br />
no braço possibilita que as luvas de 400 mm/<br />
16” eliminem o risco de contaminação da pele<br />
exposta entre as luvas e o vestuário das salas<br />
limpas. Usar as luvas para salas limpas que<br />
são 33% mais longas do que o padrão do setor,<br />
elimina a necessidade de artigos protetores<br />
adicionais tais como capas para manga ou o uso<br />
da fita de punho e, dessa forma, permite economias<br />
em custos e redução de desperdício, o que<br />
resulta em um impacto positivo no ambiente.<br />
Saiba mais sobre as luvas BioClean<br />
www.ansell.com/br/pt/life-sciences<br />
LABORATÓRIO A3Q - DESTAQUE NO CENÁRIO DE ANÁLISES<br />
40<br />
Revista <strong>Analytica</strong> | Out/Nov 2019<br />
O Laboratório A3Q atua na realização de<br />
ensaios físico-químicos e microbiológicos nas<br />
áreas de Alimentos, Água e Ambiental buscando<br />
atender o mercado de forma ampla e<br />
com a qualidade de um verdadeiro laboratório<br />
de referência. Recentemente ampliamos nosso<br />
escopo de análises acreditadas no INMETRO<br />
e MAPA nos tornando seguramente um dos<br />
laboratórios com maior número de ensaios<br />
acreditados no Brasil. Além de termos um<br />
moderno parque de equipamentos, inclusive<br />
na área de cromatografia, também contamos<br />
com profissionais de alto nível com Mestrados,<br />
Doutorados e Pós-Doutorados capacitados<br />
para desenvolvimento de novas análises nas<br />
mais específicas técnicas.<br />
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Em Foco<br />
NOVOS ESPECTROFOTÔMETROS UV-VISÍVEL GENESYS<br />
DA THERMO SCIENTIFIC<br />
com maior rapidez e comodidade comparado<br />
aos instrumentos da geração anterior.<br />
GENESYS 180: O espectrofotômetro UV-<br />
-Vis GENESYS 180 inclui todos os recursos do<br />
espectrofotômetro GENESYS 150. Também<br />
inclui um trocador automatizado de 8 cubetas<br />
para ambientes de maior produtividade e sistema<br />
óptico de duplo feixe para experimentos<br />
avançados com uma referência variável.<br />
A Analitica apresenta a nova linha de espectrofotômetros<br />
GENESYS da Thermo Scientific,<br />
projetados para os laboratórios modernos e a<br />
nova geração de analistas.<br />
Técnicos do controle de qualidade industriais,<br />
instrutores e pesquisadores universitários que<br />
buscam um espectrofotômetro UV-Visível robusto,<br />
automatizado, pronto para uso em rede<br />
Wi-Fi e com custo acessível agora podem escolher<br />
entre uma ampla variedade de opções<br />
com a chegada da nova série de espectrofotômetros<br />
GENESYS da Thermo Scientific. Reconhecidos<br />
mundialmente por sua confiabilidade,<br />
precisão e reprodutibilidade, os novos<br />
GENESYS foram projetados para atender às<br />
expectativas de tecnologias avançadas da era<br />
moderna em um pacote compacto e robusto.<br />
GENESYS 50: espectrofotômetro UV-Vis<br />
que apresenta uma interface ao usuário simplificada,<br />
com ampla tela sensível ao toque<br />
colorida e de alta resolução. A carcaça externa<br />
é muito robusta, projetada para ambientes<br />
que requerem uso repetitivo e pesado, apresentando<br />
superfícies inclinadas para prevenir<br />
infiltrações e respingos. Possui compartimento<br />
de amostras para uma única cubeta, atendendo<br />
a demanda de laboratórios que não<br />
exigem alta produtividade, mas não abrem<br />
mão da qualidade.<br />
GENESYS 150: O espectrofotômetro UV-Vis<br />
que inclui os mesmos recursos do GENESYS<br />
50, acrescentando opção de uso com carrossel<br />
automatizado para leitura de até 8 cubetas e<br />
capacidade de operação com a tampa do compartimento<br />
de amostras aberto, para medições<br />
Biomate 160: O espectrofotômetro UV-Vis<br />
BioMate 160 também inclui todos os benefícios<br />
do espectrofotômetro GENESYS 150 com adição<br />
de métodos pré-programados para ajudar os<br />
pesquisadores da área de Biociências a obter<br />
suas respostas mais rapidamente.<br />
Uma variada linha de acessórios supermodernos,<br />
incluindo trocadores de cubetas automatizados,<br />
suporte termostatizado por Peltier, acessório<br />
