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L+D 78

Edição 3º trimestre

Edição 3º trimestre

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R$25,00<br />

RESIDÊNCIA RN (ITAÚNA)<br />

BOULEVARD THEATRE (LONDRES) | NATURA CAJAMAR (SÃO PAULO) | LOJA NATURA (SÃO PAULO)<br />

LOJA CAROL BASSI (SÃO PAULO) | 347 KENT STREET (SYDNEY) | FOTO LUZ FOTO: LEONARDO FINOTTI


Embutido<br />

LED Lighting Solutions<br />

Pendente


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Restaurante Atsui - São Paulo, SP<br />

Arquitetura Naoki Otake<br />

Lighting Design Mingrone Iluminação<br />

Fotos Haruo Mikami


SUMÁRIO<br />

3º Trimestre 2020<br />

edição <strong>78</strong><br />

46 54 60<br />

66 72<br />

<strong>78</strong> 84<br />

10<br />

¿QUÉ PASA?<br />

46<br />

54<br />

60<br />

66<br />

72<br />

<strong>78</strong><br />

84<br />

BOULEVARD THEATRE<br />

Um convite à criatividade<br />

RESIDÊNCIA RN<br />

À luz da referência<br />

REVITALIZAÇÃO NATURA CAJAMAR<br />

Criatividade sustentável<br />

LOJA NATURA<br />

Escala 1 : 1<br />

LOJA CAROL BASSI<br />

Universo feminino<br />

347 KENT STREET<br />

Do histórico ao moderno<br />

FOTO LUZ FOTO<br />

Leonardo Finotti<br />

6


EDITORIAL<br />

Home<br />

Office<br />

Série<br />

CAPA<br />

Iluminação: Foco Luz & Desenho<br />

Foto: FG+SG<br />

PUBLISHER<br />

Thiago Gaya<br />

EDITOR-CHEFE<br />

Orlando Marques<br />

EDITORA<br />

Débora Torii<br />

RUMOS<br />

DIAGRAMAÇÃO<br />

Maria Fraga<br />

PROJETO GRÁFICO<br />

Thais Moro<br />

Convidamos o fotógrafo Leonardo Finotti para conosco<br />

escolher uma imagem do seu portfólio que representasse<br />

o momento que vivemos.<br />

Mesmo com todas as incertezas e receios, sentimos que,<br />

aos poucos, as pessoas retomam a sua jornada.<br />

Vida e natureza seguem seu ciclo, entrelaçadas. E, a despeito<br />

de nossos planos, determinam novos rumos.<br />

REPORTAGENS DESTA EDIÇÃO<br />

Débora Torii , Diogo de Oliveira,<br />

Fernanda Carvalho e Orlando Marques<br />

REVISÃO<br />

Débora Tamayose<br />

CIRCULAÇÃO E MARKETING<br />

Márcio Silva<br />

T 11 3062.2622<br />

Orlando Marques e Thiago Gaya<br />

Editores<br />

Nesta edição contamos com<br />

a colaboração do fotógrafo<br />

e artista visual Leonardo<br />

Finotti que, gentilmente,<br />

cedeu os direitos das imagens<br />

deste Editorial, da matéria<br />

Criatividade Sustentável<br />

e da seção Foto Luz Foto.<br />

PUBLICADA POR<br />

Editora Lumière Ltda.<br />

Rua João Moura, 661 – cj. 77, 05412-001<br />

São Paulo SP, T 11 3062.2622<br />

www.editoralumiere.com.br<br />

8


Vicente de Mello<br />

Erika Mayumi/Courtesy of Galeria Nara Roesler<br />

Daniel Arantes/Courtesy of Galeria Nara Roesler<br />

¿QUÉ PASA?<br />

ABRAHAM PALATNIK (1928-2020)<br />

O artista plástico brasileiro Abraham Palatnik foi um pioneiro<br />

em arte cinética e óptica no Brasil. Com mais de sete décadas<br />

de produção artística, suas obras já foram objeto de centenas de<br />

exposições no Brasil e no exterior, incluindo algumas peças em<br />

exibição permanente, como parte do acervo de importantes<br />

galerias e museus nacionais e internacionais, como o Museu de<br />

Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM-Rio) e o Museum of<br />

Modern Art (MoMA), em Nova York, Estados Unidos.<br />

Suas primeiras experiências com a arte cinética,<br />

realizadas ainda na década de 1950, resultaram em obras<br />

que combinavam cores e luzes em movimento, batizadas<br />

por ele de Aparelhos Cinecromáticos, cuja moção provinha<br />

de pequenas máquinas construídas pelo próprio artista. A<br />

primeira exibição dessas peças, durante a Bienal Internacional<br />

de São Paulo, em 1951, rendeu-lhe uma menção honrosa<br />

do júri internacional – apesar de sua inclusão na mostra<br />

ter enfrentado certa resistência, uma vez que sua arte não<br />

podia ser categorizada nem em pintura nem em escultura.<br />

Essas experiências iniciais se desdobraram em outras séries,<br />

como os Objetos Cinéticos, produzidos na década de 1960,<br />

compostos de arame, formas coloridas e fios movidos por<br />

motores e eletroímãs.<br />

A formação de Palatnik em engenharia certamente<br />

contribuiu para que se interessasse também pelos aspectos<br />

técnicos em suas experimentações, levando-o a combinar<br />

ciência e tecnologia com sua arte. O fenômeno visual fazia parte<br />

de suas investigações, inspirando-o à exploração de efeitos<br />

ópticos em obras estáticas, em duas dimensões, por meio de<br />

composições abstratas de faixas coloridas, criando padrões<br />

rítmicos que se assemelham a ondas em movimento. Esse<br />

tipo de efeito foi amplamente experimentado pelo artista, com<br />

diferentes técnicas e materiais, e provoca sensações totalmente<br />

distintas de acordo com a luminosidade, as sombras e os brilhos<br />

resultantes de cada composição.<br />

Uma das últimas retrospectivas de sua obra, Abraham Palatnik<br />

– A Reinvenção da Pintura, foi realizada em 2017 no Centro Cultural<br />

Banco do Brasil no Rio de Janeiro (CCBB-RJ) e pode ser visitada<br />

virtualmente em g.co/arts/p6TRs6zA7agkuLRMA. (D.T.)<br />

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Joern Blohm/Tishman Speye<br />

Corey Gaffer Photography<br />

Rio Photo Studio<br />

Tom Lee<br />

Midi Photography/Arup<br />

Fumito Suzuki<br />

Iluminação LED com<br />

uniformidade de cor<br />

Tomasz Majewski<br />

James Newton<br />

Hotel Rio Bourbon - Campinas/SP - Projeto e construção: PROFOR<br />

Lioneye Aerials<br />

12<br />

¿QUÉ PASA?<br />

37º ANNUAL IALD INTERNATIONAL<br />

LIGHTING DESIGN AWARDS<br />

Rapidamente ajustada à nova realidade mundial, a 37ª edição<br />

do prêmio anual oferecido pela International Association of<br />

Lighting Designers (IALD) teve seus vencedores anunciados ao<br />

vivo por meio de seus canais no YouTube e no Facebook. O júri,<br />

composto de sete profissionais, selecionou um total de 21 projetos<br />

de iluminação, provenientes de oito países. “Os projetos vão além<br />

da distinção na iluminação arquitetônica – honramos projetos<br />

excepcionais que evocam respostas emocionais, transformam<br />

espaços, inspiram admiração e trazem benefícios reais para os<br />

usuários finais”, comenta Mirjam Roos, codiretora da premiação.<br />

Dentre os 12 agraciados com o Award of Merit, destacamos<br />

o projeto de iluminação do escritório PritchardPeck Lighting,<br />

de São Francisco, Estados Unidos, para o saguão do edifício<br />

comercial 106 Spear St. , no centro da cidade; o projeto da<br />

iluminação da fachada do edifício Green Jadeite em Taiwan,<br />

projeto do escritório taiwanês Art Light Design Consultants;<br />

o projeto International Presbyterian Church, em Eiling, Reino<br />

Unido, do escritório britânico 18 Degrees ; e o projeto da loja<br />

de departamentos Nihombashi Mitsukoshi, em Tóquio, Japão,<br />

do escritório Lighting Planners Associates .<br />

Outros sete projetos foram reconhecidos com prêmios de<br />

excelência, o Award of Excellence. Dentre eles, destacamos o<br />

projeto do centro cultural The Kistefos – The Twist , na cidade<br />

de Jevnaker, Noruega, projeto da Light Bureaus; o projeto da<br />

catedral de Norwich, em Norfolk, Reino Unido, projeto de Speirs<br />

+ Major, apresentado na edição 77 da <strong>L+D</strong> ; o Tennessee State<br />

