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Revista<br />

Ano 19 - Edição <strong>110</strong> - Dez/Jan 2021<br />

EDITORIAL<br />

Prezado leitor,<br />

Espero que suas forças e esperanças estejam renovadas para este novo ano.<br />

Nesta edição da <strong>revista</strong> Analytica, temos um excelente artigo sobre o estudo da fase amorfa na liga Co 67 Nb 25 B 18 ,<br />

um sobre resíduos das indústrias de transformação e outro sobre o compósito SIGeRe.<br />

Contamos ainda com o excelente conteúdo dos nossos colunistas abordando temas sobre biotecnologia,<br />

metrologia, espectrometria de massa e muito mais.<br />

Apesar de um ano de desafios, a <strong>revista</strong> Analytica cresceu exponencialmente no ano de 2020, chegando à marca<br />

de duzentos mil acessos e 150 mil novos leitores. A vocês, nosso agradecimento.<br />

Confiantes nos resultados sobre a vacinação no mundo, seguimos preparando o que há de melhor para mantê-los<br />

informados através da multiplataforma de comunicação integrada e digital que a nossa <strong>revista</strong> está se tornando.<br />

Não deixe de visitar nosso site e de nos seguir nas redes sociais, mantenha-se atualizado!<br />

Com votos de um excelente ano novo, desejo a todos uma ótima leitura!<br />

Luciene Almeida<br />

Fale com a gente<br />

Comercial | Para Assinaturas | Renovação | Para Anunciar:<br />

Daniela Faria | 11 98357-9843 | assinatura@<strong>revista</strong><strong>analytica</strong>.com.br<br />

Tel.: 11 3900-2390 | Dúvidas, críticas e ou sugestões, entre em<br />

contato, teremos prazer em atendê-lo.<br />

Para novidades na área de instrumentação analítica, controle<br />

de qualidade e pesquisa, acessem nossas redes sociais:<br />

/RevistaAnalytica<br />

/<strong>revista</strong>-<strong>analytica</strong><br />

/<strong>revista</strong><strong>analytica</strong><br />

Esta publicação é dirigida a laboratórios analíticos e de controle de qualidade dos setores:<br />

FARMACÊUTICO | ALIMENTÍCIO | QUÍMICO | MINERAÇÃO | AMBIENTAL | COSMÉTICO | PETROQUÍMICO | TINTAS<br />

Os artigos assinados sâo de responsabilidade de seus autores e não representam, necessariamente a opinião da Editora.<br />

EXPEDIENTE<br />

Realização: Newslab Editora<br />

Conselho Editorial: Sylvain Kernbaum | <strong>revista</strong>@<strong>revista</strong><strong>analytica</strong>.com.br<br />

Jornalista Responsável: Luciene Almeida | editoria@<strong>revista</strong><strong>analytica</strong>.com.br<br />

Publicidade e Redação: Daniela Faria | 11 98357-9843 | assinatura@<strong>revista</strong><strong>analytica</strong>.com.br<br />

Coordenação de Arte: FC DESIGN - contato@fcdesign.com.br<br />

Impressão: Gráfica Hawaii | Periodicidade: Bimestral


Revista<br />

Ano 19 - Edição <strong>110</strong> - Dez/Jan 2021<br />

ÍNDICE<br />

01<br />

06<br />

Editorial<br />

Publique na Analytica<br />

Artigo 1<br />

08<br />

ESTUDO DA FASE AMORFA<br />

NA LIGA Co67Nb25B18<br />

Autor: Luciano Nascimento<br />

2<br />

Revista Analytica | Dez/Jan 2021<br />

Artigo 2<br />

16<br />

COMPÓSITO SIGeRe<br />

Autores: Adrian Ricardo da Silva, Pamela Freitas Ferreira,<br />

Wagner Belão Silva, Marcos Roberto Ruiz, Paulo Roberto da<br />

Silva Ribeiro, Daniele de Lacassa Leite.<br />

22<br />

24<br />

27<br />

32<br />

34<br />

35<br />

38<br />

Resíduos Indústriais<br />

Espectrometria de Massa<br />

Biotecnologia<br />

Microbiologia<br />

Logística Laboratorial<br />

Metrologia<br />

Em Foco


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Revista<br />

Ano 19 - Edição <strong>110</strong> - Dez/Jan 2021<br />

ÍNDICE REMISSIVO DE ANUNCIANTES<br />

ordem alfabética<br />

Anunciante pág. Anunciante pág.<br />

Arena Técnica 31<br />

BCQ<br />

4ªCapa<br />

Bio Scie<br />

2ªCapa<br />

Greiner 41<br />

Kasvi 03<br />

Las do Brasil 45<br />

Nova Analitica 07<br />

Prime Cargo<br />

3ªCapa<br />

Veolia 14-15<br />

Esta publicação é dirigida a laboratórios analíticos e de controle de qualidade dos setores:<br />

FARMACÊUTICO | ALIMENTÍCIO | QUÍMICO | MINERAÇÃO | AMBIENTAL | COSMÉTICO | PETROQUÍMICO | TINTAS<br />

Os artigos assinados sâo de responsabilidade de seus autores e não representam, necessariamente a opinião da Editora.<br />

4<br />

Revista Analytica | Dez/Jan 2021<br />

Conselho Editorial<br />

Carla Utecher, Pesquisadora Científica e chefe da seção de controle Microbiológico do serviço de controle de Qualidade do I.Butantan - Chefia Gonçalvez Mothé, Prof ª Titular<br />

da Escola de Química da Escola de Química da Universidade Federal do Rio de Janeiro - Elisabeth de Oliveira, Profª. Titular IQ-USP - Fernando Mauro Lanças, Profª. Titular<br />

da Universidade de São Paulo e Fundador do Grupo de Cromatografia (CROMA) do Instituto de Química de São Carlos - Helena Godoy, FEA / Unicamp - Marcos E berlin, Profª<br />

de Química da Unicamp, Vice-Presidente das Sociedade Brasileira de Espectrometria de Massas e Sociedade Internacional de Especteometria de Massas - Margarete Okazaki,<br />

Pesquisadora Cientifica do Centro de Ciências e Qualidade de Alimentos do Ital - Margareth Marques, U.S Pharmacopeia - Maria Aparecida Carvalho de Medeiros, Profª. Depto.<br />

de Saneamento Ambiental-CESET/UNICAMP - Maria Tavares, Profª do Instituto de Química da Universidade de São Paulo - Shirley Abrantes Pesquisadora titular em Saúde Pública<br />

do INCQS da Fundação Oswaldo Cruz - Ubaldinho Dantas, Diretor Presidente de OSCIP Biotema, Ciência e Tecnologia, e Secretário Executivo da Associação Brasileira de Agribusiness.<br />

Colaboraram nesta Edição:<br />

Luciana e Sá Alves, Marcos Roberto Ruiz, Oscar Vega Bustillos, Bruna Mascaro e Claudio Kiyoshi Hirai.


Agenda<br />

agenda<br />

Em função da pandemia do Covid-19, e acompanhando os<br />

desdobramentos da crise, decretos e posicionamentos dos<br />

governos, os eventos presenciais agendados para o período<br />

Dezembro e Janeiro estão cancelados.<br />

Comprometidos em não propagar informações equivocadas,<br />

não haverá seção Agenda na Revista Analytica Ed <strong>110</strong> e<br />

recomendamos que os interessados em participar de eventos<br />

on-line consultem nosso site durante esse período para se<br />

informar sobre apresentações digitais como webinars e outras<br />

alternativas que estão sendo oferecidas pelas empresas.<br />

Mantenha-se informado em nosso site e em nossas redes<br />

sociais.<br />

Agradecemos a compreensão de todos,<br />

Equipe Analytica.<br />

Para novidades na área de instrumentação analítica,<br />

controle de qualidade e pesquisa, acessem nossas redes sociais:<br />

Revista Analytica | Dez/Jan 2021<br />

5


Revista<br />

Ano 19 - Edição <strong>110</strong> - Dez/Jan 2021<br />

PUBLIQUE NA ANALYTICA<br />

Normas de publicação para artigos e informes assinados<br />

A Revista Analytica, em busca constante de novidades em divulgação científica, disponibiliza abaixo as normas para publicação de artigos, aos<br />

autores interessados. Caso precise de informações adicionais, entre em contato com a redação.<br />

Informações aos Autores<br />

Bimestralmente, a <strong>revista</strong> Analytica publica<br />

editoriais, artigos originais, revisões, casos<br />

educacionais, resumos de teses etc. Os editores<br />

levarão em consideração para publicação toda<br />

e qualquer contribuição que possua correlação<br />

com as análises industriais, instrumentação e o<br />

controle de qualidade.<br />

Todas as contribuições serão revisadas e analisadas<br />

pelos revisores.<br />

Os autores deverão informar todo e qualquer<br />

conflito de interesse existente, em particular<br />

aqueles de natureza financeira relativo<br />

a companhias interessadas ou envolvidas em<br />

produtos ou processos que estejam relacionados<br />

com a contribuição e o manuscrito<br />

apresentado.<br />

Acompanhando o artigo deve vir o termo<br />

de compromisso assinado por todos os autores,<br />

atestando a originalidade do artigo, bem<br />

como a participação de todos os envolvidos.<br />

Os manuscritos deverão ser escritos em português,<br />

mas com Abstract detalhado em inglês.<br />

O Resumo e o Abstract deverão conter as<br />

palavras-chave e keywords, respectivamente.<br />

As fotos e ilustrações devem preferencialmente<br />

ser enviadas na forma original, para<br />

uma perfeita reprodução. Se o autor preferir<br />

mandá-las por e-mail, pedimos que a resolução<br />

do escaneamento seja de 300 dpi’s, com<br />

extensão em TIF ou JPG.<br />

Os manuscritos deverão estar digitados e enviados<br />

por e-mail, ordenados em título, nome<br />

e sobrenomes completos dos autores e nome<br />

da instituição onde o estudo foi realizado.<br />

Além disso, o nome do autor correspondente,<br />

com endereço completo fone/fax e e-mail<br />

também deverão constar. Seguidos por resumo,<br />

palavras-chave, abstract, keywords, texto<br />

(Ex: Introdução, Materiais e Métodos, Parte<br />

Experimental, Resultados e Discussão, Conclusão)<br />

agradecimentos, referências bibliográficas,<br />

tabelas e legendas.<br />

As referências deverão constar no texto com o<br />

sobrenome do devido autor, seguido pelo ano<br />

da publicação, segundo norma ABNT 10520.<br />

As identificações completas de cada referência<br />

citadas no texto devem vir listadas no fim,<br />

com o sobrenome do autor em primeiro lugar<br />

seguido pela sigla do prenome. Ex.: sobrenome,<br />

siglas dos prenomes. Título: subtítulo do<br />

artigo. Título do livro/periódico, volume, fascículo,<br />

página inicial e ano.<br />

Evite utilizar abstracts como referências. Referências<br />

de contribuições ainda não publicadas<br />

deverão ser mencionadas como “no prelo”<br />

ou “in press”.<br />

Observação: É importante frisar que a Analytica não informa a previsão sobre quando o artigo será publicado. Isso se deve ao fato que, tendo em<br />

vista a <strong>revista</strong> também possuir um perfil comercial – além do técnico cientifico -, a decisão sobre a publicação dos artigos pesa nesse sentido. Além<br />

disso, por questões estratégicas, a <strong>revista</strong> é bimestral, o que incorre a possibilidade de menos artigos serem publicados – levando em conta uma<br />

média de três artigos por edição. Por esse motivo, não exigimos artigos inéditos – dando a liberdade para os autores disponibilizarem seu material<br />

em outras publicações.<br />

6<br />

Revista Analytica | Dez/Jan 2021<br />

ENVIE SEU TRABALHO<br />

Os trabalhos deverão ser enviados ao endereço:<br />

A/C: Luciene Almeida – Redação<br />

Av. Nove de Julho, 3.229 - Cj. 1<strong>110</strong> - 01407-000 - São Paulo-SP<br />

Ou por e-mail: editoria@<strong>revista</strong><strong>analytica</strong>.com.br<br />

Para outras informações acesse: www.<strong>revista</strong><strong>analytica</strong>.com.br/publique/


Artigo 1<br />

Autores:<br />

Luciano Nascimento - E-mail:luciano.uepb@gmail.com<br />

Imagem Ilustrativa<br />

ESTUDO DA FASE AMORFA<br />

NA LIGA Co67Nb25B18<br />

Resumo<br />

Este trabalho tem por objetivo a elaboração do composto<br />

amorfo Co 67 Nb 25 B 18 a partir dos pós elementares<br />

através da moagem de alta energia. A moagem<br />

da liga amorfa Co67Nb25B18 foi realizada para tempos<br />

de moagem de 1, 5, 10 e 15 h. Em 15 horas obteve-se<br />

a fase amorfa desejável. A evolução microestrutural<br />

foi acompanhada através das técnicas de por<br />

Difração de Raios X (DRX), Microscopia Eletrônica de<br />

Varredura e Espectroscopia por Dispersão de Energia<br />

(MEV/EDS). Resultados experimentais mostram que<br />

a evolução da fase amorfa foi rápida em uma velocidade<br />

de 300 RPM.<br />

Palavras-chave: Moagem de Alta Energia; Liga Amorfa<br />

C o66 N b22 B 12 ; Fase Amorfa.<br />

Abstract<br />

The purpose of this work is to elaborate the amorphous<br />

compound Co 67 Nb 25 B 18 from elementary powders<br />

through high energy grinding. The grinding of<br />

the amorphous Co 67 Nb 25 B 18 alloy was carried out for<br />

grinding times of 1, 5, 10 and 15 h. In 15 hours, the<br />

desired amorphous phase was obtained. The microstructural<br />

evolution was followed by the techniques<br />

of X-Ray Diffraction (XRD), Scanning Electron Microscopy<br />

and Energy Dispersion Spectroscopy (SEM /<br />

EDS). Experimental results show that the evolution<br />

of the amorphous phase was rapid at a speed of 300<br />

RPM.<br />

Keywords: High Energy Milling; Amorphous<br />

C o67 N b25 B 18 ; Amorphous Phase.<br />

8<br />

Revista Analytica | Dez/Jan 2021<br />

Introdução<br />

Desde a primeira liga amorfa sintetizada<br />

no sistema Au75Si25 por solidificação<br />

rápida, uma grande variedade<br />

de ligas metálicas amorfas tem sido<br />

desenvolvida durante as quatro dé-<br />

cadas subsequentes [1]. A estrutura<br />

amorfa confere propriedades excepcionais<br />

tais como alta dureza, baixo<br />

coeficiente de atrito, alta corrosão e<br />

resistência mecânica ao desgaste e<br />

ótimas propriedades são conhecidas<br />

várias propriedades físicas, químicas,<br />

mecânicas, térmicas, elétricas, magnéticas<br />

(baixa perda magnética, reversão<br />

rápida de fluxo, alta resistividade<br />

elétrica e baixa perda acústica)<br />

e biológicas (biomateriais) [2-3].


