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PAVILHÃO DO PARQUE NACIONAL DE HOGE VELUWE (OTTERLO)
PONTE LOUNGE (ZHEJIANG) | EDIFÍCIO SANTOS AUGUSTA (SÃO PAULO) | RESTAURANTE OSSO (BELO HORIZONTE)
SEDE DO CTE (SÃO PAULO) | ESPAÇO BALTORO (PORTO ALEGRE) | FOTO LUZ FOTO: STIJN BOLLAERT
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mais sobre o case.
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São Paulo
R. Dr. Virgílio de Carvalho
Pinto, 544 – Pinheiros
São Paulo/SP
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Foto: Rubens Campo / Algeo Cairolli
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Iluminando
Grandes
Negócios
Inscrições abertas!
Confira os palestrantes já confirmados:
20 e 21 de agosto de 2020
Tivoli Mofarrej Conference Hotel
São Paulo | Brasil
Semana da Luz 2020
Daan Roosegaarde
Holanda
Liz West
Reino Unido
ledforum.com.br
@ledforum 4
#ledforum20
Mary-Anne Kyriakou
Austrália / Alemanha
Prof. Jan Blieske
Alemanha
SUMÁRIO
1º Trimestre 2020
edição 76
44 48
54
60 66 70 74
10
14
AGENDA 2020
¿QUÉ PASA?
44
48
54
60
66
70
74
PONTE LOUNGE NO VILAREJO SHIMEN
Encontro pulsante sobre o rio
EDIFÍCIO SANTOS AUGUSTA E PERSEU COFFEE SHOP
Luz de pedra
PAVILHÃO DO PARQUE NACIONAL DE HOGE VELUWE
Desenho biofílico e texturas de luz
RESTAURANTE OSSO
Osso colaborativo
SEDE DO CTE
Entranhas expostas
ESPAÇO BALTORO
Conforto visual com elegância
FOTO LUZ FOTO
Stijn Bollaert
6
Fran Parente
CAPA
Iluminação: Beersnielsen
Foto: Stijn Bollaert
Orlando Marques
Débora Torii
Thiago Gaya
NOVOS LOUCOS ANOS 20
PUBLISHER
Thiago Gaya
O ano começou de pernas para o ar! Uma década após as cinzas do vulcão
Eyjafjallajökull fecharem o espaço aéreo europeu durante a realização da
Light+Building 2010, a comunidade mundial da iluminação é surpreendida com
a inacreditável notícia da prorrogação da edição 2020 para setembro, a três
semanas de sua realização. Enquanto o primeiro fenômeno impediu muitos de
saírem de Frankfurt, dessa vez, o COVID-19 não nos permitiu chegar ao maior
acontecimento mundial da luz.
Movimentos de idas, vindas e encontros impactados por decisões da Mãe
Natureza, que demonstram o quão suscetíveis e frágeis somos.
A primeira L+D de 2020 já estava pronta para sua impressão quando se decidiu
por adiar a feira. Coincidentemente, sua capa traz um projeto cuja inspiração
são justamente fenômenos naturais e cuja abordagem considera os princípios
do desenho biofílico. Desenvolvido pelo escritório holandês Beersnielsen, esse
inovador projeto do Pavilhão do Parque Nacional De Hoge Veluwe foi registrado
sob o olhar do fotógrafo Stijn Bollaert, também destaque da seção Foto Luz Foto.
Trazemos ainda o premiado projeto de iluminação do One Lighting
Associates para a Ponte Lounge no Vilarejo Shimen, na China, vencedor de um
IALD Award of Excellence na 36ª edição da premiação.
E, como de costume, a edição prestigia o lighting design brasileiro,
apresentando quatro projetos nacionais: o restaurante de carnes na brasa OssO,
projeto de Gustavo Penna, iluminado pela lighting designer Sônia M. S. Mendes;
o bar e tabacaria Espaço Baltoro, com projeto de iluminação do Eduardo Becker
– Atelier de Iluminação; a iluminação do térreo do edifício corporativo Santos
Augusta, assinada pelo escritório Franco Associados, com arquitetura e interiores
de Isay Weinfeld; e a nova sede do Centro de Tecnologia de Edificações (CTE)
em São Paulo, cujo projeto foi desenvolvido pelo Castilha Iluminação.
Por fim, aproveitamos este espaço para apresentar nossa colaboradora
Débora Torii como editora da L+D e a designer gráfica Maria Fraga, agora
responsável pela diagramação da revista. Ampliamos também nosso time de
colaborares com a participação de Fabiana Rodriguez e Diogo de Oliveira, que
também estreiam nesta edição. Nossas boas-vindas a todos!
EDITOR-CHEFE
Orlando Marques
EDITORA
Débora Torii
DIAGRAMAÇÃO
Maria Fraga
PROJETO GRÁFICO
Thais Moro
REPORTAGENS DESTA EDIÇÃO
Débora Torii , Diogo de Oliveira, Eduardo Becker,
Fabiana Rodriguez, Gilberto Franco, Orlando Marques.
REVISÃO
Débora Tamayose
CIRCULAÇÃO E MARKETING
Márcio Silva
PUBLICIDADE
Lucimara Ricardi | diretora
PARA ANUNCIAR
comercial@editoralumiere.com.br
T 11 3062.2622
PARA ASSINAR
assinaturas@editoralumiere.com.br
T 11 3062.2622
ADMINISTRAÇÃO
administracao@editoralumiere.com.br
T 11 3062.2622
Sérgio Ordobás
Eduardo Becker, do escritório
parceiro Eduardo Becker
– Atelier de Iluminação,
é nosso coeditor convidado
do ¿Qué Pasa? duplo
desta edição.
PUBLICADA POR
Editora Lumière Ltda.
Rua João Moura, 661 – cj. 77, 05412-001
São Paulo SP, T 11 3062.2622
www.editoralumiere.com.br
8
AGENDA 2020
Um ano começou e, com ele, novas oportunidades de prestigiar
os principais eventos nacionais e internacionais de iluminação.
Confira mais informações a seguir e programe-se para não ficar
de fora!
LIGHTFAIR
LINX
PERFIL DE EMBUTIR COM MOLDURA
LINEALIGHT
PERFIL DE EMBUTIR ‘‘NOFRAME’’
ARTICULARE_R
PERFIL WALLWASHER DE EMBUTIR
ORIENTÁVEL
ORION
PERFIL SANCA ILUMINADA
Las Vegas, EUA
3 a 7 de maio
lightfair.com
GILE – GUANGZHOU
INTERNATIONAL LIGHTING
EXHIBITION
LEDforum: Leandro de Carvalho
CHLED_L
PERFIL DE EMBUTIR COM DIFUSOR
LEITOSO
CHLED_A
PERFIL DE EMBUTIR P/ ALTO FLUXO
CHLED_ASS
PERFIL DE FACHO ASSIMÉTRICO
SIGMA_SE
PERFIL SEMI-EMBUTIDO COM SAÍDA
DE LUZ FRONTAL E LATERAL
Guangzhou, China
9 a 12 de junho
guangzhou-international-lighting exhibition.
hk.messefrankfurt.com
LEDFORUM 20
São Paulo, Brasil
20 e 21 de agosto
ledforum.com.br
Semana da Luz: Rodrigo Peixoto
SEMANA DA LUZ 2020
MICRO2_SOB
PERFIL 37(L) X 52(A)mm DE
SOBREPOR
CHLED_SOBA
PERFIL 28(L) X 32(A)mm
DE SOBREPOR COM ACABAMENTO
SIGMA_SOB
PERFIL DE SOBREPOR COM
SAÍDA DE LUZ FRONTAL E LATERAL
DELTA_A
PERFIL PARA APLICAÇÃO A 45°
São Paulo, Brasil
17 a 21 de agosto
semanadaluz.com.br
MICRO2_PEN
PERFIL 37(L) X 52(A)mm
PENDENTE UP+DOWNLIGHT
SIGMA_PUD
PERFIL 20(L) X 34(A)mm
PENDENTE UP+DOWNLIGHT
TWIST
PERFIL Ø35mm ARTICULÁVEL
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10
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30
DE HISTÓRIAS
AGENDA 2020
DARC ROOM
Londres, Reino Unido
17 a 19 de setembro
darcroom.com
LIGHT+BUILDING 2020
IALD ENLIGHTEN
AMERICAS 2020
Palm Springs, Califórnia, EUA
22 a 24 de outubro
iald.org/Events/IALD-Enlighten/IALD-ENLIGHTEN-
AMERICAS-2020
Frankfurt am Main, Alemanha
Nova data: 27 de setembro a 2 de outubro
light-building.messefrankfurt.com
HKTDC – HONG KONG
INTERNATIONAL LIGHTING FAIR
(EDIÇÃO DE OUTONO)
Hong Kong, China
27 a 30 de outubro
event.hktdc.com/fair/hklightingfairae-en
IALD ENLIGHTEN
EUROPE 2020
Light+Building: Messe Frankfurt Exhibition GmbH / Pietro Sutera
LIGHT SYMPOSIUM WISMAR 2020
Oslo, Noruega
18 a 20 de novembro
iald.org/Events/IALD-Enlighten/IALD-ENLIGHTEN-
EUROPE-2020
Wismar, Alemanha
14 a 16 de outubro
lightsymposium.de/2020
IALD Enlighten Europe: A Bofill/IALD
Imagens Ilustrativas
12
Divulgação
Tomasz Majewski
Santi Caleca
Divulgação
¿QUÉ PASA?
