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Edição 1º semestre

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R$25,00<br />

L’ESPACE AD (SÃO PAULO)<br />

EM LOUVOR DO DESIGN | BAY HOUSE (NOVA YORK) | FÁBRICA DE DENGO (SÃO PAULO)<br />

RICCÓ HUB (SÃO PAULO) | FOTO LUZ FOTO: MARCELO KAHN


LED Lighting Solutions<br />

Montalcino Riserva<br />

Loja: Center Luz<br />

Foto: Power Lume<br />

Ed. Arbo Cabral<br />

Projeto: Huma Eng.<br />

Loja: Del Iluminação<br />

Foto: Taly Foto Arte


APRESENTAMOS ATHENA<br />

O sistema de controle de iluminação dinâmico que traz<br />

a magia da luz aos momentos do dia a dia<br />

• Solução flexível, simples e tudo-em-um para controlar qualquer fonte<br />

de luz com cortinas inteligentes<br />

• Design sem compromisso - use qualquer acessório que você quiser e<br />

todos os tipos de carga em um único sistema<br />

• Os aplicativos conectados entregam uma experiência de luz completa<br />

Branco Estático<br />

Branco Dinâmico


SUMÁRIO<br />

1˚ semestre 2021<br />

edição <strong>80</strong><br />

44 48<br />

54<br />

62 70<br />

74<br />

10<br />

12<br />

AGENDA 2021<br />

¿QUÉ PASA?<br />

44<br />

48<br />

54<br />

62<br />

70<br />

74<br />

EM LOUVOR DO DESIGN<br />

Ensaio de Diana Joels<br />

BAY HOUSE<br />

A Casa da Baía<br />

FÁBRICA DE DENGO<br />

Propósito transparente<br />

L’ESPACE AD<br />

Organicidade geométrica<br />

RICCÓ HUB<br />

Colaboração e customização<br />

FOTO LUZ FOTO<br />

Marcelo Kahn<br />

6


EDITORIAL<br />

CAPA<br />

Iluminação: Rafael Leão Lighting Design<br />

Foto: Marcelo Kahn<br />

PUBLISHER<br />

Thiago Gaya<br />

EDITOR-CHEFE<br />

Orlando Marques<br />

EDITORA<br />

Débora Torii<br />

LUZ E REFLEXÃO<br />

Todas as edições da <strong>L+D</strong> trazem um registro do momento presente<br />

da nossa comunidade, apresentando trabalhos, projetos, lançamentos,<br />

e criações. E nesta edição não será diferente.<br />

Você conhecerá o projeto da loja L’Espace AD, capa desta edição,<br />

desenvolvido pelo lighting designer Rafael Leão, cujo conceito utiliza princípios<br />

urbanísticos aplicados à iluminação; a Fábrica de Dengo, do Mingrone<br />

Iluminação, que convida a dar uma pausa do agito da cidade grande em um<br />

espaço aconchegante; o novo espaço multiuso da Riccó Hub, projetado pela<br />

A2 Lighting Design, que foi marcado pelo processo colaborativo entre cliente,<br />

fornecedores, arquitetos e lighting designers; e, no hemisfério norte, o projeto<br />

da Casa da Baía, do escritório Concept Lighting Lab, que une tradição<br />

e contemporaneidade sob o protagonismo da luz natural.<br />

O atual momento de recolhimento, que conduz à reflexão, inspirounos<br />

a convidar a lighting designer e educadora Diana Joels para, ao longo<br />

deste ano, compartilhar seu fluxo de pensamento sobre o design e suas<br />

particularidades como disciplina complexa, integral e humana.<br />

Em seu primeiro ensaio, “Em louvor do design”, Diana discorre sobre<br />

diversos temas que permeiam todo esse vasto universo e nos convida<br />

a saudar a luz natural, “num presente em que precisamos urgentemente nos<br />

entender como parte da natureza”. Tão simples; tão urgente.<br />

Boa leitura!<br />

DIAGRAMAÇÃO<br />

Carolina Peres, Maria Fraga<br />

PROJETO GRÁFICO<br />

Thais Moro<br />

REPORTAGENS DESTA EDIÇÃO<br />

Débora Torii, Diana Joels, Diogo de Oliveira, Fabiana<br />

Rodriguez, Orlando Marques, Pedro Portela<br />

REVISÃO<br />

Débora Tamayose<br />

CIRCULAÇÃO E MARKETING<br />

Márcio Silva<br />

T 11 3062.2622<br />

PUBLICADA POR<br />

C<br />

M<br />

Y<br />

CM<br />

MY<br />

CY<br />

CMY<br />

K<br />

Editora Lumière Ltda.<br />

Rua João Moura, 661 – cj. 77, 05412-001<br />

São Paulo SP, T 11 3062.2622<br />

8<br />

www.editoralumiere.com.br<br />

@omega_light<br />

www.omegalight.com.br<br />

Obra L’ESPACE AD<br />

Arquitetura Maurício Queiroz<br />

Lighting Design Rafael Leão<br />

Foto Marcelo Kahn


AGENDA 2021<br />

Entramos no segundo ano em contexto pandêmico. Assim,<br />

continua necessário considerar a adaptação aos protocolos de<br />

segurança dos eventos nacionais e internacionais previstos para<br />

acontecer no modo presencial – que, por isso, podem vir a ocorrer<br />

em versões remotas, o que será confirmado oportunamente por<br />

cada um deles. Selecionamos os principais eventos de 2021, em<br />

tempo para sua programação!<br />

EUROLUCE<br />

Milão, Itália<br />

5 a 10 de setembro<br />

salonemilano.it/en/exhibitions/euroluce<br />

PLDC<br />

Estocolmo, Suécia<br />

Outubro (data a confirmar)<br />

2021.pld-c.com<br />

Euroluce: Diego Ravier<br />

LEDFORUM 2021<br />

LIGHTFAIR<br />

Nova York, Estados Unidos<br />

25 a 29 de outubro<br />

lightfair.com<br />

São Paulo, Brasil<br />

4 a 5 de novembro<br />

ledforum.com.br<br />

SEMANA DA LUZ<br />

São Paulo, Brasil<br />

1 o a 5 de novembro<br />

semanadaluz.com.br<br />

Javits Center NY<br />

10<br />

experience room: avenida dos tajurás, 152 cidade jardim são paulo | 11.3062 7525 | goelight.com.br