Imagem Ilustrativa<br />

Ligas amorfas é uma combinação<br />

de estruturas desordenadas e ligação<br />

metálica interatômica em um<br />

estado termodinâmico metaestável<br />

[4]. As ligas do amorfas podem<br />

ser obtidas através do processo de<br />

Moagem de Alta Energia (MAE) é<br />

uma síntese mecano-química em<br />

queas misturas de pós de diferentes<br />

metais ou ligas são moídas<br />

conjuntamente para obtenção<br />

de uma liga homogênea,<br />

através da transferência de massa<br />

[5]. Por vibração ou rotação as<br />

esferas chocam-se com as paredes<br />

do vaso resultando em uma prensagem<br />

do pó a cada impacto, e<br />

deste modo o pó é repetidamente<br />

levado a solda, fratura<br />

e ressolda num intenso processo<br />

cíclico de transferência de energia<br />

que possibilita a nanoestruturação<br />

dos materiais moídos. Durante a<br />

moagem de alta energia, alta deformação<br />

é introduzida nas partículas.<br />

Isso é manifestado pela<br />

presença de vários defeitos cristalinos,<br />

tais como discordâncias,<br />

vazios, falha de empilhamento<br />

e aumento no número de contornos<br />

de grão [6]. A presença desses<br />

defeitos, além do refinamento da<br />

microestrutura que diminui as<br />

distâncias de difusãoe do aumento<br />

da temperatura durante<br />

a moagem, aumentam a difusividade<br />

dos elementos solutos na<br />

matriz, resultando na produção<br />

de pós com alta sinterabilidade<br />

emrelação à moagem convencional<br />

[7]. Muitas ligas amorfas<br />

complexas, com propriedades<br />

específicas podem ser obtidas<br />

por adição de outros elementos a<br />

este sistema, como o Nb e vários<br />

compostos químicos pode ser cristalizado<br />

a partir da fase amorfa a<br />

temperaturas específicas [8].<br />

Ligas amorfas baseadas em Co, Fe,<br />

Nb, B e sistema amorfo do tipo Co-<br />

-Nb-B é facilmente fabricado usando<br />

técnicas de reação do estado sólido<br />

e possuem boas propriedades<br />

magnéticas, estabilidade térmica<br />

e uma elevada magnetização de<br />

saturação, de alta permeabilidade,<br />

baixa coercitividade e perda,<br />

que encontram suas aplicações no<br />

sistema antirroubo segurança, eletrônica<br />

de potência, dispositivos de<br />

telecomunicações e magnetismo<br />

automotivos [9]. As ligas amorfas<br />

à base de Fe-Si-B e Co-Nb-B apresentam<br />

excelentes propriedades<br />

magnéticas macias [10].<br />

Similarmente algumas ligas baseadas<br />

em ligas amorfas e ligas<br />

amorfas de grande volume<br />

(BMGs) como Co-Nb-B consistem<br />

em ligação covalente formado por<br />

elemento metalóide (B) e um elemento<br />

de metal de transição com<br />

alto módulo de elasticidade (Co).<br />

Além disso, uma vez que Nb e B<br />

têm entalpia negativa de mistura<br />

com o elemento constituinte na<br />

maioria o Co [11]. Neste trabalho,<br />

estudou-se a caracterização desta<br />

liga amorfa do tipo Co67Nb25B18<br />

através do processo de moagem<br />

alta energia. O estudo de caracterização<br />

foi DRX - Difração de Raios<br />

X ,Microscopia eletrônica de varredura<br />

(MEV) e espectroscopia de<br />

energia dispersiva (EDS).<br />

Materiais e Métodos<br />

Os pós dos elementos Cobalto,<br />

Nióbio e Boro, conforme a sua<br />

granulometria (peneira de 100<br />

mechas), tendo uma pureza de<br />

99,99% cada um dos elementos,<br />

Os pós de Cobalto e Boro foram<br />

obtidos comercialmente da Aldrich<br />

Chemical Company. O pó<br />

de Nióbio foi doado pela CBMM -<br />

Companhia Brasileira de Metalurgia<br />

e Mineração. De acordo com o<br />

fabricante o nióbio com diâmetro<br />

médio de 100 μm foi obtido por<br />

hidretação, seguida de moagem e<br />

posterior desidretação. Os pós elementares,<br />

foram pesados nas proporções<br />

adequadas à composição<br />

(Co67Nb25B18) e homogeneizados<br />

mecanicamente e os componentes<br />

foram pesados em uma balança<br />

de precisão, Micronal B4000 com<br />

resolução de 10-2g obtendo-se as<br />

composições nominais.<br />

Revista Analytica | Dez/Jan 2021<br />

9


Artigo 1<br />

Os pós elementares foram pesados<br />

na proporção, na relação bola/pó<br />

determinada foi de 20:1, indicando<br />

assim o peso total da amostra, 25g,<br />

como também o peso das esferas<br />

de aço cromo, com três tamanhos<br />

diferentes (6 esferas de 20mm, 4<br />

esferas de 15mm e 6 esferas de 10<br />

mm), perfazendo um total de 225g<br />

de esferas, utilizando um moinho<br />

do tipo planetário. As coletas foram<br />

feitas em intervalos de 1, 5, 10<br />

e 15 horas de processamento.Este<br />

material foi colocado em uma jarra<br />

de aço de alta dureza, a qual foi<br />

selada para obtenção de vácuo de<br />

5∙10-2 mbar, prevenindo possível<br />

contaminação dos pós. A jarra com<br />

os a mistura dos pós-elementares<br />

foi então colocada em um moinho<br />

planetário, moinho planetário Modelo:<br />

NQM2L Mill Pulverizer onde<br />

foi moído inicialmente por 5h, com<br />

rotação de 300 RPM.<br />

após a amostra ter sido revestido<br />

com fina camada de ouro depositada<br />

em vácuo, a fim de melhorar<br />

o contraste da imagem.<br />

Resultados e Discussão<br />

Difração de raios X<br />

A Figura 1 apresenta os padrões de difração<br />

de raios-x (DRX) dos pós moídos<br />

em função do tempo de moagem. A<br />

verificação de um halo de difração bastante<br />

definido indica a presença prioritária<br />

de fase amorfa em 45º [12].<br />

Depois de 1 hora de moagem, observou-se<br />

que todos os picos do<br />

Cobalto puro diminuíram drasticamente<br />

de intensidade em contraste<br />

com a mistura inicial, e depois de 5<br />

h de moagem, a maioria dos picos<br />

do Co puro já tinham desaparecido<br />

e as intensidades dos picos do Nb<br />

diminuíram drasticamente de intensidade.<br />

Os dois últimos padrões<br />

de difração de raios-x mostrados<br />

nos difratogramas correspondem às<br />

ligas dos pós de Co67Nb25B18 depois<br />

de 10-15 h de tratamento por<br />

moagem de alta energia. Os pós<br />

eram amorfos para a faixa de tempo<br />

entre 10 e 15 h quer para condições<br />

de moagem com 2 e 3 tamanhos de<br />

esferas e velocidade 300 RPM. Entretanto,<br />

para a amostra moída com<br />

a velocidade de 300 RPM (nível de<br />

alta energia), o surgimento da fase<br />

amorfa e o acréscimo das fases ricas<br />

em Co e Nb foram abruptos e estabilizando<br />

em 15 horas de moagem<br />

e com o surgimento de fase amorfa<br />

desejável, indicando que o estado<br />

sólido já estaria completo naquele<br />

instante. Um processo de reação do<br />

estado sólido adicional permite que<br />

o Boro se difunde no Co-Nb, formando<br />

Co-Nb-B amorfo.<br />

10<br />

Revista Analytica | Dez/Jan 2021<br />

Para a identificação das fases<br />

da liga a amorfa Co67Nb25B18, foi<br />

usado um difratômetro Shimadzu<br />

XRD 6000, utilizando radiação de<br />

CuKα (λ = 1,54056 Å). As medidas<br />

foram tomadas para uma ampla<br />

gama de ângulos de difração<br />

(2θ) que variam de 0° a 180° com<br />

passo angular de 0,05º e com<br />

tempo de contagem por ponto<br />

igual a 4 s. A análise em MEV/<br />

EDS foi realizada com um SHIMA-<br />

DZU SUPERSCAN SSX-550 com<br />

uma tensão de aceleração de 0,5<br />

a 30kV com uma etapa de 10V,<br />

Figura 1. Padrões de DRX do pó de Co67Nb25B18 por moagem<br />

de alta energia nos tempos (1, 5, 10 e 15 h).


Imagem Ilustrativa<br />

Microscopia eletrônica de varredura<br />

e EDS<br />

A Figura 2 respectivamente mostra<br />

o pó da liga amorfa Co67Nb25B18, o<br />

resultado da Micrografia eletrônica<br />

da amostra obtida por Microscopia<br />

Eletrônica de Varredura com uma<br />

morfologia com pequenos cristais<br />

irregulares bem facetados e<br />

tamanhos de partículas bastante<br />

homogêneos.<br />

Figura 2. Micrografia eletrônica obtida por MEV da<br />

liga amorfa Co 67Nb 25B 18 pequenos cristais irregulares<br />

bem facetados.<br />

Os tamanhos das partículas lamelares<br />

ricas em óxidos obtidas<br />

através dos pós estão abaixo de<br />

20μm. A influência do B, na dinâmica<br />

do crescimento da fase<br />

amorfa e acréscimo das fases ricas<br />

em nióbio e cobalto tem uma<br />

influência direta no refino da microestrutura<br />

[13]. O surgimento<br />

de frações da fase amorfa logo<br />

nos estágios iniciais da moagem<br />

de alta energia está ligado com a<br />

complexação do B com das fases<br />

ricas de Cobalto e Nióbio em solução<br />

intermetálica, é visto nitidamente<br />

quando moído em 300<br />

RPM em 15 horas no micrógrafos<br />

de MEV em pequenos cristais irregulares<br />

bem facetados.<br />

A Figura 4 apresenta, espectro de<br />

EDS da liga amorfa Co 67 Nb 25 B 18 ,<br />

concentrações de Cobalto, Nióbio<br />

e Boro com a presença pequena<br />

quantidades de Oxigênio que<br />

possibilita a formação de óxidos<br />

em sua superfície e presença de<br />

B acoplado para surgimentos de<br />

composto de boratos.<br />

O Boro pode se combinar tanto<br />

com elementos metálicos quanto<br />

não metálicos, para formando<br />

compostos covalentes, já que em<br />

nenhum caso dá origem a estados<br />

iônicos, cátions (íons de carga<br />

positiva) ou ânions (íons de<br />

carga negativa). Devido ao fato,<br />

Figura 4. Espectro de EDS da liga amorfa Co 67Nb 25B 18.<br />

que as ligas amorfas se complexam<br />

com atrizes vítreas a base de<br />

óxido de boro vem sendo investigadas<br />

para potenciais aplicações.<br />

Uma grande diversidade de unidades<br />

estruturais compõe a rede<br />

vítrea formada por vidros a base<br />

de boro, favorecendo a aceitação<br />

de ampla quantidade de dopantes<br />

terras raras ou metais de<br />

transição para obtenção de ligas<br />

amorfas.<br />

O oxigênio se complexa se complexa<br />

com Co, Nb e B que possibilita<br />

a reação peritética de estado<br />

sólido com fase amorfas ricas em<br />

óxido metálicos e intermetálico<br />

[14].<br />

Revista Analytica | Dez/Jan 2021<br />

11


Artigo 1<br />

Conclusão<br />

• No difratogramas de DRX, é possível<br />

a verificação de um halo de<br />

difração bastante definido indica<br />

a presença prioritária de fase<br />

amorfa em 45ºda liga amorfa<br />

Co66Nb22B12;<br />

• Análise do MEV mostra a morfologia<br />

formação de finas camadas de<br />

partículas lamelares em formato de<br />

placas e irregulares alta porosidade<br />

devido ao processo de amorfização<br />

da liga na fase amorfa;<br />

• A influência do B, na dinâmica do<br />

crescimento da fase amorfa e acréscimo<br />

das fases ricas em nióbio e cobalto<br />

tem uma influência direta no<br />

refino da microestrutura com velocidade<br />

de 300RPM, revelando a fase<br />

amorfa com partículas lamelares de<br />

tamanho de 20μm;<br />

• No EDS mostra maiores concentrações<br />

de Co e Nb, se complexando<br />

com O e com B; sendo o B o agente<br />

amorfizador.<br />

Agradecimentos<br />

O autor agradece a Central Analítica<br />

de Química-UFPE e a CBMM.<br />

Referências<br />

[1]. KLEMENT, W.; WILLENS, R.; DUWEZ, P. Non-<br />

-crystalline Structure in Solidified Gold–Silicon<br />

Alloys. Nature 187. p.869–870, 1960.<br />

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in high velocity oxy-fuel thermally sprayed<br />

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Engineering A, 430 (1-2). p. 34–39, 2006.<br />

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do compósito WC-Ni. Revista Matéria15<br />

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of NiAl produced by mechanical alloying.<br />

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7.p. 01–06, 2000.<br />

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glasses with ultrahigh strength. Journal of Non-<br />

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Journal of Non-Crystalline Solids 386. pp.121–<br />

123,2014.<br />

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31Co31Nb8B30 Powders. Advances in Materials<br />

Physics and Chemistry 3. p. 90–100, 2013.<br />

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Technology 206 (6).p.1229–1236, 2011.<br />

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processable metallic glass: Zr41.2Ti13.8Cu12.<br />

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[14]. INOUE, A. Stabilization of Metallic Supercooled<br />