sipper para sucção semi-automática das<br />
amostras e sonda de fibra óptica, estão disponíveis<br />
para simplificar a amostragem e atender às<br />
necessidades dos mais exigentes laboratórios.<br />
Interessado em conhecer esses novos<br />
instrumentos?<br />
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Revista <strong>Analytica</strong> | Out/Nov 2019<br />
41
Em Foco<br />
O PODER COLETIVO DA CROMATOGRAFIA.<br />
Resultados reprodutíveis com preparo<br />
e pesquisas clínicas com amostras biológicas<br />
Líder em tecnologia de colunas para croma-<br />
e amostra, colunas e vials.<br />
complexas em alta demanda enquanto cum-<br />
tografia líquida, com produção da sílica de alta<br />
prem legislações rigorosas, o SOLA SPE com-<br />
pureza, polímeros e carbono grafite poroso, fase<br />
Maximizar a produtividade da cromatografia e<br />
bina o suporte e os componentes do meio ativo<br />
ligada e empacotamento de coluna por 40 anos,<br />
atingir resultados reprodutíveis requer otimiza-<br />
em uma cama absorvente uniforme e sólida,<br />
a Thermo Fisher oferece acessórios e colunas<br />
ção de todo o workflow, da amostra ao conhe-<br />
o que fornece um fluxo estável e controlável e<br />
inovadoras para as análises mais desafiadoras,<br />
cimento. Escolhendo as ferramentas corretas do<br />
ainda previne o bloqueio de amostras biológi-<br />
incluindo colunas desenvolvidas especialmente<br />
preparo de amostra (manual ou automatiza-<br />
cas viscosas. Assim, além da alta produtividade,<br />
para as inovadoras aplicações Biofarmacêuticas.<br />
do) à melhor seletividade química das colunas,<br />
melhoram a reprodutibilidade não só cartucho<br />
As colunas de núcleo sólido Accucore permi-<br />
é possível manter a integridade da amostra e al-<br />
a cartucho, como de lote a lote. A versão SOLAμ<br />
tem uma separação rápida e de alta resolução<br />
cançar máxima eficiência do instrumento, além<br />
permite aumentar a concentração da amostra<br />
com back pressure significativamente menor do<br />
de reduzir custos com reanálises.<br />
sem modificar o workflow, além de fornecer a<br />
que as colunas convencionais para UHPLC. As<br />
opção de diminuição do volume total sem adi-<br />
colunas Hypersil GOLD oferecem picos croma-<br />
No preparo de amostras, a Thermo Fisher ofe-<br />
cionar outros passos na metodologia.<br />
tográficos excepcionais para fase reversa, troca<br />
rece os kits SMART Digest e o SMART Digest<br />
iônica, HILIC ou fase normal. Além das colunas<br />
ImmunoAffinity (IA) criados para caracterização<br />
e quantificação de biomarcadores e bio-terapêuticos.<br />
Através da imobilização da enzima<br />
tripsina estável ao calor, os kits melhoram o<br />
workflow com a digestão rápida e eficiente de<br />
proteínas para caracterização e quantificação.<br />
Além do avanço tecnológico, os kits oferecem<br />
simples utilização evitando erros no processo,<br />
melhorando assim a reprodutibilidade dos testes<br />
e automatização.<br />
A Thermo Fisher oferece ainda em sua linha<br />
premium para preparo de amostras os filtros de<br />
seringa Titan3 de alta performance. Disponíveis<br />
em diferentes diâmetros e tipos de membrana, os<br />
filtros apresentam codificação por cor, facilitando<br />
a identificação das membranas corretas e também<br />
do tamanho do poro, abertura luer lock melhorada<br />
e anel integral o que previne vazamentos<br />
e colapso, além disso filtros de 30mm suportam<br />
até 120psi. Atendendo também as análises mais<br />
complexas e exigentes em termos de impureza,<br />
Acclaim baseadas em partículas de sílica porosa<br />
ultra-pura com tecnologia avançada e inovadora<br />
de ligação, o que promove seletividade<br />
complementar, alta eficiência e picos simétricos.<br />
Trazendo tecnologia de ponta e visando a<br />
otimização do tempo e quantidade amostral, a<br />
linha premium Thermo Fisher oferece produtos<br />
para o preparo de amostras de forma rápida,<br />
precisa e econômica para superar seus desafios.<br />
42<br />
