EXAME Maio 2020
Na conjuntura desafiante que atravessamos todos temos que aprender a viver com o vírus. E de preferência com um sorriso na cara. Nesta edição apresentamos na área de inovação uma estratégia para o tele-trabalho e noutro artigo o seu enquadramento legal. Ao nível global reforçámos a nossa cobertura sobre o continente africano, sem esquecer o que se passa ao nível dos outros países. Na guerra contra o vírus, todas as experiências são relevantes.
Na conjuntura desafiante que atravessamos todos temos que aprender a viver com o vírus. E de preferência com um sorriso na cara. Nesta edição apresentamos na área de inovação uma estratégia para o tele-trabalho e noutro artigo o seu enquadramento legal. Ao nível global reforçámos a nossa cobertura sobre o continente africano, sem esquecer o que se passa ao nível dos outros países. Na guerra contra o vírus, todas as experiências são relevantes.
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CAPA CRISE FINANCIAMENTO<br />
“O IMPACTO DA PANDEMIA NA<br />
ECONOMIA JÁ É GRAVE E PREVÊ-<br />
-SE QUE OS CUSTOS HUMANOS<br />
CRESÇAM SIGNIFICATIVAMENTE”<br />
em moeda estrangeira já tinham sido reduzidos<br />
em Março para 11,5% e 34,5%, “visando libertar<br />
liquidez no sistema bancário”. Já em Março,<br />
o BM tinha decidido introduzir linhas de crédito<br />
em moeda estrangeira para os participantes do<br />
mercado cambial interbancário, no montante de<br />
500 milhões de dólares, por um período de nove<br />
meses — a par da dispensa de constituição de provisões<br />
adicionais para créditos de cobrança duvidosa<br />
pelos bancos comerciais, no caso de renegociação<br />
com clientes afectados pela COVID-19. A próxima<br />
reunião ordinária do CPMO está agendada para<br />
17 de Junho, mas o órgão admite tomar mais medidas<br />
antes, se necessário.<br />
E UMA BOLSA FAMÍLIA<br />
PARA A MAIORIA INFORMAL?<br />
A redução da taxa MIMO e de outras taxas<br />
de referência da política monetária mereceu o<br />
aplauso do Centro para a Democracia e Desenvolvimento<br />
(CDD), uma organização não-governamental<br />
(ONG) moçambicana que tem exercido<br />
um papel de watchdog das políticas públicas do<br />
país. Ao mesmo tempo, o CDD considera acertado<br />
o acordo alcançado em sede de concertação<br />
social (governo, trabalhadores e patrões) para<br />
o “congelamento” dos salários, em alternativa<br />
à suspensão dos mesmos, como proposto pela<br />
Confederação das Associações Económicas de<br />
Moçambique (CTA) — que tinha sugerido que<br />
o Estado os assumisse com o apoio de parceiros.<br />
Congelar salários “é uma solução anormal, mas<br />
completamente compreensível perante a situação<br />
atípica que afecta Moçambique e o mundo”, referiu<br />
a Organização dos Trabalhadores de Moçambique<br />
(OTM), uma central sindical.<br />
No entanto, as medidas ainda não chegam,<br />
refere o CDD. “O governo deve apoiar financeiramente<br />
as empresas (principalmente as pequenas e<br />
médias empresas) e criar uma ‘bolsa família’ para<br />
dar algum poder de compra às famílias moçambicanas<br />
que se dedicam a actividades económicas<br />
informais. A organização coloca a ênfase na<br />
necessidade. É que estes são os agregados financeiramente<br />
mais vulneráreis e a bolsa família será<br />
PROMESSAS DE TRANSPARÊNCIA<br />
O anúncio de apoio do FMI leva ainda em linha de conta as promessas<br />
do governo de publicar auditorias sobre a utilização das verbas.<br />
O documento confia ainda nos progressos do Banco de Moçambique<br />
em melhorar as capacidades de gestão e auditoria, de acordo com recomendações<br />
feitas por uma missão em Dezembro de 2019. Os compromissos<br />
contrastam com o passado recente, ensombrado pelas dívidas<br />
ocultas do Estado de cerca de 2 mil milhões de euros, que levaram o<br />
FMI e doadores a cortar a modalidade de apoio directo ao OE em 2016.<br />
“Garantimos estabilidade macroeconómica, desenvolver crescimento<br />
inclusivo, manter a dívida pública sustentável, eliminar o défice fiscal<br />
primário (após apoios) até 2023. Vamos realizar uma auditoria independente<br />
sobre a despesa na mitigação da crise e aquisições (procurement)<br />
relacionadas, auditoria que será publicada assim que a crise<br />
se desvaneça”, lê-se na carta do governo ao FMI.<br />
Milhões USD<br />
% do PIB<br />
Necessidades Fiscais 700 4,7<br />
Perda de Receita 267 1,8<br />
Imposto de rendimento 126 0,9<br />
IVA, direitos importação 141 1<br />
Despesa no Sector da Saúde 119 0,8<br />
Protecção Social 314 2,1<br />
Apoio às micro e PME 157 1,1<br />
Transferências para famílias de risco 157 1,1<br />
Fontes de Financiamento<br />
Apoio Orçamental 491 3,3<br />
Banco Mundial 100 0,7<br />
União Europeia 54 0,4<br />
FMI 337 2,3<br />
Facilidade de crédito 309 2,1<br />
Contenção da catástrofe 28 0,2<br />
Apoio a projectos<br />
Banco Mundial 70 0,5<br />
Banco de Desenvolvimento Islâmico 40 0,3<br />
Projecto Pró-Saúde 1 22 0,1<br />
Outras fontes 2 77 0,5<br />
1<br />
Irlanda, Canadá, Bélgica, Suíça, WB, WHO.<br />
2<br />
Não identificadas.<br />
Fonte: Investing.<br />
18 | Exame Moçambique