Revista Analytica Edição 108
Revista Analytica Edição 108 - Agosto / Setembro 2020
Revista Analytica Edição 108 - Agosto / Setembro 2020
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Artigo 1<br />
Autores:<br />
Gabriela Cirilo Machado 1 ; Thiago Machado Pasin 2 ; Arlete Barbosa dos Reis 3 ;<br />
Juan Pedro Bretas Roa 4 ; David Lee Nelson 5 ; Vivian Machado Benassi 6 *<br />
10<br />
<strong>Revista</strong> <strong>Analytica</strong> | Ago/Set 2020<br />
Imagem Ilustrativa<br />
Distintas fontes de carbono foram analisadas<br />
na proporção de 1 % (m/v), sendo<br />
glicose; galactose; sacarose; lactose; maltose;<br />
leite em pó; casca de banana; arroz<br />
moído; farinha de chia; farelo de trigo; farinha<br />
de milho; farinha de linhaça marrom;<br />
flocos de aveia; amido de milho; casca de<br />
batata; casca de mandioca; polpa de mandioca;<br />
farinha de aveia e amido solúvel,<br />
sendo mantidos à 35ºC, de forma estacionária<br />
em estufa bacteriológica.<br />
Por fim, variou-se o pH inicial do meio de<br />
cultivo submerso nos seguintes valores 4,0;<br />
4,5; 5,0; 5,5; 6,0 e 7,0, sendo mantidos em<br />
estufa bacteriológica, de forma estacionária<br />
durante quatro dias, à 35ºC. Decorrido o<br />
tempo de cultivo, as culturas foram filtradas<br />
em bomba à vácuo utilizando-se papel filtro<br />
Whatman nº 1, e o filtrado foi utilizado<br />
como extrato bruto extracelular enzimático.<br />
Determinação da Atividade Amilolítica<br />
A atividade enzimática foi estimada utilizando-se<br />
como substrato 1 % (m/v) de<br />
amido em tampão acetato de sódio 100<br />
mM pH 5,5, e a formação de açúcares redutores<br />
foi quantificada com o ácido 3’,5’-<br />
dinitrosalicílico (DNS) (MILLER, 1959). O<br />
ensaio foi realizado pela mistura de 500 µL<br />
do substrato e 500 µL do extrato bruto enzimático,<br />
sendo mantidos à 55ºC, durante 5<br />
minutos. Decorrido o tempo de incubação,<br />
alíquotas de 200 µL da reação foram retiradas<br />
e inseridas em 200 µL de DNS. O branco<br />
foi realizado pela retirada do tempo zero da<br />
reação. Após a fervura, durante 5 minutos,<br />
e resfriamento, foram adicionados 2 mL de<br />
água destilada em cada tudo. A leitura foi<br />
feita em 540 nm em espectrofotômetro<br />
RayLigh UV - 2601®.<br />
A curva padrão consistiu-se de uma solução<br />
de glicose (0,1 a 1,0 mg/mL), e a unidade de<br />
atividade das amilases foi determinado como<br />
U.mL-1, sendo U definida como a quantidade<br />
de enzima que hidrolisa um µmol de substrato<br />
por minuto, nas condições do ensaio, sendo a<br />
atividade total (U total) calculada pela multiplicação<br />
da atividade pelo volume do extrato<br />
bruto extracelular enzimático, ou seja, U total<br />
= U.mL-1 x volume do filtrado.<br />
Caracterização bioquímica da amilase<br />
A análise do efeito da temperatura e do pH<br />
na atividade amilolítica foi realizado utilizando-se<br />
um Delineamento Composto Central<br />
Rotacional (DCCR2), incluindo três repetições<br />
do ponto central, totalizando 12 ensaios<br />
(RODRIGUES; IEMMA, 2014) (Tabela 1). Os<br />
dados foram submetidos à análise de variância<br />
(ANOVA) utilizando o programa Protimiza<br />
Experimental Design. Os efeitos foram considerados<br />
significativos para p < 0,10.<br />
Tabela 1: Valores utilizados no DCCR2<br />
Resultados e Discussão<br />
Segundo Londoño-Hernández et al. (2017),<br />
em condições físico-químicas ideais, os fungos<br />
filamentosos podem eficientemente<br />
utilizar uma grande variedade de substratos,<br />
produzindo vários bioprodutos de interesse,<br />
tais como enzimas. Estes bioprodutos são<br />
classificados como seguros visto que não<br />
contêm nenhum componente prejudicial aos<br />
seres humanos e ao meio ambiente. Neste trabalho<br />
foi possível observar este fenômeno, o<br />
meio de cultivo mais favorável à produção de<br />
amilases por Rhizopus sp. AL131 foi o SR utilizando<br />
amido como fonte de carbono, obtendo<br />
maior atividade enzimática no quarto dia de<br />
crescimento do micro-organismo com 203,87<br />
U totais, quando em comdição estacionária.<br />
Este resultado foi seguido pelo meio CP com<br />
uma atividade de 106,82 U totais, após cinco<br />
dias de cultivo; e o meio Khanna com uma atividade<br />
de 80,10 U totais, sendo mantido durante<br />
seis dias de forma estacionária em estufa<br />
Atividade Amilolítica (U totais)<br />
200<br />
150<br />
100<br />
50<br />
CP<br />
SR<br />
Khanna<br />
0<br />
0 2 4 6 8 10<br />
Tempo de crescimento do fungo (dias)<br />
Figura 1: Produção de amilases pelo fungo Rhizopus sp.<br />
AL131 em distintos meios de cultura em função do tempo de<br />
cultivo.<br />
bacteriológica, à 35ºC (Figura1). Analisando a<br />
composição dos meios de cultura utilizados, é<br />
possível observar que eles possuem composições<br />
semelhantes. Os principais componentes<br />
comuns entre eles são os íons metálicos e<br />
o extrato de levedura, indispensáveis para<br />
o crescimento e a produção enzimática por<br />
diversas espécies fúngicas (BENASSI et al.,<br />
2014). Entretanto, a presença de fosfato monoamônico<br />
(NH4H2PO4) e peptona apenas no<br />
meio SR pode ter favorecido uma maior produção<br />
de amilases pelo Rhizopus sp. AL131.<br />
Contrariamente, o meio Khanna possuiu a<br />
menor quantidade de extrato de levedura<br />
entre os meios analisados e uma variedade<br />
de sais muito maior que os demais, fatores<br />
esses que podem ter inibido a produção enzimática.<br />
Estes resultados obtidos corroboram<br />
com os observados por Peixoto- Nogueira et<br />
al. (2007) e Almeida (2017), cujos micro-organismos<br />
Rhizopus microsporus var. rhizopodiformis<br />
e A. brasiliensis, respectivamente,<br />
obtiveram uma notável atividade amilolítica<br />
em meio SR. Ainda segundo Almeida (2017),<br />
a produção enzimática de forma estacionária<br />
economiza energia quando comparado ao<br />
processo agitado, por aumentar a viabilidade<br />
do projeto, sendo um ponto favorável industrialmente.<br />
Vale citar que foi observado um<br />
incremento na atividade enzimática até o<br />
quarto dia de fermentação do fungo Rhizopus<br />
sp. AL131, sendo este o pico de atividade máxima<br />
(Figura1). Esse tempo é relativamente<br />
curto levando a uma diminuição no custo de<br />
produção da referida enzima em larga escala<br />
(SILVA et al., 2011). Após o período de 96 horas,<br />
ocorreu a diminuição da atividade, sendo