CASTOR-M<br />

embutido de teto fixo.<br />

NIX-M LINE<br />

projetor pendente.<br />

NIX-M T-LINE<br />

projetor pendente para<br />

trilho customizado.<br />

Divulgação<br />

NIX-M MULTI<br />

múltiplos projetores orientáveis para<br />

haste rígida.<br />

¿QUÉ PASA?<br />

LIT DESIGN AWARDS 2020<br />

fotografia Tadeu Melegatti<br />

Restaurante J1 Sakamoto<br />

São Paulo<br />

Otavio de Sanctis Arquitetura<br />

Jun Sakamoto (lighting concept)<br />

A premiação internacional anual LIT Design Awards<br />

anunciou os vencedores de 2020, nas suas diversas categorias.<br />

Os prêmios reconhecem o trabalho de designers de produtos<br />

de iluminação e empreendedores do setor e reafirmam que<br />

iluminação se define ao mesmo tempo como arte e ciência.<br />

A inglesa Sally Storey, diretora da Lighting Design<br />

International e da John Cullen Lighting, recebeu o prêmio<br />

Lifetime Achievement por seu trabalho em Lighting Design. Já<br />

o professor holandês Wout van Bommel, titular da Van Bommel<br />

Lighting Consultant, foi agraciado com o prêmio Lifetime<br />

Achievement em Pesquisa Aplicada em Iluminação.<br />

A recém-criada categoria Spotlight, premiou Women in<br />

Lighting (WIL), uma plataforma digital global que celebra o<br />

trabalho das profissionais mulheres da área de iluminação.<br />

Nas categorias destinadas a lighting designers (profissionais e<br />

estudantes) e a produtos de iluminação, que receberam inscrições<br />

de 43 países e premiam padrão de qualidade, tendências,<br />

criatividade e inovação, os principais vencedores foram:<br />

Lighting Designer do Ano: o escritório norte-americano<br />

CharterSills pela nova iluminação do recém-reformado saguão<br />

da Union Station de Chicago , Estados Unidos, projeto do<br />

escritório Goettsch Partners – também premiado na categoria<br />

Iluminação Arquitetural de Interiores.<br />

Design de Produto de Iluminação do Ano: a coleção Artist’s<br />

Hand , criada pela designer Niamh Barry, do Niamh Barry Studio,<br />

vencedora também na categoria de Iluminação Customizada.<br />

Lighting Designer Emergente do Ano: Swathi Madhi, Luca<br />

Gregorini e Micaela Malusa, estudantes do Politecnico di<br />

Milano, por seu projeto de iluminação de interiores para um<br />

edifício corporativo em Estocolmo, Suécia.<br />

Design de Produto de Iluminação do Ano (categoria<br />

Estudantes): a luminária HUE – your everyday light, assinada<br />

por Neeraj R. Jawale e Samriti Gosain, estudantes do National<br />

Institute of Design em Gandhinagar, Índia.<br />

Três escritórios brasileiros foram reconhecidos com<br />

menções honrosas. São eles: Archidesign pelo projeto de<br />

iluminação do Patos Shopping ; Mingrone Iluminação por<br />

seu projeto para o Restaurante Atsui ; e Rafael Leão Lighting<br />

Design pela iluminação da KitKat Chocolatory . Dentre as<br />

categorias de produtos, a luminária pendente Bossa Nova, do<br />

designer brasileiro Vinicius Ladivez, foi premiada na categoria<br />

“Pendant Lamp”.<br />

Confira informações completas em litawards.com. Parabéns<br />

aos vencedores! (D. T./D. O.)<br />

fotografia Ricardo Bassetti<br />

VEGA-LINE CUSTOM<br />

pendente com medidas e forma<br />

customizados.<br />

VEGA-DOT<br />

mini projetor fixo para perfil VEGA.<br />

Loja de Chocolates Dengo<br />

São Paulo<br />

MFMM Arquitetura<br />

SOMA Arquitetos<br />

Mingrone Iluminação<br />

12<br />

São Paulo SP Brasil www.lightsource.com.br @lightsource_lighting


¿QUÉ PASA?<br />

LEDFORUM.21<br />

Em 2020, o LEDforum teve de se reinventar e foi realizado<br />

pela primeira vez em ambiente digital, no dia 6 de novembro.<br />

Inédito, esse novo formato foi um sucesso, como provam os<br />

615 inscritos, que se mantiveram engajados durante toda<br />

a transmissão do congresso. A grade especial de palestras<br />

contou com apresentações de Pascal Chautard, Thomas<br />

Schielke, Mariana G. Figueiro, Ph.D., Mariana Novaes e Vicente<br />

Scopacasa, Fernanda Carvalho, Chris Fraser e Charles Stone,<br />

keynote speaker do LEDforum.20.<br />

O LEDforum.21, inicialmente programado para o mês<br />

de agosto, teve recentemente suas datas alteradas para 4 e<br />

5 de novembro de 2021, visando à sua realização em ambiente<br />

positivo e confortável para todos os participantes, seja em<br />

formato físico, seja em formato híbrido.<br />

Integrando as atividades da Semana da Luz, realizada em<br />

parceria com a AsBAI, já estão programados: nos dias 2 e 3, o<br />

workshop “Iluminação em Edifícios Históricos”, com o professor<br />

e lighting designer alemão Jan Blieske; no dia 3, o workshop<br />

“LED Attack”, comandado pelos lighting designers Rafael<br />

Leão e Ricardo Hofstadter; e, no dia 5, a aguardada festa de<br />

encerramento Lighting Lovers.<br />

Como de costume, a organização está trabalhando em<br />

uma programação de qualidade, repleta de temas atuais e<br />

relevantes, com alguns nomes já confirmados. Confira no site<br />

ledforum.com.br e fique de olho nas redes sociais do @ledforum<br />

e da @lmaisd! (D.T.)<br />

14


¿QUÉ PASA?<br />

O EU E A LUZ<br />

As lighting designers Paula Carnelós e Diana Joels lançaram<br />

o curso virtual Light Drops, ministrado por WhatsApp, com o<br />

objetivo de estimular as experiências íntimas e cotidianas<br />

de cada participante com a luz, seja ela natural, do ambiente,<br />

pública ou outra.<br />

Cada curso tem duração de um mês, com sugestões diárias<br />

de exercícios ou estímulos que podem determinar mídias<br />

(escrita, desenho, foto, vídeo) ou deixar aos alunos a escolha<br />

do suporte. Ao final, os participantes entregam a compilação<br />

de exercícios e recebem de volta uma edição comentada e<br />

pessoal, contendo interpretações sobre cada percurso: lacunas,<br />

prioridades e caminhos de continuidade.<br />

O objetivo final é que o hábito de observar a luz no dia a dia<br />

e o desenvolvimento de um vocabulário visual ganhem força e<br />

permaneçam a partir da imersão vivenciada.<br />

Nas imagens, fragmentos das edições produzidas por Diana<br />

e Paula para cada participante.<br />

Mais informações no Instagram: @lightdrops_luz (D.O.)<br />

16


¿QUÉ PASA?<br />

SOB A LUZ<br />

O fabricante Luxion Iluminação lança este ano sua nova<br />

coleção Sob a luz do design, em parceria com nomes importantes<br />

da criação contemporânea brasileira. A coleção consolida<br />

sua marca Design Collection, que desde 2015 desenvolve a<br />

linguagem da Luxion em peças atemporais que aliam tecnologia<br />

a conforto do usuário.<br />

A coleção apresenta luminárias desenvolvidas em parceria<br />

com Vinicius Siega, criador do pendente Vênus , inspirado<br />

em objetos cotidianos e na joalheria, com a possibilidade de<br />

aplicação individual ou múltipla; com Jacqueline Terpins, que<br />

desenvolveu a luminária de mesa Fissura , a qual trabalha a<br />

forma elíptica por meio do contraste entre dois materiais com<br />

comportamentos distintos sob a luz; e com o Studio Arthur<br />

Casas, no pendente Amorfo , que faz referência ao aconchego<br />

da luz de velas em peça pensada para a sala de jantar. (D.O.)<br />

Guilherme Jordani<br />

18


Maria Fraga<br />

L U Z L I N E A R P A R A<br />

¿QUÉ PASA?<br />

P R O J E T O S E X C E P C I O N A I S<br />

LUNA MENDAX<br />

UMA LINHA COMPLETA DE<br />

PERFIS, TOTALMENTE NOVA.<br />

Todos com três opções de acabamento.<br />

Bordas sutis. Corpo de alumínio com abas e lentes retas.<br />

Estética limpa e discreta no teto. Design pensado para<br />

Ao contrário do que ocorre no hemisfério sul, acima da linha<br />

do Equador a lua minguante tem forma de “C”, enquanto a lua<br />

crescente tem forma de “D”, sendo apelidada de “lua mentirosa”<br />

ou “luna mendax”, termo este que remonta à Roma antiga.<br />

Foi somente em 2010 que a designer gráfica Maria Fraga<br />

descobriu a “lua verdadeira” do hemisfério sul.<br />

Residente na cidade de São Paulo há mais de 10 anos, Maria<br />

inspirou-se em suas memórias de infância do céu noturno do<br />

hemisfério norte para criar seu calendário lunar, impresso em<br />

offset numa gráfica tradicional da cidade do Porto.<br />

Com uma face dedicada a cada hemisfério, o calendário<br />

representa a rotina da própria designer, que se divide entre a<br />

vida na capital paulista e as visitas à família na pequena cidade<br />

de Peso da Régua, Portugal. “Desenvolvi este calendário lunar<br />

com os dois lados de ver a mesma lua”, declara. Os calendários<br />

podem ser encomendados em mariafraga.pt. (D.T.)<br />

proporcionar conforto visual. Opções com recuo da fonte<br />

luminosa. Acessórios disponíveis para unir os perfis de<br />

forma linear, em união L e união L teto-parede.<br />

BRANCO<br />

PRETO<br />

PRETO<br />

Lente branca Lente branca Lente preta<br />

Perfil de Embutir Recuado: modelos de 24mm e 46mm.<br />

Perfil de Sobrepor Plano: modelos de 8mm, 25mm e 35mm.<br />

20 stella.com.br l /stella.iluminacao


Tadeu Melegatti<br />

¿QUÉ PASA?<br />

NO CENTRO DO PRATO<br />

O projeto do J1 Restaurante, no Shopping VillaLobos,<br />

realizado pelo escritório Otavio de Sanctis Arquitetura, teve no<br />

seu programa o protagonismo dos pratos da culinária japonesa,<br />

que atentam tanto à estética – pratos apresentados como<br />

esculturas multicoloridas – quanto ao sabor e à textura. As<br />

luminárias e os sistemas de iluminação foram desenvolvidos sob<br />

medida pelo fabricante Lightsource, a partir da concepção do chef<br />

e proprietário Jun Sakamoto, ele mesmo formado em Arquitetura.<br />

A disposição variável das mesas, de acordo com o número<br />

de clientes, aparece contemplada no sistema de luminárias<br />

criado para a casa, a fim de garantir o foco no centro de cada<br />

mesa, local onde os pratos, sempre compartilhados, serão<br />

dispostos. Desse modo, no restaurante, que tem pouca ou<br />

nenhuma luz natural, a iluminação principal é proveniente<br />

dos fachos de luz, que, centralizados sobre os pratos servidos,<br />

refletem luminosidade no ambiente.<br />

O sistema de iluminação parte todo de um mesmo<br />

elemento, a luminária cilíndrica preta fixada no sistema de<br />

