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*Outubro/2020 Revista Biomais 41

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OPINIÃO<br />

Foto: divulgação<br />

O MUNDO ENCANTADO<br />

DA SUSTENTABILIDADE<br />

EMPRESARIAL<br />

A<br />

ssim como os letreiros da Times Square destacam<br />

o viés tecnológico e inovador de Nova York - EUA<br />

(Estados Unidos da América), a sustentabilidade<br />

proporciona grande holofote para o contexto<br />

empresarial. Afinal, qual empresa não quer ser vista pelo<br />

consumidor como responsável, atraente e disruptiva? Ou,<br />

então, como heroína em uma batalha em que a recompensa<br />

é a continuidade do negócio ao mesmo tempo em que contribui<br />

com o desenvolvimento sustentável - e responsável - do<br />

planeta? Pois bem, todas querem, mas poucas conseguem<br />

aplicar efetivamente a filosofia sustentável.<br />

A magia da sustentabilidade faz com que as empresas<br />

estampem em tudo, em tudo mesmo, o enredo de marca<br />

consciente, amiga da natureza e guardiã da sociedade. Tal<br />

ação é vista em simples panfletos, nos produtos e até mesmo<br />

nas diretrizes estratégicas organizacionais, como a missão,<br />

visão e valores. De forma resumida, parafraseando e contextualizando<br />

a frase de Vinicius de Moraes, lá vem a sustentabilidade<br />

empresarial pata aqui, pata acolá. Quem nunca viu o termo<br />

estampado na comunicação de alguma empresa que atire a<br />

primeira pedra.<br />

É lindo? Sim! Mas nem tudo são flores. A pior coisa para<br />

nós, consumidores, é quando uma empresa da qual adquirimos<br />

algum produto ou serviço não corresponde a um nível de<br />

serviço esperado. Ao racionalizarmos a inferência entre o que<br />

foi entregue com a percepção do que era esperado, temos a<br />

famosa fórmula da satisfação do consumidor, influenciando<br />

totalmente a experiência do usuário. Imagine o seguinte<br />

exemplo: você recebe um panfleto ao caminhar pelo centro<br />

da cidade e se depara com um tentador bolo que está estampado<br />

no papel, com a seguinte frase “temos o melhor bolo do<br />

mundo, venha provar o melhor bolo da sua vida.” Após chegar<br />

ao local e consumir o produto, você percebe que aquele bolo<br />

não entraria nas melhores experiências da sua vida, quiçá da<br />

sua cidade.<br />

Bom, aí que mora o problema. O mundo encantado da<br />

sustentabilidade é tentador, confesso! É muito fácil falar<br />

que faz, seja fisicamente ou por meio da missão empresarial<br />

exposta em uma página de internet. Aqui, porém, deve ser<br />

aplicado o princípio básico de gestão e bons modos. Se prometeu,<br />

precisa cumprir.<br />

Há muitas discussões sobre quais seriam os verdadeiros<br />

benefícios da adoção de práticas sustentáveis. Um deles<br />

diz respeito a um viés mais econômico e protetor, que é a<br />

reputação e imagem da marca. Sem dúvida, marcas fortes<br />

possuem sustentabilidade e compliance como background. O<br />

problema, porém, está em quem fala que é – sustentável — e,<br />

na prática, não realiza ações condizentes com tal discurso.<br />

Nesse caso, a reputação e o branding passam de benefício a<br />

problema para a organização.<br />

Na maioria das vezes, os setores que atuam com temas<br />

relacionados aos critérios ESG (sigla em inglês para Ambiental,<br />

Social e Governança) nas empresas possuem grandes<br />

desafios no caminho, como a falta de apoio da alta direção,<br />

pequena fatia do budget, falta de comprometimento de áreas<br />

relacionadas, priorização de outros projetos e problemas que<br />

envolvem a cultura organizacional.<br />

Claro, para algumas empresas, poucas até então, o cenário<br />

é totalmente o inverso, pois já possuem a sustentabilidade no<br />

DNA, como fator competitivo do negócio. Esse é o caso de<br />

algumas empresas brasileiras do ramo da beleza. Ou, então,<br />

de negócios certificados como “Empresa B”, do Sistema B,<br />

que facilitam a identificação. Ainda, há algumas iniciativas do<br />

mercado financeiro e de investimentos que buscam transparecer<br />

a filosofia e práticas sustentáveis, como o DJSI (Dow<br />

Jones Sustainability Index), Euronext Eurozone ESG Large 80<br />

e o Índice de Sustentabilidade Empresarial – ISE da B3. Usar a<br />

sustentabilidade no core da empresa, como requisito de desempenho,<br />

possibilita autenticidade das ações e proporciona<br />

que o mundo encantando se torne, enfim, realidade.<br />

Por Pablo Carpejani<br />

Especialista em Sustentabilidade Corporativa e professor da PUC - PR (Pontifícia Universidade<br />

Católica do Paraná) nos cursos de Engenharia de Produção e Negócios<br />

50 www.REVISTABIOMAIS.com.br

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