Museum , em Nashville, Estados Unidos, projeto de HGA; e<br />

o Vancouver Waterfront Park Grant Street Pier and Plaza , em<br />

Vancouver, no estado de Washington, Estados Unidos, projeto<br />

de Fisher Marantz Stone.<br />

O grande destaque da noite foi o projeto de iluminação<br />

do escritório Arup UK, para o Pavilhão da Universidade de<br />

Sheffield , no Reino Unido, que alcançou a maior pontuação nas<br />

avaliações dos jurados, sendo consagrado Radiance Award for<br />

Excellence in Lighting Design, além de reconhecido com o Award<br />

of Excellence. Os jurados destacaram o belo uso de luz e cor para<br />

a criação de um espaço antes considerado uma área insólita.<br />

Felicitações aos premiados! (D.T./O.M.)<br />

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ANOS<br />

30DE HISTÓRIAS


Arno de la Chapelle<br />

¿QUÉ PASA?<br />

JUHAI LEIVISKÄ, RUSSELL FOSTER<br />

E HENRY LUMMER<br />

No último Dia Internacional da Luz, 16 de maio, foram<br />

anunciados os vencedores da 40ª edição do The Daylight<br />

Awards 2020, recebendo cada um a soma de 100 mil euros.<br />

Conheça-os a seguir.<br />

O arquiteto finlandês Juhai Leiviskä, premiado pelo<br />

conjunto de sua obra arquitetônica e pelo emprego da luz<br />

natural como elemento integral em seus edifícios, como na<br />

Igreja Myyrmäki em Vantaa (1980-1984) , na Embaixada da<br />

Alemanha em Helsinki (1986-1993) e na Bibilioteca de Vallila<br />

em Helsinki (1979-1984) , entre outros.<br />

O neurocientista Russel Foster, diretor do Laboratório<br />

de Oftalmologia Nuffield e coordenador do Instituto do Sono<br />

e Neurociência Circadiana da Universidade de Oxford, por<br />

sua contribuição em pesquisa científica. Sua descoberta mais<br />

aclamada foi a de que o olho contém células específicas (células<br />

ganglionares intrinsecamente fotossensíveis – (ipRGCs), um<br />

“sensor” de luz que regula o relógio biológico e o ritmo sonovigília<br />

no ciclo dia-noite. Sem essas células, ficaríamos fora<br />

de sincronia com o dia. Essa descoberta mudou os princípios<br />

fundamentais do conhecimento sobre os efeitos da luz nos<br />

sistemas biológicos e na fisiologia humana. “No mundo moderno<br />

industrializado, passamos em média 90% de nossa vida dentro<br />

de edifícios. O ambiente construído é o principal moderador<br />

da luz a que estamos expostos. A comunidade arquitetônica<br />

reconhece o trabalho do professor Foster, que identifica as<br />

consequências para a saúde em curto e longo prazos da luz,<br />

abordando quando e como a entrada de luz deve ser incentivada<br />

e, inversamente, quando deve ser reduzida e apagada.<br />

O arquiteto, escritor e fotógrafo estadunidense Henry<br />

Plummer foi agraciado com o prêmio Lifetime Achievement,<br />

por sua extensa pesquisa em iluminação natural e luz do dia.<br />

(O.M.)<br />

14


¿QUÉ PASA?<br />

MAIS FORTES BRASIL<br />

RA2 Select<br />

Controle fácil da luz em toda a casa<br />

#juntossomosmaisfortes é uma iniciativa da indústria de<br />

fabricação de equipamentos de iluminação brasileira diante<br />

dos desdobramentos econômicos e financeiros gerados pela<br />

pandemia do novo covid-19 na China e no Brasil.<br />

Com o agravamento da pandemia provocada pelo vírus<br />

e a consequente crise de fornecimento de matérias-primas<br />

provenientes do país asiático, o maior produtor de componentes<br />

de LED do mundo, a indústria brasileira se mobilizou para<br />

incentivar a valorização da tecnologia e do design de produtos<br />

fabricados no Brasil.<br />

A iniciativa conta com a participação de mais de 40<br />

representantes de empresas de fabricação de equipamentos<br />

de iluminação, que se reúnem quinzenalmente a fim de buscar<br />

soluções para enfrentar a crise. São eles: Abalux Iluminação,<br />

Accord Iluminação, Alfalux, Alloy Iluminação, Aureon, Bellaluce<br />

Iluminação, Cativa Iluminação, Cia. de Iluminação, Demape,<br />

Direção da Luz, Fasa Fibra Ótica, Femarte Iluminação, Fortlight<br />

Iluminação, Geo Luz & Cerâmica, Guarilux, Grupo Luminae<br />

Energia, Ibralux, Ilumatic, Interlight, Intral Iluminação, La Lampe,<br />

Lalux Iluminação, Ledstar, Lightsource, Lumicenter, Luxion,<br />

Madelustre, Misterled, Munclair Iluminação, Naville Iluminação,<br />

Osvaldo Matos, Omega Light, Ozli do Brasil Iluminação,<br />

Powerlume, Reeme, Repume Iluminação, Revoluz Lighting,<br />

Signify e Tecnowatt.<br />

“Os encontros têm sido muito produtivos pois, além de<br />

criar a campanha para a valorização da indústria, temos trocado<br />

experiência no que diz respeito à otimização e à captação de<br />

recursos e buscamos manter o otimismo”, explica Fernanda<br />

Tissot, da empresa Luxion, situada em Caxias do Sul, RS.<br />

O setor conta com 586 indústrias espalhadas por todo o<br />

território nacional, responsáveis pela produção de luminárias,<br />

lâmpadas de LED e drivers, empregando mais de 26 mil pessoas.<br />

Em 2017, o faturamento do setor alcançou R$ 3,7 bilhões, de<br />

acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Iluminação<br />

(Abilux), uma das oito associações apoiadoras da iniciativa,<br />

juntamente com a Associação Brasileira de Empresas de Design<br />

(ABEDESIGN), a Associação Brasileira dos Arquitetos de<br />

Iluminação (AsBAI), a Associação Brasileira dos Escritórios de<br />

Arquitetura do Rio Grande do Sul (AsBEA-RS) e de São Paulo<br />

(AsBEA-SP), o Centro Brasil Design (CDB) e a Federação da<br />

Indústria e do Comércio.<br />

Leia o manifesto e siga-os na página do Instagram<br />

@maisfortesbrasil. (O.M.)<br />

SIMPLES. RÁPIDO. FLEXÍVEL.<br />

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Stefano Ferrando, Studio Vetroblu/Courtesy of Ministero dei Beni e delle Attività Culturali e del Turismo – Dir. Reg. Musei Sardegna<br />