Liquid and Bulk Amorphous Alloys. Acta<br />

Materialia 48(1). p.279–306, 2000.<br />

12<br />

Revista Analytica | Dez/Jan 2021


Complemento Normativo - Artigo 1<br />

Referente ao artigo 1<br />

Disponibilizado por Analytica em parceria com Arena Técnica<br />

Estudo da Fase Amorfa Na Liga Co 67 Nb 25 B 18<br />

ABNT NBR 15891-3<br />

Implantes para cirurgia – Resinas Absorvíveis Parte 3: Requisitos para<br />

resinas virgens amorfas de poli(lactato) e poli(lactate-coglicolato)<br />

Norma publicada em: 10/2020. / Status: Vigente.<br />

Classificação 1: Implantes cirúrgicos, próteses e orteses<br />

Classificação 2: Norma recomendada.<br />

Artigo: ESTUDO DA FASE AMORFA NA LIGA Co 67 Nb 25 B 18<br />

Entidade: ABNT<br />

País de procedência/Região: Brasil.<br />

https://www.abntcatalogo.com.br/norma.aspx?ID=458039<br />

DIN 8593-4<br />

Manufacturing processes joining - Part 4: Joining by processing of amorphous<br />

materials; Classification, subdivision, terms and definitions<br />

Norma publicada em: 09/2003. / Status: Vigente.<br />

Classificação 1: Norma recomendada.<br />

Artigo: ESTUDO DA FASE AMORFA NA LIGA Co 67 Nb 25 B 18<br />

Entidade: DIN<br />

País de procedência/Região: Alemanha.<br />

JIS C 2534<br />

Fe-based amorphous strip deliverd in the semi-processed state<br />

Norma publicada em: 03/2017. / Status: Vigente.<br />

Classificação 1: Norma recomendada.<br />

Artigo: ESTUDO DA FASE AMORFA NA LIGA Co 67 Nb 25 B 18<br />

Entidade: JIS<br />

País de procedência/Região: Japão.<br />

https://webdesk.jsa.or.jp/books/W11M0090/index/?bunsyo_id=JIS+-<br />

C+2534%3A2017<br />

DIN EN 1330-11<br />

Non-destructive testing - Terminology - Part 11: Terms used in X-ray diffraction<br />

from polycristalline and amorphous materials<br />

Norma publicada em: 09/2007. / Status: Vigente.<br />

Classificação 1: Norma recomendada.<br />

Artigo: ESTUDO DA FASE AMORFA NA LIGA Co 67 Nb 25 B 18<br />

Entidade: DIN<br />

País de procedência/Região: Alemanha.<br />

https://www.beuth.de/en/standard/din-en-1330-11/94561823<br />

JIS H 7004<br />

Glossary of terms used in amorphous metals<br />

Norma publicada em: 10/1990. / Status: Vigente.<br />

Classificação 1: Norma recomendada.<br />

Artigo: ESTUDO DA FASE AMORFA NA LIGA Co 67 Nb 25 B 18<br />

Entidade: JIS<br />

País de procedência/Região: Japão.<br />

https://webdesk.jsa.or.jp/books/W11M0090/index/?bunsyo_id=-<br />

JIS+H+7004%3A1990<br />

IEC 60404-8-11<br />

Magnetic materials - Part 8-11: Specifications for individual materials -<br />

Fe-based amorphous strip delivered in the semi-processed state<br />

Norma publicada em: 03/2018. / Status: Vigente.<br />

Classificação 1: Norma recomendada.<br />

Artigo: ESTUDO DA FASE AMORFA NA LIGA Co 67 Nb 25 B 18<br />

Entidade: IEC<br />

País de procedência/Região: Suiça.<br />

https://webstore.iec.ch/publication/27015<br />

IEC 60404-16<br />

Magnetic materials - Part 16: Methods of measurement of the magnetic<br />

properties of Fe-based amorphous strip by means of a single sheet tester<br />

Norma publicada em: 03/2018. / Status: Vigente.<br />

Classificação 1: Norma recomendada.<br />

Artigo: ESTUDO DA FASE AMORFA NA LIGA Co 67 Nb 25 B 18<br />

Entidade: IEC<br />

País de procedência/Região: Suiça.<br />

https://webstore.iec.ch/publication/29011<br />

ASTM E2186<br />

Standard Guide for Determining DNA Single-Strand Damage in Eukaryotic<br />

Cells Using the Comet Assay<br />

Norma publicada em: 01/2002. / Status: Vigente.<br />

Classificação 1: Norma recomendada.<br />

Artigo: ESTUDO DA FASE AMORFA NA LIGA Co 67 Nb 25 B 18<br />

Entidade: ASTM<br />

País de procedência/Região: EUA.<br />

https://www.astm.org/Standards/E2186.htm<br />

Revista Analytica | Dez/Jan 2021<br />

13


Artigo 2<br />

Autores:<br />

Adrian Ricardo da Silva¹, Pamela Freitas Ferreira¹, Wagner Belão Silva¹,<br />

Marcos Roberto Ruiz¹*, Paulo Roberto da Silva Ribeiro¹,<br />

Daniele de Lacassa Leite¹.<br />

1Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial - SENAI “Santo Paschoal Crepaldi” Presidente<br />

Prudente-SP. E-mail para correspondência: *marcos.ruiz@sp.senai.br<br />

Imagem Ilustrativa<br />

COMPÓSITO SIGeRe<br />

16<br />

Revista Analytica | Dez/Jan 2021<br />

Resumo<br />

O gesso de ampla aplicação na construção civil, juntamente<br />

com as cinzas obtidas na queima do bagaço<br />

da cana-de-açúcar e uma resina fenólica modificada<br />

complementam a formulação desse novo compósito,<br />

que foi denominado SIGERE. Sendo possível oferecer<br />

um destino mais conveniente para esse resíduo<br />

(cinzas), já que ele possui em sua composição altas<br />

quantidades de dióxido de silício. A resina foi escolhida<br />

com o propósito de impermeabilizar o material<br />

e proporcionar aglutinação. O compósito foi<br />

desenvolvido através da homogeneização da base<br />

de gesso com adição de concentrações pré-definidas<br />

de cinzas, tendo como granulometria de 200 mesh<br />

e pequenos volumes de resina, variando entre 1 e<br />

2mL aproximadamente. Através deste método seria<br />

possível proporcionar ao gesso uma melhoria em<br />

suas características e propriedades já que as cinzas<br />

podem ocasionar o efeito filler e atividade pozolânica<br />

no mesmo, além de proporcionar um melhor e efetivo<br />

destino para esse resíduo industrial. Estes efeitos<br />

dependem diretamente da qualidade das cinzas do<br />

bagaço da cana de açúcar, variando de acordo com<br />

a temperatura e tempo de queima e a granulometria<br />

das cinzas. Em relação ao efeito físico (filler), se relaciona<br />

ao tamanho das partículas, onde os menores<br />

preenchem os vãos entre partículas maiores, reduzindo<br />

a porosidade do produto. O efeito pozolânico<br />

(químico) acontece quando há reação dos minerais<br />

adicionados em meio aquoso com hidróxido de cálcio<br />

(Ca(OH)2), originando compostos com alto potencial<br />

aglomerante e estáveis como os aluminatos e silicatos<br />

de cálcio hidratado (C-S-H). Todavia, tal efeito<br />

depende que a sílica ea alumina não apresentem alto<br />

grau de cristalinidade. Visando produzir um material<br />

inovador foram realizados diversos ensaios, com intuito<br />

de estabelecer uma formulação eficaz que possa<br />

oferecer uma maior resistência e eventualmente<br />

substituindo o gesso puro em suas aplicações, como<br />

por exemplo, em decorações. Durante a execução do<br />

projeto, foram produzidas peças do compósito com<br />

diferentes porcentagens de cinzas, e cada formulação<br />

foi testado o grau de resistência e a dureza. Através<br />

dos resultados foi possível identificar a quantidade<br />

máxima de cinzas adicionada no compósito mantendo<br />

o mesmo com uma qualidade satisfatória.


Introdução:<br />

A transformação do gesso pode<br />

ção química de desidratação deste<br />

Os materiais de construção sofrem<br />

transformações constantemente,<br />

onde estas suprem os padrões<br />

de beleza modernos, todavia,<br />

ser exemplificado através do esquema<br />

representado abaixo:<br />

Figura 1: Diagrama de blocos do processo de<br />

mineração e produção do gesso.<br />

mineral, como se segue abaixo:[1]<br />

Equação de desidratação da gipsita:<br />

CaSO4.2H2O + Calor CaSO4.1/2H2O + 1/2 H2O<br />

se focalizando em uma busca, por<br />

um material que possa ser cada vez<br />

Sua retirada da natureza não afeta<br />

mais adaptável as aplicabilidades<br />

a superfície e não gera descarte de<br />

contemporâneas, proporcionando<br />

assim a estes uma maior durabilidade<br />

com o tempo.<br />

resíduos tóxicos, pelo contrário, as<br />

fabricas de derivados da gipsita são<br />

instalações limpas, liberando so-<br />

Mantendo a mesma perspectiva,<br />

o gesso vem ganhando um espaço<br />

mente vapor de água para atmosfera.<br />

Podendo se produzir de modo<br />

cada vez maior na construção civil,<br />

alternativo pela reciclagem do ges-<br />

esse aumento no consumo é justificado<br />

pelas boas características,<br />

aplicações, propriedades e custo.<br />

O gesso é produzido à partir da<br />

mineração e calcinação da rocha<br />

sedimentar gipsita, mineral no<br />

qual se forma por meio de processos<br />

naturais da evaporação do mar,<br />

fato que justifica sua grande abun-<br />

É composto principalmente por<br />

sulfato de cálcio hidratado, onde<br />

é comercializado na forma pulverulento<br />

(pó), possuindo coloração<br />

branca, onde sua aplicação se<br />

efetiva por meio de sua hidratação<br />

em um processo exotérmico, atri-<br />

so químico ou fosfogesso originado<br />

pela dessulfurizarão de chaminés<br />

de queima de carvão com cal hidratada.<br />

Todavia tais processos não são<br />

relevantes no Brasil. [4]<br />

Propriedades como endurecimento<br />

rápido, baixa espessura<br />

dância na superfície. É um mineral<br />

compacto com baixa dureza, onde<br />

é insolúvel em água e solúvel em<br />

ácido clorídrico (HCl).<br />

buindo assim um produto rijo e<br />

não hidráulico. [4]<br />

Este material possui como fórmu-<br />

correspondente a do cimento,<br />

pega e estabilidade volumétrica<br />

junto há um reduzido poder retração<br />

é o que garante um desempe-<br />

Os estados de Pernambuco, Ceará<br />

e Piauí são os principais polos gesseiros<br />

no Brasil.<br />

la química (CaSO4.½H2O), onde o<br />

processo de calcinação da gipsita<br />

pode ser descrito por meio da equa-<br />

nho satisfatório, quando o gesso<br />

é aplicado como aglomerante em<br />

revestimentos. [1] [4]<br />

Revista Analytica | Dez/Jan 2021<br />

17


Artigo 2<br />

18<br />

Revista Analytica | Dez/Jan 2021<br />

Sem contar que os revestimentos<br />

e paredes em gesso por apresentarem<br />

propriedades de absorção e<br />

liberação de umidade conferem ao<br />

ambiente um equilíbrio higroscópico,<br />

atuando também como um<br />

inibidor de propagação de chamas,<br />

liberando moléculas de água quando<br />

em contato com o fogo. [1] [4]<br />

Mesmo este aglomerante sendo<br />

uma ótima escolha, seu uso fica<br />

restrito a ambientes onde não haja<br />

contato direto e constante com<br />

água, devido a sua solubilidade e<br />

derivados sendo de 1,8g/L, fato<br />

que pode ocasionar diminuição da<br />

resistência dos pré-moldados de<br />

gesso, devido ao grau de umidade<br />

absorvido. Alto poder oxidante<br />

quando em contato com materiais<br />

ferrosos e poder expansivos das<br />

moléculas de etringita formadas<br />

pela associação do gesso com o<br />

cimento em fase de hidratação, são<br />

outros problemas que o gesso pode<br />

estar sofrendo. [1] [4]<br />

Seguindo esta linha de pesquisa e sos ensaios com proporções distintas<br />

do resíduo, para posteriormente<br />

oportunidade de negócio, foi definida<br />

a importância de melhorar suas realizar testes de resistência no<br />

propriedades com adição de um resíduo<br />

industrial, sendo escolhida a sar qual proporção apresentou me-<br />

durômetro, para ser possível anali-<br />

cinza gerada na queima do bagaço lhor eficiência na mistura.<br />

da cana de açúcar. O novo compósito<br />

foi produzido adicionando em sua Metodologia:<br />

composição às cinzas do bagaço da O desenvolvimento do compósito<br />

cana de açúcar, para proporcionar ao necessitou da realização de ensaios<br />

mesmo uma resistência maior a choques,<br />

através de dois efeitos, sendo e das cinzas do bagaço da cana-de-<br />

com proporções distintas de gesso<br />

eles o efeito filler e atividade pozolânica,<br />

podendo variar suas caracterís-<br />

de dureza no durômetro, com fina-<br />

-açúcar, para poder realizar testes<br />

ticas de acordo com a qualidade das lidade de constatar se houve alguma<br />

mudança na resistência do ges-<br />

cinzas utilizadas.<br />

so. Sendo necessária previamente<br />

Para a comprovação real da eficiência<br />

da adição da sílica presente possíveis causas de futuros proble-<br />

a realização de levantamentos de<br />

nas cinzas, foram realizados divermas,<br />

como se segue na Figura 2.<br />

Figura 2: Diagrama de Ishikawa produção do compósito SIGERE.


