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OPINIÃO<br />
Foto: divulgação<br />
O MUNDO ENCANTADO<br />
DA SUSTENTABILIDADE<br />
EMPRESARIAL<br />
A<br />
ssim como os letreiros da Times Square destacam<br />
o viés tecnológico e inovador de Nova York - EUA<br />
(Estados Unidos da América), a sustentabilidade<br />
proporciona grande holofote para o contexto<br />
empresarial. Afinal, qual empresa não quer ser vista pelo<br />
consumidor como responsável, atraente e disruptiva? Ou,<br />
então, como heroína em uma batalha em que a recompensa<br />
é a continuidade do negócio ao mesmo tempo em que contribui<br />
com o desenvolvimento sustentável - e responsável - do<br />
planeta? Pois bem, todas querem, mas poucas conseguem<br />
aplicar efetivamente a filosofia sustentável.<br />
A magia da sustentabilidade faz com que as empresas<br />
estampem em tudo, em tudo mesmo, o enredo de marca<br />
consciente, amiga da natureza e guardiã da sociedade. Tal<br />
ação é vista em simples panfletos, nos produtos e até mesmo<br />
nas diretrizes estratégicas organizacionais, como a missão,<br />
visão e valores. De forma resumida, parafraseando e contextualizando<br />
a frase de Vinicius de Moraes, lá vem a sustentabilidade<br />
empresarial pata aqui, pata acolá. Quem nunca viu o termo<br />
estampado na comunicação de alguma empresa que atire a<br />
primeira pedra.<br />
É lindo? Sim! Mas nem tudo são flores. A pior coisa para<br />
nós, consumidores, é quando uma empresa da qual adquirimos<br />
algum produto ou serviço não corresponde a um nível de<br />
serviço esperado. Ao racionalizarmos a inferência entre o que<br />
foi entregue com a percepção do que era esperado, temos a<br />
famosa fórmula da satisfação do consumidor, influenciando<br />
totalmente a experiência do usuário. Imagine o seguinte<br />
exemplo: você recebe um panfleto ao caminhar pelo centro<br />
da cidade e se depara com um tentador bolo que está estampado<br />
no papel, com a seguinte frase “temos o melhor bolo do<br />
mundo, venha provar o melhor bolo da sua vida.” Após chegar<br />
ao local e consumir o produto, você percebe que aquele bolo<br />
não entraria nas melhores experiências da sua vida, quiçá da<br />
sua cidade.<br />
Bom, aí que mora o problema. O mundo encantado da<br />
sustentabilidade é tentador, confesso! É muito fácil falar<br />
que faz, seja fisicamente ou por meio da missão empresarial<br />
exposta em uma página de internet. Aqui, porém, deve ser<br />
aplicado o princípio básico de gestão e bons modos. Se prometeu,<br />
precisa cumprir.<br />
Há muitas discussões sobre quais seriam os verdadeiros<br />
benefícios da adoção de práticas sustentáveis. Um deles<br />
diz respeito a um viés mais econômico e protetor, que é a<br />
reputação e imagem da marca. Sem dúvida, marcas fortes<br />
possuem sustentabilidade e compliance como background. O<br />
problema, porém, está em quem fala que é – sustentável — e,<br />
na prática, não realiza ações condizentes com tal discurso.<br />
Nesse caso, a reputação e o branding passam de benefício a<br />
problema para a organização.<br />
Na maioria das vezes, os setores que atuam com temas<br />
relacionados aos critérios ESG (sigla em inglês para Ambiental,<br />
Social e Governança) nas empresas possuem grandes<br />
desafios no caminho, como a falta de apoio da alta direção,<br />
pequena fatia do budget, falta de comprometimento de áreas<br />
relacionadas, priorização de outros projetos e problemas que<br />
envolvem a cultura organizacional.<br />
Claro, para algumas empresas, poucas até então, o cenário<br />
é totalmente o inverso, pois já possuem a sustentabilidade no<br />
DNA, como fator competitivo do negócio. Esse é o caso de<br />
algumas empresas brasileiras do ramo da beleza. Ou, então,<br />
de negócios certificados como “Empresa B”, do Sistema B,<br />
que facilitam a identificação. Ainda, há algumas iniciativas do<br />
mercado financeiro e de investimentos que buscam transparecer<br />
a filosofia e práticas sustentáveis, como o DJSI (Dow<br />
Jones Sustainability Index), Euronext Eurozone ESG Large 80<br />
e o Índice de Sustentabilidade Empresarial – ISE da B3. Usar a<br />
sustentabilidade no core da empresa, como requisito de desempenho,<br />
possibilita autenticidade das ações e proporciona<br />
que o mundo encantando se torne, enfim, realidade.<br />
Por Pablo Carpejani<br />
Especialista em Sustentabilidade Corporativa e professor da PUC - PR (Pontifícia Universidade<br />
Católica do Paraná) nos cursos de Engenharia de Produção e Negócios<br />
50 www.REVISTABIOMAIS.com.br