trilhos – que permite mobilidade – ou a branca, nas áreas em<br />

que as mesas são fixas. (D.O.)<br />

22


¿QUÉ PASA?<br />

JORNADA DO DIA A DIA<br />

A Fast Shop, rede de lojas de eletroeletrônicos e<br />

eletrodomésticos com mais de <strong>80</strong> unidades por todo o país,<br />

lançou sua loja conceito no Shopping Ibirapuera, em São Paulo,<br />

com projeto do escritório japonês Kengo Kuma and Associates.<br />

O lançamento fortalece a estratégia omnichannel da<br />

marca, isto é, a convergência de seus canais de venda e a<br />

implementação do varejo phygital, que intersecta os meios físico<br />

e digital no ambiente da loja durante a experiência de compra,<br />

em busca da atualização do conceito da marca: conectividade,<br />

interação e ultraconveniência.<br />

Jozzu Ribeiro<br />

Em razão das mudanças nos padrões de consumo,<br />

aceleradas pelos protocolos de segurança durante a<br />

pandemia da covid-19, a aposta do projeto é na revalorização<br />

do espaço da casa dos consumidores. Os ambientes da loja<br />

conceito foram concebidos como espaços caseiros, integrados<br />

ao dia a dia dos consumidores, por meio de tecnologia e<br />

elementos cenográficos. As áreas de venda foram divididas em<br />

momentos como “cinema em casa”, “cozinhar para família e<br />

amigos”, “escritório inteligente”, “cuidados pessoais” e “conforto<br />

e segurança para pais e filhos”.<br />

Para distinguir cada ambiente, o projeto utilizou materiais<br />

diversos, como telas de metal branca ou prateada, palha ou<br />

madeira, destacados por sistemas de iluminação específicos em<br />

cada um dos espaços, com o objetivo de aproximar da vida dos<br />

usuários os produtos, a experiência de compra e a tecnologia.<br />

O arquiteto Kuma comenta seu projeto: “Esta loja da Fast<br />

Shop reflete essa mudança no nosso estilo de vida e pode ser<br />

um modelo especial para uma nova vida do brasileiro”. (D.O.)<br />

24


Erik Undéhn<br />

¿QUÉ PASA?<br />

MARCA DO CONTRASTE<br />

Esta loja da marca sueca de tênis e acessórios Axel Arigato<br />

ilustra seu conceito disruptivo, de questionar a indústria e<br />

propor uma relação direta com seus clientes. São 270 m2 em<br />

dois andares, a maior loja da marca até o momento.<br />

Instalada em edifício histórico de Copenhague, na<br />

Dinamarca, a partir de projeto de Christian Halleröd Design,<br />

a loja alia o minimalismo das linhas retas e materiais rústicos<br />

como o concreto aparente às formas coloridas e orgânicas<br />

de esculturas metálicas ou laqueadas, criadas pela artista<br />

australiana Kiri-Una Brito Meumann.<br />

A iluminação industrial uniforme, disposta em suportes<br />

retangulares, segue a ideia de gerar contrastes tanto com as<br />

bases de exposição dos produtos arredondadas em forma ora<br />

de nuvens, ora de detalhes da anatomia humana como com o<br />

ambiente de orientação futurista e com os próprios produtos,<br />

esportivos e casuais. (D.O.)<br />

26


¿QUÉ PASA?<br />

ESSÊNCIA ATEMPORAL<br />

Adrià Goula Sardà<br />

O espaço da Perfumaria Carner Barcelona, projeto do<br />

escritório de arquitetura Jofre Roca, reúne showroom, loja e<br />

escritório em sua sede, e sua concepção integra o conceito da<br />

marca – a tradição e a atemporalidade de uma perfumaria local<br />

– ao seu espírito cosmopolita e inovador.<br />

Essa integração aparece na organização do espaço, que é<br />

ventilado, claro e atento à preservação dos elementos autênticos<br />

da arquitetura catalã. A escolha pelas paredes caiadas de branco<br />

acentua as marcas do tempo, confere continuidade entre os<br />

usos diversos e facilita a exposição dos produtos, em contraste<br />

com o fundo claro.<br />

Os poucos materiais usados na composição do espaço –<br />

madeira e aço – foram selecionados por suas funções sensoriais,<br />

como a reação ao tato, pelo efeito que a luz tem sobre eles e por<br />

seu baixo impacto ambiental. A madeira clara de pinho, usada no<br />

piso, nas portas e nos móveis, é certificada, assim como o tipo de<br />

tinta mineral escolhido, que favorece o bem-estar dos clientes.<br />

O projeto de iluminação foi concebido de modo a não ser<br />

fisicamente percebido, com a utilização de equipamentos de<br />

LED de baixo consumo e alta eficiência, não aparentes. Ao<br />

mesmo tempo, buscou cumprir sua tripla função: destacar a<br />

imagem da marca e os frascos dos produtos expostos e acentuar<br />

a atmosfera do local. (D.O.)<br />

28


¿QUÉ PASA?<br />

ESCRITÓRIO<br />

COMO CIDADE<br />

f i s s u r a<br />

P O R J A C Q U E L I N E T E R P I N S<br />

Maxime Brouillet<br />

Duas elipses se contrastam<br />

em luz e sombra, translúcido<br />

e opaco em um movimento<br />

linear de antítese e síntese.<br />

O projeto da empresa de videogames Eidos-Montreal,<br />

no Canadá, do escritório de arquitetura la SHED architecture,<br />

teve como programa acomodar seus 150 colaboradores em<br />

um ambiente coerente que, ao mesmo tempo, proporcionasse<br />

pertencimento, familiaridade e socialização.<br />

O espaço de dois andares, totalizando 4.650 m 2 , foi<br />

concebido com base em princípios do urbanismo, ou seja,<br />

como uma cidade organizada por usos e percursos diversos,<br />

com espaços de convivência intercalados por espaços privados,<br />

seguindo o espírito de comunidade, a marca central da empresa.<br />

O conceito do projeto aparece expresso na escada que une<br />

os pisos e, ao mesmo tempo, serve de anfiteatro; na iluminação<br />

que simula a luz natural como se ela viesse de claraboias, em<br />

diálogo com a vocação da empresa de criar universos em seus<br />

games; e na forma triangular da logomarca que aparece disposta<br />

em todo o espaço, principalmente no forro.<br />

Peça central do projeto, o forro é composto de uma<br />

estrutura modular triangular que, com efeitos de cheios e vazios,<br />

possibilita cobrir as instalações. Essa estrutura possui densidade<br />

e textura que variam de acordo com cada uso específico, além<br />

de iluminar de maneira uniforme todos os ambientes, a partir do<br />

mesmo conceito.<br />

Este projeto recebeu o Prêmio de Excelência em Arquitetura<br />

– Design de Interiores 2020 – da Ordem dos Arquitetos<br />

de Quebec. (D.O.)<br />

30


LIRA é um pendente minimalista<br />

produzido sob medida que permite<br />

d i f e r e n t e s e f e i t o s d e l u z .<br />

Nele, barras de LED para iluminação e<br />

spots com 12° , 24° , 38° ou 60°<br />

se integram ao sistema, oferecendo a<br />

m e l h o r s o l u ç ã o a o p r o j e t o<br />

Em toda nossa linha LEDs Nichia em<br />

3 steps e IRC 90 asseguram<br />

homogeneidade de cor na luz.<br />

saiba mais<br />

Robin Hayes<br />

diversos modelos de<br />

spot compatíveis.<br />

dimensões:<br />

¿QUÉ PASA?<br />

GEOMETRIA<br />

Comprimento<br />

sob medida<br />

27<br />

50<br />

H sob medida<br />

dimensões em mm<br />

32<br />

Instalada em edifício que é parte de um complexo escolar e<br />

programada para mudar constantemente de forma, “Geometry”<br />

é uma instalação luminosa criada pela artista sérvia, baseada<br />

na Suécia, Aleksandra Stratimirovic. As linhas de luz em duas<br />

dimensões estão dispostas em arranjos geométricos que<br />

produzem combinações infinitas de forma e cor, randomizadas e<br />

controladas de acordo com os horários das atividades do edifício.<br />

A obra ocupa as paredes do ginásio da escola, um espaço amplo<br />

e alto o suficiente para acomodar seus 600 cm x 600 cm.<br />

A percepção do espaço se altera com as variações de<br />

composição, desde as linhas simples até as mais complexas.<br />

Segundo a artista, existe um paralelo simbólico entre seu<br />

trabalho e a experiência dos estudantes, que entram no universo<br />

escolar e desenvolvem personalidades únicas e imprevisíveis.<br />

Ao trazer formas geométricas, análise combinatória e fruição<br />

para o ambiente escolar, estabelecem-se possibilidades de<br />

diálogo entre arte e público.<br />

A instalação consiste em 194 linhas obtidas a partir de<br />

7 grupos com 17 luminárias RGB de 50 cm e 100 cm cada.<br />

Os cabos estão acoplados na parte de trás das instalações,<br />

assim como as caixas de controle, discretamente dispostas<br />

nas paredes. (D.O.)<br />

www.ciadeiluminacao.com.br<br />

/ciadeiluminacao<br />

/ciadeiluminacao_<br />

(11)3371-2333<br />

31<br />

ANOS<br />

DE HISTÓRIAS


Courtesia da Galerie Maria Wettergren<br />

¿QUÉ PASA?<br />

NORTE RADIANTE<br />

A Galeria Maria Wettergren, sediada em Paris, França,<br />

montou este ano a exposição Radiant: Light and (e)motion,<br />

uma justaposição de artistas contemporâneos escandinavos a<br />

artistas franceses de fotografia experimental dos anos 1960/70.<br />

Os países escandinavos, possivelmente pelas condições<br />

geográficas que tornam mais rara a incidência de luz solar<br />

durante boa parte do ano, contam com extensa produção<br />

artística que tem a luz como meio de expressão, por exemplo, no<br />

campo do design. Essa tradição nos deu nomes como Wilhem<br />

Hammershøi e Olafur Eliasson, dois entre vários artistas que<br />

trabalham a luz tanto em sua poética quanto em suas aplicações<br />

como fenômenos da natureza.<br />

Os trabalhos expostos na Galeria Maria Wettergren seguem<br />

esta mesma orientação criativa: observação da luz como<br />

fenômeno natural e dinâmico e suas implicações emocionais ao<br />

atingir o observador. Em inglês, “radiante” tem duplo sentido,<br />

referindo-se ao mesmo tempo aos raios de luz e ao calor,<br />

conceitos que atravessam toda a exposição.<br />

Entre os artistas, a dinamarquesa Ane Lykke apresenta<br />

“Light Object”, uma escultura luminosa feita de madeira; e o<br />

fotógrafo francês Rodolfo Proverbio traz “Lumière et Eau” , um<br />

de seus experimentos de pintura com luz. (D.O.)<br />

34


Sistema de iluminação simples, direto e linear, suspenso somente pelas extremidades. Composto por uma tira ultrafina e<br />

resistente de aço inox, usando uma fonte de luz fita LED para uma luz contínua. Possibilidade de até 25 metros de extensão,<br />

a sua aplicação pode ser de parede a parede ou do teto ao piso, tanto para iluminação direta ou indireta.<br />

