14.12.2020 Views

Hippocampus Edição 37

Edição 37

Edição 37

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

os meus filhos, sobre se eles gostariam de

dar continuidade ao meu negócio de então

– tinha uma empresa que era o maior

revendedor do Brasil de carbonato de

sódio, matéria-prima para a produção de

vidro, detergentes e outros produtos, que

importava do Wyoming, nos EUA. Mas

nenhum deles estava interessado, todos

estudaram nos EUA, a minha filha gestão,

um dos meus filhos engenharia e ciência

computacional, e o terceiro, que agora

vive em Inglaterra, em Southampton, é

arquitecto naval e fez, também, um mestrado

em ciência computacional – o único

que se dedicou aos barcos, participou na

Volvo Ocean Race, integra tripulações

enquanto velejador profissional, embora

não viva disso.

Acabei por vender as acções da empresa,

e fiquei como consultor do seu novo

presidente, que já tinha sido meu sócio.

E dediquei-me a tempo inteiro aos barcos

à vela, nomeadamente aos Star. Tinha

barco nos EUA, na Europa, treinava

praticamente como um profissional,

velejava quase todos os dias da semana,

e ganhei campeonatos em praticamente

todas as paragens.

Entretanto, estava eu numa prova, a

pessoa que me tinha comprado a empresa

ligou-me a dizer: ‘Gastão, decidi entrar

no mercado australiano, e estou com

problemas por lá, as coisas não estão

mesmo a correr bem. Acha que podia ir

até à Austrália, ver o que podíamos fazer,

o que é possível melhorar?’. E eu e a

minha mulher fomos para Melbourne, e

ficámos apaixonados pelo país. Passados

três meses de lá estarmos, disse ao meu

ex-sócio que sim, que poderíamos ficar

por lá uns tempos, e acabámos por ficar

seis anos e meio. E, hoje, o negócio da

empresa nos antípodas é enorme.

Nessa fase da minha vida, eu nunca quis

ser CEO, nem proprietário, nem sócio da

empresa – apenas consultor. E assim me

mantive, hoje colaborando com o filho

desse meu ex-sócio, que posso considerar

como meu discípulo, e é quem passou a

liderar a empresa. E mesmo a partir de

Cascais, consigo controlar a área de construção

dos armazéns nos portos, que é o

meu forte, já que o dia-a-dia, a vertente

comercial, não é possível de gerir a uma

distância tão grande.

Mas mesmo enquanto vivi na Austrália,

durante aqueles seis anos e meio, sempre

tive um ‘pé’ em Cascais. Sempre gostei de

Cascais, das pessoas, do clima, do vento,

da comida – há restaurantes fantásticos de

todos os géneros, e do mais caro ao mais

barato! As primeiras vezes que aqui vim

foi para velejar, de Dragão e em outros

barcos, já há muitos anos. Conhecia vários

portugueses que foram ao Brasil para

velejar, ou que lá viviam então, e na época

do pós-25 de Abril cheguei a vir Portugal

tentar contratar mão-de-obra qualificada

para um banco de que era director.

De então para cá, passei a vir muitas

vezes a Cascais. Comecei por comprar

um apartamento em Cascais como investimento,

mas a verdade é que, sempre que

vinha da Austrália, passava por Cascais.

E acabei por ficar definitivamente. Para

tratar de alguns assuntos, claro que me

desloco a Lisboa, que é uma cidade muito

bonita, mas onde não viveria. Não trocaria

Cascais por nada”.

APAIXONADO POR CASCAIS

E (SEMPRE) PELA VELA

E a ligação ao CNCascais, como aconteceu?

“Apesar de conhecer o clube há muitíssimos

anos, sou sócio do CNC desde que

estabeleci residência em Portugal. E posso

afirmar que é um clube apaixonante.

Apesar de ser um clube relativamente

pequeno, é um verdadeiro clube de vela,

não tem, como outros, muitos proprietários

de barcos a motor. Decerto que

haverá muitas coisas a melhorar, mas,

para mim, o clube é espectacular, tem um

serviço de topo, que é difícil encontrar. A

solicitude das pessoas é impressionante,

a infraestrutura é muito boa e a vista é

sensacional.

Quanto à vela, presentemente, tenho um

SB20. O Tony Castro acertou em cheio

no design, e a classe é muito forte aqui

em Cascais, mas é muito complicado para

mim arranjar um proa, ainda não tenho

proa, por exemplo, para participar nas

SB20 Winter Series. Por isso, apesar de

o barco estar perfeito, mas estou a pensar

vendê-lo e comprar um barco maior.

No Brasil tinha um 54 pés, na Ilha

Grande, mas como na Marina de Cascais

não é possível ter um barco muito grande,

penso comprar um barco que vi no Salão

de Paris, um J99, de 33 pés, fácil de navegar,

em que posso passear com a minha

mulher. E estou a pensar em afastar-me

um pouco das regatas, não totalmente,

mas já sem aquela dedicação a que obriga

uma participação mais competitiva, até

porque ainda tenho afazeres que me

consomem muito tempo. Mas é certo

que, enquanto puder, vou estar sempre

a velejar, de qualquer forma, e seja em

que barco for”.

Clube Naval de CASCAIS 85

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!