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REVISTA JUNHO 2020

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C R Í T I C A L I T E R Á R I A<br />

quantos os graus de inquietude norte trezentos<br />

e sessenta talvez mais que a circunferência<br />

fechado o certo a rede aperta as suas malhas<br />

suas grades<br />

os dominantes ventos de oeste norteiam<br />

a sustentação secular do corpo os arquidogmas<br />

a derivação nal das rotas e sorteiam<br />

os braços e os passos entre as notas<br />

e a lava:<br />

lavados de cinzentos celebramos<br />

a partida e nos partimos de cansaço<br />

contra a rocha em saldo a soldo levados<br />

no rasto das baleias como bichos<br />

como botes<br />

E depois:<br />

aqui o homem ergue<br />

uma ilha e olha<br />

as palavras cercadas de sal<br />

até onde o olhar se afoga.<br />

Estes são apenas meros exemplos de expressões literárias da omnipresença do espaço geográco e do clima<br />

na existência insular e da inuência desses fatores na psicologia do açoriano. Sendo este um tema de muito<br />

“pano para mangas”, queria deixar algumas menções honrosas a outros poetas, todos eles ironicamente<br />

terceirenses, como por exemplo Marcolino Candeias (1952-2016) e o poema “Crepúsculo na Ilha”, Santos<br />

Barros (1946-1983), Emanuel Jorge Botelho (1950) e Vasco Pereira da Costa (1948), autor de um curioso<br />

livro intitulado Ilhíada.<br />

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