36 EXTENDLIT<br />

www.lemca.com.br


Carol Quintanilha<br />

¿QUÉ PASA?<br />

ExFINITO<br />

O Farol Santander trouxe, no início de 2021, ExFINITO, a<br />

primeira grande exposição no Brasil do chileno Ivan Navarro,<br />

artista contemporâneo radicado em Nova York que insere<br />

em suas obras reflexões sociopolíticas com base no contexto<br />

histórico do Chile e em sua experiência como imigrante nos<br />

Estados Unidos.<br />

Navarro baseia-se em elementos do movimento minimalista<br />

norte-americano, mas acrescenta significado ao formalismo em<br />

experiências com luz elétrica e espelhos em suas instalações.<br />

ExFINITO teve curadoria de Marcelo Dantas e colaboração<br />

da companheira do artista, Courtney Smith, e expôs 14 obras<br />

de Navarro, inéditas e produzidas localmente, entre elas a<br />

instalação publica “Escada (Caixa-d’água)”, exposta na praça<br />

em frente ao edifício do Farol Santander.<br />

As instalações são compostas de esculturas luminosas feitas<br />

de espelhos, vidros e neon, dispostas em forma de labirinto,<br />

com o intuito de provocar no espectador dúvidas sobre quem<br />

somos e o que refletimos. O material dos espelhos permite visão<br />

unidirecional, como em salas de interrogatório.<br />

Sobre a exposição, escreveu Dantas, o curador: “Navarro<br />

cria uma situação na qual sua obra é consumada a partir de<br />

nossa posição em relação a tantas reflexões. Essa sensação<br />

abissal, de vazios, frestas e perspectivas que se abrem para<br />

uma dimensão desconhecida, pode ser a consciência de um<br />

universo paralelo, de uma trama secreta ou de um estado de<br />

percepção alterado”. (D.O.)<br />

38


¿QUÉ PASA?<br />

PAISAGEM DOS SONHOS<br />

Daan Roosegaarde<br />

“GROW” é uma das mais recentes instalações do designer<br />

holandês Daan Roosegaarde e presta homenagem à beleza<br />

e à importância da agricultura, com inspiração nas novas<br />

tecnologias no campo da fotobiologia. Com o objetivo de<br />

contribuir para o crescimento sustentável das plantações – que<br />

fornecem alimento para milhares de seres humanos todos os<br />

dias –, o designer e sua equipe se uniram a cientistas e experts<br />

para um trabalho que, após dois anos, culminou na criação<br />

de uma “receita” de luzes capaz de intensificar o crescimento da<br />

vegetação, além de possibilitar uma redução de até 50% no<br />

uso de pesticidas.<br />

A primeira de uma série de “dreamscapes” (ou “paisagens<br />

dos sonhos”) planejadas pela equipe foi instalada em uma<br />

plantação de alho-poró nos Países Baixos. Uma combinação<br />

de projeções de luzes azuis, vermelhas e ultravioletas parece<br />

“dançar” sobre o campo de mais de 20.000 m 2 , transformando-o<br />

em uma obra de arte viva. “‘GROW’ demonstra a beleza da luz<br />

e da sustentabilidade. Não é uma utopia, mas sim uma protopia<br />

em crescente aperfeiçoamento”, descreve Roosegaarde. (D.T.)<br />

40


¿QUÉ PASA?<br />

ARTE PÚBLICA<br />

Gert Jan van Rooij<br />

Esta passagem subterrânea de pedestres em Amsterdã,<br />

Países Baixos, ganhou este ano um projeto de iluminação<br />

permanente que alia a função à fruição, ao mesmo tempo que<br />

garante a segurança do deslocamento dos usuários e propõe<br />

reflexões sobre as mudanças urbanísticas e a relação entre<br />

cidade e o meio natural ao longo do tempo.<br />

O artista holandês Matthias Oostrik, a convite da cidade<br />

de Amsterdã, instalou um sistema de iluminação que usa<br />

tecnologia digital para ser acionado com a presença dos<br />

pedestres. A instalação, chamada “Het Licht van Jan”, ou “A<br />

luz de Jan”, ilumina a calçada e as paredes da passagem com<br />

um tipo de efeito em cada suporte, projeções onduladas e<br />

dinâmicas obtidas através de gradil de aço que barra parte da<br />

luz, estrategicamente espaçada.<br />

As projeções remetem aos raios de sol e à presença da<br />

água dos canais que dominavam a paisagem do local antes do<br />

crescimento urbano e da construção de passagens de pedestre<br />

como a que agora ganha luz. Além disso, a luz fria da instalação<br />

contrasta com a iluminação pública, mais quente e alaranjada.<br />

(D.O.)<br />

42 43


EM LOUVOR DO DESIGN<br />

Texto: Diana Joels<br />

Fotos: Andika Pradana, Diana Joels, Orlando Marques, Priscila Pacheco e Renato Navarro<br />