[D]ARC AWARDS 2019
Os vencedores da edição 2019 do [d]arc awards foram
anunciados em uma descontraída festa de Natal, realizada no
dia 5 de dezembro em Londres, Reino Unido. A [d]arc night
contou com a presença de mais de 600 lighting designers,
arquitetos e designers de interiores, que puderam também
apreciar instalações de luz temáticas criadas por designers e
fabricantes – como Michael Grubb Studios, Seam e Firefly Point
of View – especialmente para a ocasião.
As mais de 400 inscrições, originadas de 45 países
diferentes, e os votos de mais de 12 mil lighting designers fizeram
desta uma das maiores edições da premiação. Destacamos os
projetos Biophilic Light (Países Baixos), por Beersnielsen Lighting
Designers, premiado da categoria “Art: Light Art Scheme –
Bespoke”; e o projeto Kaamos Aurinko (Suécia), por ALLES
oder Licht, vencedor da categoria “Art: Light Art Scheme – Low
Budget”, apresentados nesta edição (páginas 54-59 e 26).
Demais destaques incluem o projeto Chineh (Irã) , por
RGE Lighting Design, vencedor na categoria “Structures: Best
Exterior Lighting Scheme – High Budget”; The Musicon Path
(Dinamarca) , por Simon Panduro e Light Bureau (antiga
ÅF Lighting), premiado na categoria “Spaces: Best Landscape
Lighting Scheme – Low Budget”; a luminária Noctambule ,
criada por Konstantin Grcic para a Flos, vencedora na
categoria “Kit: Best Decorative”; e o projeto Aurora Experience
(Finlândia) , por WhiteNight Lighting Spaces, premiado na
categoria “Best Landscape Lighting Scheme – High Budget” e
consagrado o grande vencedor da noite, com o prêmio de Best
of the Best.
Acesse darcawards.com para a lista completa. Parabéns aos
premiados! (D.T.)
14
Fang Fang
A-Light
Shahab Zeiniaslan, Mostafa Shahoseini, Hamid Mozafar
Alissa Wolter
Daniel Ducci Marcelo Kahn Archidesign Ricardo Bassetti
¿QUÉ PASA?
3º LIT AWARDS 2019
Foram anunciados, ao final do ano passado, os vencedores
da 3ª edição dos LIT Design Awards. Oferecida anualmente pelo
Farmani Group, a premiação contou novamente com Thiago
Gaya e Orlando Marques, ambos da L+D, a lighting designer
Mônica Luz Lobo e Isac Roizenblatt, diretor técnico da Abilux,
entre os membros do júri.
Nas categorias voltadas aos profissionais, o escritório chinês
Fang Fang foi eleito “Lighting Designer of the Year”, por seu projeto
para o Museum of International Design of China – com projeto
de arquitetura assinado pelo arquiteto português Álvaro Siza. O
projeto foi premiado também na categoria “Interior Architectural
Illumination”. O prêmio “Lighting Product Design of the Year”
foi concedido à marca californiana A-Light, pelo sistema de luz
rasante WGD9 , que foi assinado pelos designers Francois
Renaud, Dirk Zylstra e Corina Ferezi e promete iluminação
intensa e uniforme, graças a seu refletor de alta eficiência.
Entre os designers emergentes, Shahab Zeiniaslan, Mostafa
Shahoseini e Hamid Mozafar foram os vencedores na categoria
“Emerging Lighting Designer of the Year” pela instalação H2O ,
também premiada na categoria “Light Art Project”. O pendente
interativo moodable , criado por Alissa Wolter, foi escolhido
“Emerging Lighting Product Design of the Year”, além de ser um
dos vencedores na categoria “Interactive Lighting Products”.
Escritórios brasileiros também foram premiados nesta
edição. A equipe da Foco Luz & Desenho foi uma das vencedoras
na categoria “Hotel and Restaurants Lighting”, por seu projeto
para o Four Seasons Hotel , em São Paulo. Entre as menções
honrosas, foram reconhecidos os escritórios Lit Arquitetura
de Iluminação, pelo projeto para o Bar do Cofre SubAstor ;
Allume Arquitetura de Iluminação, pelo projeto para a Casa
Hercílio Luz; e Archidesign, pelo projeto para o Museu da
Cidade do Recife/Forte das Cinco Pontas , todos na categoria
“Heritage Lighting”. Também receberam menções honrosas a
iluminação do showroom da Tecnowatt, assinada por Juliano
Bustamante; Mingrone Iluminação, pelo projeto para o Hospital
Vila Nova Star ; e o Studio FOS Iluminação, pelo projeto para
um apartamento.
Representando os lighting designers latino-americanos, o
escritório chileno Limarí Lighting Design recebeu duas menções
honrosas, uma por seu projeto para o edifício corporativo
CMPC e outra pela exposição Baleias, vozes do mar do Chile. Já o
escritório uruguaio Estudio Hofstadter recebeu menção honrosa
por seu projeto para o centro esportivo Antel Arena.
Por fim, o lighting designer norte-americano Alfred R.
Borden, fundador do The Lighting Practice, foi reconhecido com
o “Lifetime Achievement Award”, pelo conjunto de sua obra. Em
seus mais de 30 anos de carreira, Borden assinou os projetos de
iluminação de edifícios icônicos, como o Empire State Building e
o Madison Square Garden.
Parabéns aos vencedores! (D.T.)
16
Divulgação
¿QUÉ PASA?
IF DESIGN AWARD 2020
Promovido desde 1953 pelo iF International Forum Design, o
prêmio iF Design Award é tido como uma das mais prestigiosas
competições de design do mundo – uma espécie de “Oscar do
design”. Das mais de sete mil inscrições recebidas nesta edição,
1.500 foram premiadas nas sete categorias oferecidas, das quais
75 foram agraciadas com o iF Gold Award, o reconhecimento
máximo da premiação.
Na categoria “Iluminação”, três produtos brasileiros foram
premiados: o sistema PEG , criação do designer Ricardo
Fahl para a Omega Light, totalmente customizável por meio
de acessórios e de comunicação visual, propondo ao sistema
novas funções além da iluminação; o balizador Big Neu 2 ,
desenhado e produzido pela Stella, que integra fonte luminosa
e equipamento auxiliar em um design ultrafino, com apenas 11,5
milímetros de espessura; e a luminária de mesa Memory ,
assinada pelo arquiteto e designer Jader Almeida e produzida
pela Sollos, cujo design combina a madeira a elementos de
bronze e de aço-carbono, de maneira leve e elegante.
Único produto de iluminação agraciado com o iF Gold Award,
a coleção Mito Linear , da alemã Occhio, oferece versatilidade
por meio dos diversos tipos de aplicações disponíveis, além de
permitir a regulagem da temperatura de cor da luz.
Os vencedores serão celebrados na iF Design Award
Night, que acontecerá no mês de maio em Berlin, Alemanha
– onde também será realizada uma exposição com os designs
vencedores, entre os dias 2 e 10 de maio. (D.T.)
18
¿QUÉ PASA?
NOVO ANO, NOVAS DIRETORIAS
Dimensões reduzidas com design minimalista | conforto óptico
| alto fluxo luminoso | alta eficiência energética | cores precisas.
Aryeh Kornfeld Paula Carnelós
O início de 2020 marcou a troca dos membros da diretoria
da Associação Brasileira de Arquitetos de Iluminação (AsBAI)
e da Presidência da International Association of Lighting
Designers (IALD), para a gestão no biênio 2020-2021.
Após o duplo mandato da gestão anterior, assumirão
a diretoria os arquitetos e lighting designers Eder Ferreira,
como presidente (no centro à direita), e Gerardo Fonseca, como
vice-presidente (à esquerda). Completam o corpo de diretores
Mohana Barros (no centro), como diretora administrativa
financeira; Christina Draeger (à direita), como diretora de
relações sociais; e Marina Makowiecky (no centro à esquerda),
como diretora de relações culturais. O conselho fiscal é formado
por Guinter Parschalk, Mariana Novaes e Paula Carnelós, além
de Gilberto Franco como membro suplente.
Para esse biênio, a nova diretoria buscará fortalecer a
presença da AsBAI em todos os segmentos da iluminação, com
o objetivo de “somar esforços para dividir conquistas”.
Já o novo presidente da IALD será o lighting designer chileno
Douglas Leonard, que contará com o suporte de Steve Brown
(Austrália), Andrea Hartranft (Estados Unidos), Christopher
Knowlton (Reino Unido), Uno Lai (China), Stephen Lees (Estados
Unidos), Mônica Luz Lobo (Brasil), Anna Sbokou (Reino Unido)
e Mariel Fuentes (Espanha), que compõem a diretoria.
Em sua primeira carta aberta como presidente, Douglas
Leonard ressalta o crescimento da profissão nos últimos 50 anos
e os desafios a serem enfrentados nas próximas 5 décadas.
“O escopo do trabalho com lighting design se expandiu
continuamente, e a complexidade desse trabalho aumentou.