¿QUÉ PASA?<br />

PINACOTECA NAZIONALE DI CAGLIARI<br />

A nova iluminação para os retábulos e outras obras de arte<br />

exibidos na Pinacoteca Nazionale di Cagliari, na Sardenha, Itália,<br />

exigiu vários meses de estudo do arquiteto e lighting designer<br />

italiano Michele Schintu, do Studio Essequadro.<br />

O projeto teve como objetivo melhorar a percepção das<br />

obras de arte datadas entre os séculos XIV e XV, por meio<br />

de iluminação uniforme e ambiente visual mais adequado à<br />

coleção. Anteriormente, a iluminação dos retábulos apresentava<br />

uma série de pontos críticos, como o uso indiscriminado de<br />

temperaturas de cor frias e com baixo índice de reprodução de<br />

cor, iluminâncias acima da norma europeia (no máximo, 150 lux)<br />

e altos índices de contraste promovidos tanto por projetores<br />

muito próximo às obras quanto pelo contraste de cores entre<br />

as obras de arte em si e a cor do fundo da galeria, pintada de<br />

cinza-claro.<br />

Em razão da altura limitada do pé-direito, decidiu-se<br />

iluminar os retábulos de baixo para cima, com luminárias fixadas<br />

em trilhos escondidos atrás de um guarda-corpo. Todas as<br />

luminárias são controladas individualmente por protocolo<br />

DALI e comunicadas ao sistema de automação por Bluetooth,<br />

evitando-se cabeamento. A cor de fundo das paredes também<br />

foi alterada para uma tonalidade verde-escura, derivada de um<br />

minucioso estudo para determinar a cor mais dominante nas<br />

obras de arte expostas.<br />

O altar de Sant’Eligio (1505-1549), a peça de maior<br />

dimensão da coleção (4,47 × 3,33 metros), foi iluminado por<br />

luminárias com óptica tipo wallwasher, fixadas na parte superior<br />

do display, além de luminárias situadas atrás do guarda-corpo.<br />

A exposição das ruínas da Muralha Espanhola (século XVI)<br />

na Pinacoteca também recebeu nova iluminação. Ao contrário<br />

dos retábulos, nesse caso os contrastes de luz e sombra são<br />

bem-vindos, para revelar a volumetria e as texturas das pedras<br />

da muralha, iluminadas por equipamentos com temperatura de<br />

cor em 3.000 K, os quais ficam escondidos dos visitantes. (O.M.)<br />

18


¿QUÉ PASA?<br />

LUZ RADICAL<br />

A instalação Radical Light, da artista norueguesa Anne<br />

Katrine Senstad, montada no início deste ano no Kai Art Center,<br />

na Estônia, uma fábrica de submarinos construída no início do<br />

século XX e adaptada ao espaço expositivo, é um site specific<br />

(obra projetada especificamente para o espaço expositivo) em<br />

que esculturas de luz, trilha sonora e partículas de luz branca<br />

compõem um ambiente total e multissensorial.<br />

Nessa obra, a luz é usada como material, e os matizes de<br />

branco – produzidos por tubos de vidro contendo gases neon<br />

e argon com temperaturas de cor entre 3.500 K e 8.300 K –<br />

sobre o fundo branco do espaço questionam os limites entre<br />

arte e espaço expositivo. Senstad trabalha os significados<br />

emocionais e semióticos da cor branca, indo desde sua pureza<br />

ou eternidade até associações surreais das criaturas brancas do<br />

nosso imaginário.<br />

Radical Light questiona ainda a existência da luz elétrica em<br />

si e seu papel na sociedade industrial ao organizar as rotinas de<br />

trabalho, lazer, consumo e experiências no espaço público e com<br />

aparelhos eletrônicos, quase todos emissores de luz. (O.M./D.O.)<br />

C<br />

M<br />

Y<br />

CM<br />

MY<br />

CY<br />

CMY<br />

K<br />

Kai Art Center/Renee Altrov<br />

20


Daniel Seung Lee<br />

Random Studio<br />

¿QUÉ PASA?<br />

PAISAGEM CINÉTICA<br />

A instalação Perpetuum foi concebida pelos artistas do<br />

holandês Random Studio como uma abstração da energia<br />

vibrante das cidades, capturando a essência do movimento<br />

constante e intrínseco a elas. A obra propõe um passeio em<br />

meio a sons e imagens que se sobrepõem, gerando diferentes<br />

impressões que aparecem e desaparecem, o que remete à<br />

sensação de espiar a paisagem através da janela de um carro<br />

em movimento.<br />

Ao redor de uma escultura luminosa cilíndrica foram<br />

instaladas três estruturas circulares, sob as quais orbitam<br />

painéis curvos com diferentes tamanhos, cores, texturas e níveis<br />

de transparência. A rotação e a consequente sobreposição<br />

desses elementos geram inúmeras composições, que mudam<br />

também de acordo com a posição do observador. “Perpetuum foi<br />

concebida como uma paisagem cinética giratória que convida<br />

os visitantes a explorar, a parar e a refletir”, afirmam os artistas.<br />

A instalação é fruto de um convite da montadora de<br />

automóveis inglesa MINI, por ocasião do lançamento<br />

de seu novo modelo movido a energia elétrica. Dessa forma,<br />

os designers procuraram demonstrar como imaginam o futuro<br />

influenciado por novas formas de mobilidade. Perpetuum foi<br />

a última obra exibida, no início deste ano, no espaço A/D/O,<br />

no bairro do Brooklyn, em Nova York, Estados Unidos. Criado<br />

pela MINI em 2017 como uma plataforma para a exploração do<br />

futuro do design, o espaço foi permanentemente fechado em<br />

maio deste ano. (D.T.)<br />

22


¿QUÉ PASA?<br />

MAGIA À BEIRA-MAR<br />

UM BOM BATE PAPO<br />

ILUMINA SUAS IDEIAS!<br />

Como parte do projeto de revitalização da ilha de Sentosa,<br />

em Cingapura, a instalação de luz interativa Magical Shore dá<br />

vida aos mais de 400 metros lineares da praia de Siloso, com<br />

o objetivo de atrair a visitação noturna não só de turistas, mas<br />

também dos moradores.<br />

Sobre os 400 metros da orla, a iluminação geral estática,<br />

de facho aberto, banha toda a praia e se mescla a projeções<br />

interativas de ondas e cintilações. As ilhotas visíveis desde a<br />

margem tiveram suas árvores iluminadas por meio de projeções<br />

orgânicas e de uplights com variações de cores e de intensidades<br />

luminosas, fazendo parecer que a vegetação “respira”. Essas<br />

pequenas ilhas contam ainda com luzes sincronizadas a um<br />

sistema de névoa artificial, ressaltando a presença do vento, e<br />

com potentes feixes de luz monocromática, que ocasionalmente<br />

se acendem e apontam aos céus.<br />

Todas essas camadas de luz funcionam em conjunto,<br />

comandadas por sistema de controle DMX, representando<br />

quatro sequências narrativas com 15 minutos de duração cada:<br />

“Despertar noturno”, “Maré crescente”, “Força da natureza”<br />

e “A última dança”. Os sensores de presença e de movimento<br />

conectados ao sistema enviam dados a um mecanismo de<br />

inteligência artificial, que define, dentre as centenas de cenas<br />

pré-programadas para cada narrativa, qual será exibida, de<br />

acordo com o comportamento do público e do vento.<br />

Responsável pelo projeto, a equipe da sede de Cingapura<br />

do escritório japonês Lighting Planners Associates (LPA) conta<br />

que, além das complexas exigências e restrições decorrentes<br />

do local do projeto, um de seus maiores desafios foi projetar<br />

com luzes coloridas, já que geralmente se dedicam a projetos<br />

de iluminação arquitetural, em que trabalham com luz branca.<br />

Para evitar que o resultado fosse excessivamente chamativo,<br />

os lighting designers definiram uma paleta de cores derivada<br />

da observação do céu local, limitando-se ao uso de tonalidades<br />

existentes na natureza. A instalação será exibida até 2023,<br />

quando se estima que serão concluídas as obras de revitalização<br />

da ilha. (D.T.)<br />

“O cliente espera um projeto<br />

que SURPREENDA. Quando as<br />

lojas e profi ssionais tem uma<br />

ASSESSORIA com empresas<br />

como a Revoluz, o projeto<br />

sempre vai ter um objetivo<br />

especial. É A LUMINÁRIA<br />

CERTA, NO AMBIENTE CERTO!”<br />

EMILI LAZARETTI / LUAN MELO<br />

Lighting Designers<br />

AEC Iluminações • R.G. Sul<br />

“Vale a pena investir numa<br />

luminária boa, como a da<br />

Revoluz. São MODERNAS,<br />

MINIMALISTAS e proporcionam<br />

um TETO COM VISUAL LIMPO.”<br />

LEANDRO DE PAULA<br />

Lighting Designer<br />

EletroRio • Rio de Janeiro<br />

“Muitos criam mitos e tem<br />

dúvidas sobre luminárias com<br />

LED integrado. Mas a Revoluz<br />

ESCLARECE isso. Todo mundo<br />

que trabalha com iluminação<br />

precisa ter o CATÁLOGO<br />

REVOLUZ. Ele é uma AULA!<br />

Repleto de INFORMAÇÃO!”<br />

JUCILENE VIEIRA<br />

Lighting Designer<br />

Alva Iluminação • Ceará<br />

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(11) 97146-5035 | sac@revoluz.com.br<br />

