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Revista da Sociedade DEZEMBRO 28p semcorte

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Entrevista

A

acessibilidade é um dos principais desafios a serem superados

pelos municípios brasileiros. Dados do IBGE (Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatística) apontam que cerca de

20% da população tem algum tipo de deficiência ou mobilidade

reduzida. E ainda existe a certeza de que este número será maior

em um futuro bem próximo, pois o Brasil caminha a passos largos

para se tornar um país de idosos. Em 1980 a terceira idade representava

20% da população e hoje já é quase metade. E a previsão é de que

em 2050, 75% dos brasileiros sejam idosos.

Apesar de contar com uma das mais completas legislações sobre

acessibilidade do mundo, o Brasil ainda sofre para aplicar as normas.

A resistência em adaptar espaços de forma a garantir o acesso

de todos ainda é grande. Engenheiros encontram dificuldades para

convencer seus clientes sobre a importância de incluir a acessibilidade

ao projeto de construção ou reforma e, assim, cumprir a lei. Essa

resistência, somada à quase sempre ineficaz fiscalização do Poder

Público, cria aberrações arquitetônicas, como rampa com inclinação

acentuada, por exemplo.

Com o objetivo de manter o profissional atualizado sobre a

legislação e propagar informação que facilite o convencimento das

pessoas sobre a importância da acessibilidade, a engenheira civil Lenita

Secco Brandão percorre todo o território paulista e até de outros

estados com a palestra Acessibilidade: Legislação e Inclusão Social.

Profissional de engenharia há quase 30 anos, Lenita, que também é

diretora financeira e conselheira do CREA-SP (Conselho Regional de

Engenharia e Agronomia), trabalha na área de acessibilidade desde

2004.

No início do mês passado, Lenita esteve na Associação dos Engenheiros,

Arquitetos e Agrônomos de São José do Rio Preto, dividindo

seus conhecimentos sobre o tema com profissionais de engenharia

e arquitetura e universitários. Presidida pelo engenheiro César

Antônio Vessani, a associação tem como principal objetivo levar cada

vez mais oportunidades de os profissionais ampliarem seus conhecimentos

e manterem-se atualizados, para assim recriar a entidade

como espaço de fomento e debate sobre os rumos da engenharia.

Antes de ocupar o palco do anfiteatro da sede da entidade, Lenita

concedeu entrevista à Revista da Sociedade, e falou sobre a importância

do Brasil adequar-se rapidamente à NBR 9050, o conjunto

de normas que, se cumpridas, vão garantir o ir e vir de todas as pessoas,

sem exceção. Confira os principais trechos.

Como está questão da acessibilidade no Brasil?

Capenga. A legislação que temos é muito boa, mas infelizmente

a conscientização, o real entendimento da necessidade de melhorarmos

a acessibilidade está muito aquém do que deveria estar.

Tem quem ainda vê como gasto ter de fazer um local acessível.

Não conseguiu entender tratar-se de um investimento. É algo que

tem um retorno. Se a pessoa com deficiência, ou mobilidade reduzida,

sabe que determinado local respeita a acessibilidade, ela vai frequentar

e certamente seus amigos vão passar a acompanha-la. Essa pessoa

também é consumidora e vai levar lucro para quem estiver apto a

recebê-la.

A partir do momento que a pessoa que vai construir ou reformar

percebe que a acessibilidade não é gasto, mas sim um bom in-

Revista da Sociedade 13

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