Revista <strong>Analytica</strong> | Out/Nov 2019<br />
Se comparado ao SPE tradicional os produtos<br />
SOLA fornecem maior robustez, alta sensibilidade,<br />
fácil utilização, alta produtividade, além<br />
de eficiência e rápido processamento, devido<br />
a sua tecnologia exclusiva e inovadora frit-less.<br />
Desenvolvidos para as análises bioanalíticas<br />
a Thermo Fisher traz o primeiro vial pré-limpo,<br />
com baixo número de partículas e background,<br />
testado e certificado para 15 características físicas<br />
que podem afetar a performance do vial, disponível<br />
em âmbar ou transparente em vidro Tipo 1,<br />
atendendo a todos os critérios das Farmacopeias<br />
Americana, Europeia e Japonesa.<br />
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Em Foco<br />
ENSAIOS DE VISCOSIDADE NO CONTROLE DE QUALIDADE<br />
O objetivo principal de um laboratório de<br />
controle de qualidade é monitorar as características<br />
físico-químicas e microbiológicas de<br />
um produto com o intuito de evitar possíveis<br />
desvios e corrigi-los a tempo. Os ensaios são<br />
realizados desde a entrada da matéria-prima<br />
até o produto acabado, monitorando cada etapa<br />
do processo garantindo segurança, eficácia<br />
e qualidade do produto.<br />
A viscosidade é uma das características mais<br />
complexas de se monitorar. A consistência do<br />
produto deve ser compatível com a aplicação<br />
além de ser fator estético determinante quando<br />
se trata de alimentos, cosméticos e fármacos<br />
dermatológicos.<br />
A manutenção da faixa de viscosidade em<br />
cada etapa do processo diminui a necessidade<br />
de interrupção ou reprovação de lotes evitando<br />
custos desnecessários.<br />
Nos departamentos de desenvolvimento analítico<br />
a viscosidade é trabalhada principalmente<br />
na apresentação do produto. Um dermocosmético<br />
por exemplo, dependendo da sua aplicação<br />
necessita de viscosidades diferentes. Um creme<br />
de rápida absorção para melhorar a suavidade<br />
ou elasticidade da pele deve ter uma viscosidade<br />
baixa quando comparado a uma pomada cicatrizante<br />
para queimaduras que necessita criar<br />
uma camada protetora.<br />
Uma viscosidade que não acompanha a<br />
aplicação pode atrapalhar na eficácia e aceitação<br />
do produto pelo mercado. A diferença de<br />
viscosidade entre lotes é um fator preocupante<br />
pois gera perca de credibilidade no produto e<br />
reclamações de SAC afetando negativamente<br />
nas vendas.<br />
Existem diversas formas de monitorar a viscosidade,<br />
sendo a utilização de viscosímetros<br />
os métodos mais precisos. Os viscosímetros<br />
capilares fazem a medição da viscosidade<br />
através do cálculo do tempo que uma esfera<br />
atravessa um capilar de vidro. Para aplicações<br />
que exigem mais precisão os indicados são<br />
os viscosímetros rotacionais, que medem o<br />
torque necessário para que uma palheta dê<br />
uma volta completa em torno do seu eixo na<br />
amostra. A opção mais simples e mais aces-<br />
sível é o viscosímetro de orifício, que mede o<br />
tempo necessário para que uma amostra de<br />
volume conhecido necessita para escoar por<br />
um orifício.<br />
Os viscosímetros rotacionais existem no mercado<br />
a décadas e as novidades estão cada vez<br />
mais sofisticadas fazendo a medição de 1 centiPoise<br />
(Cp) a milhões de Cps. Um bom viscosímetro<br />
é capaz de monitorar, salvar e transferir<br />
os dados para o computador, é conveniente<br />
que ele expresse a leitura através de gráfico<br />
facilitando a compreensão do momento de<br />
estabilização. Conectores rápidos facilitam a<br />
troca dos spindles e a capacidade de configurar<br />
rampas simplifica tarefas repetitivas. A LAS<br />
do Brasil oferece diversas opções com marcas<br />
ofertando até 10 anos de garantia. Entre em<br />
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Revista <strong>Analytica</strong> | Out/Nov 2019<br />
43
Em Foco<br />
PAPILLOCHECK® DA GREINER BIO-ONE CONTRIBUI PARA<br />
A PREVENÇÃO DE CÂNCER NO COLO DO ÚTERO<br />
Genotipagem simultânea e confiável<br />