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Zhang Chao<br />

¿QUÉ PASA?<br />

LINHA-LUZ-TEMPO<br />

O escritório de arquitetura ATELIER XI de Shenzhen, China,<br />

aceitou o desafio de projetar e executar um espaço expositivo<br />

para a Bi-City Biennale of Urbanism/Architecture 2019 em uma<br />

fábrica abandonada com 10 mil metros quadrados, três meses<br />

antes da abertura.<br />

Criou-se um percurso elevado de 250 metros, com rampas<br />

e paredes translúcidas e retroiluminadas, que conduz o público<br />

em uma sequência cronológica por 20 espaços expositivos. A<br />

intervenção procurou alterar minimamente o espaço da fábrica,<br />

para que ambas as linguagens – a original e a atual – formassem<br />

um diálogo compassado.<br />

O projeto, ao inserir um percurso linear de luz em um<br />

espaço de outro tempo, propõe reflexões sobre a passagem<br />

temporal, a mudança dos usos do edifício na cidade, o contraste<br />

entre a luz uniforme e a estrutura construtiva fabril e o desafio<br />

de construir com limitação de tempo e orçamento. As dobras<br />

do tempo e do espaço reveladas pela intervenção permitem<br />

engajamentos distintos do público em relação ao ambiente de<br />

luz, ao se aproximar ou se afastar das membranas iluminadas<br />

das paredes. (O.M./D.O)<br />

26


¿QUÉ PASA?<br />

PERFIL U, PERFIL L<br />

José Hevia<br />

Inspirado nos armazéns da fábrica de sapatos Camper,<br />

de Maiorca, Espanha, Jorge Penadés, titular do escritório<br />

Oficina Penadés, projetou a nova loja da marca utilizando<br />

apenas três elementos básicos: perfis metálicos perfurados,<br />

chapas de canto e parafusos/porcas.<br />

Ao visitar o espaço pela primeira vez, o arquiteto pensou:<br />

“E se eu usar esse espaço como uma oficina para montarmos<br />

a loja inteira a partir daqui mesmo?”. Foi assim que Jorge e sua<br />

equipe se mudaram para os armazéns da ilha, a fim de projetar<br />

todos os elementos necessários para a loja: desde prateleiras<br />

e mesas de exposição até diferentes unidades de assentos,<br />

balcão de exposição e caixa.<br />

As luminárias seguem o mesmo conceito: a utilização<br />

de perfis metálicos lineares perfurados para a criação de um<br />

sistema para iluminação direta e indireta pendente. O corpo<br />

das luminárias é composto de quatro perfis em L e um perfil<br />

em U, unidos por porcas e parafusos.<br />

O nicho criado na parte inferior do pendente abriga o trilho<br />

eletrificado com projetores para destaque dos produtos. A parte<br />

superior do perfil U cria um nicho em que fica escondido o perfil<br />

de LED para a iluminação indireta da loja. (O.M.)<br />

Sistema Digital com controle<br />

individual de pixels<br />

Oferecido como um sistema de mídia de baixa resolução que permite<br />

o controle individual de pixels tanto para cores quanto intensidade,<br />

o TLS MediaPix foi projetado com base em nosso premiado sistema<br />

de LED tensionado. Uma solução limpa, sem substrato traseiro<br />

que requer apenas dois pontos de ancoragem, criando uma<br />

matriz de LED modular em larga escala com o mínimo esforço.<br />

Ideal para criar imersão das pessoas no ambiente, nosso sistema<br />

pode ser integrado com sensores de presença, música ou som. O TLS<br />

MediaPix foca no processamento de atenção da visão periférica, sendo<br />

capaz de criar integração com as pessoas que visitam o seu espaço.<br />

Nossos drivers e controladores são integrados em nossos perfis<br />

personalizados, exigindo apenas duas conexões: um cabo elétrico<br />

e um de rede. Para personalizar a resolução para seus projetos,<br />

mantemos várias placas de LED com quatro opções de espaçamento<br />

horizontal entre pixels e podemos fabricar sob medida o espaçamento<br />

vertical. Nosso baixo número de componentes facilita a instalação,<br />

manutenção e cria uma parede de mídia transparente de 98%.<br />

28<br />

São P aulo , Brasi l<br />

+ 5 5 (1 1 ) 9 9345-5<strong>78</strong> 0<br />

w w w . t l s - l e d . c o m / b r /


¿QUÉ PASA?<br />

LIÁN LÁNG<br />

Boris Shiu<br />

Assinado pelos premiados arquitetos do escritório The Oval<br />

Partnership, o projeto do novo Centro Cultural de Qujiang, China,<br />

localizado no subsolo da praça Qujiang Creative Circle, explora<br />

a luz e a iluminação para enfatizar os elementos construtivos<br />

dos espaços.<br />

O projeto de interiores foi inspirado em Lián Láng, um<br />

tipo de estrutura utilizado entre os edifícios na China. Essa<br />

interpretação resultou na composição de 8 mil tubos de bronze<br />

no grandioso foyer, suspensos do forro e em balanço na parede.<br />

A iluminação tem papel determinante na compreensão<br />

do conceito proposto pelos arquitetos. Em contraste com as<br />

paredes iluminadas, os tubos foram destacados por silhueta,<br />

tanto pela luz integrada no banco de assento transparente como<br />

pelos uplights junto aos bancos. No centro do ambiente foi<br />

desenhado um pendente de corrente de bronze, iluminado por<br />

uma sequência de lâmpadas nuas, o que resulta na projeção de<br />

um jogo de luz e sombras nos tubos e nas paredes. A iluminação<br />

funcional do espaço no piso é composta de luminárias com<br />

fonte luminosa recuada, interferindo muito pouco na leitura<br />

do espaço. Na ponta dos tubos pendurados, um brilho discreto<br />

pontua a extremidade dos cilindros, ajudando a aproximar o<br />

ambiente monumental. (O.M.)<br />

32


Nick Wood<br />

¿QUÉ PASA?<br />

JANTAR HOLÍSTICO<br />

O jovem chef dinamarquês Rasmus Munk foi rapidamente<br />

alçado à fama no ano passado, após seu restaurante, Alchemist,<br />

em Copenhagen, Dinamarca, ser avaliado com duas estrelas<br />

Michelin logo em seu primeiro ano de existência. O sucesso<br />

se deve, em parte, ao conceito de “experiência gastronômica<br />

holística”, idealizado pelo chef. Coube aos designers de interiores<br />

do Studio Duncalf materializar a visão de Munk: oferecer aos<br />

comensais uma experiência ao mesmo tempo teatral e social,<br />

fundamentada por uma cozinha inovadora, de alta qualidade.<br />

“Uma impressionante tela em branco.” Essa foi a primeira<br />

impressão dos designers acerca do local que abrigaria o<br />

restaurante: um antigo galpão industrial, com pé-direito de<br />

14 metros, onde antes funcionava a oficina de cenografia do<br />

Teatro Nacional da Dinamarca.<br />

A equipe do Studio Duncalf propôs a criação de uma série<br />

de salas que oferece uma jornada – física e intelectual – por<br />

diferentes espaços, com atmosferas distintas. Para isso, o galpão<br />

foi segmentado em pisos, porém mantendo a permeabilidade<br />

visual por meio do amplo uso de divisórias transparentes.<br />

É o caso do ambiente no qual são servidas as entradas, de onde<br />

é possível observar, através do vidro, a cozinha e a imponente<br />

adega, preenchida por mais de 10 mil garrafas. Com pédireito<br />

de 14 metros, esse espaço é iluminado por pendentes<br />

cilíndricos de cobre, com 4 metros de altura, além de diversos<br />

detalhes de iluminação integrados à arquitetura, ressaltando os<br />

revestimentos em cobre.<br />

Principal ambiente do restaurante, o salão circular onde é<br />

servido o jantar é coberto por um grande domo, no qual são<br />

projetadas imagens de diversos temas relacionados à natureza.<br />

As mesas de concreto, arranjadas como balcões, são iluminadas<br />

exclusivamente pelas luzes das projeções, complementadas por<br />

delicados focos de luz em tom branco quente, provenientes de<br />

luminárias especiais instaladas sobre as próprias bancadas, que<br />

permitem visualizar todas as cores e texturas dos inovadores<br />

pratos servidos pelo chef. (D.T.)<br />

34


Jan Vranovsky<br />

¿QUÉ PASA?<br />

MATIZ,<br />

LUMINOSIDADE,<br />

CROMA<br />

O projeto do apartamento Nagatacho, localizado no coração<br />

administrativo de Tóquio, Japão, é um experimento de cor, luz e<br />

textura no cotidiano residencial.<br />

Criado pelo arquiteto argentino baseado em Londres,<br />

Reino Unido, Adam Nathaniel Furman, o espaço de 160<br />

metros quadrados explora de maneira única uma combinação<br />

ousada e harmônica entre cores em tons pastéis, materiais<br />

naturais e formas.<br />

O projeto explora uma iluminação uniforme e uma luz<br />

com temperatura de cor no espectro cromático tendendo mais<br />

para a frio. O objetivo é evitar sombras duras e contrastes<br />

desequilibrados, o que poderia distorcer a plasticidade das<br />

composições.<br />

Com esse projeto, o arquiteto propõe que rituais diários<br />

e atividades domésticas sejam vivenciados em um “mundo<br />

interior voluptuoso de desvio suave e perfeitamente equilibrado”.<br />

(O.M.)<br />

36


¿QUÉ PASA?<br />

BRUTALISMO CENOGRÁFICO<br />

A VSHD Design criou um conceito inovador de design<br />

de interiores e iluminação para a rede de academias The<br />

WareHouse Gym, unidade de Dubai, Emirados Árabes. O<br />

conceito conflui certa vibração cósmica com a estética brutalista<br />

e underground das unidades da marca. Segundo a fundadora<br />

da VSHD, Rania Hamed, o mercado altamente competitivo<br />

formado pela comunidade internacional da região está à procura<br />

de ambientes focados em design, que ofereçam mais do que as<br />

atmosferas tradicionais.<br />

Na unidade de Dubai, o maior espaço da marca até o<br />

momento, as referências ao universo underground de um clube<br />

de luta retrô, aliadas ao espírito de comprometimento com a<br />

prática de exercícios físicos, colocaram a arquitetura brutalista<br />

no centro da estratégia do projeto da VSHD. Os materiais e<br />

os elementos estruturais expostos e modulares, como colunas<br />

e vigas, foram utilizados, e até mesmo adicionados, para<br />

diferenciar áreas e aspectos da prática esportiva.<br />

Os caixotões no teto abrigam a rede intrincada de<br />

dispositivos de iluminação e definem as diferentes atmosferas<br />

de cada espaço. Uma grelha acoplada acima do teto permite<br />

o encaixe de trilhos eletrificados com refletores para destacar<br />

equipamentos e estações que variam em número, intensidade<br />

e facho, de acordo com o efeito desenhado para cada<br />

espaço, criando ambientações específicas para cada prática<br />

esportiva. Note o efeito cenográfico dos espelhos circulares<br />

estrategicamente localizados, com iluminação indireta em seu<br />

perímetro, produzindo a ilusão de um túnel infinito de luz.<br />

Ao integrar elementos estruturais expostos e materiais crus<br />

a elementos cenográficos e ao unir o clima retrô a conveniências<br />

contemporâneas e equipamentos de ponta, o projeto atualiza<br />

referências do passado com um resultado para a marca – um<br />

conceito – que poderia ser implementado em qualquer parte do<br />

mundo, segundo a fundadora da VSHD. (O.M./D.O.)<br />

Oculis Project<br />

(11) 2083-0018 / (11) 2083-6144<br />

38<br />

Rua São João Climaco, 162 - Sacomã - SP<br />

lumalux@lumalux.com.br<br />

www.lumalux.com.br


David Frutos (BISimages)<br />

¿QUÉ PASA?<br />

TEMPO SUSPENSO<br />

A reforma do Gran Hotel Casino Extremadura, na pequena<br />

e economicamente deprimida cidade de Badajoz, na Espanha,<br />

assume o desafio da coexistência dos programas de hotel,<br />

restaurante, boate e cassino e explora a reinvenção do conceito<br />

de hospitalidade de luxo.<br />

Um fundo preto cênico é usado no projeto Badajoz,<br />

desenvolvido pelo escritório Clavel Arquitectos, para trazer<br />

uma série de efeitos de luz. A inspiração é a vida noturna e o<br />

entretenimento que esse tipo de interior convoca e com eles uma<br />

explosão de flashes sinuosos de luz dourada. Por meio desses<br />

recursos, um grande átrio permite um jogo de luz e reflexos que<br />

colabora para a perda da noção espacial e talvez também da<br />

noção de tempo – ingredientes elementares dos cassinos.<br />

O sistema de iluminação foi projetado e personalizado pelos<br />

arquitetos utilizando perfis de LED flexíveis capazes de serem<br />

dobrados tridimensionalmente, adaptáveis a todas as curvas<br />

do interior. Desses elementos, 90% foram pré-fabricados e<br />

instalados no local, o que permitiu uma construção rápida, de<br />

apenas seis meses. (O.M.)<br />

40


¿QUÉ PASA?<br />

IGREJA NA IGREJA<br />

CreatAR Images<br />

Os designers do Wutopia Lab concluíram o projeto da livraria<br />

Sinan, especializada em livros de poesia em diferentes idiomas,<br />

no edifício da histórica Igreja de São Nicolau, em Xangai, China.<br />

Construído em 1932, o edifício não foi usado como igreja<br />

por um longo tempo. Nas últimas décadas teve diversos usos:<br />

escritório, fábrica, armazém, cantina, clube e restaurante. E<br />

cada uso contribuiu com a interferência na arquitetura, desde<br />

os elementos estruturais até os decorativos. Por isso, o projeto<br />

do Wutopia Lab foi determinante para decidir o que seria<br />

restaurado ou mantido.<br />

Com o conceito de “igreja na igreja”, os designers projetaram<br />

uma estrutura autônoma em relação às paredes do edifício,<br />

respeitando o que restou de sua arquitetura original. “Acredito<br />

que uma livraria que tenha como uso abrigar livros de poesia<br />

deve ser considerada um lugar sagrado”, explica Yu Ting,<br />

arquiteto chefe do Wutopia Lab.<br />

Foi então criada uma estante de chapas de aço, com<br />

nichos abertos para ambos os lados. Dessa forma, é possível<br />

ver os afrescos e as paredes da igreja, permitindo também a<br />

penetração de luz natural no espaço. Na altura das janelas, as<br />

chapas de aço foram perfuradas para potencializar a entrada de<br />

luz natural no ambiente.<br />

O projeto de iluminação também procurou interferir o<br />

menos possível na percepção do espaço. Por isso, um pendente<br />

circular, inspirado no óculo da estante-igreja, tem emissão<br />

luminosa indireta difusa, para destacar suavemente a estrutura,<br />

e iluminação para baixo, direta, direcionada ao balcão de<br />

informações. Por fim, projetores fixados nos casulos iluminam<br />

frontalmente os livros. (O.M.)<br />

42


¿QUÉ PASA?<br />

CONFLUÊNCIA UNDER<br />

Ivar Kvaal<br />

Situado na região costeira do sul da Noruega, conhecida pelas<br />

condições instáveis de seu clima, o restaurante Under (que, em<br />

norueguês, significa ao mesmo tempo abaixo e maravilhoso) é<br />