Lighting designers têm múltiplas responsabilidades que não
tinham há 50 anos. Assim como em outras áreas profissionais,
há mais trabalho – ainda mais complexo –, o que requer mais
conhecimento técnico e qualificações transversais”, afirma o
novo presidente, que convoca os membros da comunidade a
engajar-se mais na associação em 2020, por meio dos eventos
oferecidos anualmente.
Damos as boas-vindas às novas diretorias!
.Misty
ABRA OS OLHOS PARA NOVAS POSSIBILIDADES
20
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Celina Germer
Divulgação
Douglas Daniel
¿QUÉ PASA?
MICHAEL ANASTASSIADES EM SÃO PAULO
“A luz – tanto a natural quanto a artificial – é uma forma
de se negociar com a escuridão. Para que seja possível projetar
com a luz, é preciso primeiro entender e apreciar a escuridão.
É preciso abraçar a escuridão.”
Essa é a fala de um apaixonado pela luz. O designer
cipriota radicado em Londres Michael Anastassiades esteve
recentemente no Brasil para a segunda edição de uma turnê
promovida pela Flos, marca com a qual mantém parceria
de longa data. Durante a excursão pela América Latina, o
designer proferiu palestras em universidades de design e exibiu
instalações criadas especificamente para a ocasião, como a que
foi apresentada no showroom da e:light, em São Paulo, com
produção de montagem em parceria com a Onlight.
Durante a visita, Anastassiades concedeu uma entrevista
à L+D, em que falou de seu processo criativo, sua apreciação
pela natureza e a recente realização da exposição Things That
Go Together, no Chipre, acompanhada do lançamento de um
livro de ensaios.
GESTOS
“O que importa é poder dar às pessoas a possibilidade e a
oportunidade de imaginar seus próprios cenários, suas próprias
configurações. Poder reverter a criatividade de volta ao usuário
e dizer: ‘crie algo que fale com você, da forma que quiser’. A
coleção Arrangements, por exemplo, tem um gesto totalmente
diferente do conceito de uma luminária comum. Existem alguns
gestos ali, mas estão abertos à interpretação.”
22
THINGS THAT GO TOGETHER
“Sempre que viajo, coleto objetos. É uma curiosidade e uma
paixão que carrego desde a infância, porque capturam o papel
da natureza como designer. Para mim, é um ponto de apreciação
muito importante. É sobre a ideia da espontaneidade e do acaso,
quando a sorte o leva a vivenciar esse instante de capturar algo
interessante. Ao caminhar e deparar com algo, é a forma como
você o visualiza que gera a curiosidade que o fará apanhá-lo.”
“Cerca de 90% dos objetos da minha coleção são pedras,
a maioria delas quase perfeitamente esférica. É quase um
desejo de uma natureza perfeccionista, de encontrar uma
esfera perfeita, o que é impossível. Mas, ao mesmo tempo, essa
tentativa de perfeição produz todos esses exemplos incríveis de
belezas totalmente diferentes.”
“A exposição foi uma desculpa para o lançamento do livro.
Não é um catálogo, mas sim uma reflexão sobre esses dez anos
de trabalho, por meio de alguns pensamentos refletidos nos
ensaios. Escolhi autores que trouxessem uma perspectiva geral
do que me compõe como pessoa, como ser criativo.”
LUZ ARTIFICIAL E NATUREZA
“Na verdade, o desafio não é a criação de cenários artificiais,
porque a natureza não pode ser realmente replicada. Mas o que
espero, como designer, é poder capturar uma das milhões de
belas maneiras pelas quais a luz pode existir.” (D.T.)
COZ RESTAURANTE
Local: São Paulo
Projeto de arquitetura: Priscila Cox e Natalie Bergamo
Projeto de iluminação: Renata Carmassio
www.lemca.com.br
¿QUÉ PASA?
LUZ E SOMBRA
Na área da iluminação há mais de 20 anos, a arquiteta e
lighting designer Sônia M. S. Mendes decidiu dar mais um
passo, mergulhando agora no universo das artes. O prazer por
desenhar sempre a acompanhou de forma descompromissada,
como um hobby que eventualmente se desdobrou na produção
de estudos tridimensionais. Foi o que motivou Sérgio Rodrigo
Reis, diretor do Museu de Congonhas, Minas Gerais, a convidála
para a realização de uma exposição temporária no museu.
Assim começou a ser concebida Luz e Sombra, a primeira
exposição solo de Sônia, exibida no ano passado.
Para a produção das esculturas, a arquiteta inspirou-se em
elementos de algumas de suas paixões: a dança e a música, a
arquitetura e a luz. “Cada um desses elementos representa
um momento importante na minha vida. E, neste momento,
descubro uma nova paixão: as esculturas”, declara Sônia.
Para a exposição, foram produzidas dez esculturas, em sua
maioria quadradas, feitas de aço com acabamento oxidado e de
fios metálicos dourados, prateados e acobreados. No interior
de cada uma das peças, foram colocados pequenos pontos de
LED de 1 W, com facho de 30º e temperatura de cor 2.700 K.
Ao iniciar os testes com as luzes, Sônia notou que seu
posicionamento influenciava completamente o resultado das
sombras produzidas. Portanto, foi necessário um trabalho
preciso de observação, peça a peça, até definir a composição
final de cada uma das obras.
As esculturas foram distribuídas em uma sala escura do
museu, iluminada exclusivamente pelas luzes suaves emitidas
pelas obras. Dessa forma, as superfícies da arquitetura do espaço
foram transformadas pelas sombras por elas geradas, criando
um ambiente enigmático, que buscava instigar a curiosidade e a
imaginação do público.
Sônia conta que o processo foi um verdadeiro desafio,
mas ele a encantou e surpreendeu a cada etapa: “Foi como
sair da zona de conforto. Muito trabalho, mas recompensado
pelas surpresas do inesperado”. Motivada a despertar o olhar
e o interesse das pessoas pela arte e pela luz, a arquiteta se
entusiasma com a possibilidade de futuras exposições e revela
o desejo de incorporar elementos artísticos também em seu
trabalho como lighting designer. (D.T.)
Jomar Bragança
25
Veronika Mayerböck
¿QUÉ PASA?
O SOL DA ESCURIDÃO POLAR
Essa é a tradução para “Kaamos Aurinko”, nome dado
a uma das suítes do 29º ICEHOTEL, construído anualmente
durante o inverno em Jukkasjärvi, Suécia, em colaboração com
dezenas de designers. A posição geográfica da cidade, acima do
círculo polar Ártico, determina o comportamento peculiar da
luz natural, completamente ausente durante parte do inverno e
presente durante as 24 horas do dia em boa parte do verão. Essa
dualidade foi a inspiração de Veronika Mayerböck, Katharina
Wyss e Frank Dittmann para o projeto da suíte.
Ao entrar nela, o visitante é recebido em uma antessala
que simula a escuridão do inverno por meio da iluminação em
tons de azul, similares aos exibidos pelo crepúsculo das noites
polares. Em seguida, após passar por uma zona de adaptação,
chega-se ao quarto principal, cuja iluminação evoca o famoso
“sol da meia-noite”, como em uma calorosa noite de verão.
A atmosfera luminosa efêmera do espaço resulta de uma
dupla reflexão: a cabeceira de gelo transparente reflete a luz da
luminária RGB linear instalada sob ela, comportando-se como
uma fibra óptica e fazendo brilhar sua borda superior curva,
moldada como um sol nascente sobre o horizonte. Essa luz é
também refletida de maneira difusa pelo teto curvo de neve,
tingindo todo o ambiente.
O visitante pode escolher entre uma programação com
24 horas de duração, que emula o comportamento real das
cores da luz natural durante um dia; ou o ciclo de um minuto, no
qual a tonalidade das luzes muda sequencialmente, de acordo
com as cores do espectro da luz solar.
O projeto luminotécnico da suíte, premiado na categoria “Art:
Low Budget” nos [d]arc awards 2019, é assinado pela lighting
designer Veronika Mayerböck, titular do escritório austríaco Alles
oder Licht. Veronika conta que a forma abobadada da arquitetura
foi determinada com base em cálculos de reflexão e de distribuição
luminosa. Além disso, foram necessários testes prévios para
analisar a refração da luz pelo gelo e também o comportamento
da iluminação colorida quando refletida pela neve. A elevada
capacidade de reflexão do material determinou que as luminárias
tivessem sua intensidade luminosa reduzida ao mínimo possível.
As superfícies totalmente curvas da suíte – moldadas
manualmente pelos designers em apenas duas semanas –
proporcionam uma poética simbiose entre as luzes em tons
quentes da suíte e as frias da antessala. “Kaamos Aurinko
demonstra a gênesis e a conclusão das estações por meio da
mais pura materialidade da luz e da neve, justapondo os dois
períodos mais extremos do Norte”, declaram os designers. (D.T.)
26
Takumi Ota
¿QUÉ PASA?
BRILHO CRESCENTE
O mais recente projeto apresentado pelos designers do
estúdio japonês Takt Project pode ser definido mais como trabalho
em andamento, do que como design acabado. glow ⇄ grow é
uma espécie de escultura luminosa autogenerativa, cuja forma
é influenciada por estímulos externos.