de 24 subtipos de Papilomavírus<br />
Humano (HPV).<br />
A infecção persistente com o carcinogênico<br />
Papilomavírus Humano (HPV) é encontrada<br />
em praticamente todos os casos de câncer<br />
no colo do útero. De acordo com o Instituto<br />
Nacional do Câncer (INCA), à infecção persistente<br />
por subtipos oncogênicos do vírus HPV<br />
(Papilomavírus Humano), especialmente pelos<br />
subtipos HPV-16 e HPV-18, resultam em<br />
cerca de 70% dos cânceres cervicais. Com a<br />
existência dos subtipos classificados como<br />
baixo risco, a detecção da genotipagem do<br />
HPV identifica os pacientes com maiores<br />
riscos de desenvolver câncer cervical e lesões<br />
precursoras de alto grau.<br />
Essa detecção pode ser realizada com o kit<br />
PapilloCheck®, um teste para diagnóstico baseado<br />
na análise de DNA para identificação e<br />
genotipagem simultânea de 24 subtipos diferentes<br />
de HPV. Destes, 18 são classificados<br />
como de alto risco e 6 como de baixo risco,<br />
sendo esses últimos, os agentes causadores<br />
de verrugas benignas.<br />
O PapilloCheck® permite o diagnóstico<br />
rápido (menos de 5 horas) e, com uma sensibilidade<br />
de 98%, detecta pacientes colonizados<br />
com subtipos de HPV que ainda não<br />
apresentam quadros clínicos ou lesões visíveis.<br />
Possibilita o monitoramento de infecções<br />
agudas, persistentes e múltiplas, além<br />
de controles internos que avaliam a qualidade<br />
da amostra e ajudam a evitar resultados<br />
falsos negativos.<br />
Validado de acordo com as diretrizes internacionais<br />
para testes de HPV na triagem de<br />
câncer de colo do útero, estudos clínicos demonstraram<br />
que o PapilloCheck® é um teste<br />
de genotipagem com potencial alto para o<br />
rendimento de amostras em ambiente clínico.<br />
As amostras dos pacientes podem ser<br />
processadas manualmente, bem como em<br />
plataformas de automação, que permitem<br />
uma alta taxa de transferência com mínimo<br />
manuseio. O CX NIMBUS® e o CX STARlet,<br />
também desenvolvidos pela Greiner Bio-One,<br />
combinam as vantagens da automação<br />
com uma metodologia inteligente, eficiente<br />
e precisa para a triagem e genotipagem simultâneas<br />
do Papilomavírus Humano.<br />
Os produtos atendem a todos os requisitos<br />
das leis e normas exigidos pela ANVISA<br />
(Agência Nacional de Vigilância Sanitária)<br />
para produtos e equipamentos para diagnóstico<br />
in vitro.<br />
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44<br />
Revista <strong>Analytica</strong> | Out/Nov 2019
Em Foco<br />
your power for health<br />
PapilloCheck ®<br />
O kit PapilloCheck ® detecta e faz a genotipagem<br />
simultânea de 24 subtipos diferentes do<br />
Papilomavírus Humano (HPV).<br />
Diagnóstico rápido<br />
Monitoramento de infecções agudas,<br />
persistentes e múltiplas<br />
Controles internos que avaliam a qualidade da<br />
amostra e ajudam a evitar resultados<br />
falsos negativos<br />
Com sensibilidade de 98%, é capaz de<br />
detectar subtipos de HPV em amostras de<br />
pacientes que ainda não apresentam quadros<br />
clínicos e lesões visíveis<br />
Revista <strong>Analytica</strong> | Out/Nov 2019<br />
45<br />
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Em Foco<br />
MANUTENÇÃO DA INTEGRIDADE MICROBIANA<br />
NA ÁGUA PURA<br />
Apesar da água muito pura ser um ambiente<br />
extremamente difícil, com um conteúdo mínimo<br />
de nutrientes - após a remoção das impurezas<br />
químicas orgânicas e inorgânicas da<br />
água -, ainda pode ocorrer crescimento bacteriano.<br />
Os vestígios residuais de impurezas ou<br />
detritos de bactérias mortas podem funcionar<br />
como fonte de alimento e biofilmes. As bactérias<br />
em si não são o único problema: elas<br />
também produzem endotoxinas e nucleases.<br />
Várias tecnologias de purificação removem<br />
ou degradam as bactérias e os respectivos<br />
produtos secundários. A resina<br />
de troca aniônica inativa as bactérias e,<br />
assim como a retenção de uma membrana<br />
osmose reversa, ambas podem reduzir o<br />