Ao todo foram realizados seis tes-<br />

Tabela 1: Porcentagens de cinzas do bagaço de cana-de-açúcar utilizadas na produção do compósito.<br />

tes, com intuito de estipular um<br />

limite de adição das cinzas, chegando<br />

a uma proporção máxima de<br />

20%, já que os outros dois ensaios<br />

elaborados (25% e 30%) não proporcionaram<br />

a peça de gesso uma<br />

mistura efetiva e homogênea, fato<br />

que ocasionou seu rompimento<br />

muito fácil. Em todos os testes,<br />

foi adicionado na mistura resina<br />

fenólica, em quantidades proporcionais,<br />

onde teve a função de unir<br />

as moléculas e impermeabilizar<br />

o material, tendo um papel desta<br />

forma, de aglutinação. As matérias-<br />

-primas empregadas foram o gesso,<br />

Cinzas do bagaço da cana-de-açúcar<br />

(SiO 2 ), água e resina fenólica<br />

modificada. Foram realizados seis<br />

ensaios com diferentes formulações<br />

segue na Tabela 1.<br />

Resultados:<br />

Com a execução das preparações<br />

gesso, tendo um tom cada vez mais<br />

próximo do acinzentado. Após adequar<br />

as peças, elas foram submetidas<br />

individualmente a uma sequência<br />

de cinco medidas no equipamento<br />

duromêtro da marca Mitutoyo, para<br />

serem posteriormente analisados<br />

os resultados e consequentemente<br />

estipular uma média, para que de<br />

fato seja possível verificar alguma<br />

mudança real na peça.<br />

Quando comparados os dados<br />

dos ensaios é notável que a peça<br />

mostrou-se mais resistente, sendo<br />

possível concluir, que poderá suportar<br />

as ações do tempo mais do<br />

que a peça somente com o gesso<br />

comum, já que as peças feitas com<br />

o compósito também se mostra-<br />

peça, podendo desta forma, confirmar<br />

que seja possível utilizá-lo em<br />

áreas externas.<br />

Através dos ensaios físico-mecânicos,<br />

foi possível concluir que o<br />

compósito pode suportar uma carga<br />

superior a materiais constituídos<br />

apenas com gesso, a sílica presente<br />

na cinza, confere uma carga mecânica<br />

muito interessante, e que pode<br />

ser explorada em pesquisas futuras.<br />

As concentrações de 5% e 20%,<br />

apresentaram os melhores resultados<br />

nos ensaios mecânicos de<br />

dureza, a Tabela 2 apresenta as<br />

medidas de dureza paras essas<br />

duas concentrações.<br />

das peças de gesso com proporções<br />

distintas, foi notável uma gradual<br />

modificação na tonalidade da cor do<br />

ram resistentes a água, fato que se<br />

deve ao uso da resina fenólica, que<br />

possivelmente impermeabilizou a<br />

A Figura 1 apresenta a pesagem dos<br />

materiais para a síntese do compósito,<br />

a Figura 2 a preparação do com-<br />

Revista Analytica | Dez/Jan 2021<br />

19


Artigo 2<br />

pósito e a Figura 3 o equipamento<br />

de medida da dureza do material e a<br />

Figura 4, o compósito produzido em<br />

formas de placas de gesso 3D.<br />

Conclusão:<br />

Os testes realizados descrevem o<br />

total potencial do compósito SiGe-<br />

Re, é possível constatar que as cinzas<br />

da queima do bagaço da cana<br />

de açúcar foram responsáveis por<br />

mudanças significativas na peça de<br />

gesso, devido a presença do dióxido<br />

de silício. O silício possui uma<br />

propriedade de carga de reforço<br />

mecânico no compósito, tornando<br />

as placas de gesso mais resistentes<br />

e consequentemente direciona de<br />

forma ecologicamente correta este<br />

resíduo, que o Brasil gera por volta<br />

de 1.200.000 toneladas por ano.<br />

Tabela 2: Testes realizados no durômetro:<br />

Figura 1: Compósito produzido com 5% de<br />

cinzas da queima do bagaço de cana-de-açúcar.<br />

Figura 3: Equipamento Durômetro Mitutoyo.<br />

Figura 2: Preparação do compósito SiGeRe<br />

Figura 4: Placa do SiGeRe produzida em forma de gesso 3D.<br />

20<br />

Revista Analytica | Dez/Jan 2021<br />

Referencias:<br />

[1] C. A. M. Baltar, F. F. Bastos, A. B. Luz, Gipsita,<br />

Comun. Tec., Ed. Rochas & Minerais Industriais:<br />

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[2] ACCORSI, C. L. Comparativo do desempenho<br />

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com pasta de gesso. Revista Online Ipog Especialize.<br />

2015. 17 p.<br />

[3] BESSA, S.A.L. Utilização da cinza do bagaço da<br />

cana-de-açúcar como agregado miúdo em concretos<br />

para artefatos de infraestrutura urbana.2011.<br />

Tese (Doutorado em Engenharia Urbana) Universidade<br />

Federal de São Carlos, São Carlos, 2011.<br />

[4] ARAÚJO, S. M. S. O pólo gesseiro do Araripe:<br />

unidades geo-ambientais e impactos da mineração.<br />

Tese (Doutorado). Universidade Estadual de<br />

Campinas. São Paulo, 2004, 259 p.<br />

[5] http://periodicos.uem.br/ojs/index.php/Rev-<br />

Tecnol/article/view/8728.<br />

[6] https://www.ecivilnet.com/dicionario/o-que-e-<br />

-pozolana.html


Complemento Normativo - Artigo 2<br />

Referente ao artigo 2<br />

Disponibilizado por Analytica em parceria com Arena Técnica<br />

COMPÓSITO SiGeRe<br />

BS 6100-9<br />

Building and civil engineering. Vocabulary. Work<br />

with concrete and plaster<br />

Norma publicada em: 08/2007. / Status: Vigente.<br />

Classificação 1: Norma recomendada.<br />

Artigo: COMPÓSITO SiGeRe<br />

Entidade: BSI<br />

País de procedência/Região: Reino Unido.<br />

https://shop.bsigroup.com/ProductDetail?pid=000000000030171887<br />

ABNT NBR 15217<br />

Perfilados de aço para sistemas construtivos em<br />

chapas de gesso para drywall - Requisitos e métodos<br />

de ensaio<br />

Norma publicada em: 02/2018. / Status: Vigente.<br />

Classificação 1: Norma recomendada.<br />

Artigo: COMPÓSITO SiGeRe<br />

Entidade: ABNT<br />

País de procedência/Região: Brasil.<br />

ABNT NBR 16497<br />

Placa mineralizada de gesso para forro removível<br />

modular — Requisitos<br />

Norma publicada em: 10/2016. / Status: Vigente.<br />

Classificação 1: Norma recomendada.<br />

Artigo: COMPÓSITO SiGeRe<br />

Entidade: ABNT<br />

País de procedência/Região: Brasil.<br />

ABNT NBR 16519<br />

Placa mineralizada de gesso para forro removível<br />

modular suspenso - Métodos de ensaio<br />

Norma publicada em: 10/2016. / Status: Vigente.<br />

Classificação 1: Norma recomendada.<br />

Artigo: COMPÓSITO SiGeRe<br />

Entidade: ABNT<br />

País de procedência/Região: Brasil.<br />

ABNT NBR 16574<br />

Gesso-cola — União de elementos pré-fabricados<br />

de gesso — Método de ensaio<br />

Norma publicada em: 01/2017. / Status: Vigente.<br />

Classificação 1: Norma recomendada.<br />

Artigo: COMPÓSITO SiGeRe<br />

Entidade: ABNT<br />

País de procedência/Região: Brasil.<br />

ABNT NBR 16832<br />

Sistemas construtivos em chapas de gesso para<br />

drywall — Lãs de PET para isolamento térmico e<br />

acústico — Requisitos e métodos de ensaio<br />

Norma publicada em: 08/2020. / Status: Vigente.<br />

Classificação 1: Norma recomendada.<br />

Artigo: COMPÓSITO SiGeRe<br />

Entidade: ABNT<br />

País de procedência/Região: Brasil.<br />

ABNT NBR 16689<br />

Gesso modificado - Métodos de ensaio<br />

Norma publicada em: 11/2019. / Status: Vigente.<br />

Classificação 1: Norma recomendada.<br />

Artigo: COMPÓSITO SiGeRe<br />

Entidade: ABNT<br />

País de procedência/Região: Brasil.<br />

Revista Analytica | Dez/Jan 2021<br />

21


Resíduos Indústriais<br />

RESÍDUOS DAS INDÚSTRIAS DE TRANSFORMAÇÃO<br />

Por: Prof. Dr. Marcos Roberto Ruiz<br />

22<br />

Revista Analytica | Dez/Jan 2021<br />

O desenvolvimento da população<br />

mundial, somado ao aumento<br />

do poder aquisitivo da sociedade<br />

nos últimos anos tem contribuído<br />

para um consumo muito elevado<br />

dos produtos industrializados,<br />

gerando um volume muito grande<br />

de resíduos. Uma parte destes<br />

resíduos pode ser reciclada,<br />

todavia, é de conhecimento que<br />

o percentual de aproveitamento<br />

ainda é muito baixo. Observa-<br />

-se uma grande quantidade de<br />

resíduos industriais que não são<br />

reciclados, sendo direcionados<br />

para aterros industriais causando<br />

prejuízos econômicos e impactos<br />

ambientais. O reaproveitamento<br />

de resíduos não-recicláveis vem<br />

crescendo muito nos últimos<br />

anos, muitas pesquisas tratam<br />

esse assunto que é de grande interesse<br />

da sociedade.<br />

Um fato que não corrobora para<br />

a implantação de um sistema otimizado<br />

de direcionamento dos<br />

resíduos é a logística de remoção<br />

e transporte, no que tange os<br />

custos envolvidos e os interesses<br />

econômicos. Uma solução muito<br />

viável seria a instalação das<br />

indústrias que utilizariam esses<br />

resíduos, nas vizinhanças das geradoras<br />

de resíduos.<br />

Nos anos de 2010 a 2014 desenvolvi<br />

minha tese de doutorado<br />

utilizando resíduo sólido de couro<br />

para produzir um novo compósito.<br />

A fabricação do couro que ocorre<br />

através da transformação das<br />

peles de animais em material<br />

imputrescível, implica em uma<br />

série de etapas denominadas de<br />

processos (mudanças ocorridas<br />

mediante reações químicas) e<br />

operações (etapas mecânicas)[i].<br />

Dados estatísticos de uma produção<br />

de 3000 couros por dia estão<br />

apresentados na Figura 1, números<br />

revelam uma quantidade<br />

imensa de resíduo sólido gerado<br />

nas operações mecânicas.<br />

Para esta produção é gerado<br />

4,73 toneladas de resíduos sólidos,<br />

considerando a densidade<br />

do couro wet blue que é aproximadamente<br />

0,25 g/cm3, obtemos<br />

um volume igual a 18,93 m3<br />

de resíduos sólidos, por dia, que<br />

até hoje é direcionado para aterros<br />

industriais regulamentados<br />

e apropriados para receber esse<br />

tipo de resíduo.<br />

Este resíduo segundo a ABNT/<br />

NBR-10.004 é classificado como<br />

Figura 1: Quantidades de resíduos sólidos gerados em uma<br />

planta de Curtimento de Couro.<br />

classe I perigoso, possui pH ácido<br />

e presença de cromo trivalente<br />

(Cr+3) em média 3,5%, e de<br />

acordo com condições como exposição<br />

à acidez excessiva, temperatura<br />

e agentes químicos oxidantes<br />

pode resultar na produção<br />

de cromo hexavalente (Cr+6)<br />

que possui elevado potencial de<br />

contaminação cutânea e também<br />

pode promover alterações celulares<br />

causando diversos tipos de<br />

cânceres[ii]. Entretanto, nos aterros<br />

regulamentados esse risco é<br />

inexistente.<br />

A solução proposta foi utilizar<br />

este resíduo juntamente<br />

com a borracha natural e negro<br />

de carbono para produzir um<br />

compósito denominado BN/NF/<br />

Couro, com aplicação em pisos


Resíduos Indústriais<br />

e revestimento antiestático (Patente<br />

INPI BR102015001534 8).<br />

O material foi desenvolvido e caracterizado<br />

em variados ensaios<br />

físico-químicos, principalmente<br />

de lixiviação e solubilização<br />

para garantir que o metal cromo<br />

ficaria inerte no compósito.<br />

O potencial de condutividade<br />

apresentado pelo compósito é<br />

equivalente a materiais semicondutores,<br />

com importante<br />

aplicação na dissipação de carga<br />

estática [iii].<br />

A Tabela 1 e a Figura 2 apresenta<br />

os resultados de lixiviação e propriedade<br />

elétrica do compósito.<br />

Tabela 1: Concentração de metais no lixiviado das amostras<br />

BN/NF/Couro 60 phr.<br />

Figura 2: Corrente elétrica versus curvas tensão obtida a 273<br />

K e normalizada pelo fator geométrico para os compósitos<br />

BN/NF/Couro.<br />

Referencias<br />

[i] ABQTIC. Fazendo das Tripas Couro. Estância Velha: ABQTIC, 1996.<br />

[ii] MIRANDA FILHO, A. L.; MOTA, A. K. M.; CRUZ, C. C.; MATIAS,<br />

C. A. R; FERREIRA, A. P. Cromo hexavalente em peixes oriundos da<br />

Baía de Sepetiba no Rio de Janeiro, Brasil: uma avaliação de risco à<br />

saúde humana. Ambi-Agua, Taubaté, v. 6, n. 3, p. 200-209, 2011.<br />

[iii] Ruiz, M. R., Budemberg, E. R., da Cunha, G. P., Bellucci, F. S., da<br />

Cunha, H. N. and Job, A. E. (2015), An innovative material based on<br />

natural rubber and leather tannery waste to be applied as antistatic<br />

flooring. J. Appl. Polym. Sci., 132, 41297, doi: 10.1002/app.41297.<br />

Como exemplo do citado anteriormente,<br />

a implantação da<br />

indústria de produção do revestimento<br />

antiestático próximo a<br />

regiões de alta concentração de<br />

curtumes contribuirá para redução<br />

do passivo ambiental, e implementará<br />

o setor econômico,<br />

destinando este resíduo sem ônus<br />

e com perspectiva de valorização,<br />

fechando o círculo da cadeia produtiva<br />

do couro.<br />

Fonte: Amazon.com<br />

Fonte: https://auin.unesp.br/tecnologias/68/composito-antiestatico-produzido-com-resíduo-industrial-de-couro-para-aplicação-como-piso-e-revestimento/eng<br />

Prof. Dr. Marcos Roberto Ruiz<br />

Químico, Mestre em Química Analítica e Doutor em Ciência e Tecnologia dos Materiais, docente do Curso Técnico em Química do SENAI-<br />