Apresentada durante a Milan Design Week no ano
passado, a obra consistia em uma série de LEDs suspensos
em uma espécie de varal. Sobre cada um deles eram
derramadas gotas de resina líquida transparente, que se
solidificavam em contato com a luz. A forma adquirida pela
resina também era influenciada pela intensidade das luzes,
que oscilava constantemente, de maneira pré-programada.
O brilho dos LEDs aumentava gradativamente à medida que
crescia a superfície de resina que os recobria.
De acordo com os designers, o projeto não almejava imitar
a natureza, mas representar “a integração entre o artificial e o
natural, por meio da incorporação de princípios da natureza em
uma operação artificial”. O resultado é a criação de um novo
contexto que não pode ser definido nem como natural nem
como artificial.
O projeto se desdobrou ainda na série de objetos “glow grow:
pottery”, exibidos durante a edição de 2019 do festival Design
Miami. Modeladas com base no mesmo princípio autogenerativo,
as peças luminosas remetem a vasos de cerâmica. (D.T.)
O catálogo Black Edition Newline trás para o mercado uma
linha de produtos especialmente desenvolvida para iluminar
os projetos mais modernos e exigentes. Com foco no design,
funcionalidade e desempenho, a linha Black Edition oferece
um mix de produtos para que profissionais possam utilizar a
iluminação como ferramenta essencial no seu processo de
desenvolvimento de projetos, de forma versátil e prática, do
projeto à instalação.
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28
¿QUÉ PASA?
CAÇADORES DA ARCA PERDIDA
A arquitetura peculiar do museu Goldkammer Frankfurt,
localizado na capital alemã, foi determinante para a ambientação
misteriosa e intrigante na qual são exibidos mais de 500 artefatos
de ouro, datados das mais variadas eras dos últimos 6 mil anos.
Ocupando 480 metros quadrados dos porões de um casarão
tombado, o projeto do escritório berlinense merz merz cria
uma jornada no tempo por meio de uma sequência de túneis
e câmaras, inspirados nas tumbas das pirâmides do Egito.
O escritório alemão Licht Kunst Licht assina o projeto de iluminação,
totalmente integrado aos detalhes da arquitetura, enfatizando
sua composição espacial e destacando os itens expostos.
Para o foyer da entrada, os lighting designers desenvolveram
um pendente especial feito de cobre, com cúpula cilíndrica de
vidro, que remete à iluminação das antigas lanternas a gás.
No interior da cúpula foi adicionada uma malha delicada de fios
de cobre, fazendo transparecer um suave brilho dourado através
do vidro. A descida até os espaços expositivos subterrâneos
assemelha-se a uma viagem até um túnel de mineração.
Os quatro tipos de acabamento predominantes nesses
ambientes – barro, bronze, mármore e pedra –, assim como sua
iluminação de baixa intensidade e alto contraste, contribuem
para a sensação de estar centenas de metros abaixo da terra.
No início do percurso, foram utilizadas arandelas herméticas
conectadas por cabos aparentes, que são complementadas pela
iluminação difusa instalada sobre grelhas metálicas, lembrando
lâmpadas fluorescentes. Em outros espaços, detalhes lineares
de luz difusa ou indireta mimetizam a iluminação natural,
enquanto projetores orientáveis criam destaques discretos.
Em contraste, a sala dedicada aos tesouros de ouro dos
oceanos é totalmente revestida de painéis de vidro, banhados
pelos reflexos gerados por luminárias de vidro soprado em
constante rotação, remetendo ao efeito de refração dos raios de
sol em contato com a superfície da água. Enquanto a iluminação
geral desse ambiente é feita por equipamentos lineares dotados
de filtros azuis, as peças expostas são destacadas por luzes de
tom quente, quase dourado. (D.T.)
Marcus Ebener
30
Chao Zhang
¿QUÉ PASA?
FÍSICA DA LUZ
A loja de roupas femininas Geijoeng em Shenzhen, China,
poderia ser o local perfeito para uma aula de Física. O design
de interiores, assinado pelos chineses do Studio 10, explora
a interatividade entre os materiais e a luz, jogando com os
princípios da transmissão, da refração e da reflexão luminosa.
O espaço de 120 metros quadrados parece ampliado pelo
uso dos materiais translúcidos e refletivos empregados nas
divisórias, nos balcões e nos displays de produtos. Logo na
entrada, chamam a atenção o piso e a meia-parede de tijolos
de vidro, em combinação com a parede de vidro semirrefletivo
e o forro espelhado, criando praticamente uma ilusão de óptica.
No interior da loja, as divisórias em “channel glass” (estruturas
de vidro em formato de “U”), as araras de acrílico fosco e
os acabamentos metálicos prateados refletem e refratam os
elementos de tonalidade verde presentes no espaço. A principal
cor da identidade visual da marca também foi a escolhida para
as cortinas de veludo, que garantem a privacidade no interior
dos provadores feitos de acrílico.
Todos esses efeitos são possíveis graças à combinação do
inteligente sistema de iluminação desenvolvido pelo Studio 10.
Linhas de tubos de LED difusos foram dispostas longitudinalmente,
formando um grid com os trilhos instalados no sentido transversal,
com projetores orientáveis para iluminação de destaque.
Com o projeto, os designers buscaram criar um senso de
hierarquia espacial e, ao mesmo tempo, traduzir a essência
minimalista da marca. (D.T.)
34
T O D O P R O J E T O P R E C I S A D E I L U M I N A Ç Ã O.
MAS ALÉM DISSO, A LUZ PODE EXPRESSAR IDENTIDADE!
Jackie Chan
¿QUÉ PASA?
ARTE, CULTURA E FUNÇÃO
Utilize o verdadeiro potencial da tecnologia LED,
aliado à sensibilidade na decoração.
Victoria Dockside é o mais novo distrito cultural de Hong
Kong, em desenvolvimento na área portuária da metrópole
chinesa. Concebido como elemento central desse novo
empreendimento, o centro comercial e cultural K11 Musea
promete aos visitantes uma experiência de compras inovadora,
além de opções de arte, cultura e gastronomia, em uma área de
mais de 90 mil metros quadrados.
Os lighting designers do escritório Speirs + Major assinaram
o projeto de iluminação de todas as áreas públicas do edifício,
tanto as internas quanto as externas, participando de forma
decisiva da concepção criativa desses espaços. O conceito
inovador do projeto luminotécnico baseia-se na ideia de uma
“coleção personalizada” de objetos luminosos, com o objetivo
de unir os diferentes espaços do gigantesco empreendimento
e, ao mesmo tempo, dotá-los de um senso de dinamismo.
A coerente escolha das formas e dos materiais utilizados
nessa coleção levou em conta elementos culturais e foi
determinante para a criação de uma linguagem que permitisse a
leitura desses diferentes objetos como um conjunto. Apesar do
caráter decorativo das peças, feitas de vidro, madeira e metal de
tonalidades quentes, todas foram pensadas de maneira funcional,
para garantir uma iluminação confortável, suave e atraente aos
visitantes. Além de sua função crucial ao conectar os distintos
espaços do empreendimento, a coleção de luminárias busca
relacioná-los à escala humana por meio dos detalhes.
Todos os equipamentos foram cuidadosamente integrados
à arquitetura, de modo a não competir com as vitrines das lojas,
as verdadeiras protagonistas do espaço. (D.T.)
Catálogo Revoluz 2020.
Baixe a versão digital no site.
Ou peça a versão impressa:
(11) 97146-5035 | sac@revoluz.com.br
36
revoluz.com.br
¿QUÉ PASA?
RADIANTE
Satoshi Shigeta
Os designers do estúdio japonês Curiosity enfrentaram com
maestria o desafio de trazer destaque à boutique m-i-d, uma
das grifes presentes na recém-reformada loja de departamentos
Daimaru Shinsaibashi em Osaka, Japão.
Tirando partido da planta em forma de estrela, que permite
o acesso dos consumidores por diversas entradas, os designers
criaram um sistema de forro transiluminado e estruturado por
delicadas vigas de madeira que convergem no centro do espaço,
criando um ponto focal. A iluminação suave e acolhedora emitida
por esse sistema é tingida pelo tom dourado dos elementos de
madeira, proporcionando um toque de sofisticação e um senso
de pertencimento ao ambiente.
A enxuta paleta de cores e de materiais propostos para
os interiores, em tons de cinza, bege e dourado, transforma
as divisórias de pedra – que setorizam as diferentes coleções
de roupas e acessórios – em elementos marcantes no espaço.
Essas superfícies são ressaltadas pela iluminação integrada
às araras e às prateleiras, que exibem os últimos lançamentos
da marca.
Dessa forma, toda a iluminação do espaço é feita de maneira
uniforme e sem luminárias aparentes. “O equilíbrio delicado
entre a arquitetura gráfica e a iluminação suave cria uma
atmosfera perfeita para que o consumidor aprecie o produto”,
declaram os designers. (D.T.)
38
¿QUÉ PASA?
LENTES CELESTES
Após dois anos, a icônica loja da Apple na Quinta Avenida
de Nova York, aquela com o cubo de vidro na entrada,
reabriu suas portas recentemente, depois da reforma de seus
interiores. O projeto de arquitetura é assinado pelos arquitetos
do escritório inglês Foster + Partners e apresenta a luz natural
e a iluminação como principais elementos.
No total são 80 claraboias, sendo 62 com fechamento
de vidro leitoso translúcido, distribuídas numa malha regular.