“A vida é uma invenção.<br />

A gente inventa pro bem ou pro mal.”<br />

Ferreira Gullar<br />

Nunca esqueci essa pérola dita pelo poeta e crítico de arte<br />

Ferreira Gullar, no seu depoimento sobre Vinicius de Moraes,<br />

naquele filme Vinicius, do diretor Miguel Faria Jr., a que assisti<br />

muitas vezes em 2006 – época em que a gente comprava DVDs<br />

dos filmes que adorava.<br />

Ao falar do poeta Vinicius como um cara que botava a vida<br />

para cima e inventava verdades positivas, o poeta Gullar acaba<br />

por questionar a ideia de uma verdade absoluta sobre a existência.<br />

Partir desta premissa – de que tudo é uma invenção – é um<br />

alento para encarar esta página em branco.<br />

Branco? Mas que cor é o branco?<br />

Se tem algum aluno, aluna, ex-aluno ou ex-aluna meu lendo<br />

este ensaio, já sabe a minha resposta: depende.<br />

Como todas as cores, cada “branco” pode ser especificado e<br />

descrito quantitativamente, a partir de grandezas mensuráveis,<br />

escalas objetivas e numéricas. Dados concretos, compreensíveis<br />

e comunicáveis que dão conta de uma parte da verdade dessa e<br />

de todas as cores.<br />

Esses dados físicos produzem efeitos visuais relativos, cuja<br />

percepção é influenciada pelo contexto, pelo entorno, pela<br />

textura, pelas luzes e sombras que na superfície incidem. Como<br />

descrever então o branco de uma parede de estuque recebendo<br />

a luz do meio-dia filtrada por uma folhagem verde e densa em<br />

uma viela estreita de uma ilha grega no verão? Visualizou?<br />

Esse é um branco que Pantone, NCS, CMYK, ou a escala de sua<br />

preferência, são incapazes de descrever integralmente. Apenas<br />

em associação com o contexto visual e todos os seus elementos<br />

de influência conseguimos construir e comunicar esse branco<br />

como grandeza visual.<br />

Para dar conta de descrever a EXPERIÊNCIA da cor,<br />

precisamos de um vocabulário físico-quantitativo associado a<br />

um vocabulário perceptivo-visual-qualitativo.<br />

LUZ É COR. COR É LUZ.<br />

Podemos descrever a luz usando apenas grandezas<br />

físicas, mensuráveis e calculáveis? Sim. De forma parcial. Essa<br />

parcialidade interessa? Ao design, como disciplina integral, não.<br />

Em uma palestra no curso Sensitive Spaces da Architecture<br />

Association School of Architecture de Londres, o filósofo italiano<br />

Emanuele Coccia afirmou “Seja por meio de materiais, dos<br />

espaços ou da tecnologia, transformamos o mundo para alterar<br />

a forma como percebemos o mundo”. Nessa linha de raciocínio,<br />

defendeu que a arquitetura deveria se afastar de disciplinas<br />

como a geometria e o paradigma euclidiano e redesenhar suas<br />

ferramentas de forma a aproximar-se da psicologia e tratar os<br />

espaços a partir de uma abordagem sentimental.<br />

Nenhum de nós pensa ou descreve a própria casa como uma<br />

entidade espacial. De acordo com o pensamento de Coccia,<br />

nossas casas são entidades morais, são coleções de elementos<br />

materiais que vinculamos à felicidade.<br />

Josep Ferrando, arquiteto catalão mentor da metodologia<br />

de projeto que norteia o curso de Design de Espaços MADE.IN,<br />

que coordeno no Instituto Europeo di Design – IED Rio, em<br />

uma mesa-redonda organizada pelo fabricante de luminárias<br />

LAMP para discutir o futuro da arquitetura pós-pandemia,<br />

trouxe à tona a importância de pensarmos os espaços utilizando<br />

adjetivos em vez de substantivos. A atitude de discutir atributos<br />

emocionais, e não físicos, da arquitetura altera completamente<br />

nossa capacidade de construir espaços versáteis e sugestivos,<br />

não impositivos. Fundamental nos tempos atuais e futuros.<br />

Como designers de luz e, consequentemente, designers<br />

de espaços e experiências, precisamos incorporar em<br />

nosso vocabulário uma linguagem que englobe toda essa<br />

complexidade.<br />

Lembrando que complexo não é o mesmo que complicado<br />

– nem melhor. Complexidade implica integralidade, em<br />

contraponto à parcialidade – por exemplo, de uma abordagem<br />

quantitativa, exclusivamente baseada em dados mensuráveis.<br />

Na minha forma de entender, o design é intrinsecamente –<br />

além de integral – multidisciplinar e humano. Da forma como o<br />

defendo, o termo design cunha, acima de tudo, uma abordagem.<br />

Por isso a dificuldade de usar um termo não importado. No caso da<br />

expressão “architectural lighting design”, os termos “iluminação”<br />

e “arquitetônica” são plenos de sentido em nosso idioma. Já o<br />

termo “design” é difícil de abrir mão, quando entendido como<br />

uma atitude: a abordagem de um problema a partir dos mais<br />

diversos pontos de vista possíveis e relevantes (multidisciplinar<br />

e integral) com o objetivo de desenvolver uma solução em que o<br />

usuário esteja no centro da equação (humanista).<br />

Em nossa especialidade, o design adquire mais camadas<br />

de complexidade, em razão da própria natureza da luz.<br />

Requisitos visuais, psicológicos e biológicos não raramente<br />

são contraditórios. Olhemos o caso da luz azul, cuja aparência<br />

cromática é emocionalmente associada à calma, enquanto seu<br />

efeito não visual provoca estado de alerta. Sendo ambas as<br />

informações relevantes e cientificamente embasadas. O desafio<br />

do design de iluminação é, portanto, encontrar o equilíbrio entre<br />

diversas e diferentes demandas, por meio de uma abordagem<br />

em que todos os fatores colaborem dentro de uma ordem<br />

hierárquica. O que não significa encontrar uma média, muito<br />

menos um formato fixo, mas identificar diretrizes e parâmetros<br />

característicos para cada ocasião de projeto.<br />

44 45


Nosso trabalho compreende um fluxo contínuo que oscila<br />

entre o pensamento visual e sua tradução física por meio de<br />

desenhos, esquemas, cálculos e especificações. Encontrar uma<br />

metodologia sólida, incluindo vocabulário apropriado, para cada<br />

etapa do processo é fundamental para a navegação segura<br />

dessa complexa jornada.<br />

É crucial lembrar que uma abordagem qualitativa não é<br />

absolutamente subjetiva! Em vez de dados fotométricos, normas<br />

e parâmetros numéricos somente, lidamos com fatores visuais,<br />

contrastes e parâmetros comparativos. De forma objetiva. Ouso<br />

dizer que a natureza relativa do processo de design integral e<br />

conceitual é muito mais realista que o estado absoluto de uma<br />

abordagem exclusivamente quantitativa, uma vez que tanto o<br />

design quanto a própria luz são absolutamente relativos – tudo<br />

neles depende de algo, seja de um conceito, seja de um contexto. 1<br />

É fundamental elucidar o termo conceito dentro dessa<br />

abordagem metodológica, que não cabe aqui ser detalhada. O<br />

essencial é apontar que iniciamos o processo sempre pelo “macro”,<br />

de forma que, ao final, esse todo englobe cada detalhe e expresse<br />

um entendimento profundo do projeto, embasado em uma etapa<br />

analítica completa. Isso permite que o problema seja amplamente<br />

compreendido, possibilitando o desenvolvimento do tal conceito<br />

– que se torna oráculo do projeto a partir de sua consolidação. O<br />

conceito, portanto, é sempre uma afirmação concreta e tangível<br />

das experiências que o projeto deverá proporcionar, muitas vezes<br />

descritas por meio de situações análogas.<br />

Se tudo isso faz sentido, no fim, o design de luz pode<br />

ser descrito como a orquestração de três atributos que Jan<br />

Ejhed nomeou: visibilidade, espacialidade e atmosfera. Um<br />

equilíbrio em que todos os detalhes se apoiam mutuamente<br />

para construir as condições visuais adequadas a determinado<br />

contexto arquitetônico, o que garante sua legibilidade, levando<br />

em consideração as sensações e os sentimentos a serem<br />

experimentados pelos usuários.<br />

Mais que nunca, é preciso lembrar que o design da luz não é<br />

dependente da eletricidade!<br />

Fontes de luz elétricas e eletrônicas são uma parcela de<br />

nossas ferramentas de trabalho – que claramente dominam<br />

nosso cotidiano profissional –, mas de forma alguma definem<br />

nossa profissão.<br />

Cada vez que ouço alguém dizer que o design de luz é uma<br />

profissão recente, eu me pergunto como nessa perspectiva é<br />

entendido o papel da luz na arquitetura ao longo da História.<br />

E me vêm à mente os frisos das colunas gregas, os volumes<br />

e os brilhos nos interiores da Pérsia antiga, as molduras<br />

de cada elemento no teto do Panteão, a luz rebatida nas<br />

igrejas escandinavas de diversos períodos, a luz filtrada das<br />

catedrais góticas, a dominância da sombra e da penumbra<br />

na arquitetura tradicional japonesa, e um sem-fim de<br />

experiências arquitetônicas em que a intenção de luz é<br />

indissociável da construção do próprio espaço e de sua vivência<br />

– física e emocional.<br />

1 Nota do editor: Relative Light é o título provisório do livro que Diana Joels está escrevendo com o professor sueco Jan Ejhed, fundador do<br />

Lighting Laboratory. Nele, os autores aprofundam muitas das reflexões presentes neste ensaio, além de outros temas.<br />