SP, com atuação no desenvolvimento de Projetos Inovadores.<br />

E-mail: marcos.ruiz@sp.senai.br<br />

Revista Analytica | Dez/Jan 2021<br />

23


Espectrometria de Massa<br />

O ESPECTRO DE MASSAS NA ESPECTROMETRIA DE MASSAS<br />

Por Oscar Vega Bustillos*<br />

24<br />

Revista Analytica | Dez/Jan 2021<br />

O espectro de massas é a representação<br />

gráfica de uma análise química<br />

processada por um espectrômetro de<br />

massas. O espectro depende da forma<br />

como foi ionizado o analito dentro<br />

da “Fonte de íons”, se foi via ionização<br />

por impacto de elétrons EI, ionização<br />

química CI, eletro nebulização ESI,<br />

MALDI, ICP entre outros. Também depende<br />

do “Analisador” utilizado, se foi<br />

quadrupolo, eletromagnético ou TOF e<br />

finalmente depende também do “Detector<br />

de íons”, se foi copo de Faraday,<br />

multiplicador de íons, fotomultiplicadora<br />

ou multicanal. Certamente a escolha<br />

destas opções está relacionada à<br />

análise química que o analista deseja.<br />

Geralmente é escolhida tendo como<br />

base a análise química orgânica, inorgânica<br />

ou isotópica.<br />

O primeiro espectro de massas<br />

de varredura foi desenhado por J.J.<br />

Thomson. Ele estava insatisfeito com<br />

seu método fotográfico de registro<br />

das parábolas. O problema era que<br />

as espécies iônicas leves penetraram<br />

profundamente no filme fotográfico,<br />

causando uma quantidade desproporcional<br />

de escurecimento e os íons<br />

mais pesados causavam um efeito<br />

contrário, tornando as estimativas<br />

quantitativas das intensidades do<br />

feixe de íons, impraticáveis. Ele resolveu<br />

esse problema construindo<br />

uma fenda no tubo onde o filme fotográfico<br />

normalmente ficava. Atrás<br />

dessa fenda instalou um copo de<br />

Faraday que coletava a carga iônica.<br />

A intensidade da carga foi estimada<br />

observando o tempo que um eletroscópio<br />

carregado, levava para descarregar.<br />

Mudando lentamente o campo<br />

magnético, os feixes de íons podiam<br />

ser posicionados, um de cada vez, na<br />

fenda e suas intensidades registradas.<br />

A partir destes resultados, ele plotou<br />

a intensidade dos íons em relação à<br />

massa relativa. Desta forma Thomson<br />

inventou o primeiro espectrômetro<br />

de massa de varredura do mundo.<br />

Ele decidiu registrar os espectros de<br />

massas de alguns compostos químicos.<br />

Assim, analisou o CO ligeiramente<br />

impuro. Este espectro de massas é<br />

mostrado na Figura 1a. Observe o pico<br />

abundante da molécula de CO, junto<br />

com os picos menores de m/z 12 (carbono)<br />

e m/z 16 (oxigênio), uma combinação<br />

surpreendentemente igual<br />

com a versão do gráfico de barras da<br />

NIST (Figura 1b). Thomson escreveu<br />

uma monografia em 1913 sobre este<br />

tema: “Rays of positive electricity and<br />

their application to chemical analyses”.<br />

Neste trabalho ele demonstrou uma<br />

grande variedade de compostos químicos<br />

que podem ser analisados pela<br />

espectrometria de massas e encorajou<br />

seus colegas da química a adotar a<br />

técnica como uma ferramenta analítica.<br />

Tornando a espectrometria de<br />

massas uma ferramenta indispensável<br />

na química analítica.<br />

O espectro de massas é representado<br />

num gráfico cartesiano bidimensional,<br />

onde a intensidade do<br />

sinal iônico é denotada pela ordenada<br />

(eixo-y) e a razão m/z do íon<br />

fica localizada na abcissa (eixo-x).<br />

A posição de um pico, com uma<br />

determinada razão m/z no gráfico,<br />

representa a criação de um íon a<br />

partir do analito dentro da fonte de<br />

íons. A intensidade desse pico representa<br />

a abundancia deste determinado<br />

íon neste local. Na Figura 2<br />

é ilustrado o espectro de massas da<br />

molécula Tetrapentacontano C 54 H <strong>110</strong><br />

de três formas diferentes, uma via<br />

perfil do espectro real demonstrada<br />

na forma de curvas gaussianas,<br />

a segunda via representada pelo<br />

gráfico de barras e a terceira na<br />

forma tabelada representando cada<br />

m/z com sua respectiva intensidade<br />

iônica relativa. O pico do íon<br />

molecular M+•, isto é a molécula<br />

do analito ionizada sem fragmentação<br />

é geralmente acompanhada<br />

por vários picos de m/z inferiores<br />

causados pela fragmentação do<br />

íon molecular (Figura 3). Para algumas<br />

moléculas, como o CO, o<br />

pico em m/z mais alto representa<br />

a molécula ionizada intacta (Figura<br />

1b). Para analitos com ligações<br />

químicas muito fracas, o efeito é, ao<br />

contrário, com alta fragmentação<br />

e o pico do íon molécula pequeno<br />

ou até sumido (Figura 3). Conse-


Espectrometria de Massa<br />

quentemente, os respectivos picos<br />

no espectro de massa podem ser<br />

referidos como picos do íon fragmentado.<br />

Este efeito tem suas vantagens,<br />

pois facilita a reconstrução<br />

da estrutura molecular do analito<br />

(Figura 4a). O pico mais intenso de<br />

um espectro de massa é chamado<br />

de pico base. Na maioria das representações<br />

de dados espectrais de<br />

massa, a intensidade do pico base<br />

é normalizada para 100% de intensidade<br />

relativa. Isso ajuda muito a<br />

tornar os espectros de massa mais<br />

facilmente comparáveis (Figura 3).<br />

Uma analogia para entender isso<br />

é imaginar o espectro de massas da<br />

Figura 3 com uma bandeja cheia de<br />

taças de vinho. Se esta bandeja cair<br />

no chão (ionização EI), quebrando a<br />

maioria de taças de vinho, a maior<br />

parte dos cacos de vidro pertence à<br />

boca das taças, por ser uma ligação<br />

de vidro muito débil, fácil de quebrar,<br />

ao contrario haverá um número<br />

significativo da base das taças por<br />

possuírem um vidro mais coeso, difícil<br />

de quebrar. Algumas taças estarão<br />

intactas, mas serão muito poucas<br />

as que não quebraram, estas representam<br />

o íon molécula.<br />

de um próton ao analito para formar<br />

uma molécula protonada, [M+H]<br />

+. Outros adjuntos moleculares podem<br />

ser formados dependendo do<br />

método da ionização, por exemplo,<br />

[M+Na] + e [M+K] + em ESI, enquanto<br />

[M+C 2 H 5 ] + e [M+NH4] +<br />

ocorrem em CI, dependendo do gás<br />

reagente. Na ionização negativa, os<br />

íons gerados incluem aqueles formados<br />

pela aquisição de um elétron,<br />

[M]-, a perda de um próton, [M-<br />

H]-, ou a adição de um halogênio<br />

ou outro íon negativo, por exemplo,<br />

[M+Cl] - e [M+CH 3 COO] -. Como<br />

exemplo é apresentado na Figura 4<br />

o espectro de massas do alcaloide<br />

Reserpina C 33 H 40 N 2O9 obtida por impacto<br />

de elétrons EI e por ionização<br />

química CI utilizando metano como<br />

gás reagente. Observa-se alto grau<br />

de fragmentação do íon molécula<br />

m/z 608 no espectro por EI já que<br />

envolve elevadas energias de ionização<br />

(70eV) e baixa fragmentação<br />

no espectro de CI, chamada por isso<br />

de “soft ionization” envolvendo energias<br />

em torno de 5eV. O íon molécula<br />

protonado [M+1] é representado<br />

pela razão m/z 609 na ionização CI.<br />

A vantagem desta ionização é ser<br />

muito mais seletiva que a EI onde a<br />

fragmentação é plena. Um exemplo<br />

deste tipo de ionização é o estudo<br />

Figura 1: Espectros de massas do CO: a) Primeiro espectro de massas de varredura obtido por J.J. Thomson do gás CO<br />

(impuro). b) Espectro de massas do CO (puro) registrado pela NIST.<br />

Figura 2: Três representações possíveis do espectro de massas do Tetrapentacontano C54H<strong>110</strong>. a) Perfil do espectro real,<br />

representado por curvas gaussianas. b) Representação do gráfico de barras. c) Na forma tabelada representando cada m/z<br />

com sua respectiva intensidade iônica relativa.<br />

Várias formas iônicas podem ser<br />

observadas num espectro de massas.<br />

Se o analito é ionizado via EI, o mesmo<br />

permanece intacto após a ionização<br />

e no modo positivo, é observado<br />

o íon, [M] +. Se o analito é ionizado<br />

via CI, o íon será formado pela adição<br />

Revista Analytica | Dez/Jan 2021<br />

25


Espectrometria de Massa<br />

dos compostos orgânicos voláteis<br />

(COVs) realizados pelo espectrômetro<br />

de massas denominado Proton<br />

Transfer Reaction Mass Spectrometry,<br />

PTR-MS que utiliza como gás<br />

reagente água formando o íon hidrônio<br />

H3O+.<br />

Há um grande impacto no padrão<br />

de isótopos num espectro de<br />

massas, especialmente quando um<br />

analito inclui certos heteroátomos.<br />

Entre os elementos comumente encontrados<br />

exibindo padrões de isótopos<br />

distintos estão, o cloro, onde a<br />

proporção isotópica 35 Cl e 37 Cl é 3:1, e<br />

do bromo, onde a proporção de 79 Br<br />

a 81 Br é 1:1. Há uma separação de 2<br />

Da entre os isótopos para ambos os<br />

elementos. Outro importante uso<br />

dos perfis de isótopos num espectro<br />

de massas é utilizado quando C, H,<br />

N e O são analisados. Estabelecendo<br />

o número de átomos de carbono<br />

em uma molécula. A abundância<br />

natural de 13 C é 1,1% maior que 12 C;<br />

ou seja, há 1,1% de chance de que<br />

qualquer carbono em uma molécula<br />

será um 13 C, portanto, o número de<br />

átomos de carbono pode ser determinado<br />

a partir de a intensidade do<br />

íon M+1. Por exemplo, uma intensidade<br />

de 22% para 13 C indica que há<br />

20 átomos de carbono nessa espécie.<br />

Figura 3: Espectro de massas do metil éster ácido octadecanoico C19H38O2 m/z 298 analisado via impacto de<br />

elétrons EI. Observa-se alta fragmentação do íon molécula. Apresenta o pico base (100%) para cálculo das intensidades<br />

relativas do espectro. Comparação com a quebra de taças de vinho.<br />

Figura 4: Espectros de massas da Reserpina C33H40N2O9 obtida por: a) impacto de elétrons EI, e b) por ionização<br />

química CI. O íon da molécula reserpina protonada [M+1] é representada pela razão m/z 609 na ionização CI.<br />

26<br />

Revista Analytica | Dez/Jan 2021<br />

Oscar Vega Bustillos<br />

Pesquisador do Centro de Química e Meio Ambiente CQMA do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares IPEN/CNEN-SP<br />

Tel.: 55 11 2810 5656 - E-mail: ovega@ipen.br - Site: www.vegascience.blogspot.com.br