À esquerda e à direita do cubo de vidro, outras 18 claraboias
com fechamento de vidro transparente, chamadas pela Apple
de “sky lenses”, abrem para o lado de fora, na praça da Apple.
As sky lenses possuem acabamento especular para, durante
o dia, espelhar o céu e os edifícios do entorno e, à noite, permitir
espiar os interiores da loja vistos de cima. No lado de dentro,
todas as claraboias possuem um anel luminoso difuso na base
junto ao forro, cuja temperatura de cor da fonte de luz varia de
acordo com a luz natural. (O.M.)
Divulgação
40
¿QUÉ PASA?
POSTO DUPLO BP-HUGSAN
Fiquei surpreso ao conhecer, neste ano, o projeto de
iluminação da lighting designer portuguesa Diana Del-Negro
para um posto de gasolina em Portugal, localizado na Estrada
Nacional 1, na região de Leiria – estrada essa que foi, durante
décadas, a principal via de ligação entre as cidades de Lisboa e
do Porto.
Geralmente envolvida em projetos ligados ao patrimônio
histórico, principalmente em Lisboa, Diana conta que o desafio
foi proposto por uma antiga colega do curso de Arquitetura,
Joana Marcelino, autora do projeto de arquitetura de dois postos
de combustível, localizados numa das principais estradas
do país. Sua ideia era de que, à noite, os postos deveriam se
parecer com “caixas de luz”, o que Diana resolveu por meio
da iluminação rasante do acabamento branco da fachada, que
brilha por trás das chapas metálicas perfuradas que a revestem.
A lighting designer conta que, no dia em que se acendeu
pela primeira vez a iluminação dos postos, formou-se uma fila
de carros na Estrada N1, pois todos os motoristas reduziam
a velocidade para observar os edifícios e sua iluminação.
E foi nesse momento que todos perceberam que o projeto de
iluminação era um sucesso.
Seja no patrimônio histórico secular de Lisboa, seja em
um posto de gasolina contemporâneo, o leque de soluções
apresentado nos projetos de Diana Del-Negro me encantou!
(por Eduardo Becker)
Diana Del-Negro
42 43
ENCONTRO PULSANTE SOBRE O RIO
Texto: Gilberto Franco | Fotos: Yang Shi e Ziling Wang
A proposta do escritório DnA Design and Architecture, de
Pequim, para revitalizar a antiga ponte de pedra Shimen, em
Zhejiang, China, foi transformá-la num espaço de encontro
culturalmente significativo para os cidadãos. Cruzando o
rio Songyin em toda a sua extensão, a ponte recebeu uma
interessante estrutura ritmada de madeira, intercalando espaços
cobertos e descobertos sobre um deque também de madeira.
Assim, os moradores das aldeias Shimen e Shimen Xu, de suas
extremidades, podem agora ir, vir e conviver, desfrutando a
histórica ponte num espaço inusitado, com bancos, árvores e
uma convidativa praça ao centro.
44 45
iluminação facial, remetendo à atmosfera de um pujante
mercado. Diferentemente da “linha tracejada” dos dias comuns,
um ritmo de feixes luminosos pulsa sobre a água, convidando ao
convívio e ao usufruto desse peculiar espaço.
A ponte original de concreto, por sua vez, teve seus arcos de
pedra iluminados internamente, por meio de projetores lineares
RGB fixados em suas bases, os quais são programados para
permanecer em temperatura de cor mais elevada, destacando a
construção antiga da nova. Essa iluminação é também integrada
ao sistema de controle do conjunto, permanecendo acesa
apenas nos fins de semana.
“Uma adorável fusão entre o antigo e o novo, entre o comercial
e o residencial”, escreveram os juízes ao premiar esse projeto
com o IALD Award of Excellence, no 36º IALD Design Awards.
Detalhe da ponte quando acesa em modo “mercado”. A delicada
linha vertical dá o ar festivo desejado e complementa bem a
iluminação vertical, trazendo alegria e reconhecimento facial.
Acompanhando a inclinação da viga, uma sanca recebe barras
de LED em 3.000 K, para iluminação indireta.
Projetores RGB fixados na base dos arcos maiores e também sob os pequenos arcos internos são programados para acender
nos fins de semana (em temperatura de cor por volta de 5.000 K) ou em em cores específicas em ocasiões festivas.
Aberta ininterruptamente, essa travessia recebeu um delicado
sistema de iluminação, resultado de uma parceria entre a Escola
de Arquitetura da Universidade de Tsinghua e o escritório One
Lighting Associates de Pequim. O projeto visou atender ao espírito
de integração proposto e à multiplicidade de usos. Assim, em
um dia típico da semana, apenas a iluminação de segurança
é utilizada, em respeito ao delicado ambiente noturno rural.
Esse sistema, composto de linhas de LED ocultas, empresta uma
luz suave, quente e indireta que se difunde por toda a passagem
e paisagem. Transeuntes, pedestres e ciclistas são envolvidos
em um ambiente calmo e tranquilo, perfeito para passear e
conversar enquanto desfrutam as deslumbrantes vistas. De
longe, a ponte é como uma linha tracejada que se duplica no
reflexo das águas do rio.
No fim de semana, a iluminação é comutada para o modo
“mercado”, que pressupõe maior permanência e convívio.
Luminárias lineares embutidas nas estruturas de madeira
são acesas, criando um arranjo linear rítmico, de generosa
PONTE LOUNGE NO VILAREJO SHIMEN
Zhejiang, China
Projeto de iluminação:
One Lighting Associates
Escola de Arquitetura, Universidade de Tsinghua
Xin Zhang, Xiaowei Han, Xiaobo Zhao,
Xuanyu Zhou (lighting designers)
Projeto de arquitetura e interiores:
DnA_Design and Architecture
Xu Tiantian
Projetores em vasos iluminam a vegetação e ajudam a
complementar a iluminação das áreas abertas. Ao fundo,
a iluminação da ponte, tal como aparece nos fins de semana,
com todas as zonas acesas.
46 47
LUZ DE PEDRA
Texto: Orlando Marques (colaborou Gilberto Franco)
Fotos: Carlos Alkmin, Fernando Guerra e Tuca Reinés
Concluído em 2018 na cidade de São Paulo, o edifício
corporativo Santos Augusta situa-se na esquina das ruas que
lhe emprestam o nome, em um terreno nunca ocupado antes.
Cercado de edifícios icônicos, como o Conjunto Nacional (projeto
de David Libeskind) e o antigo edifício Plavinil-Elclor (projeto de
Rino Levi), o Santos Augusta exibe uma arquitetura ao mesmo
tempo sóbria e expressiva, do escritório Isay Weinfeld, que faz
jus à de seus ilustres vizinhos.
Sua forma consiste num conjunto de volumes retangulares
de diferentes dimensões, empilhados uns sobre os outros e
revestidos de pedra. O primeiro volume, de aspecto maciço,
apoia-se sobre os pilotis do térreo, abrigando um teatro. Uma
exuberante vegetação tropical se esgueira entre esses volumes,
derramando-se por suas empenas.
O térreo – uma ampla área envidraçada em pilotis – abriga
a recepção, a bilheteria do teatro e uma ampla e informal área
de estar que se esparrama para além de suas divisórias de
vidro, onde também opera o Perseu Coffee Shop. O acesso ao
teatro no piso superior acima se dá por uma escada; os demais
volumes abrigam as áreas corporativas para locação ou venda.
Entre o auditório e os demais volumes, há um restaurante.
48 49
LUZES E SOMBRAS INTERCALADAS
A composição de volumes e reentrâncias do edifício definiu
o critério de iluminação das fachadas, que acompanhou a
orientação das janelas ora para a alameda Santos, ora para a
rua Augusta. Internamente, a iluminação funcional prevista para
os conjuntos também acompanhou as variações das janelas.
Uma iluminação sutil locada entre os volumes destaca um do
outro, reforçando a geometria do conjunto. Nenhuma luz foi
direcionada ao volume do auditório, que atua como um hiato
entre o térreo e as superfícies iluminadas acima.
A área externa defronte à alameda Santos recebeu iluminação
nos canteiros e sob os bancos. A pedido dos arquitetos, os postes
para iluminação geral foram produzidos em menor altura e
potência reduzida, para não interromper a visão da empena
de pedra. Ao fundo, a iluminação do core dá destaque ao letreiro
branco do edifício. Projetores lineares de diferentes fachos e
intensidades definem e destacam os volumes. Para a fachada,
fachos elípticos; para os tetos, fachos abertos e com potência
reduzida. Um desenho regular de pontos embutidos na pedra
(6,6 W) amplia a percepção para além dos vidros. A escada
externa, que dá acesso ao teatro, foi iluminada por balizadores,
degrau a degrau, tornando-se um elemento luminoso atraente.
O balcão integrado da recepção do edifício e bilheteria do teatro
teve sua frente iluminada por barras de LED escondidas, assim
como sua parede de fundo. Luminárias especiais, fabricadas
em impressora 3D para esta obra, iluminam a parede do core
(2,2 W, facho elíptico assimétrico).
