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C R Í T I C A L I T E R Á R I A<br />
quantos os graus de inquietude norte trezentos<br />
e sessenta talvez mais que a circunferência<br />
fechado o certo a rede aperta as suas malhas<br />
suas grades<br />
os dominantes ventos de oeste norteiam<br />
a sustentação secular do corpo os arquidogmas<br />
a derivação nal das rotas e sorteiam<br />
os braços e os passos entre as notas<br />
e a lava:<br />
lavados de cinzentos celebramos<br />
a partida e nos partimos de cansaço<br />
contra a rocha em saldo a soldo levados<br />
no rasto das baleias como bichos<br />
como botes<br />
E depois:<br />
aqui o homem ergue<br />
uma ilha e olha<br />
as palavras cercadas de sal<br />
até onde o olhar se afoga.<br />
Estes são apenas meros exemplos de expressões literárias da omnipresença do espaço geográco e do clima<br />
na existência insular e da inuência desses fatores na psicologia do açoriano. Sendo este um tema de muito<br />
“pano para mangas”, queria deixar algumas menções honrosas a outros poetas, todos eles ironicamente<br />
terceirenses, como por exemplo Marcolino Candeias (1952-2016) e o poema “Crepúsculo na Ilha”, Santos<br />
Barros (1946-1983), Emanuel Jorge Botelho (1950) e Vasco Pereira da Costa (1948), autor de um curioso<br />
livro intitulado Ilhíada.<br />
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