Num presente em que precisamos urgentemente nos<br />

entender como parte da natureza e genuinamente deixar de<br />

buscar na tecnologia soluções para problemas gerados pela<br />

própria tecnologia, não vejo assunto mais relevante à nossa<br />

profissão que a luz natural.<br />

A função essencial do design é solucionar problemas. Um<br />

dos problemas que compartilhamos globalmente é o excesso<br />

de luz artificial – proveniente seja de fontes funcionais, seja de<br />

fontes residuais, com impactos nos âmbitos individual, cultural<br />

e ambiental.<br />

Saudemos a luz natural! Seja pela modelagem da luz do dia,<br />

baseada no entendimento de seus componentes sol e céu e da<br />

passagem do tempo. Seja pela redescoberta da escuridão. Seja<br />

pelo uso de fontes industriais com base em uma abordagem<br />

humana, integral e multidisciplinar.<br />

Permitamo-nos, por meio do design, inventar coletivamente<br />

uma nova realidade! Certamente será para o bem.<br />

IMAGENS<br />

1 Que cor é o branco? Museu de Arte<br />

Contemporânea de Kanazawa no fim de<br />

um dia e na manhã seguinte. (Foto: D.J.)<br />

2 Neste experimento, parte da sua<br />

dissertação orientada por mim, os<br />

mestrandos Emelie Kullenberg e Hampus<br />

Åkerlind abordaram a relevância da<br />

temperatura correlata de cor para a<br />

percepção da atmosfera. (Fotos: A.P.)<br />

3 Ao buscar em sua biblioteca uma<br />

imagem que correspondesse às memórias<br />

de um branco grego conforme descrito no<br />

texto, Orlando Marques nos brinda com<br />

essa imagem-poema, em perfeito diálogo<br />

com o ensaio. (Foto: O.M.)<br />

4 Ao alterar as características físicas<br />

do peitoril de uma janela, que qualidades<br />

visuais e atributos emocionais do espaço<br />

são transformados? — experimento da<br />

lighting designer Priscila Pacheco para<br />

um exercício da jornada de aprendizagem<br />

“Light Drops”, concebida e realizada por<br />

Diana Joels e Paula Carnelós<br />

(ver página 16) — (Fotos P.P.)<br />

5 Luz natural e luz elétrica coexistem<br />

para comunicar o conceito de passagem<br />

do tempo, criando, neste canto do<br />

ambiente, uma atmosfera cuja composição<br />

de luz no espaço se baseia na própria luz<br />

solar: abundante, dirigida, quente e com<br />

sombras rígidas. Quarto de Menina e Bebê<br />

por Grão Arquitetura e design de luz Diana<br />

Joels, para mostra Casa na Toca SP 2019.<br />

(Foto: R.N.)<br />

6 Panteão [Roma], Partenon [Atenas],<br />

Igreja Bagsvaerd [Copenhagen], Mesquita<br />

Azul [Istambul], Pedregulho [Rio de<br />

Janeiro], Banhos árabes [Granada], Capela<br />

de Santo Inácio [Seattle] — alguns de<br />

inúmeros registros ao longo dos anos<br />

sobre a relação indissociável entre luz,<br />

espacialidade e atmosfera. (Fotos: D.J.)<br />

7 Distante da poluição luminosa.<br />

Luz essencial. (Foto D.J.)<br />

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A CASA DA BAÍA<br />

Texto: Diogo de Oliveira<br />

Fotos: Jeff Goldberg<br />

Projetada como residência de fim de semana, nos arredores<br />

costeiros da cidade de Nova York, Estados Unidos, esta casa<br />

atualiza elementos da arquitetura da região e produz reflexões<br />

interessantes sobre a passagem do tempo, o uso primeiro das<br />

edificações como proteção do ambiente externo e os tributos<br />

da construção contemporânea à história do desenho e da<br />

arquitetura. O projeto foi realizado pelo escritório de arquitetura<br />

Studio Rick Joy.<br />

Esta residência de temporada, projeto do escritório de<br />

arquitetura Studio Rick Joy, usa elementos da tradição<br />

construtiva da sua região e os atualiza com elementos<br />

contemporâneos.<br />

UM POUCO DE HISTÓRIA<br />

A região onde fica a casa foi ocupada, no século XVII,<br />

por colonos ingleses, de origem puritana, em terra negociada<br />

com os povos originários Montauk para atividades agrícolas,<br />

principalmente agropecuária. Desde o século XIX, no entanto,<br />

a área viu suas fazendas perderem força econômica com sua<br />

transformação em balneário, vocação que floresce até hoje,<br />

em uma das áreas mais valorizadas do mercado imobiliário<br />

norte-americano.<br />

REFERÊNCIAS<br />

O clima das fazendas históricas aparece reavivado nos<br />

elementos externos da casa, como o telhado inclinado em certa<br />

angulação e coberto por telhas de ardósia ou as paredes de<br />

granito, materiais que atualizam o material original, a madeira.<br />

Os revestimentos internos, no entanto, evocam a importância<br />

desse material na produção do conforto e do acolhimento,<br />

com réguas largas aplicadas nas paredes e nos pisos em toda<br />

a residência.<br />

Outro elemento que alinha o projeto com sua ancestralidade<br />

construtiva é o destaque dado à lareira e à chaminé, facilmente<br />

identificáveis com tempos em que manter o conforto térmico<br />

e as atividades das fazendas dependia de elementos naturais<br />

como o fogo e as pedras, estas últimas aparecem tanto nas<br />

telhas quanto em revestimentos internos.<br />

48 49


ILUMINAÇÃO<br />

Somado ao protagonismo da luz natural e da arquitetura<br />

que a permite, o projeto de iluminação, realizado pelo<br />

escritório Concept Lighting Lab LLC, é central para conferir<br />

contemporaneidade ao projeto.<br />

Na galeria de fotografias, que serve também de área de<br />

circulação entre os ambientes, as obras ganham luz a partir de<br />

sistema linear, vinda de luminárias difusas com alta reprodução<br />

de cor. Nas áreas de estar e de jantar, a iluminação provém de<br />

projetores pendentes com hastes e pendurais longos, suspensos<br />

desde o forro. A iluminação aparece ainda complementada por<br />

luminárias decorativas de piso, com hastes igualmente longas e<br />

cúpula para facho direto e difuso, estrategicamente dispostas.<br />

Todos esses recursos de iluminação são controlados por<br />

sistemas de automação, para a conveniência e a flexibilidade<br />

dos usuários.<br />

Nas áreas sociais da casa, luminárias com longos pendurais,<br />

organizam a iluminação. Na galeria, onde está exposta a<br />

coleção de fotografias, cada obra é iluminada por luminárias<br />

lineares difusas.<br />

DENTRO E FORA<br />

Em sintonia com a localização da casa à beira-mar, o projeto<br />

propõe aberturas, claraboias, paredes de vidro, pé-direito duplo e<br />

varanda protegida, em um gesto que, ao mesmo tempo, valoriza<br />

a luz e a paisagem naturais e garante proteção a rigores externos,<br />

em diálogo com as residências de todos os tempos. Entre a área<br />

social e os dormitórios, uma galeria de fotografias dá lugar aos<br />

usos contemporâneos e ao universo particular dos clientes.<br />

O projeto de iluminação desenvolvido pelo escritório<br />

Concept Lighting Lab é um dos elementos que atualizam<br />

o projeto da residência. Tanto as luminárias integradas na<br />

arquitetura, como as decorativas, compartilham forma e<br />

função, por meio de um desenho atual e atemporal.<br />

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O projeto lança mão de varandas protegidas, panos de vidro,<br />

claraboias e espaços com altura generosa para trazer luz natural<br />

aos ambientes e valorizar sua localização próxima ao mar.<br />

TEMPO<br />

Desse modo, esta casa nos faz um convite sensível para<br />

conhecer as tradições construtivas da sua região, os elementos<br />

que compunham as fazendas do século XVII – térreas, ajustadas<br />

às intempéries e às atividades do seu tempo, e atualiza essas<br />

referências com a composição dos ambientes, com tecnologia e<br />

conveniência contemporâneas.<br />

BAY HOUSE<br />

Estados Unidos<br />

Projeto de iluminação:<br />

Concept Lighting Lab – LLC<br />

Projeto de arquitetura e interiores:<br />

Studio Rick Joy<br />

Fornecedores:<br />

B.lux, EST (Energy Savings<br />

Technology), FLOS, Luceplan,<br />

Lutron, LUXRLED, Zumtobel<br />

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PROPÓSITO<br />

TRANSPARENTE<br />

Texto: Pedro Portela<br />

(colaboraram Diogo de Oliveira e Orlando Marques)<br />

Fotos: Ricardo Bassetti<br />

Desde as fazendas de produção de cacau, que trouxeram<br />

desenvolvimento ao interior da Bahia, até os produtos de<br />

primeira linha, orgânicos e sustentáveis, a cultura do chocolate<br />

tem crescido no Brasil. A Dengo Chocolates nasceu de uma<br />

proposta inovadora: o apoio a pequenos e médios produtores<br />

alinhado à conservação dos biomas de extração das matériasprimas<br />

de seus produtos. A Fábrica de Dengo, inaugurada<br />

recentemente na Avenida Faria Lima, em São Paulo, reflete essa<br />

proposta em sua arquitetura com o uso de materiais in natura e<br />

na permeabilidade visual das fachadas em consonância com o<br />

paisagismo circundante.<br />

Com três andares e um amplo programa, que inclui área de<br />

produção, loja, cafeteria, confeitaria, biblioteca e coworking, o<br />

novo espaço teve projeto de arquitetura do escritório MFMM<br />

Arquitetura e de paisagismo do SOMA Arquitetos. O projeto<br />

de iluminação e luminotécnica ficou a cargo do escritório<br />

paulistano Mingrone Iluminação, sob o comando do lighting<br />

designer Antônio Carlos Mingrone.<br />

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O desenho de luz buscou materializar os objetivos<br />

estabelecidos de modo a sublinhar os valores da marca – “o<br />

cuidado, o afeto, a troca, o presente” – e criar ambientes<br />

aconchegantes. A atmosfera do espaço surge como um “templo<br />

de culto ao chocolate”, como pontuou Mingrone.<br />

O caráter fabril evidencia-se na arquitetura por meio de<br />

pilares, vigas e lajes em madeira pinus, da infraestrutura dos<br />

serviços aparente e das esquadrias metálicas, em harmonia<br />

com revestimentos amadeirados, mosaico de piso cerâmico –<br />

inspirado na aparência craquelada dos chocolates – e mobiliários<br />

curvos, além dos equipamentos para a fabricação do chocolate.<br />

Com o desafio de valorizar diferentes materiais e superfícies,<br />

o projeto de iluminação contou com um estudo criterioso na<br />

escolha, na emissão e nas intensidades das fontes luminosas.<br />

Dessa forma, foram utilizados projetores cênicos com fonte de<br />

luz recuada e fachos ora concentrados sobre mesas expositoras,<br />

ora abertos sobre as mesas do café. No pé-direito duplo do<br />

térreo, onde são expostos os equipamentos, foram utilizados<br />

projetores para destacar o percurso das nibs de cacau – a<br />

matéria-prima do chocolate – até o misturador.<br />

Na página anterior, acima, o pendente desenhado<br />

exclusivamente para o projeto acompanha o desenho do<br />

mobiliário, com iluminação direta e indireta.<br />

Abaixo, pendentes lineares com iluminação indireta e direta<br />

destacam as mesas expositoras.<br />

Nesta página, à esquerda, o cátodo frio é utilizado como<br />

ferramenta para compor as diferentes ambiências.<br />

À direita, projetores com LED 21 W 50° e 2.700 K instalados em<br />

trilhos em suspensão por cabos de aço destacam o percurso de<br />

processamento da nibs de cacau. A iluminação incorporada ao<br />

mobiliário destaca o revestimento de madeira do balcão.<br />

Ao lado, luminárias circulares instaladas em perfilados, com<br />

temperatura de cor âmbar, projetam a trama do difusor nas<br />

pérgolas do terraço.<br />

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Para criar as diversas atmosferas, o projeto lançou mão do<br />