uma afirmação da capacidade humana de conviver em parceria<br />

com a natureza em vez de tomá-la como mero insumo.<br />

O projeto arquitetônico, uma forma monolítica de 34 metros<br />

de concreto, com paredes de 50 cm, inclinada sobre a beira do<br />

mar com 5 metros do edifício submersos em água salobra, impõe<br />

a experiência de estar dentro e fora e do encontro dos materiais<br />

e do ar com o mar. O escritório de arquitetura Snøhetta projetou<br />

Under como um recife artificial, capaz de abrigar moluscos e<br />

algas em sua estrutura, resistir a condições climáticas severas<br />

e oferecer observação privilegiada da vida marinha e costeira<br />

através da janela de 11 × 3,4 metros situada no salão submerso.<br />

No salão, a iluminação foi projetada para minimizar a reflexão<br />

da luz natural vinda da janela e maximizar a vista subaquática.<br />

Instaladas em painéis no teto, 380 lâmpadas de LED ajustam<br />

a iluminação às condições internas e externas do edifício; e, à<br />

noite, o restaurante ilumina o mar, ampliando o alcance da visão<br />

e atraindo peixes. O ambiente interno traz madeira e tecidos da<br />

região para contrastar com a aspereza do concreto da fachada e<br />

das pedras costeiras.<br />

A cozinha reflete o projeto como um todo: produtos<br />

coletados localmente pela equipe da casa, atenta ao equilíbrio<br />

da biodiversidade, que variam de moluscos e algas a caça e<br />

retratam as paisagens da região. O local foi idealizado ainda<br />

em conjunto com equipes de biólogos marinhos e opera<br />

como um observatório da vida subaquática, para registro das<br />

espécies em convivência com o empreendimento.<br />

Under propõe uma nova maneira de convivência com<br />

o ambiente, de consumo consciente e modelos sustentáveis<br />

de operação: acima e abaixo da água e em confluência com<br />

a vida marinha. (D.O./O.M.)<br />

44 45


UM CONVITE À CRIATIVIDADE<br />

Texto: Fernanda Carvalho | Fotos: Tom Lee<br />

Localizado no descolado bairro do Soho de Londres, o<br />

pequeno Boulevard Theatre é em si uma atração. Inicialmente<br />

parte integrante do Raymond Revuebar, famosa casa de<br />

entretenimento erótico da área, foi muito frequentado por<br />

personagens da vida boemia londrina. O entorno é uma espécie<br />

de “red light district” como os de Amsterdã e Paris. Após se<br />

tornar uma casa independente, a edificação sofreu sucessivas<br />

renovações, sendo a mais recente parte da requalificação da área,<br />

cujo objetivo é combinar edificações antigas com intervenções<br />

atuais para uso misto. Em 2019, o Boulevard Theatre inaugurou<br />

uma nova fase com uma proposta de uso do espaço cênico<br />

bastante inovadora.<br />

O objetivo foi criar um local moderno, altamente flexível<br />

e com intensa programação de música, teatro e shows, além<br />

de palestras e encontros diversos. A ideia de uso flexível<br />

do auditório aqui foi levada às últimas consequências pelo<br />

escritório de arquitetura SODA, que propôs um palco circular e<br />

giratório fazendo uso de avançadas tecnologias para a pequena<br />

área disponível. Os lighting designers do 18 Degrees foram<br />

incumbidos do desafio de criar um sistema de iluminação que<br />

pudesse atender às diversas configurações de palco e plateia.<br />

A flexibilidade do espaço reflete-se na estrutura criada para<br />

a iluminação. Varas cênicas permitem a utilização de<br />

equipamentos de luz teatral no sistema de controle DMX da<br />

casa. Todas as luzes de ambiência e de plateia estão integradas<br />

no mesmo sistema e podem ser dimerizadas pelo operador de luz.<br />

46 47


O palco giratório permite rotação total e abriga assentos<br />

de plateia removíveis. É circundado por um balcão-mezanino<br />

com rotação máxima de 270°, o que permite até sete diferentes<br />

configurações de palco e plateia. Para dar conta dessa ampla<br />

variedade, o sistema de luz inclui varas curvas e estruturas<br />

radiais e controle cênico por meio de acionamento individual<br />

dos equipamentos.<br />

O sistema de luz convencional de um teatro funciona com<br />

uma mesa de controle que aciona efeitos no palco e na plateia.<br />

Mas, nesse teatro, até mesmo a luz das áreas de recepção e<br />

acolhimento do público estão integradas na mesa, permitindo<br />

que essas áreas sejam incorporadas nos espetáculos.<br />

Nas paredes, linhas luminosas verticais em sistema de cores<br />

RGBW podem ser usadas como luz ambiente e de plateia e, em<br />

alguns casos, até mesmo incluídas no próprio espetáculo.<br />

As janelas existentes na fachada frontal foram aproveitadas<br />

tanto como fonte de luz natural quanto como anteparo para a<br />

luz artificial. Telas retráteis, também controladas pelo sistema<br />

DMX, quando abertas, permitem que a luz natural entre. Ao<br />

serem fechadas, permitem total blecaute na sala. A face branca<br />

torna-se anteparo para perfis de LED RGBW criarem efeitos<br />

luminosos adicionais.<br />

Na foto abaixo, o bar é iluminado por arandelas com<br />

acabamento difuso para luz ambiente, e as mesas recebem<br />

a luz direta e pontual de downlights com LED 2.700 K,<br />

dimerizáveis por meio de protocolo DALI.<br />

Para a ambiência geral da casa, os lighting designers criaram<br />

um efeito com LEDs lineares RGBW embutidos entre os painéis<br />

acústicos das paredes. Com drivers remotos compatíveis com<br />

protocolo DMX, também podem ser controlados pelo operador<br />

e fazer parte do espetáculo, assumindo a cor e a intensidade<br />

luminosa desejadas.<br />

As janelas da fachada frontal não são um empecilho para<br />

o uso cênico, que muitas vezes requer escuridão total no<br />

ambiente. Pelo contrário, ao acionar o sistema de fechamento<br />

blecaute motorizado, tornam-se superfícies para reflexão de luz,<br />

podendo compor o ambiente e integrar-se completamente na<br />

cena construída. Quando as janelas estão abertas, a sala recebe<br />

luz natural, que é bem-vinda em encontros, palestras e reuniões.<br />

Uma passarela envidraçada atravessa a estreita rua de<br />

pedestres Walker's Court e leva ao restaurante e bar no primeiro<br />

pavimento. O forro branco com pé-direito baixo é extremamente<br />

discreto, recebendo poucos downlights para as mesas.<br />

A atmosfera inspirada na art-déco é sensual e aconchegante,<br />

acentuada por arandelas decorativas sobre a parede com<br />

revestimento cor rosa. Em todos os espaços, nota-se que a<br />

luz se aproveitou da exiguidade dos ambientes para se integrar<br />

totalmente aos acabamentos, com efeitos que ressaltam cores<br />

e texturas.<br />

48 49


50 51


Olhando o teatro por fora, sua fachada curva está bastante<br />

integrada ao entorno, que preservou as construções antigas de<br />

tijolos aparentes, tipicamente londrinas. Os acabamentos de<br />

latão e o formato curvo conferem ousadia à intervenção<br />

contemporânea do espaço público. Os visitantes certamente<br />

podem contar que, ao adentrar no interior do Boulevard<br />

Theatre, serão surpreendidos por uma experiência única. As<br />

possibilidades de espaço cênico criadas pela equipe de projeto<br />

são, sem dúvida, uma inspiração tanto para o público quanto<br />

para os próprios encenadores, que terão um farto arcabouço<br />

técnico e espacial para exercer sua criatividade.<br />

BOULEVARD THEATRE<br />

Londres, Inglaterra<br />

Projeto de iluminação:<br />

18 Degrees<br />

Projeto de arquitetura e interiores:<br />

SODA<br />

Consultor cênico:<br />

Charcoalblue<br />

Cliente:<br />

Soho Estates<br />

Fornecedores:<br />

Arlight by Fagerhult, EncapSulit, GDS,<br />

iGuzzini, KKDC, LEDflex, LightLAB,<br />

Lucent Lighting, Lucifer Lighting, Lumino,<br />

Lutron, Mike Stoane e Rose & Grey<br />

A sala pode assumir diversas configurações na combinação de luz<br />

cênica, de plateia e de ambiência, por meio do posicionamento<br />

radial de varas, dos perfis verticais de LED RGBW, além do<br />

controle centralizado na cabine técnica. Na foto ao lado, notamos<br />

que na fachada podem ser percebidas as janelas iluminadas pelo<br />

efeito de luz criado para a ambiência interna.<br />

52 53


À LUZ<br />

DA REFERÊNCIA<br />

Texto: Orlando Marques (colaborou Diogo de Oliveira)<br />

Fotos: FG+SG<br />

Na Região Metropolitana de Belo Horizonte fica a represa<br />

de Itaúna. Ali, cercada pela vegetação do Cerrado, situa-se a<br />

residência de campo projetada pelo escritório carioca Jacobsen<br />

Arquitetura, uma releitura da arquitetura moderna integrada ao<br />

registro das fazendas coloniais brasileiras.<br />

A volumetria do edifício é composta de dois prismas<br />

regulares que se cruzam perpendicularmente, dividindo o<br />

programa em dois blocos térreos: o das áreas sociais e de<br />

serviço e o das áreas íntimas. O terreno configura um declive<br />

em direção à represa, e o edifício acompanha esse mesmo<br />

movimento, integrado à vegetação preexistente ao projeto.<br />

54 55


Acima à esquerda, vista aérea da residência. Os balizadores<br />

verticais na entrada são perfis de LED 450 lm/m e 2.700 K<br />

mimetizados entre as réguas de madeira da parede. Já as pedras<br />

e o jardim são destacados por luminárias de LED de pequenas<br />

dimensões de 195 lm, 2.700 K e 30° embutidas no forro ripado.<br />

Madeira, pedra, vidro, luz e natureza atribuem materialidade<br />

ao conforto, ao convívio familiar e à claridade, conforme explica<br />

a autora do projeto de iluminação Junia Azenha, do escritório<br />

paulistano Foco Luz & Desenho.<br />

O interesse dos moradores por minérios determinou o ponto<br />

focal da entrada da casa: uma galeria de distribuição para os dois<br />

blocos do edifício, espaço definido pela interseção dos prismas.<br />

Iluminação de destaque nas rochas e nas orquídeas e balizadores<br />

mimetizados entre as réguas de madeira das paredes ajudam a<br />

separar a arquitetura da cenografia, equilibrando-as. Durante<br />

o dia, o forro ripado intercalado com o vidro permite que o sol<br />

ilumine esse espaço. À noite, acendem-se os balizadores, riscos<br />

de luz com comprimentos definidos, e os pontos focais.<br />

Os ambientes da sala de estar e de jantar são definidos pela<br />

transparência e pela integração dos elementos da arquitetura<br />

à natureza. Nesse bloco, o pé-direito é mais alto que no bloco<br />

das áreas íntimas, evidenciando as características do terreno.<br />

Luminárias de pequenas dimensões embutidas justas na largura<br />

das réguas do forro, bem como as luminárias pendentes e os<br />

detalhes para iluminação indireta destacam a distribuição dos<br />

espaços, organizados de modo linear, de acordo com seus<br />

usos e suas ambientações. No limite desse bloco, na varanda,<br />

bancos funcionam como guarda-corpo, e sua iluminação reforça<br />

esse limite.<br />

Na sala de jantar, as paredes de madeira são iluminadas<br />

por luminárias lineares de pequenas dimensões de<br />

LED 195 lm, 2.700 K, 50° embutidas no forro. Pendentes<br />

decorativos sobre a mesa de jantar ajudam a definir o<br />

desenho de layout. Na sala de estar, o mobiliário é destacado<br />

por luminárias de LED 175 lm, 2.700 K, 30°.<br />

56 57


Na sala íntima e nas suítes, bandejas lineares fixadas na parede<br />

de LED 3.348 lm e 2.700 K destacam o forro de madeira. Cortinas<br />

são iluminadas de maneira rasante por perfis de LED 1.260 lm/m<br />

e 2.500 K escondidos no cortineiro. Os corredores são iluminados<br />

por balizadores embutidos na parede, marcando as portas dos<br />

quartos, e por luminárias de LED 175 lm, 2.700 K e 30°.<br />

Nos banheiros, as bancadas têm perfis de LED 450 lm/m e<br />

2.500 K com difusor integrados no espelho, e a iluminação geral<br />

é feita por meio de luminárias de LED 980 lm, 2.700 K e 60°<br />

embutidas no forro. A cavidade da claraboia da suíte master é<br />

iluminada por meio de montagem, na sua base, com perfil de LED<br />

1.260 lm/m, 2.500 K e 45°. Na página ao lado, sob os bancos<br />

da varanda, o piso é iluminado por perfis de LED com facho<br />

assimétrico à prova de tempo 450 lm/m e 2.500 K.<br />

No bloco das áreas íntimas, a modularidade dos espaços é<br />

enfatizada pelo projeto de iluminação. No corredor, pontos de<br />

luz embutidos nas paredes balizam os acessos. Na sala íntima e<br />

nos quartos, bandejas para iluminação indireta destacam o forro<br />

de madeira, e as cortinas são lavadas com luz, resultando em<br />

acolhimento. Por fim, luminárias embutidas no forro destacam o<br />

mobiliário por meio de fachos de luz precisos.<br />

Nos banheiros, as bancadas foram realçadas por detalhe<br />

de iluminação integrado no espelho e luminárias embutidas no<br />

forro, ambos locados junto às cubas para destacar o reflexo.<br />

Os nichos dos chuveiros foram iluminados para dar contorno à<br />

cavidade. Ainda assim, a luz natural também é a protagonista<br />

nessas áreas, através de claraboias cujo desenho segue o<br />

princípio do forro da entrada da casa.<br />

O paisagismo das áreas externas também foi abordado de<br />

forma minimalista. Os caminhos foram marcados por plantios<br />

destacados. Aqui o objetivo foi valorizar as vistas, tanto de fora<br />

para dentro quanto de dentro para fora.<br />

Assim, essa casa de campo atualiza ao mesmo tempo a<br />

racionalidade, os materiais e as estruturas aparentes da arquitetura<br />

moderna e a simplicidade dos espaços coloniais brasileiros.<br />

RESIDÊNCIA RN<br />

Itaúna, Brasil<br />

Projeto de iluminação:<br />

Foco Luz e Desenho<br />

Ana Karina Camasmie<br />

e Junia Azena (arquitetas titulares)<br />

Adriana Leite e Giovanni Grigio<br />

(arquitetos colaboradores)<br />

Projeto de arquitetura e interiores:<br />

Jacobsen Arquitetura<br />

Projeto de paisagismo:<br />

Rodrigo Oliveira Paisagismo<br />

Fornecedores:<br />

Lightworks, Lumini, Osvaldo Matos<br />

58 59


CRIATIVIDADE SUSTENTÁVEL<br />

Texto: Débora Torii (colaboraram Fernanda Carvalho e Paula Carnelós) | Fotos: Leonardo Finotti<br />

As áreas da recepção e lounge são iluminadas por projetores, fixados em estrutura<br />

metálica. As lâmpadas utilizadas foram PAR30 LED 25˚ e AR111 LED 15˚.<br />

Para alcançar a distribuição e a difusão da luz desejadas foram usados filtros<br />

“Hampshire Frost”; “Full C. T. Orange”; “Quarter White Diffusion”; e “Brushed Silk”.<br />