HORIZONTE AMPLIADO
O rigor de uma arquitetura de poucas concessões foi a
régua para o projeto de iluminação, que cuidadosamente não
ultrapassou seus limites expressivos. No térreo, o teto de
pedra determinou o ritmo, a paginação e mesmo o caráter dos
pontos de luz, sempre com o mínimo possível de interferência.
Uma sequência de miniluminárias de facho elíptico ilumina
sutilmente as paredes do core, ao mesmo tempo que define um
anel luminoso em torno dele.
Pequenos grupos de luminárias com diferentes paginações
distribuem-se ao longo dos zigue-zagues diagonais das pedras,
iluminando diferentes zonas – estar, mesas, balcões e recepção.
Também se espraiam além dos limites do vidro, ajudando a
diluir as fronteiras entre interior e exterior.
50 51
O encontro dos pilotis com o teto de pedra é definido
por sancas luminosas; os nichos que abrigam a recepção e a
bilheteria têm suas paredes iluminadas, para que se destaquem
do restante. No bar, a frente iluminada do balcão do café, bem
como luminárias decorativas (escolhidas pelos arquitetos)
atribuem escala ao ambiente e às mesas; finalmente,
a vegetação em torno do edifício – paredes verdes, arbustos e
árvores – recebeu generosa iluminação, para que se ampliasse
a percepção externa.
O esforço dedicado a acompanhar uma arquitetura ao mesmo
tempo sintética e de poucas concessões resultou numa iluminação
quase silenciosa, um repouso para a ruidosa luz da cidade.
No exterior, a iluminação do jardim projeta sombras irreais
sobre a empena de pedra do auditório. Uma sanca curva
em torno do pilar solta-o de seu encontro com o teto, dando
leveza à sua função de apoio.
Durante o dia a iluminação artificial complementa a diurna,
filtrada pelas cortinas. Uma linha regular de pontos ilumina
o balcão do bar; sob o tampo deste, barras de LED auxiliam
na iluminação difusa do ambiente.
EDIFÍCIO SANTOS AUGUSTA E PERSEU COFFEE SHOP
São Paulo, Brasil
Projeto de iluminação:
Franco Associados
Gilberto Franco (arquiteto titular)
Juliana Scialis (arquiteta coordenadora)
Projeto de arquitetura e interiores:
Isay Weinfeld Arquitetura
Isay Weinfeld (arquiteto titular)
Gabriel Bicudo (arquiteto coordenador)
Adriana Aun, Elena Scarabotolo, Lucio Oliver e
Pablo Resende (arquitetos colaboradores)
Projeto de paisagismo:
Rodrigo Oliveira Paisagismo
Rodrigo Oliveira (arquiteto titular)
Certificação LEED GOLD:
Hill International
Daniel Brum e Regina Capote
Cliente:
Real Estate & Urban Development (REUD)
Fornecedor:
Lumini
Sempre nas placas inferiores da pedra, luminárias de LED
6,6 W de facho médio agrupam-se para criar os diferentes
cenários do café.
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DESENHO BIOFÍLICO
E TEXTURAS DE LUZ
Texto: Orlando Marques | Fotos: Stijn Bollaert
Os lighting designers do escritório de iluminação
Beersnielsen conseguiram de novo!
Repleto de desafios, o recém-inaugurado projeto de
iluminação do edifício do Centro de visitantes do Parque Nacional
De Hoge Veluwe, no centro-sudeste da Holanda, apresenta
princípios do desenho biofílico com a criação de texturas
luminosas como principal abordagem e conceito do projeto.
O projeto de arquitetura, colaboração entre os arquitetos
dos escritórios De Zwarte Hond e Monadnock, de Roterdã,
procurou criar um edifício que refletisse uma relação entre
o ambiente construído e o ambiente natural do parque.
O desenho inusitado do edifício, inspirado numa casa de campo,
apresenta uma cobertura com quatro águas, lembrando sheds
de galpões. A elevação frontal é curvada para trás, com uma
série de trapeiras para a entrada de iluminação natural. Nas áreas
internas, os destaques são o teto abobadado de 7,5 metros de
pé-direito, criado também como suporte para apresentação de
conteúdo multimídia; e os fechamentos de vidro para permitir
vistas à floresta Veluwe.
O conceito do projeto de iluminação baseou-se nos
princípios do desenho biofílico (biofilia: bio = vida, filia =
amor, atração), conforme teorias do autor Edward O. Wilson
em seus livros Biophilia (1984) e Bioliphic Design (1995),
este último em conjunto com Stephen Kellert. Os estudos
discutem a “inerente inclinação humana de relacionar-se com
sistemas e processos naturais, especialmente com aspectos
realistas e relacionados à vida do ambiente não humano”.
Segundo os autores, as pessoas preferem viver na presença de
elementos naturais, como a água, as plantas e as árvores, os
animais, a luz do dia, etc.
O conceito foi trazido para o projeto pelo lighting designer
Wim ann de Stegge, do Beersnielsen, por meio de sua tese
de mestrado Biophilic Light Texture: Applying biophilic design
principles to lighting design (Textura da Luz Biofílica: aplicando
os princípios do design biofílico, em tradução livre), trabalho
desenvolvido na Universidade de Tecnologia de Delft, enquanto
trabalhava no escritório.
Desde o início e ao longo de todo o processo, o projeto
de iluminação apresentou uma série de desafios. O maior de
todos foi convencer os arquitetos e o cliente a alterar o uso da
superfície da abóbada – inicialmente projetada para receber um
painel de LED multimídia para contar a história do parque –,
para receber um conteúdo que melhor refletisse o ambiente.
“Achamos a ideia inicial muito Las Vegas e nada apropriada
para um edifício localizado no coração de um parque nacional”,
argumenta Sjoerd van Beers, titular do Beersnielsen.
Os designers propuseram que a abóbada fosse utilizada para
receber efeitos mais sutis, que remetessem ao ambiente natural
– como texturas de luz e de sombra –, inspirados em elementos
encontrados na floresta. Dessa forma, os usuários poderiam ter
experiências sensoriais relacionadas à natureza – como em um
passeio na floresta, com o sol perfurando a copa das árvores
e projetando luz e sombra no caminho –, e não somente as
experiênciais sensoriais referentes ao edifício.
54 55
Os nove pendentes customizados, com diâmetro de 1,50 metro,
foram instalados a 3 metros do piso. Cada um deles foi equipado
com 20 módulos de LED 15 W e 5.700 K, responsáveis por
projetar as texturas no teto abobadado, sendo 14 deles equipados
com lentes de 10º e seis com lentes de 6º. Foram utilizados dois
padrões de textura distintos nas cúpulas, simulando o efeito do
sol através das folhas nas copas de árvores.
Os pendentes contam ainda com quatro módulos diretos
de LED 6 W e 3.000 K, dotados de lentes de 16º, que
desempenham a iluminação funcional, complementados por
projetores com LED 34 W e 3.000 K dimerizáveis, com facho
médio, integrados às trapeiras para luz natural.
56 57
O desafio foi convencer a todos e a si mesmos de que a ideia
das texturas de luz e sombra funcionaria naquele espaço, dada
a abundância de luz natural nos interiores do edifício, em razão
das suas dimensões. Outra dificuldade foi encontrar superfícies
para a distribuição de luminárias para a iluminação “funcional”,
sem interferir na aparência da abóbada.
Para a criação das texturas, foram desenvolvidos oito
protótipos de um pendente para projeção de luz e sombra, por
meio de iluminação indireta através de uma cúpula recortada em
determinado padrão. Três parâmetros foram considerados para
o desenvolvimento do projeto técnico do pendente: intensidade
(brilho) da fonte luminosa, tamanho do módulo de LED e
distâncias entre a fonte e as superfícies da cúpula e da abóbada.
A intensidade da fonte determinou o contraste necessário
entre a luz natural e a artificial, enquanto o tamanho dela
assegurou a definição das sombras. A distância entre fonte
luminosa, cúpula e abóbada determinou o tamanho e a definição
das sombras.
PAVILHÃO DO PARQUE NACIONAL DE HOGE VELUWE
Otterlo, Holanda
Projeto de iluminação:
Beersnielsen
Charl Smit, Juliette Nielsen, Mieke van der Velde, Sjoerd
van Beers, Win aan de Stegge (lighting designers)
Projeto de arquitetura:
De Zwarte hond
Willem Hein Schenk (arquiteto titular)
Monadnock
Job Floris (arquiteto titular)
Projeto de interiores:
Vosinterieur
Bart Vos (designer titular)
Fornecedores:
Deltalight, Fagerhult, Lens BV e TDE lighttech
Durante o processo de projeto, iniciado em 2013, foram produzidos e testados
oito diferentes protótipos, até chegar à versão final do pendente. A quantidade
e o posicionamento dos módulos de LED foram cuidadosamente estudados para
que a sobreposição das múltiplas sombras fosse harmoniosa.
Cada pendente possui uma malha de 5 × 4 módulos de
LED para a iluminação da cúpula (e a projeção das texturas) e
quatro para a iluminação direta, para baixo. Cada um dos 20
módulos é comandado individualmente por protocolo DMX de
controle, acrescentando dinâmica às texturas.
A sequência dos acendimentos dos módulos segue
um algoritmo com base em vídeos de folhas de árvores em
movimento, o que confere causalidade à instalação – outra
premissa do projeto de iluminação e do desenho biofílico.