uso de sistemas pendentes e de cátodo frio. De aspecto industrial<br />

e decorativo, as luminárias pendentes sobre as mesas do café<br />

são feitas de tecido translúcido plissado, para emissão difusa da<br />

luz. As luminárias lineares, feitas de alumínio com acabamento<br />

na cor preta, estão distribuídas sobre as mesas expositoras,<br />

destacadas com iluminação indireta e direta ou somente com<br />

iluminação indireta. Destaque para os pendentes sobre as<br />

marcenarias curvas no térreo e no salão do primeiro pavimento,<br />

cujas formas seguiram os desenhos desses mobiliários.<br />

A temperatura de cor de 2.700 K predomina em toda a área<br />

aberta ao público e pontualmente a temperatura de cor de 2.400 K<br />

é inserida na iluminação incorporada à marcenaria, o que permite<br />

a valorização dos tons marrons-avermelhados dos produtos.<br />

No terraço, pequenas luminárias fixadas entre pérgolas<br />

projetam as sombras da trama da cúpula metálica nas<br />

superfícies do espaço. A intenção é evocar “brasilidades” e<br />

remeter à sombra das copas das árvores.<br />

Ainda no terraço, a iluminação nas floreiras arremata a<br />

iluminação da fachada. O paisagismo do térreo é iluminado por<br />

meio de postes com projetores para revelar as copas das árvores<br />

e os caminhos. Aqui, as transparências das fachadas, valorizadas<br />

pela iluminação vinda do interior do edifício, convidam quem<br />

passa pela frenética Faria Lima a uma pausa.<br />

Na entrada, postes com projetores insinuam caminhos e<br />

destacam as copas das árvores. Nas floreiras do pavimento<br />

superior, projetores de LED 3 e W 2.700 K destacam o plantio<br />

do paisagismo. Ao lado, no salão, pendente customizado de<br />

LED 4 W, 51° e 2.700 K ilumina o balcão. A iluminação<br />

com temperatura de cor de 2.400 K incorporada à<br />

marcenaria, valoriza os tons marrons-avermelhados<br />

dos produtos e da madeira.<br />

FÁBRICA DE DENGO<br />

São Paulo, Brasil<br />

Projeto de iluminação:<br />

Mingrone Iluminação<br />

Antônio Carlos Mingrone<br />

(arquiteto titular)<br />

Projeto de arquitetura e interiores:<br />

MFMM Arquitetura<br />

Matheus Farah e Manoel Maia<br />

(arquitetos titulares)<br />

Projeto de paisagismo:<br />

SOMA Arquitetos<br />

Cliente:<br />

Dengo Chocolates<br />

Fornecedores:<br />

Arcluz, Avant/Alviled, GoldenArt/<br />

Ecolume, Interlight, LedPlus, Ledvance,<br />

LightDesign + Exporlux, Lightsource,<br />

Mecalux, Misterled, Revoluz<br />

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ORGANICIDADE GEOMÉTRICA<br />

Texto: Débora Torii | Fotos: Marcelo Kahn<br />

“Um novo espaço de experiência, serviços e soluções em<br />

arquitetura e design.” Essa é a proposta da L’espace AD, nova<br />

aposta do grupo ADEO, uma plataforma de empresas do<br />

segmento da bricolagem, incluindo a Leroy Merlin. Assinado<br />

pela equipe de projetos do grupo, em parceria com o escritório<br />

Mauricio Queiroz Design de Consumo, o projeto da loja foi<br />

pensado na forma de circuito e ocupa uma área de cerca de<br />

3.000 m 2 . O lighting designer Rafael Leão, titular do Rafael<br />

Leão Lighting Design, responsável pelo projeto de iluminação,<br />

conta que sua contratação ainda em estágio inicial do projeto<br />

contribuiu para o sucesso de seu desenvolvimento, marcado<br />

pela intensa colaboração entre as equipes de iluminação e de<br />

arquitetura e interiores.<br />

A visão inicial do cliente e dos arquitetos era a de uma<br />

ambientação cênica, marcada por contrastes, com o intuito de<br />

conferir ao espaço o aspecto de um showroom, e não o de uma<br />

loja de material de construção. Assim, o conceito da iluminação<br />

partiu da criação de um mapa de iluminâncias, em que foram<br />

definidas taxas limite de contraste e iluminância horizontal para<br />

as diferentes zonas da loja, levando em consideração o tipo de<br />

ambiente e o tempo de permanência dos clientes nos locais. Havia<br />

também a preocupação de facilitar a orientação dos visitantes<br />

em um espaço amplo, o que foi solucionado com a iluminação<br />

dos planos verticais, com o destaque dado a elementos<br />

arquitetônicos e com a criação de pontos nodais, por meio da<br />

luz, como referências no decorrer do percurso. “Buscamos as<br />

principais referências espaciais e trabalhamos a sua iluminação<br />

de forma a ampliar a sua identidade também como um elemento<br />

de posicionamento dentro da loja, com conceitos empregados<br />

em projetos de urbanismo”, relata o lighting designer.<br />

Na área de recepção e coworking, os casulos suspensos<br />

de madeira foram iluminados individualmente por meio de<br />

módulos de LED COB 7,9 W, 1.100 lm e 3.000 K, fixados por<br />

meio de hastes metálicas, garantindo seu posicionamento<br />

centralizado em relação a cada colmeia, que, por sua vez, atua<br />

como louver, evitando ofuscamentos. Luminárias pendentes<br />

e abajures com luz difusa buscam acentuar a sensação de<br />

aconchego, além de iluminar planos de trabalho.<br />

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Acima, três momentos do percurso no interior da loja: recepção,<br />

lounge e área de showrooms. Em comum, todos contam com<br />

a iluminação uniforme dos planos verticais, para facilitar a<br />

orientação no espaço.<br />

No lounge foi proposta uma releitura dos elementos<br />

geométricos da recepção, por meio de luminárias pendentes<br />

hexagonais com iluminação direta e difusa, instaladas em<br />

diferentes alturas.<br />

A circulação da área de showrooms é iluminada por projetores<br />

orientáveis com LED 33,7 W, 55˚ e 3.000 K instalados em<br />

trilhos eletrificados.<br />

Abaixo e na página anterior, os espaços ambientados são<br />

iluminados por meio de trilhos eletrificados perimetrais,<br />

equipados com luminárias lineares difusas com LED 25 W/m e<br />

2.700 K, intercalados com projetores orientáveis com LED 20 W,<br />

36° e 2.700 K.<br />

Na entrada da loja, a área da recepção e de coworking<br />

– disponibilizada para reuniões entre arquitetos e designers<br />

de interiores e seus clientes – é marcada por elementos<br />

geométricos: uma série de caixas hexagonais de madeira,<br />

vazadas e suspensas, que são iluminadas individualmente de<br />

maneira uniforme e difusa. Rafael conta que teve participação<br />

ativa no desenvolvimento desse elemento, do qual foram<br />

construídos alguns protótipos, a fim de garantir a correta<br />

especificação e posicionamento das luminárias integradas a<br />

cada um dos casulos, resultando na iluminação uniforme das<br />

superfícies internas dos hexágonos.<br />

Na sequência, os clientes entram na zona de espaços<br />

ambientados, cujo propósito é a demonstração realista de<br />

tendências e inovações para cada tipo de ambiente. Nesses<br />

espaços, o lighting designer optou pela flexibilidade dos trilhos<br />

eletrificados, antevendo futuros rearranjos no layout de cada<br />

espaço. Geralmente instalados no perímetro dos ambientes,<br />

os trilhos foram equipados com luminárias difusas e projetores<br />

de diferentes fachos, visando elevar um pouco o contraste e o<br />

caráter cênico de cada espaço.<br />

A última e mais ampla área da loja é ocupada pelos<br />

showrooms de fabricantes, que exibem produtos como móveis,<br />

revestimentos e itens de decoração, em sua maioria exclusivos,<br />

de 42 marcas diferentes. Leão explica que o teto e as instalações<br />

aparentes, incluindo uma série de eletrocalhas preexistentes,<br />

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eram originalmente pintados na cor branca, o que dificultaria a<br />

– necessária – flexibilidade da iluminação dos espaços. A pedido<br />

do lighting designer, os arquitetos concordaram que todos esses<br />

elementos fossem pintados na cor preta, o que possibilitou o<br />

posicionamento mais livre dos trilhos eletrificados, que, pintados<br />

na mesma cor, desaparecem em meio às demais instalações.<br />

Os trilhos foram dotados de projetores orientáveis com fachos<br />

de 40° e 55°, com a premissa de sempre iluminar de maneira<br />

uniforme o perímetro de cada showroom e conferir brilho e<br />

destaque aos materiais expostos. A escolha dos fluxos e das<br />

aberturas dos fachos foi determinada pelo pé-direito alto desse<br />

setor – entre 3,<strong>80</strong> m e 4,15 m – e para atender às classes de<br />

iluminância e índices de contraste previamente estabelecidos.<br />

A etapa de focalização desses projetores foi essencial para o<br />

sucesso do resultado e demandou dois dias de trabalho.<br />

Um dos principais showrooms da loja é o da Deca, cujo<br />

detalhamento de iluminação também foi desenvolvido por<br />

Rafael Leão. Isso possibilitou que houvesse maior controle da<br />

iluminação geral a partir dos projetores nos trilhos, para que<br />

coincidisse com os elementos ortogonais presentes no forro<br />

desse espaço, além da criação de uma série de detalhes especiais<br />

integrados aos nichos expositores, nos quais houve cuidado<br />

para que a intensidade e a temperatura de cor harmonizassem<br />

com a iluminação geral da loja.<br />

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O showroom da Deca conta com iluminação geral a partir<br />

de projetores orientáveis com LED 26,5 W, 55˚ e 3.000 K<br />

instalados em trilhos eletrificados, que estão posicionados<br />

acima do pergolado de madeira. Nichos expositores contam<br />

com detalhes de iluminação integrados, com LED 3.000 K.<br />

L’ESPACE AD<br />

São Paulo, Brasil<br />

Projeto de iluminação:<br />

Rafael Leão Lighting Design<br />

Rafael Leão (arquiteto titular)<br />

Henrique Correa e Nathalie Legal<br />

(arquitetos colaboradores)<br />

Projeto de arquitetura e interiores:<br />

Mauricio Queiroz Design de Consumo<br />

Mauricio Queiroz (arquiteto titular)<br />

Projeto de interiores showroom Deca:<br />

Studio Bello Dias<br />

Ricardo Bello Dias (arquiteto titular)<br />

Cliente: Grupo ADEO – L’espace AD<br />

Fornecedores: Interlight,<br />

MisterLED, Omega Light<br />

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COLABORAÇÃO E CUSTOMIZAÇÃO<br />