Ao fundo, a vitrine existente foi reformada para receber um fundo claro, que rebate<br />

a luz emitida por fitas de LED 2.700 K posicionadas em cantoneiras curvas sob a face<br />

frontal de cada prateleira.<br />

Mais do que cosméticos, a multinacional brasileira Natura<br />

se dedica a causas e compromissos em defesa do meio<br />

ambiente, tendo toda a sua estrutura baseada em práticas<br />

e valores sustentáveis. Foi natural, portanto, o desejo de<br />

revitalizar sua sede em Cajamar, São Paulo, após quase 20<br />

anos de sua inauguração. Com projeto original do arquiteto<br />

Roberto Loeb, o complexo de 12 edifícios ocupa uma área de<br />

cerca de 120.000 metros quadrados, que abrigam, desde 2001,<br />

a fábrica e os escritórios da Natura, além de restaurantes e<br />

outras áreas destinadas ao convívio social de funcionários e<br />

visitantes. A arquitetura marcante, de caráter industrial, dialoga<br />

intensamente com a paisagem do entorno, sendo a natureza<br />

bastante presente na maioria dos espaços construídos.<br />

A revitalização fez parte das comemorações dos 50 anos da<br />

Natura e, de acordo com Emerson Rapacci, gerente de patrimônio<br />

da empresa, buscou resgatar e reforçar o significado dos conceitos<br />

que embasaram o projeto original: a transparência, a integração<br />

com a natureza, a colaboração e a paixão por seus produtos.<br />

Realizado pela equipe do escritório paulistano LoebCapote<br />

Arquitetura e Urbanismo, o projeto de reforma do parque<br />

industrial teve como premissa a readequação das áreas sociais<br />

e circulações às novas demandas e aos novos usos que surgiram<br />

ao longo dos anos. A modernização de equipamentos, de<br />

procedimentos e de normativas nas áreas de laboratórios da<br />

fábrica demandou ainda a atualização tecnológica e espacial<br />

desses ambientes.<br />

Responsável pelo novo projeto de iluminação dessas áreas,<br />

o lighting designer Guinter Parschalk, titular do studioix, conta<br />

que foi um desafio desenvolver um projeto agradável, funcional<br />

e eficiente, tendo como limitação a necessidade de reaproveitar,<br />

na maioria dos espaços, os pontos de elétrica existentes, em<br />

decorrência da estrutura de concreto aparente.<br />

Paralelamente à reforma, um novo conceito para as lojas<br />

Natura foi desenvolvido pelo escritório Metro Arquitetos –<br />

confira nas páginas 66 – 71 desta edição da <strong>L+D</strong> – que inspirou<br />

a marca ao desejo de integrar, na recepção da sede em Cajamar,<br />

esse mesmo conceito. Assim como nas lojas, o projeto de<br />

Iluminação desse ambiente ficou a cargo da dupla Paula Carnelós<br />

e Fernanda Carvalho, que mantiveram a sinergia de projeto com<br />

os arquitetos, criando uma ambientação de contrastes e brilhos,<br />

com zonas de luz e de sombra e destaques para os produtos e<br />

para a logomarca da Natura.<br />

PARQUE INDUSTRIAL<br />

O conceito do projeto de iluminação da revitalização do<br />

Parque Industrial, idealizado pelo studioix, partiu da adoção<br />

de uma linguagem industrial e flexível que dialogasse com os<br />

materiais e as formas geometrizadas da arquitetura, ao mesmo<br />

tempo que proporcionasse maior eficiência energética com<br />

relação à iluminação existente. Havia também a intenção de<br />

proporcionar uma ambiência noturna equivalente à diurna,<br />

levando em conta a forte presença da iluminação natural<br />

nos espaços durante o dia. Guinter conta que foi necessário<br />

buscar soluções diferentes e criativas para obter o resultado<br />

mais “harmônico e uniforme possível, tentando estabelecer<br />

uma identidade, e não simplesmente fazer uma colagem<br />

de soluções”.<br />

60 61


RECEPÇÃO E LOUNGE<br />

O cliente desejava uma nova ambientação para a recepção,<br />

que estivesse totalmente integrada à nova linguagem e<br />

conceito das lojas. Para isso, os arquitetos do Metro criaram<br />

um lounge com mobiliários de design brasileiro, trazendo<br />

texturas e cores para o ambiente, em harmonia com a<br />

textura do concreto aparente. Fernanda Carvalho e Paula<br />

Carnelós trabalharam em conjunto com os arquitetos no<br />

desenvolvimento de um sistema que permitisse iluminação de<br />

destaque precisa, com um projeto detalhado para cada efeito<br />

de luz desejado. Uma estrutura foi desenhada sob medida,<br />

composta de dois elementos metálicos: um perfil em “U”, para<br />

encaminhamento da elétrica, e um tubo de 2 polegadas de<br />

diâmetro para a fixação dos projetores, permitindo liberdade<br />

nos seus posicionamentos.<br />

Por ocasião da visita de sócios estrangeiros da Natura, a<br />

alteração deveria acontecer em prazo muito curto, levando as<br />

lighting designers à especificação de equipamentos alugados,<br />

que foram substituídos por outros permanentes posteriormente.<br />

A orientação e a focalização dos projetores seguiram<br />

diretrizes minuciosas das lighting designers para a implantação<br />

do conceito.<br />

No espaço circular da recepção, a vitrine implementada no<br />

projeto de revitalização foi remodelada pelo Metro em conjunto<br />

com as lighting designers. O mobiliário recebeu fundo claro para<br />

refletir a iluminação frontal embutida sob as prateleiras, que<br />

destaca a transparência colorida dos frascos, rearranjados como<br />

nas lojas. Projetores posicionados na estrutura circular de teto<br />

acrescentaram uma nova camada de luz frontal, tanto para os<br />

frascos, quanto para expositores circulares de concreto.<br />

No centro do espaço é apresentada uma escultura da<br />

artista plástica Denise Milan, mantendo a iluminação criada por<br />

Guinter Parschalk em conjunto com a artista. A obra é composta<br />

de cristais de diferentes tamanhos e tonalidades, alguns<br />

translúcidos e outros opacos, sob os quais foram instalados<br />

pequenos projetores. Suas luzes pulsam de maneira irregular, o<br />

que faz parecer que os cristais emitam luz própria.<br />

A sala de reuniões foi iluminada de maneira difusa por meio de um sistema com lona tensionada circular, com diâmetro de 5 metros,<br />

que permite controlar a intensidade e a temperatura de cor da luz (de 2.700 K a 6.500 K), garantindo a flexibilidade necessária<br />

para os diversos usos desse espaço. O forro se destaca das paredes por meio de uma sanca com iluminação indireta, que ressalta<br />

o acabamento de concreto aparente em todo o perímetro da sala. Na página ao lado, na área do café, foi proposto um sistema de<br />

projetores em trilhos eletrificados suspensos, visando atender também à função expositiva desse espaço.<br />