O conjunto óptico de cada módulo de LED foi determinado
para evitar sobreposições dos fachos na superfície da cúpula e,
com isso, garantir melhor definição das texturas.
A iluminação funcional do ambiente também foi resolvida
com engenhosidade. Pequenos projetores foram fixados nas
superfícies das aberturas das claraboias das trapeiras, de modo
a garantir a integridade visual da cúpula e dos efeitos das
texturas de luz e sombra.
De natureza complexa e resultados imprevisíveis, o projeto
só foi possível por meio da abordagem “mão na massa”, uma
das habilidades natas dos designers do Beersnielsen.
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OSSO COLABORATIVO
Texto: Diogo de Oliveira | Fotos: Jomar Bragança
O projeto de arquitetura do escritório mineiro Gustavo
Penna para o restaurante OssO, casa de carnes na brasa aberta
em 2019 no Serena Mall, em Nova Lima – Região Metropolitana
de Belo Horizonte e cenário da atual expansão imobiliária de
alto padrão na região –, foi concebido de maneira colaborativa.
Segundo a lighting designer responsável Sônia Mendes, a luz foi
projetada totalmente inserida na arquitetura e definida em testes
feitos durante a obra, em conjunto com o cliente, as equipes
técnica e de arquitetura, e os fornecedores de luminárias.
A área da varanda foi iluminada por meio de perfis lineares de
LED 15 W/m e 2.700 K, integrados à estrutura metálica, onde
também é fixado o forro vazado colorido.
Abaixo, a logo do restaurante foi destacada com mangueira
de LED flexível, na mesma temperatura de cor.
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62 63
envolta por tecido em tom cru; no meio, foram instalados os
perfis de LEDs deitados, para emissão de luz lateralmente. Nesse
ambiente fica também a adega, que serve de vitrine voltada à
área de circulação do centro comercial e do salão, iluminada por
pequenas luminárias do tipo projetores, para iluminação rasante
das garrafas.
Para destacar o balcão do bar e as mesas altas, foram
utilizadas pequenas luminárias pretas cilíndricas fixadas
sob perfilado da mesma cor, camufladas na laje nervurada
aparente, também escura. Dentro do nicho horizontal do bar,
iluminado com perfis de LED escondidos no perímetro da
caixa, as garrafas são valorizadas em contraste com o fundo
branco. O painel de couro de vaca foi iluminado com perfil
linear de LED em 2.700 K, realçando suavemente o painel ao
fundo do ambiente.
Por fim, a cozinha à vista, através de vidro, pela norma,
demanda iluminância de 500 lux em local de trabalho, com
temperatura de cor geralmente preferida em 4.000 K. Para
integrar essa tonalidade aos ambientes do restaurante, foi
aplicada uma película em tom bronze sobre o vidro, sem alterar
a visibilidade, mas amenizando a cor e a quantidade de luz.
Os resultados dos projetos colaborativos de luz, arquitetura,
interiores e mobiliário no Restaurante OssO podem ser
resumidos na qualidade do ambiente e na criatividade das ideias
e das soluções.
O salão do restaurante foi iluminado com projetores com
LED 8 W e 2.700 K, integrados aos painéis de forro suspensos,
cuja grelha colorida é valorizada por meio de perfis lineares
de LED 15 W e 2.700 K, instalados em seu perímetro.
O painel de couro de vaca foi destacado por meio de
luminárias lineares com LED 10 W e 2.700 K, instaladas
lateralmente em eletrocalha suspensa.
Projetores cilíndricos com LED 8 W 2.700 K, fixados sob
eletrocalhas suspensas, iluminam o balcão e valorizam a textura
da parede ao fundo do bar. Perfis de LED 4,4 W/m e 2.700 K
foram integrados no perímetro ao fundo do nicho de garrafas,
transformado-o em uma caixa de luz.
Os conceitos dos projetos de arquitetura e de luz do
restaurante derivaram da parrilla, produto final do OssO,
presentes na escolha dos materiais, nas cores e no projeto de
interiores: na grelha em tons de fogo amarelo, laranja e vermelho
terra, nos forros e na divisória; no painel de couro de vaca; no
aço das facas e na madeira das superfícies do mobiliário, alguns
desenvolvidos exclusivamente para o projeto.
O restaurante divide-se em quatro ambientes: varanda,
salão, bar e cozinha. No primeiro, a grelha, com desenho
exclusivo do escritório Greco Design, foi instalada no teto e
como parede divisória vazada. No teto, a grelha foi inserida na
estrutura metálica da cobertura, mesma estrutura usada para
fixar perfis de LED 2.700 K. Criou-se, desse modo, um elemento
ao mesmo tempo forro e luminária.
Para o salão foram desenvolvidos painéis pendentes
quadrados e retangulares, com princípio similar ao do forro
luminoso da varanda, com temperatura de cor quente, em
2.700 K. Esses elementos suspensos são como sanduíches que
têm, de um lado, a grelha colorida e, do outro, espuma acústica
RESTAURANTE OSSO
Belo Horizonte, Brasil
Projeto de iluminação:
Arquitetura e Luz
Sônia M. S. Mendes (arquiteta titular)
Camila Ferreira e Lais Rodrigues Rocha
(arquitetas colaboradoras)
Projeto de arquitetura e interiores:
Gustavo Penna Arquiteto e Associados
Gustavo Penna, Laura Penna, Norberto
Bambozzi (arquitetos titulares)
Gabriel de Souza (arquiteto colaborador)
Fornecedor:
Templuz
Construtora:
EPO Engenharia
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ENTRANHAS EXPOSTAS
O projeto para a nova sede do Centro de Tecnologia de
Edificações (CTE) – empresa de consultoria e gerenciamento
do setor da construção civil localizada em São Paulo –
foi desenvolvido tendo como pressupostos seus pilares
fundamentais de atuação: qualidade, tecnologia, inovação e
sustentabilidade. Com base na arquitetura biofílica, o escritório
de arquitetura SuperLimão Studio concebeu o projeto inspirado
nos quatro elementos da natureza – água, terra, ar e fogo – para
compor o aspecto visual dos interiores.
Atendendo à certificação LEED CI, às necessidades de
um espaço pensado para fortalecer as relações corporativas
e à difusão de práticas inovadoras, o projeto de iluminação, de
autoria do escritório Castilha Iluminação, desenvolveu-se desde
o princípio em total integração com as demais disciplinas de
Texto: Fabiana Rodriguez | Fotos: Rafaela Netto
projeto e equipes do CTE. Essa relação de troca de conhecimentos
resultou em um projeto bastante tecnológico, eficiente e
totalmente automatizado, no qual a maior parte das soluções
implantadas se deu por meio da elaboração de equipamentos
especialmente desenhados para o projeto, a fim de que se
adequassem às necessidades de diferentes usos e espaços.
Com forro e instalações aparentes, o conceito de iluminação
assumiu a ideia de “entranhas expostas”, como define Marcos
Castilha, lighting designer titular do escritório Castilha
Iluminação. Pensado como um organismo ativo, todas as
redes e conexões que fazem um edifício funcionar se tornaram
catalisadores visuais do projeto. Dessa forma, uma ideia de
placas de circuitos impressos, por exemplo, deu origem à Chip,
principal luminária do projeto, aplicada nas salas de reuniões.
Na página ao lado, na recepção, instalou-se uma composição
de luminárias em trilho suspenso: spots customizados com
“barndoor”, com LED 8,5 W, 1.050 lm, 3.000 K e protocolo
DALI, e spots com lâmpadas LED tipo PAR 18 W Red/Blue,
para a vegetação.
Acima, as grandes áreas de trabalho são iluminadas de maneira
uniforme por meio de pendentes lineares instalados no sentido
transversal às mesas. Com luz direta (5.000 lm) e indireta
(1.200 lm), potência máxima 60 W, 3.000 K e protocolo
DALI, a solução atende aos níveis exigidos nos postos de
trabalho e iluminam o forro suavemente.
À direita, a sala de multiuso apresenta uma variação
da luminária Chip em menor escala. Com controle
DALI, a luminária tem dois módulos de luz indireta com LED
5 W, 400 lm e 3.000 K, que permite uma iluminação tênue
das instalações aparentes do forro, e um módulo de luz direta
com LED 19 W, 2.600 lm e 3.000 K para iluminação geral.
Ao fundo, um perfil suspenso a 45° com LED 15 W/m,
1.300 lm/m e 2.700 K banha o grafismo da parede.
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Acima, a luminária Chip é o elemento norteador do projeto. Desenvolvida em
parceria com a LIS, apresenta módulos LED de iluminação direta (1.000 lm) e indireta
(700 lm) com 10 W, 3.000 K e protocolo DALI. Foi produzida em quatro composições
variadas para atender aos diferentes tamanhos das salas de reuniões.
Abaixo, na área de descompressão foram especificados pendentes decorativos
para lâmpada LED globo leitosa dimerizável de 4 W, 300 lm e 2.700 K. Luminárias com
lâmpada LED defletora de 5 W, 400 lm e 2.700 K embutidas nas cubetas com forro
acústico completam a iluminação.
Idealizada desde a etapa conceitual e desenvolvida em
parceria com o fornecedor, a luminária emite luz indireta (para
cima) e direta (para baixo) e consegue unir a particularidade de
uma peça customizada à eficiência das de mercado. Com base
nessa peça, replicou-se essa temática por todo o projeto.
