You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
E N T R E V I S T A<br />
Quando eu fui de Toronto para Vancouver, eu<br />
conheci uma pessoa que foi muito importante<br />
na minha vida. Um senhor advogado, lusodescendente,<br />
que tinha ido para o Canadá<br />
quando era bebé e ele é que me incentivou<br />
para pesquisar mais sobre as minhas raízes,<br />
porque quando eu fui para o Canadá, com<br />
14 anos, a última coisa que eu queria era<br />
fazer parte de algo português, porque tinha<br />
sido as minhas raízes, o meu tempo de<br />
criança e eu fui para o Canadá e precisava<br />
de aprender o inglês. Por isso eu nunca z<br />
parte da chamada comunidade portuguesa<br />
no Canadá até muito mais tarde na minha<br />
vida. Quando z aquela mudança de Toronto<br />
para Vancouver e encontrei esse senhor<br />
advogado e começámos a conversar sobre o<br />
que era a cultura portuguesa, aí eu comecei<br />
a criar algo que tinha a ver com as minhas<br />
raízes, mas na sociedade canadiana. Criámos<br />
vários projetos, desde o mês da Herança<br />
Portuguesa, que era basicamente um festival,<br />
no qual apresentávamos a arte de Portugal,<br />
e a comunidade lá, especialmente açoriana,<br />
é muito pequena, comparando com Toronto<br />
ou mesmo em Fall River. Não estávamos<br />
rodeados de portugueses e criar algo em<br />
português foi muito graticante e isso fezme<br />
trazer cada vez mais às minhas raízes, no<br />
lugar de em vez só ir visitar os meus pais, lá de<br />
vez em quando, a minha família nos Açores,<br />
lá de vez em quando. Decidi então começar<br />
a estudar, começar a pesquisar desde a arte<br />
popular aos próprios artistas contemporâneos<br />
portugueses. Quando eu vinha ao Pico<br />
sentia-me sempre um bocadinho mais feliz e<br />
então decidi que precisava de uma mudança<br />
na minha vida um bocadinho mais radical.<br />
Sabia que não era nas artes, porque as artes<br />
foi sempre o que eu z. É o que eu sei fazer<br />
e então pensei mesmo que o Pico seria um<br />
bom local para uma terceira parte da minha<br />
vida. Em Vancouver, eu tinha começado a<br />
empresa Mirateca Arts para ter um cheirinho<br />
da ilha do Pico e do local onde eu fui criado<br />
e então quando cheguei aqui gostava de<br />
continuar esse nome ou um nome muito<br />
parecido. Devido às legalidades não se podia<br />
usar Mirateca sozinha porque é mesmo<br />
um local da freguesia da Candelária, na<br />
Madalena. Então, juntei as palavras, Mirateca e Arts, ou<br />
seja, MiratecArts. Em 2012, fundámos a associação e nos<br />
primeiros meses aqui nos Açores, eu percorri as várias<br />
ilhas e encontrei mais de 4 mil pessoas, de município a<br />
município, e muitos tinham algum interesse cultural e<br />
artístico. Quando criámos a MiractecArts foi com a ideia<br />
de apresentar aquilo que não se estava a apresentar ou<br />
criar programas que englobassem pessoas que queriam<br />
participar e foi aí que nasceu o DiscoverAzores.org, uma<br />
plataforma para descobrir os Açores com arte e artistas,<br />
em que qualquer talento, qualquer pessoa criativa podese<br />
juntar por si própria e criar uma página promocional e<br />
daí saiu, também, o Azores Fringe Festival.<br />
08 NOJUN20