Em uma das áreas de Café do bloco de escritórios foram<br />

utilizados trilhos eletrificados suspensos sob a laje, por meio<br />

de tirantes, formando um grid ortogonal que promove maior<br />

flexibilidade ao espaço – tendo em vista seu uso também como<br />

espaço expositivo – e buscando aproximar o usuário da escala<br />

do ambiente, com quase 5 metros de pé-direito.<br />

A nova área de lounge ocupa um ambiente antes subutilizado,<br />

no pavimento abaixo da recepção. Ali o desafio foi prover<br />

iluminação uniforme e funcional – visto que há mesas destinadas<br />

a leitura e reuniões informais –, levando em conta as diferentes<br />

alturas e a forma irregular do espaço. Os lighting designers<br />

propuseram luminárias circulares de diferentes diâmetros com luz<br />

difusa e distintos fluxos luminosos, de modo a obter iluminância<br />

uniforme e assegurar que a escala das luminárias também<br />

se mantivesse, apesar das diferentes alturas de instalação.<br />

A iluminação dos planos de trabalho foi complementada por<br />

pendentes e arandelas ajustáveis, com fachos definidos.<br />

Para as áreas de laboratórios, a prioridade foi a atualização<br />

tecnológica dos equipamentos de iluminação, respeitando<br />

recomendações de iluminâncias e de temperaturas de cor.<br />

Guinter comenta que buscaram também proporcionar um<br />

toque especial quando possível – por meio de detalhes como<br />

a iluminação linear direta e indireta aplicada à frente da caixa<br />

dos elevadores ou o destaque dos pilares aparentes no térreo<br />

–, como forma de “quebrar o clima hospitalar e cartesiano” que<br />

predomina nesse tipo de ambiente.<br />

62 63


A escultura da artista plástica Denise Milan ganhou vida<br />

por meio de uma série de projetores instalados sob os cristais,<br />

cujas luzes pulsam continuamente.<br />

REVITALIZAÇÃO DO PARQUE<br />

INDUSTRIAL NATURA CAJAMAR<br />

Cajamar, São Paulo, Brasil<br />

Projeto de iluminação:<br />

Studioix<br />

Guinter Parschalk e Marlen Diaz Artigas (arquitetos titulares)<br />

Thais Longhini Barbeiro (arquiteta coordenadora)<br />

Amanda Fellisbino, Vanderlei Batista Brasil e<br />

Viviane Cristina Oda (arquitetos colaboradores)<br />

Projeto de arquitetura original:<br />

Roberto Loeb (arquiteto)<br />

Projeto de revitalização:<br />

LoebCapote Arquitetura e Urbanismo<br />

Luis Capote e Roberto Loeb (arquitetos titulares)<br />

Chantal Longo e Damiano Leite (arquitetos colaboradores)<br />

Projeto de paisagismo:<br />

EKF Arquitetura de Exteriores<br />

Maurício Soares Alito (arquiteto titular)<br />

Paula Herglotz (arquiteta colaboradora)<br />

Escultura de pedras:<br />

Denise Milan<br />

Vitrine de frascos:<br />

Renato Dib<br />

INTERIORES DA RECEPÇÃO – NATURA CAJAMAR<br />

Projeto de iluminação em parceria:<br />

Fernanda Carvalho Lighting Design e Acenda Iluminação<br />

Fernanda Carvalho e Paula Carnelós (arquitetas titulares)<br />

Luana Alves (arquiteta colaboradora)<br />

Projeto de arquitetura:<br />

Metro Arquitetos Associados<br />

Martin Corullon e Gustavo Cedroni (arquitetos titulares)<br />

Equipamentos temporários e instalação:<br />

Santa Luz<br />

Cliente:<br />

Natura<br />

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ESCALA 1 : 1<br />

Texto: Débora Torii<br />

Fotos: Ilana Bessler<br />

Colaborativo, minucioso, artesanal. O processo de criação<br />

do novo conceito para as lojas da Natura foi tão rico que pode ser<br />

descrito por meio de inúmeros adjetivos. Também por ocasião<br />

do seu aniversário de 50 anos, a marca brasileira de cosméticos<br />

decidiu investir em uma nova imagem para seus pontos de<br />

venda físicos, que estivesse em sintonia com sua história e<br />

seu posicionamento no mercado. O projeto foi elaborado pelo<br />

escritório paulistano Metro Arquitetos e partiu de um estudo<br />

detalhado sobre estratégias para ambientes de varejo e também<br />

de uma verdadeira imersão no universo dos produtos da marca.<br />

Além de materializar os valores e as intenções da<br />

Natura, um dos principais objetivos dos arquitetos era a criação<br />

de um espaço que proporcionasse aos clientes uma experiência<br />

sensorial organizada e prazerosa. Dessa forma, definiram-se<br />

premissas para o desenvolvimento do conceito do projeto, como<br />

o estabelecimento de hierarquias visuais que promovessem<br />

uma organização espacial, a versatilidade de uso do espaço e o<br />

incentivo à interação com os produtos.<br />

Projetado de maneira modular para permitir maior flexibilidade<br />

de uso, o mobiliário junto às paredes conta com diversas<br />

camadas de iluminação integradas às prateleiras, para destaque<br />

dos produtos, por meio de perfis de LED de 4,8W/m e 9,6W/m<br />

e 3.000 K, dotados de difusor translúcido. Para possibilitar essa<br />

versatilidade, a alimentação elétrica desses detalhes precisou ser<br />

realizada separadamente para cada um dos módulos.<br />

66 67


HIERARQUIAS<br />

O conceito de arquitetura definiu a setorização da loja em<br />

três zonas-chave: a vitrine, as ilhas de experimentação e o<br />

mobiliário expositivo no perímetro da loja.<br />

Marcadas pela transparência, as vitrines deixam à vista o<br />

interior da loja, como um convite à entrada. Dessa forma, as<br />

lighting designers optaram por iluminar, com menor intensidade,<br />

os poucos elementos ali expostos sobre pedestais minimalistas<br />

de concreto, contribuindo para o direcionamento do olhar para o<br />

interior da loja, onde a luz é mais intensa.<br />

Com a intenção de criar brilhos e contrastes no espaço, a<br />

iluminação da loja foi projetada para que o topo das paredes, o<br />

teto e o piso fossem iluminados com menor intensidade.<br />

O realce frontal dos produtos nas prateleiras é obtido com o<br />

uso de luminárias orientáveis com LED 7W, 15˚ e 3.000 K,<br />

proporcionando destaque mais intenso à “zona quente”. Já os<br />

produtos nas vitrines são destacados por luminárias com LED<br />

15W e 3.000 K, com fachos de 15˚ e 30˚. Integrada ao forro dos<br />

expositores, essa iluminação confere brilho aos produtos sem<br />

interferir no caráter transparente das vitrines.<br />

As galerias de produtos instaladas nos planos verticais<br />

foram desenhadas pelo Metro seguindo uma hierarquia própria.<br />

Os estoques foram localizados nas partes inferior (oculto por<br />

portas) e superior (aparente, seguindo o conceito grab and<br />

go), delimitando a chamada “zona quente”, que ocupa a faixa<br />

central dos expositores. Localizada na altura de maior contato<br />

visual, essa zona se destina à exibição de produtos para teste e<br />

à apresentação das narrativas por trás de cada um deles, e foi<br />

destacada por meio de iluminação frontal com maior intensidade.<br />

Todas as prateleiras contam também com iluminação integrada,<br />

em temperatura de cor 3.000 K, para conferir destaque adicional<br />

aos produtos por meio de uma camada mais uniforme.<br />

Já as ilhas de experimentação foram destacadas de maneira<br />

não uniforme, proporcionando brilho e contraste entre os<br />

elementos expostos. Os pendentes lineares instalados sobre<br />

elas, assinados pela designer brasileira Ana Neute, proporcionam<br />

uma sensação de aconchego, acentuada pela escolha de uma<br />

temperatura de cor da luz mais quente, 2.700 K, com o objetivo<br />

de envolver os clientes em uma atmosfera mais intimista.<br />

Como forma de traduzir o conceito de “brasilidade” da<br />

marca, os materiais escolhidos têm profundas ligações com<br />

as tradições brasileiras, embora sempre procurando fugir de<br />

padrões e estereótipos. Referências à natureza, ao artesanato<br />

típico e a arquitetura e design modernos e contemporâneos se<br />

mesclam de forma equilibrada.<br />

Sobre a iluminação, o cliente tinha uma visão clara do que<br />

não queria que se repetisse nos novos espaços, baseado nas lojas<br />

existentes: a iluminação uniforme e sem contrastes e o excesso<br />

de luminárias no forro. Ciente de que a luz era um elementochave<br />

para que seu conceito se realizasse, a equipe do Metro<br />

confiou a missão à lighting designer Fernanda Carvalho, titular<br />

do Fernanda Carvalho Lighting Design, que, por sua vez, contou<br />

com a parceria da lighting designer Paula Carnelós, do escritório<br />

Acenda Iluminação. O conceito de iluminação desenvolvido visa<br />

proporcionar distintas sensações, por meio da criação de zonas<br />

com diferentes intensidades luminosas, brilhos, contrastes e<br />

temperaturas de cor que incidem sobre os acabamentos e os<br />

produtos. “A luz é uma interface entre a pessoa e o mundo<br />

visível. Ela propicia toda essa experiência espacial, estimulando<br />

outros sentidos além da visão, como o tato na percepção de<br />

texturas, por exemplo, explica Fernanda.<br />

68 69


MOCK-UP<br />

O projeto de iluminação fez parte dos testes e da<br />

experimentação desde o primeiro protótipo de mobiliário<br />

construído, o que foi importante para que as lighting<br />

designers pudessem, desde o início do processo, entender o<br />

comportamento e o impacto das sombras no desenho desses<br />

elementos. O próximo passo foi a construção do mock-up de<br />

uma loja modelo, montado no interior de um contêiner dentro da<br />

sede da Natura, em Cajamar, Região Metropolitana de São Paulo.<br />

Ali as lighting designers puderam observar o comportamento<br />

dos elementos e dos materiais sob todas as camadas de luz, para<br />

então fazer as confirmações e os ajustes finos necessários para<br />

corresponder ao conceito desenvolvido.<br />

As ilhas foram iluminadas de maneira não uniforme por<br />

luminárias orientáveis com LED 7W, 3.000 K e 15°. Sobre elas<br />

também foram instaladas luminárias pendentes assinadas pela<br />

designer Ana Neute, equipadas com LED 4,8W, 2.700 K e 12°,<br />

conferindo um toque intimista ao ambiente.<br />

Os espelhos e os displays circulares com luz integrada foram<br />

desenvolvidos em conjunto com a equipe de arquitetura, para que<br />

estivessem em consonância com o conceito de iluminação da loja.<br />

LOJA NATURA<br />

Cajamar, São Paulo, Brasil<br />

Projeto de iluminação em parceria:<br />

Fernanda Carvalho Lighting Design<br />

e Acenda Iluminação<br />

Fernanda Carvalho e Paula Carnelós<br />

(arquitetas titulares)<br />

Juliana Elias (arquiteta colaboradora)<br />

Projeto de arquitetura e interiores:<br />

Metro Arquitetos<br />

Martin Corullon e Gustavo Cedroni<br />

(arquitetos titulares)<br />

Marina Ioshii, Renata Mori<br />

e Paula Dal Maso<br />

(arquitetas colaboradoras)<br />

Cliente:<br />

Natura<br />

Fornecedores:<br />

Ana Neute (Itens), LED C4<br />

(e:Light), Lemca e Lumicenter<br />

A escolha de equipamentos de iluminação que oferecessem<br />

diferentes fluxos luminosos e acessórios ópticos foi essencial para<br />

o processo. A iluminação frontal de destaque dos produtos no<br />

perímetro, por exemplo, foi inicialmente realizada por luminárias<br />

com facho assimétrico. Embora os níveis de conforto visual e<br />

de iluminância vertical resultantes fossem satisfatórios, o cliente<br />

estava descontente com um aparente “excesso de luz”, o que<br />

foi interpretado pelas lighting designers como um desejo de dar<br />

destaque mais seletivo aos produtos. Assim, a experimentação<br />

com diferentes lentes as levou a optar por equipamentos com<br />

menor intensidade luminosa e com óptica simétrica definida<br />

e concentrada. Dessa forma, alcançaram o contraste ideal,<br />

proporcionando maior destaque à “zona quente”, mas sem que<br />

as áreas de estoque ficassem escuras.<br />

O intenso processo colaborativo e experimental, em<br />

escala 1 : 1, foi fundamental para alcançar o equilíbrio entre<br />

o destaque dos produtos, a informação e a experiência dos<br />

clientes, em um ambiente alinhado com a imagem da marca.<br />

A primeira loja sob o novo conceito foi inaugurada em Salvador,<br />

e os projetos para outras dez novas unidades estão concluídos e<br />

aguardando a implantação.<br />

70 71


UNIVERSO<br />

FEMININO<br />

Texto: Orlando Marques<br />

Fotos: Beto Riginik<br />

A nova loja da empresária Carol Bassi, no Shopping Cidade<br />

Jardim em São Paulo, projetada pelo arquiteto Marcelo Passarelli,<br />

teve a iluminação assinada pela lighting designer Renata Fongaro,<br />

titular do Studio 220V, em parceria com a lighting designer<br />

Natalia Morassi. O shopping é caracterizado pelos espaços<br />

abertos ao exterior, pela presença de luz natural e pela vegetação,<br />

elementos explorados no projeto de arquitetura e de iluminação.<br />

O conceito se inspirou em alguns aspectos do universo<br />

boudoir, utilizando cores em tons suaves, formas circulares e<br />

contratastes entre acabamentos, “para que as clientes se sintam<br />

em casa”, explica Renata. Outro aspecto é a relação conceitual<br />