Texto: Fabiana Rodriguez | Fotos: Guilherme Pucci<br />

Um novo espaço foi concebido para a Riccó+Hub, união entre<br />

a centenária marca Riccó Móveis e a inovadora Hub Móveis, em<br />

um edifício tombado de dois andares cujas fachadas são as mais<br />

icônicas da Avenida Brasil, na capital de São Paulo. O espaço<br />

multiuso funciona como showroom e escritório, atendendo<br />

às funções e às necessidades de um ambiente de trabalho e<br />

mostrando-se, ao mesmo tempo, convidativo e atraente para<br />

clientes e arquitetos.<br />

Flexibilidade e inovação foram as diretrizes propostas<br />

pelo escritório Mombá Arquitetura, responsável pelo projeto<br />

de renovação da arquitetura e de interiores, as quais também<br />

foram adotadas no projeto de iluminação desenvolvido em<br />

parceria com o escritório A2 Lighting Design, dos titulares<br />

Carina Tavares e Wagner Pinto, com a colaboração da lighting<br />

designer Brenda Lelli.<br />

Pensado como um ambiente de uso coletivo que permitisse<br />

mudanças de layout e diferentes ambientações, o forro<br />

existente foi retirado e deu lugar a um grid metálico que cobre<br />

todo o pavimento e cria uma atmosfera mais contemporânea,<br />

revelando a estrutura original do edifício. A partir desse grid<br />

foram, então, desenvolvidas todas as soluções de iluminação.<br />

Todas as luminárias do projeto foram customizadas, desde<br />

a pintura no mesmo tom de branco escolhido pela arquitetura<br />

para todas as instalações do forro até o detalhe de instalação<br />

desses equipamentos no grid. Ganchos e rabichos especiais<br />

permitem alterar facilmente a localização de cada item para<br />

acompanhar as diferentes possibilidades de layout do escritório.<br />

Outro ponto importante do projeto de iluminação foi a<br />

possibilidade de criar equipamentos produzidos na própria<br />

fábrica da Riccó, incorporando elementos já utilizados em<br />

produtos da marca. Com design desenvolvido em conjunto entre<br />

os arquitetos e os lighting designers, as luminárias destacam-se<br />

no projeto como peças exclusivas e trazem a história da empresa<br />

para dentro do ambiente.<br />

Uma delas, instalada na escada que dá acesso ao escritório,<br />

reproduz o desenho da logomarca da Riccó. A luminária é<br />

No lounge central, as luminárias circulares com diâmetros de<br />

1,<strong>80</strong>m, 2,00m e 2,30m emitem luz difusa em sua face interna<br />

e contam com LED integrado de 10 W/m, 1.000 lm e duas<br />

temperaturas de cor: 2.700 K e 6.500 K. A iluminação geral<br />

se dá pelas luminárias lineares aplicadas sob o grid metálico,<br />

com LED de 18 W/m, 2.000 lm/m, 3000 K, com emissão de luz<br />

direta e difusa. Para a iluminação de destaque foram instalados<br />

projetores também no grid, com lâmpada AR111 LED, 12W, 950<br />

lm, 24°, 2.700 K, alguns dos quais contam com barndoor.<br />

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periférica e difusa, valoriza a mesa especial de dois níveis e<br />

convida à abertura de desenhos e amostras que podem ser<br />

vistos diretamente ou por meio da película reflexiva. Nesse<br />

espaço também há uma iluminação mais cênica, por meio<br />

de uma contraluz linear ao fundo e de projetores orientáveis,<br />

recurso ainda adotado para destacar os produtos em exposição<br />

na vitrine interna, ao lado do pórtico da entrada.<br />

Como iluminação geral foram instalados perfis lineares<br />

de LED sob o grid. Essa solução, complementar à iluminação<br />

proporcionada pelos pendentes, contribui para atender à<br />

iluminância necessária para os planos de trabalho e resulta na<br />

distribuição uniforme de luz em todo o espaço.<br />

O projeto de iluminação viabiliza a criação de um ambiente de<br />

trabalho exclusivo e dinâmico, ajudando a ressaltar os valores da<br />

marca e estimulando a criatividade dos funcionários e dos clientes.<br />

Na página anterior, pendentes lineares com iluminação<br />

direta e indireta iluminam as áreas de trabalho com 2 x LED<br />

18 W/m, 4.140 lm/m e 3.000 K. Em destaque, o pendente<br />

espelho localizado próximo ao café, que foi customizado<br />

com LED perimetral de 16 W/m, 2.000 lm/m e 3.000 K.<br />

Abaixo, a luminária que remete à logomarca da Riccó, que foi<br />

desenvolvida com painéis circulares de LED 30 W, 2.000 lm<br />

e 3.000 K mesclados a painéis opacos.<br />

composta de círculos de MDF mesclados a painéis circulares<br />

de LED, cuja distribuição foi definida com base em cálculos<br />

lumínicos com o objetivo de atender à normativa e chegar ao<br />

equilíbrio entre círculos opacos e luminosos.<br />

Em cada núcleo de trabalho, correspondente a uma área<br />

de atuação dentro da empresa, foram criadas soluções de<br />

iluminação particulares. No setor de projetos, a luminária<br />

com iluminação direta e indireta foi montada sob painéis<br />

feitos de tecido utilizado em cadeiras da Riccó. Além de trazer<br />

cor a esse setor, esse elemento contribui com melhorias no<br />

conforto acústico.<br />

No lounge central, destinado a palestras e eventos<br />

corporativos, foram instaladas três grandes luminárias circulares<br />

com iluminação indireta. Esses equipamentos contam com<br />

temperatura de cor de 3.000 K, a exemplo das demais luminárias<br />

do projeto, tendo também a opção de LED a 6.500 K, que pode<br />

ser acionada diretamente pelo usuário, permitindo “brincar”<br />

com a luz, o que muda a atmosfera do espaço em diferentes<br />

situações e momentos do dia.<br />

A copa propõe-se como espaço de descompressão<br />

e reuniões casuais. O pendente espelho, com iluminação<br />

RICCÓ HUB<br />

São Paulo, Brasil<br />

Projeto de iluminação:<br />

A2 Lighting Design<br />

Carina Tavares e Wagner Pinto<br />

(lighting designers titulares)<br />

Brenda Lelli (lighting designer<br />

colaboradora)<br />

Projeto de arquitetura e interiores:<br />

Mombá Arquitetura<br />

Bruna Louise e Arthur Mansur<br />

(arquitetos titulares)<br />

Marcella Nery (arquiteta colaboradora)<br />

e Thais Mendes (estagiária)<br />

Lais Zarantonelli (arquiteta<br />

Riccó Hub Móveis)<br />

Cliente:<br />

Riccó Hub Móveis<br />

Fornecedores:<br />

Lis Iluminação e Riccó Hub Móveis<br />

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FOTO LUZ FOTO<br />

MARCELO KAHN<br />

Para o cineasta alemão Wim Wenders, tudo o que não<br />

está no enquadramento é perdido para sempre. Talvez meu<br />

maior desafio ao fotografar esse projeto tenha sido lidar<br />

com esse sentimento, pois se tratava de um espaço imenso,<br />

multissegmentado, de cerca de 3.000 m 2 , com arquitetura<br />

e iluminação planejadas nos mínimos detalhes. A fotografia<br />

sempre começa muito antes do clique da câmera e só termina<br />

com a sua publicação. É preciso ser previdente, chegar ao local<br />

com tudo planejado; afinal, a arquitetura é viva, e o tempo é<br />

um fiscal exigente. Decisões difíceis têm de ser tomadas de<br />

modo ágil. Se paro o trabalho para corrigir um detalhe que está<br />

em desarmonia com a cena, a fim de que a foto fique perfeita,<br />

corro o risco de que algo mais drástico aconteça nesse meio<br />

tempo: pessoas podem entrar no ambiente, alterar a cena,<br />

e o local jamais será o mesmo. Sendo assim, até os cenários<br />

internos, falsamente mais estáveis, demandam destreza, como<br />

no caso desta foto, em que a presença de luz natural foi fator<br />

determinante na escolha do horário para realizar a imagem.<br />

Em todas as minhas fotos, eu me concentro em desvendar o<br />

que os elementos arquitetônicos comunicam, como as formas<br />

se relacionam entre si e o que isso provoca em quem habita e<br />

observa. Percebo linearidade na arquitetura. Uma majestosa<br />

recepção, com uma “luminária-forro” que ocupa quase todo o<br />

teto, reforça a essência da primeira impressão. Então, a partir<br />

disso, a história é narrada, equilibrando formas no quadro, às<br />

vezes em pontos de vista que convidam a viver e apreciar aquela<br />

arquitetura de uma forma nova. É necessário agir no momento,<br />

pensando também no futuro, captando algumas imagens com<br />

mais ou menos luz para obter mais detalhes em pontos onde a<br />

iluminação é insuficiente ou excessiva para a câmera. Logo se<br />

inicia uma nova jornada, a da manipulação da imagem, para que<br />

ela pareça, no papel ou na tela digital, o mais próximo possível da<br />

experiência real do estar lá, ao vivo, compensando e traduzindo as<br />

diferenças do que o olho vê e do que o equipamento pode captar.<br />

Marcelo Kahn é formado em Cinema, fotografa arquitetura<br />

desde 2005, e seu portfólio inclui também as áreas de moda,<br />

publicidade, institucionais e still de produtos. Trabalhou para<br />

estúdios no Brasil e no exterior e atualmente contribui com<br />

grandes escritórios de arquitetura e publicações da área.<br />

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