Biotecnologia<br />

A GENÔMICA DO FUTURO: SEU DNA NO SEU BOLSO!<br />

Por Bruna Mascaro<br />

Após a conclusão do Projeto Genoma<br />

Humano, as tecnologias de<br />

sequenciamento de DNA tornaram-<br />

-se cada vez mais disponíveis, assim<br />

como o conhecimento do nosso<br />

código genético, que tem aumentado<br />

progressivamente e trazido à<br />

tona inúmeras possibilidades a cerca<br />

de genômica.<br />

A natureza humana é pautada na<br />

curiosidade e no conhecimento, e a necessidade<br />

de nos conhecer levou mais<br />

de 26 milhões de pessoas ao redor do<br />

mundo a realizarem os testes genéticos<br />

disponíveis hoje no mercado. A estimativa<br />

é que esse número alcance 100<br />

milhões de pessoas em 2021.<br />

Esses números são surpreendentes<br />

e mostram o quanto o interesse das<br />

pessoas tem se voltado para o conhecimento<br />

do seu código genético, para<br />

a genômica das predisposições e heranças<br />

que ele carrega. A necessidade<br />

de compreender a nossa existência,<br />

nosso passado e nosso futuro é provavelmente<br />

o principal motivo pelo qual<br />

a genealogia se tornou o segundo<br />

maior resultado de buscas em sites,<br />

ficando atrás apenas de pornografia<br />

(acredite se quiser!).<br />

Hoje, a genômica é uma indústria<br />

de bilhões de dólares que gera sites<br />

lucrativos, programas de televisão,<br />

dezenas de livros e – com o advento<br />

dos kits de teste genético de venda<br />

livre – uma indústria de testes de ancestralidade<br />

de DNA.<br />

Mas como esses testes funcionam?<br />

Ao comprar um desses testes para<br />

sequenciamento do seu DNA, você recebe<br />

em casa um kit para coleta, que<br />

orientam os consumidores a cuspir<br />

em um tubo ou esfregar suas bochechas<br />

com cotonetes, e enviar a amostra<br />

de volta para que seus genomas<br />

sejam analisados.<br />

A partir do material coletado, o DNA<br />

é extraído e são analisados ao redor<br />

de, no mínimo, 600.000 polimorfismos.<br />

Cada região do mundo tem uma<br />

assinatura genômica diferente, e essas<br />

diferenças surgiram ao longo das eras<br />

pré-históricas, quando as populações<br />

humanas foram separadas. Com essa<br />

análise, é possível então buscar a origem<br />

filogenética de cada indivíduo.<br />

Muitas pessoas querem também<br />

usar esses serviços para comprar o<br />

seu DNA com outras pessoas, já que<br />

se duas pessoas apresentarem grandes<br />

trechos de DNA idêntico, significa<br />

que são parentes próximos. Ainda,<br />

seu DNA pode dizer algo sobre certas<br />

características como o formato do seu<br />

nariz, da sua orelha, a percepção de<br />

sabores, ou mesmo a predisposição<br />

de risco para algumas doenças.<br />

A genômica do futuro já está<br />

disponível para todos<br />

As condições técnicas, o tempo e o<br />

custo do sequenciamento de genomas<br />

foram reduzidos por um fator<br />

de 1 milhão em menos de 10 anos.<br />

Então, quando o preço de um genoma<br />

alcançar o de um teste sanguíneo,<br />

e a análise de dados acontecer em<br />

camadas (e a precificação acontecer<br />

de acordo com o nível de informação<br />

analisada), nós conseguiremos mensurar<br />

quantas áreas da nossa vida são<br />

impactadas pela genética.<br />

Para os consumidores dos testes disponíveis<br />

atualmente, é possível dizer<br />

que ele gera entretenimento, como<br />

por exemplo: pistas em relação a ancestralidade,<br />

a chance de descobrir<br />

segredos familiares (como parentes<br />

desconhecidos), entre outros. No en-<br />

Revista Analytica | Dez/Jan 2021<br />

27


Biotecnologia<br />

28<br />

Revista Analytica | Dez/Jan 2021<br />

tanto, as consequências em relação à<br />

privacidade vão além, e conforme os<br />

bancos de dados crescem, tem sido<br />

possível traçar a relação entre praticamente<br />

todos os americanos, incluindo<br />

aqueles que nunca compraram um<br />

teste!<br />

O que esperar dos resultados?<br />

A princípio, prepare-se para um<br />

mundo de informações novas… São<br />

mais de 3 bilhões de pares de bases<br />

sequenciados, e uma possibilidade<br />

infinita de resultados. Isso pode ser<br />

fascinante e assustador ao mesmo<br />

tempo, já que nem sempre sabemos o<br />

que fazer com tanta informação.<br />

Hoje, as principais empresas que<br />

oferecem esse tipo de teste descrevem<br />

basicamente a genômica da ancestralidade.<br />

Poucas empresas oferecem<br />

informações sobre a saúde dos consumidores.<br />

Em 2018, o FDA (US Food<br />

and Drug Administration) autorizou a<br />

testagem de dois genes relacionados<br />

ao câncer de mama, e recentemente,<br />

falou sobre a possibilidade de reportar<br />

aos consumidores sobre o risco de<br />

câncer de próstata.<br />

Além dos resultados que rastreiam<br />

a ancestralidade, é possível compreender<br />

melhor as suas aptidões para<br />

exercícios físicos, fatores de risco para<br />

doenças como câncer, trombose, doenças<br />

cardíacas, bem como informações<br />

importantes sobre farmacogenômica,<br />

que lida com a variabilidade<br />

das respostas às drogas baseadas no<br />

código genético.<br />

No entanto, apesar de parecer relativamente<br />

simples de interpretar, o resultado<br />

de um exame genético pode trazer algumas<br />

inseguranças e incertezas, e um<br />

dos maiores debates hoje é o que de fato<br />

fazer com toda essa informação? Como e<br />

quando procurar auxílio médico?<br />

Além disso, hoje sabemos que muitas<br />

variantes de significado clínico<br />

desconhecido podem, em algum momento,<br />

passar a serem consideradas<br />

patogênicas. Isso pode ter um impacto<br />

muito importante para o resultado<br />

daquele teste, e saber quando e como<br />

reinterpretar esses resultados é, também,<br />

extremamente importante.<br />

Muitas pessoas não tem o conhecimento<br />

prévio necessário para compreender<br />

os possíveis impactos de um<br />

teste de sequenciamento de DNA, nem<br />

quais são as possíveis respostas e incertezas<br />

que um teste como esse pode<br />

trazer. Pensando na genômica do futuro,<br />

cada vez mais pessoas terão acesso<br />

a esse tipo de teste e, portanto, é necessária<br />

a contínua criação de diretrizes<br />

para orientar os consumidores.<br />

A ética por trás da privacidade<br />

Quando o consumidor adquire um<br />

kit de sequenciamento do genoma,<br />

é necessário pagar com o cartão de<br />

crédito e digitar um endereço. Além<br />

disso, é necessário digitar um e-mail<br />

para realizar um cadastro que permitirá<br />

acesso aos resultados posteriormente.<br />

Você já parou para pensar<br />

que todas essas informações ficam, de<br />

alguma forma, atreladas ao resultado<br />

ao resultado seu sequenciamento de<br />

DNA, e que se tornarão um arquivo de<br />

dados repleto de As, Ts, Cs e Gs.<br />

Todas essas peças do grande quebra-cabeças<br />

que é o nosso DNA ficam<br />

disponíveis para serem acessados,<br />

lidos, relidos, e interpretados novamente,<br />

quantas vezes o consumidor<br />

desejar. No entanto, essas informações<br />

também ficam à disposição da<br />

empresa, e isso pode preocupar muitas<br />

pessoas. A informação genômica é<br />

extremamente valiosa hoje em dia, e<br />

muito disputada principalmente pela<br />

indústria farmacêutica.


Biotecnologia<br />

Outra questão importante é a<br />

possibilidade de estereotipar e estigmatizar<br />

as pessoas baseando-se<br />

no seu código genético. Sabemos<br />

que alguns indivíduos de algumas<br />

populações são mais predispostos<br />

a serem afetados por determinadas<br />

doenças do que outras populações,<br />

e então, o conhecimento<br />

da genômica de alguns indivíduos<br />

pode levar à criação de estereótipos<br />

genéticos. Essa estigmatização<br />

baseada no conhecimento genético<br />

pode ser extremamente séria e até<br />

considerada criminal, e a partir do<br />

momento em que temos acesso à<br />

tantas informações sobre o nosso<br />

genoma, é extremamente difícil de<br />

controlar o que será feito com esses<br />

dados, como eles serão utilizados e<br />

devidamente protegidos.<br />

O quanto a genômica está segura?<br />

As empresas que realizam esse<br />

tipo de serviço têm investido em<br />

protocolos para anonimizar os dados<br />

genéticos de cada indivíduo.<br />

O primeiro passo seria justamente<br />

limpar toda essa informação gerada<br />

no cadastro para aquisição do<br />

teste, e então, a sua amostra já<br />

seria processada de maneira não<br />

identificada.<br />

No entanto, temos uma questão<br />

interessante a considerar: O genoma<br />

por si só é um identificador único.<br />

Nos últimos anos, pesquisadores<br />

tem demonstrado que é incrivelmente<br />

possível identificar indivíduos<br />

baseando-se apenas no seu DNA,<br />

utilizando bancos de dados públicos<br />

como os que a polícia utiliza, e<br />

assim, temos uma informação ainda<br />

mais exclusiva do que seu próprio<br />

nome: o seu código genético!<br />

De fato, uma possível maneira de<br />

prevenir hackers de DNA de roubar<br />

informações genômicas de um repositório<br />

é criptografar esses dados.<br />

Mas aí surgiria outro problema: a<br />

análise de uma sequência de DNA<br />

depende basicamente da comparação<br />

com o DNA de outras pessoas,<br />

e por enquanto, não criptografar é a<br />

única forma de compreender o que<br />

as letras significam.<br />

O futuro da genômica<br />

O filme Gattaca, lançado em 1997<br />

próximo à conclusão do sequenciamento<br />

do genoma humano, mostrou<br />

uma visão interessante e preocupante:<br />

Um mundo dividido pelo DNA. No<br />

filme, poder e prestígio estavam associados<br />

aos indivíduos “válidos”, com o<br />

genoma ideal, enquanto os indivíduos<br />

“inválidos” seriam uma classe inferior.<br />

Rapidamente, esse filme levantou<br />

questões importantes sobre o que estava<br />

por vir a partir do conhecimento<br />

do nosso código genético. Desde então,<br />

nossa habilidade de sequenciar e<br />

interpretar o código genético avançou<br />

de maneira extremamente rápida, na<br />

mesma velocidade em que discussões<br />

sobre as consequências desses avanços<br />

tem sido trazidas à tona.<br />

O grande receio que move os maiores<br />

mitos sobre a genômica é que ela<br />

é uma ciência determinística. No entanto,<br />

apesar da informação contida<br />

no nosso DNA ser inalterável (pelo<br />

menos por enquanto), hoje sabemos<br />

que fatores ambientais são extrema-<br />

Revista Analytica | Dez/Jan 2021<br />

29


Biotecnologia<br />

mente capazes de modular a maneira<br />

como o nosso DNA, e consequentemente<br />

nossos genes, serão expressos.<br />

A ciência tem mostrado cada vez mais<br />

que apesar do que possa estar contido<br />

no nosso código genético, nossos<br />

hábitos, estilo de vida, e exposições a<br />

diversos fatores podem determinar a<br />

saúde e a longevidade, mais do que a<br />

própria genética em si.<br />

Acredita-se que em um futuro não<br />

tão distante, o sequenciamento do<br />

DNA se tornará tão comum em um<br />

consultório médico quanto medir<br />

sua pressão arterial. Chegaremos<br />

em uma consulta com o nosso genoma<br />

no bolso, literalmente, e até<br />

lá, precisamos conseguir lidar cada<br />

vez melhor com as questões éticas<br />

e interpretativas que a genômica do<br />

futuro nos impõe.<br />

Referências:<br />

• Robertson, J.A. The $1000 genome: ethical and legal issues<br />

in whole genome sequencing of individuals. Am. J. Bioethics, 3,<br />

W35–W42. 2003<br />

• Morris W. Foster, Richard R. Sharp, Ethical issues in medical-sequencing<br />

research: implications of genotype–phenotype<br />

studies for individuals and populations, Human Molecular<br />

Genetics, Volume 15, Issue suppl_1, 15 April . Pages<br />

R45–R49. 2006<br />

• Debora Kotz. FDA authorizes, with special controls, direct-to-consumer<br />

test that reports three mutations in the BRCA<br />

breast cancer genes. FDA NEWS RELEASE. March 06. 2018<br />

• Jackson, C., Gardy, J.L., Shadiloo, H.C. et al. Trust and the<br />

ethical challenges in the use of whole genome sequencing for<br />

tuberculosis surveillance: a qualitative study of stakeholder<br />

perspectives. BMC Med Ethics 20, 43. 2019.<br />

Complemento Normativo - Artigo - Biotecnologia<br />

Referente ao artigo<br />

Biotecnologia<br />

Disponibilizado por Analytica<br />

em parceria com Arena Técnica<br />

A genômica do futuro: Seu<br />

DNA no seu bolso!<br />

ISO/TS 22692<br />

Genomics informatics— Quality control metrics for DNA sequencing<br />

Norma publicada em: 10/2020. / Status: Vigente.<br />

Classificação 1: Aplicações de TI em tecnologia de saúde<br />

Classificação 2: Norma recomendada.<br />

Artigo: A genômica do futuro: Seu DNA no seu bolso<br />

Entidade: ISO.<br />

País de procedência/Região: Suiça.<br />

https://www.iso.org/standard/73693.html<br />

ISO 18385<br />

Minimizing the risk of human DNA contamination in products<br />

used to collect, store and analyze biological<br />

material for forensic purposes — Requirements<br />

Norma publicada em: 02/2016. / Status: Vigente.<br />

Classificação 1: Ciência forense<br />

Classificação 2: Norma recomendada.<br />

Artigo: A genômica do futuro: Seu DNA no seu bolso<br />

Entidade: ISO.<br />

País de procedência/Região: Suiça.<br />

https://www.iso.org/standard/62341.html<br />

ISO/TS 22692<br />

Genomics informatics - Quality control metrics for DNA sequencing<br />

Norma publicada em: 10/2020. / Status: Vigente.<br />

Classificação 1: Aplicações de TI em tecnologia de saúde<br />

Classificação 2: Norma recomendada.<br />

Artigo: A genômica do futuro: Seu DNA no seu bolso<br />

Entidade: ISO.<br />

País de procedência/Região: Suiça.<br />

https://www.iso.org/standard/73693.html<br />

ISO 20186-3<br />

Molecular in vitro diagnostic examinations - Specifications for<br />

pre-examination processes for venous whole<br />

blood - Part 3: Isolated circulating cell free DNA from plasma<br />

Norma publicada em: 09/2019. / Status: Vigente.<br />

Classificação 1:Sistemas de teste de diagnóstico in vitro<br />

Classificação 2: Norma recomendada.<br />

Artigo: A genômica do futuro: Seu DNA no seu bolso<br />

Entidade: ISO.<br />

País de procedência/Região: Suiça.<br />

https://www.iso.org/standard/69800.html<br />

30<br />

Revista Analytica | Dez/Jan 2021<br />

Bruna Mascaro<br />

Bióloga especialista em sequenciamento de nova geração (NGS) aplicado à prática clínica, com Mestrado e Doutorado pela<br />

