09.06.2020 Views

REVISTA JUNHO 2020

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

E N T R E V I S T A<br />

Quando eu fui de Toronto para Vancouver, eu<br />

conheci uma pessoa que foi muito importante<br />

na minha vida. Um senhor advogado, lusodescendente,<br />

que tinha ido para o Canadá<br />

quando era bebé e ele é que me incentivou<br />

para pesquisar mais sobre as minhas raízes,<br />

porque quando eu fui para o Canadá, com<br />

14 anos, a última coisa que eu queria era<br />

fazer parte de algo português, porque tinha<br />

sido as minhas raízes, o meu tempo de<br />

criança e eu fui para o Canadá e precisava<br />

de aprender o inglês. Por isso eu nunca z<br />

parte da chamada comunidade portuguesa<br />

no Canadá até muito mais tarde na minha<br />

vida. Quando z aquela mudança de Toronto<br />

para Vancouver e encontrei esse senhor<br />

advogado e começámos a conversar sobre o<br />

que era a cultura portuguesa, aí eu comecei<br />

a criar algo que tinha a ver com as minhas<br />

raízes, mas na sociedade canadiana. Criámos<br />

vários projetos, desde o mês da Herança<br />

Portuguesa, que era basicamente um festival,<br />

no qual apresentávamos a arte de Portugal,<br />

e a comunidade lá, especialmente açoriana,<br />

é muito pequena, comparando com Toronto<br />

ou mesmo em Fall River. Não estávamos<br />

rodeados de portugueses e criar algo em<br />

português foi muito graticante e isso fezme<br />

trazer cada vez mais às minhas raízes, no<br />

lugar de em vez só ir visitar os meus pais, lá de<br />

vez em quando, a minha família nos Açores,<br />

lá de vez em quando. Decidi então começar<br />

a estudar, começar a pesquisar desde a arte<br />

popular aos próprios artistas contemporâneos<br />

portugueses. Quando eu vinha ao Pico<br />

sentia-me sempre um bocadinho mais feliz e<br />

então decidi que precisava de uma mudança<br />

na minha vida um bocadinho mais radical.<br />

Sabia que não era nas artes, porque as artes<br />

foi sempre o que eu z. É o que eu sei fazer<br />

e então pensei mesmo que o Pico seria um<br />

bom local para uma terceira parte da minha<br />

vida. Em Vancouver, eu tinha começado a<br />

empresa Mirateca Arts para ter um cheirinho<br />

da ilha do Pico e do local onde eu fui criado<br />

e então quando cheguei aqui gostava de<br />

continuar esse nome ou um nome muito<br />

parecido. Devido às legalidades não se podia<br />

usar Mirateca sozinha porque é mesmo<br />

um local da freguesia da Candelária, na<br />

Madalena. Então, juntei as palavras, Mirateca e Arts, ou<br />

seja, MiratecArts. Em 2012, fundámos a associação e nos<br />

primeiros meses aqui nos Açores, eu percorri as várias<br />

ilhas e encontrei mais de 4 mil pessoas, de município a<br />

município, e muitos tinham algum interesse cultural e<br />

artístico. Quando criámos a MiractecArts foi com a ideia<br />

de apresentar aquilo que não se estava a apresentar ou<br />

criar programas que englobassem pessoas que queriam<br />

participar e foi aí que nasceu o DiscoverAzores.org, uma<br />

plataforma para descobrir os Açores com arte e artistas,<br />

em que qualquer talento, qualquer pessoa criativa podese<br />

juntar por si própria e criar uma página promocional e<br />

daí saiu, também, o Azores Fringe Festival.<br />

08 NOJUN20

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!