Jornal Bem Estar Santa Cruz Setembro de 2020

Nosso Bem Estar • Nº 102 • Setembro 2020 • 8 Matéria
Todo respeito à
Mãe Terra
FOTOS: PIXABAY E PEXELS/BE
Há 20 anos a
Carta da Terra
traz uma visão
de esperança
e um chamado
à ação em
defesa de Gaia,
a Mãe-terra da
mitologia grega
que considera o
planeta como um
organismo vivo.
Brechós
Moda sustentável ganha mais
força em tempos de pandemia
Brechós físicos e virtuais têm atraído cada vez mais consumidores
Jonara Cordova
Amar também é saber desapegar-
-se. É entender que existe uma hora
em que deixar ir é a melhor saída, pois
alguém fará melhor uso daquilo que já
não faz mais sentido na sua vida. Mas,
apesar de parecer, esse texto não é sobre
fim de relacionamentos e superação.
Na realidade, ele trata de algo que
está aí, bem perto do seu corpo agora.
Para o economista e pesquisador
da Fundação de Economia e Estatística,
Túlio Antônio Carvalho, deveríamos
seguir a Lei de Lavosier: “Na natureza,
nada se cria, nada se perde, tudo
se transforma”. No caso das roupas,
isso se aplica com os brechós. Desapegar-se
das peças que já não servem
ou não combinam mais com seu estilo
e ressignificá-las faz parte desta prática
mais sustentável de consumo.
A jornalista Aline Ebert, ou Nina
para os íntimos, passou pela dificuldade
de perder um emprego onde já estava
acostumada com o trabalho. O que
serviu para que ela se jogasse em um
desafio: a garimpagem de roupas.
POR QUE OS BRECHÓS SÃO SUSTENTÁVEIS?
Normalmente, quando vamos ao shopping comprar uma roupa, não paramos
para pensar em tudo que ocorreu antes daquela peça chegar até ali.
Do mesmo modo, quando descartamos, ou deixamos ela esquecida em uma
gaveta do armário pegando poeira, também não refletimos sobre nada disso.
A garimpeira Nina conta qual é a solução: “Quem compra de brechós
está aumentando a vida útil de um produto, não incentivando a indústria a
consumir energia e bens naturais para produzir um novo. Os pequenos empreendedores
sustentam sonhos e famílias com essa renda, o que é bem
mais próximo do que aumentarmos as fortunas de grandes empresas ou
mesmo comprarmos roupas, das quais nem sabemos a procedência, trabalho
escravo ou desabamentos de prédios com confecções pelo mundo”.
VALOR E MEMÓRIA EFETIVA
Peças usadas serão sempre muito baratas,
certo? Errado. “Se forem peças vintage, se valoriza
e revive o estilo de décadas passadas, em
peças com materiais de mais qualidade do que a
maioria atual. Consome-se com um valor agregado
que vem sendo chamado de memória afetiva”,
declara Nina. No universo do garimpo, o
fator raridade conta muito na hora de se estabelecer
o preço. Além disso, a empreendedora
explica que considera os gastos de transporte,
aluguel, luz e água, se a peça precisou ser lavada.
Apesar do sucesso que os brechós têm
feito, Larissa acredita que eles não representam
ameaça para as lojas de fast fashion, pois
são dois nichos diferentes. “Acho importante
que todas as pessoas envolvidas no mercado
de moda fiquem atentas ao crescimento
do slow fashion e da crescente criação de lojas
de segunda-mão, não como ameaça, mas
como uma necessidade da sociedade de repensar
o consumo”, defende.
Visite o Brechó Donna Boneca em Santa
Cruz do Sul e confira as tendências da moda
feminina, localizado no Shopping Germânia em
frente ao Supermercado Alegria. Rua 7 de Setembro,
nº 38, loja 130.