entre os ambientes externos do shopping e a entrada da loja,<br />

caracterizado por uma jardineira central rodeada por arcos de<br />

laca off-white fosca e piso de mosaico de mármore, como em<br />

um pátio italiano.<br />

O projeto de iluminação teve como desafio criar uma<br />

transição suave entre as áreas externa e interna da loja. O pátio<br />

foi iluminado com sobreposição de camadas de luz difusa e<br />

de destaque.<br />

72 73


A camada de luz difusa foi realizada de duas maneiras:<br />

indireta, por meio de sancas de parede, evidenciando a diferença<br />

de altura de pé-direito, e pela retroiluminação uniforme da<br />

superfície circunscrita nos arcos, nos quais são dispostos<br />

manequins. O conceito dessa solução está relacionado à<br />

atmosfera de luz natural e ao contorno que os manequins<br />

adquirem. A camada de luz de destaque reforça essas qualidades,<br />

enfatizando o brilho das jardineiras e a iluminação frontal<br />

dos manequins e dos produtos neles expostos, diminuindo<br />

contrastes de luz entre o fundo e a frente.<br />

A transição entre os espaços externo e interno da loja<br />

foi marcada por outros arcos, mais baixos que os da entrada,<br />

iluminados apenas por balizadores instalados em uma das<br />

paredes laterais.<br />

Dentro da loja, estão dispostas araras com roupas da marca,<br />

além dos corners de marcas parceiras e do Café Arábia. Atrás das<br />

araras e no café, foram incluídas cortinas de organza iluminadas<br />

de maneira rasante, para inspirar a atmosfera intimista de<br />

uma residência. Os produtos das araras são destacados por<br />

luminárias orientáveis embutidas no forro, seguindo o partido<br />

da entrada da loja. Os corners são revestidos por retângulos<br />

de espelho bizotados e iluminados por linhas difusas no forro,<br />

a fim de alcançar níveis lumínicos adequados, evitar reflexos<br />

indesejados e criar condições para a transmissão de imagens –<br />

vídeo ou fotos – sem sombras.<br />

No pátio externo da loja, os arcossão retroiluminados por perfis<br />

de LED 1200 lm/m e 3.000 K e os manequins são destacados<br />

por luminárias orientáveis de LED 1800 lm e 3.000 K embutidas<br />

no forro. Nos arcos de entrada, os balizadores são de LED<br />

150 lm e 3.000 K. Na loja, as luminárias lineares são de<br />

LED 1500 lm/m e 3.000 K; a iluminação rasante das cortinas é<br />

obtida com o uso de perfil linear de LED 1200 lm/m e 3.000 K;<br />

e as roupas nas araras são destacadas por meio de luminárias<br />

orientáveis de LED 1000 lm e 3.000 K embutidas no forro.<br />

74 75


Os provadores individuais são iluminados por meio de luminárias<br />

de LED 600 lm/m e 3.000 K integradas nos espelhos.<br />

O ambiente do provador é retroiluminado por uma lona<br />

tensionada circular, com destaque para as paredes de suede com<br />

montagem de fitas flexíveis de LED 1.200 lm/m e 3.000 K.<br />

O rasgo junto ao espelho é iluminado por montagem de lâmpadas<br />

tubulares de LED distribuídas de modo a evitar sombras.<br />

Definido pelo conceito de intimidade e de acolhimento,<br />

o amplo ambiente do provador, o coração da loja, é quase<br />

totalmente circular. Sua entrada foi projetada de forma a limitar<br />

a visão de quem está no lado de fora, garantindo a privacidade.<br />

As paredes são revestidas com suede em tonalidade rosa-velho<br />

e cortinas de organza. O projeto de iluminação procurou reforçar<br />

a geometria do espaço, criando uma claraboia circular de luz<br />

difusa centralizada no ambiente e o destacando as paredes<br />

curvas por meio da montagem de fita de LED flexível na sanca<br />

perimetral. Cada provador recebeu iluminação integrada no<br />

espelho, garantindo iluminação frontal, sem sombras. As cortinas<br />

de organza filtram a luz natural durante o dia e são lavadas<br />

frontalmente por detalhe de iluminação integrado ao cortineiro.<br />

O espelho, localizado perpendicularmente à janela, foi<br />

iluminado indiretamente por um rasgo linear no forro.<br />

Nas salas privativas, para atendimento do showroom, luminárias<br />

circulares embutidas no forro no centro de cada ambiente<br />

seguem o mesmo conceito de iluminação do provador.<br />

O projeto de iluminação foi marcado por desafios. Grande<br />

parte da área de mil metros quadrados da loja se localiza<br />

no antigo estacionamento do shopping. Interferências de<br />

elementos estruturais e a limitação de entreforros dificultaram<br />

a implementação do projeto de iluminação. Contudo<br />

acompanhamentos constantes durante a construção garantiram<br />

que o conceito não fosse alterado. Outro desafio foi viabilizar o<br />

fornecimento das luminárias com verba abaixo da estimativa<br />

prevista no projeto. “A alternativa foi estabelecer uma parceria<br />

com apenas um fornecedor de luminárias,x o que possibilitou<br />

adequar a especificação sem comprometer o conceito do<br />

projeto”, explica Natalia.<br />

LOJA CAROL BASSI<br />

São Paulo, Brasil<br />

Projeto de iluminação:<br />

Studio 220V<br />

Renata Fongaro (arquiteta titular)<br />

Natalia Morassi (arquiteta parceira)<br />

Projeto de arquitetura e interiores:<br />

Passarelli Arquitetos<br />

Marcelo Passarelli (arquiteto titular)<br />

Construtora:<br />

Lar Construtora<br />

Fornecedores:<br />

Cativa Iluminação, Luxion e Tensoflex<br />

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DO HISTÓRICO AO MODERNO<br />

Texto: Débora Torii | Fotos: Brent Winstone<br />

O recém-reformado edifício comercial no número 347 da<br />

rua Kent, em Sydney, Austrália, ao mesmo tempo se funde<br />

e se destaca da paisagem industrial do bairro, marcada tanto<br />

por construções históricas quanto modernas – como o Arc by<br />

Crown e seus emblemáticos arcos de tijolos aparentes. A nova<br />

fachada de vidro proposta pelos arquitetos do escritório Woods<br />

Bagot modificou completamente a aparência do edifício de<br />

escritórios do tipo coworking, que ganhou um toque de leveza<br />

e sofisticação durante o dia. Ao anoitecer, no entanto, ele se<br />

transforma em uma lanterna, por meio do projeto de iluminação<br />

dos lighting designers do FPOV.<br />

As lâminas de vidro que compõem a fachada foram iluminadas<br />

individualmente por projetores lineares com facho concentrado<br />

e temperatura de cor 3.000 K. As luminárias foram integradas<br />

aos perfis metálicos em “U” que estruturam as bases dos vidros.<br />

<strong>78</strong> 79


O nível térreo é marcado por revestimentos simples<br />

e autênticos que buscam reforçar a conexão do edifício à<br />

linguagem industrial do bairro, além de imprimir aos ambientes<br />

uma atmosfera urbana. Seus espaços integrados e permeáveis<br />

oferecem estações de trabalho compartilhadas, ao lado de<br />

áreas multiuso e de um café, propondo a fusão dos limites<br />

entre trabalho e socialização. O projeto de iluminação desses<br />

espaços priorizou soluções integradas à arquitetura, tornando<br />

os acabamentos e a arquitetura os verdadeiros protagonistas.<br />

Dessa forma, o revestimento em ripas de madeira Blackbutt<br />

– uma espécie típica de eucalipto australiana –, em diferentes<br />

tonalidades, que recobre praticamente todas as superfícies<br />

verticais desse pavimento foi iluminado de maneira rasante, por<br />

meio de perfis lineares de LED integrados a sancas – em áreas<br />

dotadas de forro de gesso – ou instalados em perfis metálicos<br />

pintados de preto, fixados diretamente na madeira, à mesma<br />

altura do forro. Essa solução permite à iluminação acompanhar e<br />

destacar as curvas bastante presentes no projeto de arquitetura.<br />

Na área da recepção, o mesmo material da fachada reveste<br />

a parte superior do átrio, cuja iluminação uplight rasante é<br />

complementada por iluminação linear difusa, embutida no forro<br />

do pavimento superior, que acompanha as curvaturas do vidro.<br />

A maioria das superfícies verticais do pavimento térreo<br />

é revestida de madeira e conta com iluminação rasante.<br />

Para esses detalhes foi escolhida a temperatura de cor<br />

2.700 K, a fim de ressaltar o contraste entre o vidro “frio”<br />

e a madeira “quente”.<br />

As lâminas verticais de vidro que compõem a fachada<br />

foram iluminadas individualmente, de baixo para cima, por<br />

meio de projetores lineares integrados aos próprios montantes<br />

que as estruturam. Alguns desses vidros são transparentes,<br />

enquanto outros são texturizados, amplificando a reflexão<br />

da luz e conferindo ritmo à fachada. Tirando partido da sua<br />

permeabilidade visual, essa solução se estende para o interior<br />

do edifício, como se convidasse o mundo exterior a entrar.<br />

Dessa forma, a recepção, com pé-direito duplo, é iluminada pela<br />

luz que reflete das lâminas de vidro, recobrindo toda a superfície<br />

vertical curva da parte superior.<br />

Foram realizados inúmeros testes com as lâminas de vidro,<br />

para determinar a melhor combinação entre suas distintas<br />

texturas e o posicionamento das luminárias, além do facho e<br />

da temperatura de cor da luz, como conta a lighting designer<br />

brasileira Ana Spina, diretora de grandes projetos do FPOV.<br />

Dessa forma, chegaram à especificação final das luminárias<br />

com facho concentrado e temperatura de cor em 3.000 K,<br />

promovendo a maior integração do edifício à paisagem do<br />

entorno.<br />

80 81


Os postos de trabalho desse pavimento receberam o reforço<br />

da iluminação direta de luminárias com dimensões mínimas<br />

embutidas em que há forro e de projetores orientáveis instalados<br />

em trilhos eletrificados em áreas onde estrutura e instalações<br />

são aparentes – contudo a pintura preta os faz praticamente<br />

desaparecer. Já as mesas do café contam com a iluminação<br />

difusa de arandelas.<br />

“Para o sucesso desse projeto, foi essencial que a iluminação<br />

promovesse a coesão entre os diversos espaços existentes,<br />

ao mesmo tempo que se moldasse para responder à tarefa<br />

específica a ser desempenhada em cada um deles”, explica<br />

Simon Lefort, lighting designer responsável pelo projeto.<br />

Nos ambientes que contam com forro – de gesso ou de madeira –,<br />

foram embutidas luminárias com dimensões mínimas, para<br />

iluminação direta. Os espaços onde as instalações são aparentes<br />

foram iluminados por projetores em trilhos eletrificados,<br />

pintados na cor preta. As mesas do café ganharam o destaque<br />

de delicadas arandelas com luz difusa, enquanto o balcão para<br />

trabalhos em grupo conta com o reforço de luminárias especiais<br />

integradas ao mobiliário, remetendo às luminárias de bibliotecas.<br />

347 KENT STREET<br />

Sydney, Austrália<br />

Projeto de iluminação:<br />

FPOV<br />

Projeto de arquitetura e interiores:<br />

Woods Bagot<br />

Construtora:<br />

Buildcorp<br />

Cliente:<br />

Investa<br />

Fornecedores:<br />

Euroluce, iGuzzini, KKDC e Light Project<br />

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FOTO LUZ FOTO<br />

LEONARDO FINOTTI<br />

Acredito que esta imagem represente bem o meu trabalho.<br />

Sempre busco uma estabilidade por meio da perspectiva, da luz<br />

e do enquadramento.<br />

Uma das características do enquadramento desta imagem<br />

é levar o observador para dentro do quadrado central da foto,<br />

que coincide com a abertura ao exterior. Para a realização da<br />

imagem, utilizamos uma câmera Canon com lente d 24 mm.<br />

Quase não retocamos nossas imagens. Somos bastante<br />

conservadores em relação à pós-produção. Nesse caso,<br />

melhoramos somente um pouco o balanço das cores.<br />

Imagens durante o lusco-fusco geralmente são as que<br />

oferecem menos dificuldade, apesar de ser um momento do<br />

dia bastante curto.<br />

O ato de fotografar é uma oportunidade para apresentar<br />

uma reflexão visual de seu ambiente, que, por sua vez, sempre<br />

gera uma percepção crítica.<br />

Leonardo Finotti é artista visual e tem sua trajetória na<br />

fotografia estruturada por meio de dois pilares complementares:<br />

o da exploração rigorosa da arquitetura e o da investigação dos<br />

espaços urbanos, anônimos ou informais.<br />

Realizou diversas exposições, e seu trabalho faz parte de<br />

coleções de várias instituições públicas e privadas, como a<br />

Bauhaus Dessau Foundation (Alemanha), a Fundação EDP<br />

(Portugal), a AzW (Áustria), a MOT (Japão), a Cité de<br />

L’Architecture & du Patrimonie (França), 0 Museu de Arte do<br />

Rio – MAR (Brasil), o Museu de Arte Moderna de Nova York<br />

– MoMA (Estados Unidos). Finotti representou o Brasil em<br />

duas Bienais de Arquitetura de Veneza, na X Bienal de Arte do<br />

Mercosul, além de ter sido premiado na XV Bienal Internacional<br />

de Arquitetura de Buenos Aires.<br />

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