total viável em mais de 95. As moléculas<br />
com carga, tais como endotoxinas, são efetivamente<br />
atraídas por ânions e resinas de<br />
leito misto durante a maior parte do tempo<br />
de vida útil da resina. Os microfiltros e<br />
ultramicrofiltros, com cortes de 0,2 e 0,05<br />
μm respectivamente, são excelentes para<br />
remover microrganismos, mas menos eficazes<br />
para remover endotoxinas.<br />
A exposição à luz ultravioleta é também<br />
muito eficaz na destruição de microrganismos.<br />
Já a combinação da fotoxidação com 185 nm<br />
de luz UV, seguida de um ultrafiltro, remove<br />
bem as bactérias, bem como endotoxinas e<br />
enzimas, como nucleases.<br />
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executado sobre o meio de cultura desidratado,<br />
garantem o melhor desempenho, rapidez<br />
e produtividade, redução do risco de contaminação<br />
e evita o desperdício.<br />
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46<br />
Revista <strong>Analytica</strong> | Out/Nov 2019<br />
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Independente da opção, em utilizar placas<br />
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de meio de cultura, o Cult Pack (sachê) é uma<br />
alternativa econômica para a utilização de<br />
produtos de alta qualidade em seu laboratório.<br />
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Em Foco<br />
Revista <strong>Analytica</strong> | Out/Nov 2019<br />
47
Em Foco<br />
O GRUPO PRIME CARGO SEMPRE ATENTO E ACREDITANDO NO<br />
MERCADO NACIONAL E INTERNACIONAL REALIZA FREQUENTEMENTE<br />
MASSIVOS INVESTIMENTOS EM SUAS INSTALAÇÕES E FILIAIS.<br />
Contando com estrutura de 7000mts² em<br />
Barueri - SP, e filiais em pontos estratégicos<br />
por todo território nacional, sendo eles totalmente<br />
adequados ao segmento médico-laboratório-hospitalar,<br />
o Grupo Prime Cargo disponibiliza<br />
aos seus clientes um novo conceito<br />
em transporte e armazenagem, que segue em<br />
conformidade com as boas práticas exigidas<br />
pelas diretrizes.<br />
Dispondo de áreas técnicas, laboratórios<br />
para manutenção de equipamentos e espaço<br />
para treinamento de equipes, a PRIME inova<br />
mais uma vez no atendimento e velocidade<br />
nos processos.<br />
O investimento em pessoal é constante com<br />
treinamentos, atualizações de equipamentos e<br />
materiais, isso faz com que além de atender os<br />
prazos, seja feito com qualidade e segurança,<br />
contando com todas as certificações e adequações<br />
necessárias como a ISO9001 (Matriz)<br />
e ANVISA.<br />
O que é a CP 343/2017?<br />
As alterações e novidades abordadas nessa<br />
Consulta Pública vieram para harmonizar<br />
os requerimentos sanitários da Anvisa com<br />
aqueles definidos nas diversas diretrizes internacionais.<br />
Portanto, agora mais do que nunca, os gestores<br />
das empresas embarcadoras, precisam<br />
realizar processo de Qualificação de Fornecedores<br />
de forma a garantir a integridade do<br />
produto farmacêutico de ponta a ponta.<br />
Em fevereiro de 2019, a Agência Nacional<br />
de Vigilância Sanitária, inclusive, promoveu o<br />
Diálogo Setorial, justamente para apresentar<br />
as alterações na CP 343/2017, além de ouvir<br />
as considerações e preocupações dos empresários,<br />
especialistas e técnicos do setor.<br />
Foram enviadas 445 contribuições pelos<br />
participantes, que receberam a versão prévia<br />
da publicação, bem como as alterações do<br />
texto inicial com todas as sugestões e comentários<br />
recebidos.<br />
Com o texto consolidado, a norma reduziu a<br />
quantidade de artigos de 127 para 90.<br />
48<br />
Revista <strong>Analytica</strong> | Out/Nov 2019<br />
A CP 343/2017 da Agência Nacional de Vigilância<br />
Sanitária se refere às boas práticas de<br />
armazenagem e transporte e tem o intuito de<br />
promover maior controle da cadeia produtiva,<br />
garantindo a qualidade dos medicamentos<br />
em todas as etapas de transporte, distribuição<br />
e armazenamento.<br />
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