Nas duas grandes áreas de trabalho, aplicou-se novamente o
conceito de iluminação direta e indireta, por meio de luminárias
lineares, com emissão indireta, mais tênue – para iluminar
sutilmente o forro e as instalações aparentes –, e emissão
direta altamente eficiente, para atingir os níveis de iluminância
adequados nos postos de trabalho. Diferentemente de uma
distribuição padrão de projetos de iluminação, as luminárias
foram instaladas no sentido transversal às mesas, disposição
que garantiu maior uniformidade luminosa independentemente
das futuras variações de layout desses ambientes.
Outra peça customizada está localizada junto aos monitores
para a transmissão de conteúdo de mídia espalhados pelo
pavimento. Essa luminária, um painel de LED com braço
pantográfico, barndoors (placas metálicas móveis que permitem
direcionar o facho de luz) e acabamento bruto de serralheria
integra-se à atmosfera tecnológica, uma das características do
projeto de arquitetura.
Na área de descompressão, o lighting designer utiliza o forro
como suporte para uma solução simples, composta de soquete
e lâmpada tipo globo. Essas luminárias são fixadas sob placas
acústicas suspensas, restritas às cubetas de concreto da laje
nervurada, valorizando o desenho do forro e da estrutura. A
iluminação do espaço é completada por pendentes decorativos
com a mesma solução simples.
Em geral, a temperatura de cor das fontes luminosas
utilizadas é de 3.000 K, com uma variação interessante para
5.000 K no core do edifício, onde a arquitetura implementou o
elemento água por meio de cores e acabamentos em tons azuis.
Nessa área, Castilha acentua essa particularidade com luz fria.
Com soluções inovadoras, o projeto de iluminação da nova
sede do CTE ficou em 2º lugar na Categoria Especial do Prêmio
Abilux de 2019. Uma demonstração do equilíbrio entre design,
tecnologia e sustentabilidade em um projeto voltado ao futuro e
certamente atrativo para o cliente e seus usuários.
Para a espera, desenvolveu-se uma luminária com barndoor e
haste pantográfica, com painel de LED de 23,5 W, 2.800 lm e
3.000 K e protocolo DALI.
No core do pavimento, os acabamentos em tons azuis, que
remetem à água, foram enfatizados pela iluminação com perfis
LED em temperatura de cor fria 5.000 K, 25 W/m e 2.000 lm/m.
SEDE DO CTE
São Paulo, Brasil
Projeto de iluminação:
Castilha Iluminação
Marcos Castilha (arquiteto titular)
Brenda Lelli (arquiteta colaboradora)
Projeto de arquitetura e interiores:
SuperLimão Studio
Lula Gouveia (arquiteto titular)
Julia Regis Bittencourt (arquiteta colaboradora)
Cliente:
CTE – Centro de Tecnologia de Edificações
Fornecedores:
Dimlux, LIS, Lumicenter, Power Lume, Reeme e Stella
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Assim se resume o conceito do projeto de iluminação para
o Espaço Baltoro: conforto visual com elegância. A segunda
unidade do bar e tabacaria, localizada em Porto Alegre, pretende
ser a melhor do mundo no segmento, o que tornou a tarefa do
lighting designer Eduardo Becker, titular do Eduardo Becker –
Atelier de Iluminação, ainda mais complexa.
Sem interferir profundamente na atmosfera existente na
primeira loja da rede, localizada em Curitiba, Becker imprimiu
ao espaço seu próprio ponto de vista, em um trabalho que ele
classifica em verdadeira direção de fotografia. Por meio do
controle preciso das intensidades luminosas e de ofuscamentos,
o lighting designer criou um ambiente cenográfico, marcado pelos
contrastes, com o objetivo de orientar a percepção dos clientes.
Pensado para atrair frequentadores sem distinção de
gênero – apesar de ser tradicionalmente considerado um
ambiente tipicamente masculino –, o projeto de iluminação
propôs um toque extra de brilho e de intensidade luminosa sobre
os produtos, tendo como inspiração a iluminação de joalherias.
CONFORTO VISUAL COM ELEGÂNCIA
Os nichos e prateleiras foram iluminados com dois perfis
assimétricos instalados na parte superior, com LED 7,2 W/m
e 2.700 K, complementados por um terceiro perfil instalado na
parte inferior, ao fundo de cada nicho.
Luminárias orientáveis embutidas no forro, com LED 10 W, 24º
e 2.700 K, minimizam eventuais sombras nos itens em exibição
e fornecem a iluminação geral dos ambientes com pé-direito
simples. Todos os equipamentos de iluminação são dimerizáveis
e controlados por sistema de automação, o que contribui para o
aspecto cenográfico do espaço.
Texto: Débora Torii | Fotos: Sérgio Ordobás
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Dessa forma, as dezenas de nichos e prateleiras que exibem
os produtos contam com iluminação mais intensa. Becker
explica que esse foi o ponto mais complexo do projeto, em
razão da diversidade de alturas e dimensões do mobiliário, o
que demandou precisão no detalhamento para a integração dos
perfis de LED.
Essencial para o sucesso do projeto, o controle de intensidade
dessas fontes luminosas é realizado por meio de um intricado
projeto de automação que permitiu a criação de diferentes
cenários pré-programados. As eventuais sombras geradas sobre
os produtos foram atenuadas pela iluminação geral da loja,
realizada por projetores orientáveis fixados em nichos no forro.
Um estudo das cores e das reflexões dos acabamentos
propostos pelos interiores levou à definição da temperatura
de cor de 2.700 K para as fontes luminosas. Outro ponto
de atenção foi a distância entre as fontes de luz e os produtos,
de forma a evitar brilhos indesejados, de acordo com as texturas
de suas superfícies.
Segundo o lighting designer, a integração entre as equipes
de iluminação, de arquitetura e de engenharia foi essencial
para o resultado bem-sucedido: “Houve um entendimento de
que o projeto de iluminação precisava ser levado ao extremo.
Fizemos detalhes, moldes, testes e aprovamos, por fim,
um sistema de iluminação que funcionou integralmente”.
Becker define o processo de projeto como um “imenso quebracabeça
de luz, arquitetura e percepção” que justapôs elementos
técnicos e cenográficos para a criação de um ambiente
agradável e elegante.
Nas áreas de pé-direito duplo, foram utilizados projetores
orientáveis com lâmpada LED tipo PAR30, 11 W, 38º e 2.700 K,
instalados em nichos no forro, para iluminação geral e também
para destaque dos objetos nos nichos.
Luminárias de mesa decorativas complementam a ambientação
da loja.
No espaço destinado aos charutos, perfis de LED 7,2 W/m e
2.700 K foram integrados à frente das prateleiras inclinadas,
valorizando os produtos, enquanto projetores orientáveis com
lâmpada LED tipo PAR20, 6 W, 24º e 2.700 K destacam as
folhas de tabaco suspensas sob o forro.
ESPAÇO BALTORO
Porto Alegre, Brasil
Projeto de iluminação:
Eduardo Becker – Atelier de Iluminação
Eduardo Becker (arquiteto titular)
Nicolly Dalenogare (arquiteta colaboradora)
Projeto de arquitetura e interiores:
Obra Prima – Estudio de Arquitectura
Carolina Proto, Fernanda Schuch e
Juliana Bassani (arquitetas titulares)
Cliente:
Espaço Baltoro
Fornecedores:
Bella Iluminação; Brilia; Di Luce; Everlight e Luxion
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FOTO LUZ FOTO
STIJN BOLLAERT
A luz, neste projeto, é de extrema importância: espaço e
iluminação definem um ao outro. Tentei produzir uma imagem
de fácil entendimento, em um ambiente bastante complexo, que
mostrasse o espaço e a iluminação.
Para isso, escolhi um ponto de vista relativamente baixo, para
que as mesas e os elementos sobre elas ficassem escondidos
atrás do banco que aparece em primeiro plano.
O enquadramento ortogonal em relação ao banco conferiu
uma sensação de equilíbrio à imagem.
Para enfatizar o espaço e evitar que um grande banco vazio
dominasse a imagem, decidi fazer o registro com algumas pessoas
sentadas nele. As garotas que aparecem na foto são visitantes que
estavam ali ocasionalmente e não se importaram em aparecer no
registro. Em vez de pedir que se sentassem no banco, não lhes dei
qualquer orientação, deixando-as agir naturalmente.
Não foi aplicado nenhum tipo de pós-produção especial,
nem houve detalhes removidos ou alterados. Apenas
adaptei a temperatura de cor da luz sobre as pessoas, para que
fosse a mesma do restante do espaço e da luz natural, tornando-a
ligeiramente menos amarela. Além disso, foi necessária apenas
uma leve afinação na claridade e no contraste da imagem.
O registro foi feito com uma câmera Canon 5DSR,
em velocidade 1/4s, diafragma f13 e ISO200.
Stijn Bollaert é um fotógrafo baseado na Bélgica, com interesse
especial nos espaços e nos ambientes construídos, resultado
dos anos dedicados ao estudo da arquitetura, antes de voltar-se
à fotografia. Seu trabalho já foi publicado em diversos livros
e em algumas das mais conhecidas revistas de arquitetura.
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