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Para Luiza Saliba, sócia-proprietária
do tradicional Rota do Acarajé, o boteco
mais cachaceiro do Brasil, o consumidor
está descobrindo os rótulos aos poucos;
contudo, quando se deixa aproximar do
copo, não tem mais volta. “Vale muito a
pena conversar, trocar experiências, sugerir
vender e vê-los amando a novidade”.
De acordo com a empresária, o que se
vê depois de uma boa conversa, sempre
acompanhada de algumas das melhores
cachaças da casa, é um novo copo cheio
à mesa.
“Para saborear puras, as mais escolhidas
são as premiuns de 6 a 12 anos,
além de cachaças envelhecidas em jaqueira,
jatobá ou a soleira a carvalho 3
anos. Eles saboreiam como um Bourbon”,
comenta Luiz Saliba, dona de uma
carta de cachaça que tem mais de 1,1 mil
rótulos e já se tornou referência absoluta
entre apreciadores de cachaça no
Brasil e até fora do país.
Luiza se especializou em receber.
E não são poucos os estrangeiros que
aportam por lá, atraídos pela boa culinária,
com a pegada nordestina e, claro,
regada à cachaça de primeira qualidade.
A comida nordestina e a cachaça
premium também ditam os sabores no
Mandacaru Restaurante e Cachaçaria,
em Guarulhos, na grande São Paulo.
Com cara de família, mas com pegada
de um bom boteco, Anderson Medina
não pensou duas vezes ao escolher a
cachaça para acompanhar as iguarias
que serve por lá.
Anderson abriu as portas há menos
de 3 anos, mas no DNA de sua marca
estava a bebida e, com ajuda da Escola
da Cachaça, empresa especializada em
formar o bom apreciador de cachaça,
Anderson selecionou cuidadosamente
48 rótulos que fazem a alegria dos paladares
mais exigentes. Para cada prato
da casa, haverá pelo menos um dos 48
rótulos à disposição para uma boa experiência
sensorial.
Além da Carta de Cachaça, a Escola
da Cachaça fez para Anderson uma carta
de drinks autorais; e o sucesso absoluto
fica por conta da Caipiouro, caipirinha
feita com a cachaça Middas Clássica,
descansada em tonéis de amendoim
do campo e servida com flocos de ouro
comestíveis.
“Quando o ouro chega à mesa, a refeição
vira uma festa”, afirma o empresário.
Mas a cachaça com ouro não é a única que
brilha por lá. “É interessante que, depois
de provar algumas opções, a degustação
se torna uma atividade lúdica, com cada
uma das pessoas defendendo sua cachaça
preferida e passando seus pontos de
vista”, complementa.
O consumidor, seja ele do mais refinado
restaurante ou do mais tradicional
boteco, busca a experiência. E quando a
régua sensorial aumenta, a procura se
torna ainda mais intensa; afinal, quem
perde facilmente o costume de consumir
coisa boa?
De olho nesse consumidor, o empresário
José Santana Junior se juntou aos
produtores que apostam em rótulos extra
premium de cachaça — aquela que
envelhece por no mínimo 3 anos em
barris de madeira com menos de 700
litros de capacidade — e é proprietário
da Cachaça Guaraciaba, produzida na
cidade mineira que tem o mesmo nome.
“Quando o consumidor experimenta
uma cachaça melhor, ele migra de outras
bebidas e dificilmente volta”, afirma o
empresário, que produz mais de meio
milhão de litros de cachaça a cada safra,
parte dela destinada à linha premium
da marca.
“Para a grande maioria, o destilado
nacional se divide apenas entre opções
brancas e amarelas”, afirma Anderson
Medina. Mas, ao mesmo tempo, junto
com empresários como Luiza Saliba e
Junior Santana, Anderson move a roda
que aos poucos vai mudando a percepção
do consumidor.
SIM, HÁ COISAS BOAS NO BOTECO,
E A DESCOBERTA QUE JÁ FOI SILEN-
CIOSA ESTÁ SE ESPALHANDO RAPI-
DAMENTE, DEIXANDO UM RASTRO
DE BOA EXPERIÊNCIA E GOSTINHO
DE QUERO MAIS. UM BRINDE — COM
CACHAÇA, CLARO!
RODRIGOBARK/SHUTTERSTOCK
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