Universidade Federal de São Paulo.<br />

Fonte: VARSTATION


Microbiologia<br />

RALSTONIA PICKETTII<br />

Por Claudio Kiyoshi Hirai<br />

No mês de dezembro de 2020 foi<br />

publicado um anúncio em jornais<br />

do Brasil solicitando o recall de 10<br />

lotes de um medicamento de uso<br />

intravenoso com a justificativa de<br />

que os lotes podem ter sofrido contaminação<br />

pela bactéria Ralstonia<br />

pickettii.<br />

A Ralstonia pickettii é um bacilo<br />

Gram negativo, de tamanho diminuto<br />

( 0,5 ate 3,0 µm) não móvel<br />

isolado comumente em solo, água<br />

de rios e lagos. Anteriormente era<br />

classificado como pertencente ao<br />

gênero Pseudomonas depois como<br />

Burkolderia pickettii, sendo que<br />

o gênero Ralstonia foi criado em<br />

1995 e recebeu o nome da microbiologista<br />

americana Ericka Ralston.<br />

Ela identificou 20 cepas de<br />

Pseudomonas e deu a elas o nome<br />

de Pseudomonas pickettii.<br />

Inicialmente continha somente a<br />

Ralstonia pickettii . Posteriormente<br />

várias outras espécies foram adicionadas<br />

ao gênero, incluindo a<br />

Ralstonia pucula (anteriormente<br />

conhecida como grupo CDC IVc-2),<br />

a Ralstonia gilardii e mais recentemente<br />

a Ralstonia mannitolytica<br />

(anteriormente classificada como<br />

Pseudomonas thomasii ).<br />

Em 2004, após uma extensa revisão<br />

taxonômica espécies na linhagem R.<br />

paucula e R. gilardii foram transferidas<br />

para o novo gênero Wautersia<br />

porém após a realização de perfis de<br />

rRNA revelaram que os novos organismos<br />

Wautersia eram sinônimos<br />

do gênero existente Cupriavidus. As<br />

espécies de Ralstonia e Cupriavidus<br />

são bacilos ambientais Gram negativos<br />

e não fermentadores, catalase<br />

positivos e aeróbicos.<br />

Atualmente estão descritas 18<br />

espécies neste gênero geralmente<br />

isoladas da água e solo, apresentam<br />

baixa virulência, porém nos últimos<br />

anos têm se tornado um patógeno<br />

oportunista emergente. Dentre estas,<br />

a R. pickettii é a espécie mais<br />

prevalente associada a vários casos<br />

de infecção em pacientes com sistema<br />

imunológico comprometido<br />

e, as espécies de R. mannitolilytica<br />

e R. insidiosa também foram descritas<br />

como causas de bacteremias.<br />

As infecções por Ralstonia têm<br />

sido relatadas com maior frequencia<br />

em pacientes com doença renal<br />

crônica em tratamento hemodialítico<br />

e pacientes com fibrose cística.<br />

Foram descritos diversos sintomas,<br />

desde assintomático, bacteremia,<br />

sepse, endocardite a alguns casos<br />

que evoluíram ao óbito.<br />

32<br />

Revista Analytica | Dez/Jan 2021


Microbiologia<br />

A temperatura ideal de crescimento<br />

é de 30 a 37º C mas também<br />

pode crescer a 41º C . A espécie não<br />

cresce a 5 ºC. A maioria da cepas<br />

crescem bem em Agar Soja Caseína<br />

(TSA) e Agar Nutriente. As colônias<br />

são de bege, circulares e brilhantes<br />

no Agar Soja Caseína. O crescimento<br />

pode ser lento e exigir mais de 72<br />

horas de incubação para visualizar<br />

as colônias.<br />

A identicação por ESPECTROME-<br />

TRIA DE MASSA MALDI-TOF e a<br />

identificação genotípica por PCR<br />

foram meios úteis de identificação.<br />

Esta classe de microrganismo é<br />

oligotrófica, tem a capacidade de<br />

sobreviver em áreas com baixa<br />

concentração de nutrientes e pode<br />

suportar altas concentrações de<br />

metais como o cobre.<br />

Devido ao tamanho tem a capacidade<br />

de passar por filtros de 0,45 e<br />

0,20 micras utilizados para a filtração<br />

estéril de produtos farmacêuticos.<br />

Vários surtos foram relatados em<br />

hospitais a maioria devido a contaminação<br />

dos sistemas de água,<br />

devido a capacidade do microrganismo<br />

formar biofilme utilização<br />

de medicamentos contaminados<br />

e contaminação da água utilizada<br />

nos serviços de hemodiálise.<br />

Destacamos então a necessidade<br />

dos cuidados na observação das<br />

Boas Práticas nas indústrias, hospitais<br />

e em todos os setores onde<br />

este microrganismo pode vir a aparecer<br />

como um contaminante extremamente<br />

perigoso.<br />

Testes bioquímicos extensivos são<br />

necessários para a identificação e<br />

muitas vezes a identificação incorreta<br />

é comum. O erro também pode<br />

ocorrer visto que a R. pickettii, R.<br />

mannitolilytica e R. insidiosa são<br />

capazes de crescer nos meios seletivos<br />

destinados ao isso lamento da<br />

Burkholderia cepacia.<br />

Referências Bbliográficas :<br />

1. Bennet’s Principles and Practices of Infectious<br />

Diseases,2015 8 ED.<br />

2. Avaliação microbiológica da água utilizada<br />

nos serviços de hemodiálise na cidade do Rio<br />

de Janeiro nos anos 2016 a 2018 . https: //<br />

doi.org/10.22239/2317-269x.01252<br />

3. Ralstonia spp; emerging global opportunistic<br />

pathgens. Ryan MP, Adley, CC, Eur. J.<br />

Clin MIcrobiol. Infect. Dis. 2014;33; 291-304.<br />

Claudio Kiyoshi Hirai<br />

é farmacêutico bioquímico, diretor científico da BCQ consultoria e qualidade, membro da American Society of Microbiology e membro<br />

do CTT de microbiologia da Farmacopeia Brasileira.<br />

E-mail: técnica@bcq.com.br<br />

Revista Analytica | Dez/Jan 2021<br />

33


Logística Laboratorial<br />

ARMAZENAGEM EM CÂMARA FRIA<br />

34<br />

Revista Analytica | Dez/Jan 2021<br />

A câmara fria é uma ferramenta projetada para<br />

otimizar o armazenamento de produtos por<br />

meio de sua refrigeração. Com a baixa temperatura,<br />

ela assegura a eficiência e qualidade<br />

dos processos de armazenagem de produtos.<br />

É uma área de armazenagem especial para<br />

produtos, materiais ou insumos que necessitam<br />

de uma conservação maior, seja para<br />

preservar a qualidade e suas características.<br />

Quando comparado ao freezer e congelador,<br />

a câmara fria tem a expressiva vantagem<br />

de permitir o armazenamento eficiente<br />

e na temperatura adequada de grandes<br />

volumes de produtos.<br />

Outra vantagem de se utilizar esse equipamento<br />

é a precisão do controle de temperatura.<br />

Via de regra, as oscilações de sistemas<br />

manuais e a falta de controle adequado da<br />

temperatura podem prejudicar o armazenamento<br />

e durabilidade dos produtos, o<br />

que não ocorre em uma câmara fria.<br />

Buscando inovação e uma solução integrada,<br />

a Prime Storage, empresa do Grupo<br />

Prime Cargo, possui a armazenagem refrigerada<br />

de produtos para a área da saúde,<br />

com uma câmara fria de 1800 m³, 50 posições<br />

paletes e <strong>110</strong>0 posições prateleiras<br />

para armazenagem de produtos refrigerados<br />

de 2ºC a 8°C, localizada na Matriz em<br />

Barueri, São Paulo.<br />

Contando com uma antecâmara climatizada,<br />

com sistema de monitoramento<br />

online de temperatura, alarme sonoro e<br />

luminoso de abertura de porta, permitem<br />

um controle mais eficiente da temperatura<br />

24 horas por dia, 7 dias por semana.<br />

Os produtos termolábeis são recepcionados<br />

na antecâmara onde é realizada a<br />

conferência dos produtos e a verificação<br />

de temperatura, posteriormente os produtos<br />

são encaminhados para a área de<br />

armazenagem dentro da câmara fria a<br />

disposição até que seja solicitada a separação<br />

por parte do cliente.<br />

A nossa câmara fria possui uma área para<br />

recebimento, armazenagem, expedição e<br />

não conformidade.<br />

Nossa estrutura está qualificada e os relatórios<br />

de qualificação são disponibilizados<br />

aos nossos clientes. Estamos prontos para<br />

lhe atender!<br />

Em breve nova estrutura de armazenagem<br />

em câmara fria na nossa filial Duque de<br />

Caxias, Rio de Janeiro.<br />

Entre em contato para saber mais:<br />

E-mail: comercial@primecargo.com.br<br />

Tel.: 0800 591 4<strong>110</strong><br />

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TECNOLOGIA INDUSTRIAL BÁSICA E OS OBJETIVOS<br />

DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL<br />

Metrologia<br />

Por Luciana e Sá Alves.<br />

Introdução<br />

A Tecnologia Industrial Básica<br />

(TIB) compreende as funções de<br />

metrologia, normalização, regulamentação<br />

técnica e avaliação da<br />

conformidade. A essas funções básicas<br />

agregam-se, ainda, a informação<br />

tecnológica, as tecnologias<br />

de gestão e a propriedade intelectual,<br />

denominadas serviços de infraestrutura<br />

tecnológica [1]. Definida<br />

como um conjunto de funções<br />

tecnológicas de uso indiferenciado<br />

pelos diversos setores da economia,<br />

a TIB pode ser classificada, de<br />

acordo com Gallina [2], em duas<br />

dimensões interdependentes: TIB<br />

como um conjunto essencial de<br />

atividades reguladoras para a superação<br />

de barreiras técnicas ao<br />

comércio local e internacional; e<br />

TIB como suporte e indutora das<br />

atividades de aprendizagem tecnológica<br />

nas empresas. Na Ale-<br />

manha, a TIB é denominada por<br />

MNPQ – Messen, Normen, Prüfen,<br />

Qualität (Medidas, Normas, Ensaios<br />

e Qualidade), nos Estados<br />

Unidos ela se chama Infrastructural<br />

Technologies (Tecnologias<br />

de Infraestrutura) [2] e em países<br />

de língua inglesa o termo MSTQ<br />

- Metrology, Standardization, Testing<br />

and Quality (Metrologia, Padronização,<br />

Testagem e Qualidade)<br />

é de amplo uso [3].<br />

O objetivo do artigo é apresentar<br />

o potencial de integração entre as<br />

funções de TIB e o atendimento a<br />

alguns dos Objetivos de Desenvolvimento<br />

Sustentável, a partir das discussões<br />

presentes nos documentos<br />

“O papel da Metrologia no Contexto<br />

dos Objetivos de Desenvolvimento<br />

Sustentável” [4] e “Reiniciando a<br />

Infraestrutura da Qualidade para<br />

um Futuro Sustentável” [5]<br />

Os Objetivos de Desenvolvimento<br />

Sustentável (ODS - Agenda 2030<br />

da ONU) são um plano de ação<br />

para erradicar a pobreza, proteger<br />

o planeta e garantir que as pessoas<br />

alcancem a paz e a prosperidade.<br />

A Agenda 2030 é uma agenda<br />

universal com 17 objetivos e 169<br />

metas, estabelecidos em consenso<br />

por todos os países membros<br />

da ONU e que tem o propósito de<br />

nortear as ações por 15 anos a partir<br />

do ano de 2015, quando foram<br />

discutidos na Cúpula das Nações<br />

Unidas sobre o desenvolvimento<br />

sustentável que aconteceu no mês<br />

de setembro na sede da ONU em<br />

Nova York. Os temas dos 17 Objetivos<br />

para Transformar o Mundo<br />

são: (1) pobreza, (2) fome, (3)<br />

saúde, (4) educação, (5) gênero,<br />

(6) água, (7) energia, (8) trabalho,<br />

(9) inovação, (10) desigualdade<br />

nos países, (11) cidades, (12) con-<br />

Revista Analytica | Dez/Jan 2021<br />

35


Metrologia<br />

sumo, (13) mudanças climáticas,<br />

(14) ecossitemas marinhos, (15)<br />

ecossistemas terrestres, (16) paz e<br />

justiça e (17) parceria global [6].<br />

Conforme o documento assinado<br />

pelo Brasil, “nunca antes os líderes<br />

mundiais comprometeram-se<br />

a uma ação comum e um esforço<br />

por meio de uma agenda política<br />

tão ampla e universal.” [7]<br />

Publicação - “O papel da Metrologia<br />

no Contexto dos Objetivos<br />

de Desenvolvimento<br />

Sustentável”<br />

O documento foi publicado em<br />

conjunto pela UNIDO, pelo BIPM e<br />

pela OIML [4]. A UNIDO é a Organização<br />

das Nações Unidas para o<br />

Desenvolvimento Industrial, uma<br />

agência especializada da ONU que<br />

promove o desenvolvimento industrial,<br />

a redução da pobreza, a<br />

globalização inclusiva e a sustentabilidade<br />

ambiental [8]. A OIML<br />

é a Organização Internacional de<br />

Metrologia Legal, cuja misssão é<br />

permitir que as economias implementem<br />

infraestruturas legais<br />

eficazes de metrologia que sejam<br />

mutuamente compatíveis e internacionalmente<br />

reconhecidas, para<br />

todas as áreas pelas quais os governos<br />

assumem responsabilidade,<br />

como as que facilitam o comércio,<br />

estabelecem confiança mútua<br />

e harmonizam o nível mundial de<br />

proteção ao consumidor [9]. O<br />

BIPM é o Bureau Internacional de<br />

Pesos e Medidas, uma organização<br />

localizada em Sèvres na França e<br />

criada pela Convenção do Metro<br />

para a atuação conjunta dos Estados<br />

Membros em questões relacionadas<br />

à metrologia e aos padrões<br />

de medição. Os Estados membros<br />

do BIPM são todos aqueles 17 que<br />

assinaram a Convenção do Metro,<br />

entre os quais o Brasil, e os que<br />

aderiram à convenção posteriormente.<br />

A convenção do Metro foi<br />

assinada em Paris em 20 de maio<br />

de 1875 e foi o acordo internacional<br />

sobre unidades de medida que<br />

instituiu o Sistema Internacional<br />

de Unidades - o SI. [10]<br />

O documento traz a reflexão sobre<br />

a relação da TIB com os ODS<br />

1,3,7,9,13 [4].<br />

Publicação - “Reiniciando a<br />

Infraestrutura da Qualidade<br />

para um Futuro Sustentável”<br />

O propósito da publicação é ser um<br />

apelo à ação de repensar e adaptar<br />

a infraestrutura de qualidade para<br />

alcançar os Objetivos de Desenvolvimento<br />

Sustentável (ODS) e para<br />

responder aos impactos da Quarta<br />

Revolução Industrial. O documento<br />

trata dos ODS 2, 3, 5, 6, 7, 8, 9,<br />

12, 13, 14, 15 e foi publicado pela<br />

Unido em janeiro de 2020. [5]<br />

A Infraestrutura da Qualidade é o<br />

sistema constituído por organizações,<br />

políticas públicas, estrutura<br />

legal e regulamentar e procedimentos<br />

práticos para apoiar e melhorar<br />

a qualidade, a segurança e<br />

36<br />

Revista Analytica | Dez/Jan 2021


Metrologia<br />

o impacto ambiental de bens, serviços<br />

e processos. A Infraestrutura<br />

da Qualidade é necessária para<br />

a efetiva operação de mercados<br />

nacionais e possibilita reconhecimentos<br />

internacionais que permitem<br />

o acesso a mercados estrangeiros.<br />

É um elemento crítico para<br />

promover e sustentar o desenvolvimento<br />

econômico acompanhado<br />

de bem-estar ambiental e social.<br />

A Infraestrutura da Qualidade de<br />

cada país desenvolve atividades<br />

relacionadas à metrologia, padronização,<br />

acreditação, avaliação de<br />

conformidade e vigilância de mercado<br />

[5]. Estas instituições podem<br />

ser encontradas no site do Bureau<br />

Internacional de Pesos e Medidas<br />

(BIPM). No Brasil, seis instituições<br />

compõem a Infraestrutura da Qua-<br />

de Normas Técnicas (ABNT), Associação<br />

Brasileira de Controle da<br />

Qualidade (ABCQ) [11]<br />

Conclusão<br />

A leitura dos dois documentos<br />

permitiu identificar as contribuições<br />

de todas as funções de TIB<br />

para o atendimento a 12 Objetivos<br />

de Desenvolvimento Sustentável.<br />

Integrar as práticas relativas às<br />

funções de Tecnologia Industrial<br />

Básica e o atendimento aos Objetivos<br />

de Desenvolvimento Sustentável<br />

potencializam, mutuamente,<br />

os impactos positivos de cada um<br />

dos campos para o fortalecimento<br />

do setor produtivo.<br />

Bibliografia<br />

[2] GALLINA, R. A Contribuição da Tecnologia Industrial<br />

Básica (TIB) no Processo de Formação e Acumulação das<br />

Capacidades Tecnológicas das Empresas do Setor Metal-<br />

Mecânico. Tese de Doutorado. Escola Politécnica da Universidade<br />

de São Paulo. Departamento de Engenharia<br />

de Produção. São Paulo, 2009. Disponível em: <br />

[3] OLIVEIRA, M. C. de, SOUZA, C. G de Formação em<br />

Tecnologia Industrial Básica–TIB: uma Experiência com<br />

Alunos de Graduação em Engenharia. IX Simpósio de<br />

Excelência em Gestão e Tecnologia – Anais eletrônicos:<br />

2014. Disponível em <br />

[4] UNIDO. BIPM. OIML. The Role of Metrology in the<br />

Context of the 2030 Susteinable Development Goals.<br />

.Disponível em: <br />

[5] UNIDO. Rebooting Quality Infrastructure for a Sustainable<br />

Future. Disponível em <br />

[6] PLATAFORMA AGENDA 2030. Disponível em <br />

[7] TRANSFORMANDO NOSSO MUNDO: A AGENDA 2030<br />

PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL. Disponível em<br />

<br />

[8] UNIDO. Disponível em:< https://www.unido.org/><br />

lidade – Instituto Nacional de Metorlogia,<br />

Qualidade e Tecnologia<br />

(Inmetro), Laboratório Nacional<br />

[1] SOUZA, R. D. F. Tecnologia Industrial Básica como<br />

fator de competitividade. Revista Parcerias Estratégicas,<br />

n. 8, maio 2000. Disponível em: <br />

[9] OIM. Organização Internacional de Metrologia Legal.<br />

Disponível em <br />

[10] BIPM. Bureau Internacionali de Pesos e Medidas.<br />

Disponível em <br />

de Metrologia das Radiações Ionizantes<br />

(LNMRI/IRD), Observatório<br />

Nacional/Serviço Nacional da Hora<br />

(ON/DSHO), Associação Brasileira<br />

Luciana e Sá Alves<br />

Analista executivo em Metrologia e Qualidade (Inmetro), Bióloga e professora de Ciências e Biologia.<br />

Mestre em Educação (Puc-Rio) e doutora em Biotecnologia (Inmetro/UFRJ)<br />

Revista Analytica | Dez/Jan 2021<br />

37


Em Foco<br />

MELHORANDO OS TESTES DE CABELO PARA ABUSO DE DROGAS<br />

Os laboratórios forenses poderiam se beneficiar de<br />

um novo método analítico simples e robusto para<br />

a triagem de rotina de amostras de cabelo para a<br />

presença de drogas ilícitas.<br />

Estabelecer a exposição de uma pessoa às drogas<br />

é um aspecto crucial dos testes forenses. Tradicionalmente,<br />

a "triagem toxicológica" geralmente é<br />

realizada em amostras de sangue ou urina. Mas,<br />

nos últimos anos, o teste do cabelo se tornou uma<br />

técnica bem estabelecida. Além de serem fáceis<br />

de coletar, as amostras de cabelo também podem<br />

fornecer informações sobre a exposição histórica<br />

de uma pessoa que pode se estender por vários<br />

meses antes.<br />

38<br />

Revista Analytica | Dez/Jan 2021<br />

Além disso, nas últimas décadas, avanços notáveis<br />

na espectrometria de massa levaram a técnica a se<br />

estabelecer como o padrão ouro em análise forense<br />

de cabelo. No entanto, a tecnologia ainda não foi<br />

largamente adotada para a ampla triagem preliminar<br />

de amostras, que ainda é bastante baseada em<br />

ensaios baseados em anticorpos.<br />

Uma nova abordagem instrumental<br />

Em um novo estudo, publicado no Journal of<br />

Chromatography B, os cientistas testam uma nova<br />

abordagem de espectrometria de massa que foi<br />

desenvolvida recentemente para a análise de rotina<br />

de drogas de abuso aplicadas à triagem toxicológica<br />

de cabelo.<br />

Os pesquisadores realizaram o novo procedimento<br />

instrumental baseado em UHPLC-Ion Trap-MS e<br />

envolvendo um pré-tratamento simples de amostras<br />

de cabelo em ácido durante a noite, seguido<br />

por injeção direta após a neutralização. Em paralelo,<br />

eles analisaram todas as amostras comparando<br />

comas técnicas de espectrometria de massa de<br />

rotina que já estavam estabelecidas em seu laboratório.<br />

Eles descobriram que o novo método tinha<br />

limites de detecção variando entre 0,01 e 0,09 ng /<br />

mg de matriz capilar para um painel de 16 drogas<br />

de abuso (exceto para MDA, morfina, 6-MAM e<br />

norketamina).<br />

Bom desempenho analítico<br />

Os pesquisadores primeiro testaram 40 amostras<br />

de cabelo coletadas de voluntários sem histórico<br />

de abuso de drogas, não detectando falsos positivos.<br />

Eles então avaliaram 968 amostras reais de<br />

cabelo de casos forenses, descobrindo que o novo<br />

método correspondia bem aos resultados obtidos<br />

no procedimento de rotina em termos de amostras<br />

positivas e negativas.<br />

Finalmente, os pesquisadores analisaram 12<br />

amostras de teste de proficiência, descobrindo que<br />

o novo método não se limitava apenas à triagem<br />

de drogas comuns de abuso, mas também podia<br />

testar com sucesso novas substâncias psicoativas,<br />

incluindo fentanil e catinonas. A equipe usou um<br />

sistema de purificação de água de laboratório ELGA<br />

PURELAB® para obter a água ultrapura usada em<br />

seus experimentos, minimizando o risco de adição<br />

de contaminantes que pudessem afetar seus<br />

resultados.<br />

Uma técnica simples e robusta<br />

Este estudo demonstra a utilidade de uma nova<br />

abordagem de espectrometria de massa para triagem<br />

toxicológica qualitativa aplicada à análise de<br />

cabelo em um contexto de rotina. Os resultados<br />

mostram que é possível obter informações sensíveis<br />

e confiáveis por meio do procedimento, o que<br />

foi confirmado por meio de um comparativo ao<br />

método de teste validado.<br />

A precisão desta ferramenta analítica foi verificada<br />

posteriormente através da análise de amostras de<br />

teste que continham não apenas narcóticos tradicionais,<br />

mas também algumas das chamadas<br />

novas substâncias psicoativas. O sistema também<br />

provou ser muito robusto, não mostrando necessidade<br />

de qualquer reparo, mesmo após 5.000<br />

injeções de amostra. O novo procedimento pode<br />

fornecer aos laboratórios forenses uma alternativa<br />

simples e robusta de alto rendimento aos testes<br />

baseados em anticorpos para a ampla triagem toxicológica<br />

preliminar de amostras de cabelo.<br />

Por que escolher o ELGA LabWater?<br />

Na ELGA LabWater, nossos engenheiros, químicos<br />

e cientistas especializados estão na vanguarda da<br />

inovação tecnológica. Eles continuam a introduzir<br />

recursos revolucionários para o mercado de água<br />

de laboratório.<br />

Para mais informações:<br />

Tel. +55 11 3888-8782<br />

Rafaela.rodrigues@veolia.com


Em Foco<br />

LAB DE A A Z: LANÇAMENTO TERMOCICLADOR COM GRADIENTE<br />

Com o intuito de contribuir e estimular a<br />

ciclos de temperaturas varáveis: a velocidade das<br />

• Botão de ajuste da altura da tampa para diferentes<br />

pesquisa e biotecnologia oferecendo soluções<br />

rampas de subida e descida de temperatura, a<br />

tubos de PCR ou microplaca<br />

inovadoras em produtos e equipamentos<br />

precisão e estabilidade da temperatura estipulada<br />

• Gradiente de temperatura<br />

laboratoriais que possibilitem avanços e<br />

no programa e o overshoot reduzido ao final das<br />

• Programação em software interno de fácil<br />

desenvolvimento nos principais setores<br />

rampas de temperatura.<br />

utilização (interface user-friendly)<br />

econômicos e de saúde como: laboratórios,<br />

• Temperatura de aquecimento 4º – 99ºC<br />

centros de controle de qualidade, centros de<br />

Um dos principais diferenciais é a capacidade<br />

pesquisas, indústrias e universidades a Kasvi<br />

de amplificar até 96 amostras contidas em<br />

¹Blocos vendidos separadamente.<br />

lança ao mercado o Termociclador com<br />

tubos ou microplacas. O Termociclador com<br />

Registro na ANVISA sob nº 80884880032.<br />

Gradiente. Equipamento de alta performance<br />

Gradiente Kasvi usa blocos intercambiáveis¹<br />

e indispensável para realização de amplificação<br />

compatível com placas de 96 poços ou tubos, com<br />

de material genético como a qPCR e RT-PCR.<br />

opções de programas para diversas necessidades<br />

A qPCR pelo termociclador garante a precisão de três<br />

fatores primordiais para o sucesso do diagnóstico,<br />

uma vez que sua principal funcionalidade é realizar<br />

de amplificação de genes.<br />

• Sistema Peltier de aquecimento<br />

• Controle preciso de temperatura<br />

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Revista Analytica | Dez/Jan 2021<br />

39


Em Foco<br />

PRODUÇÃO BRASILEIRA COM TECNOLOGIA ALEMÃ<br />

EFICIENTE. SEGURA. COMPLETA. A PLACA DE PETRI DA GREINER BIO-ONE É A ESCOLHA CERTA PARA O SEU NEGÓCIO<br />

Contribuindo para a ciência dar um passo à<br />

frente, a Greiner Bio-One desenvolveu, produziu<br />

e apresentou ao mercado, em 1963, a primeira<br />

placa de Petri de plástico, tornando-a referência<br />

de mercado e uma das principais fornecedoras da<br />

área, com produção superior a 120 milhões de<br />

unidades por ano na Europa. Nada mais justo do<br />

que trazer, diretamente dos pioneiros, a tecnologia<br />

e know-how consagrados mundialmente,<br />

para suprir o mercado brasileiro com a melhor<br />

placa de Petri. Agora, a unidade da Greiner Bio-<br />

-One de Americana produz placas de Petri de<br />

90x15mm, e possui estoque local que pode chegar<br />

rapidamente as bancadas de todo país.<br />

40<br />

Revista Analytica | Dez/Jan 2021<br />

De uso indispensável em laboratórios microbiológicos<br />

para o crescimento de microrganismos<br />

como bactérias e fungos, as placas de<br />

Petri estão disponíveis em diversos formatos<br />

e tamanhos, para cada tipo de necessidade.<br />

Com excelente transparência ótica para análises<br />

microscópicas, bem como resistência ao<br />

calor (podem ser usadas com ágar quente), são<br />

produzidas em poliestireno de alta qualidade<br />

e são as mais leves do mercado, contribuindo<br />

para práticas sustentáveis na redução de resíduos<br />

descartados. Além disso, possuem pequena<br />

borda na tampa permitindo uma quantidade<br />

limitada de troca de ar – que é requisito essencial<br />

para o crescimento aeróbico de bactérias e<br />

fungos, são fáceis de empilhar e compatíveis<br />

com os principais equipamentos automatizados<br />

disponíveis no mercado.<br />

A esterilização é feita por radiação ionizante<br />

(E-Beam), por ser um processo livre de resíduos<br />

e ecológico, além de não causar impactos na<br />

qualidade do ar ou da água. Outra vantagem<br />

dessa metodologia de esterilização é o menor<br />

tempo de exposição, evitando rompimentos e<br />

efeitos de envelhecimento a longo prazo, fator<br />

que pode ocorrer com polipropileno quando<br />

submetido à radiação prolongada. Dessa forma,<br />

as placas de Petri da Greiner oferecem alto grau<br />

de segurança e eficiência para pesquisas médicas<br />

e farmacêuticas, principalmente em relação<br />

as placas esterilizadas por outras metodologias<br />

(ex: óxido de etileno (ETO), altamente tóxico e<br />

agressivo ao ambiente externo).<br />

Origem e evolução das Placas de Petri<br />

Antigamente, todas as culturas eram realizadas<br />

por meio de tubos de vidro com declives. A<br />

placa de Petri foi inventada e aprimorada na década<br />

de 1880 pelo físico militar Julius Richard<br />

Petri e, por isso, recebe este nome. Ele percebeu<br />

a vantagem de culturas em crescimento em<br />

placas abertas, ao invés de tubos, para aumentar<br />

a área de estrias para a obtenção de colônias<br />

isoladas. Nesta época, a tecnologia que dispunham<br />

em laboratórios de microbiologia era jarros<br />

e garrafas. Aplicava-se os meios de cultura<br />

numa base de ágar em uma placa aberta de vidro,<br />

que era coberta com uma campânula, também<br />

de vidro. Como a campânula era removida<br />

toda vez que precisasse visualizar as culturas, a<br />

exposição ao ar era contínua, o que resultou na<br />

contaminação de vários de seus experimentos.<br />

A frustração de Petri permitiu que ele buscasse<br />

uma nova forma para alcançar resultados mais<br />

exatos em suas pesquisas.<br />

Em 1887, Julius Petri teve a ideia de colocar<br />

uma tampa um pouco maior na parte superior<br />

da placa que continha os meios de cultura. Mais<br />

simples, este método provou também ser mais<br />

confiável que a campânula, resultando assim, o<br />

formato conhecido da placa de Petri. Petri publicou<br />

mais de 150 artigos sobre bacteriologia<br />

e higiene, e sua invenção o eternizou. Devido<br />

às necessidades da época, as placas de Petri só<br />

existiam na versão de vidro que possuía algumas<br />

limitações como: manutenção de limpeza<br />

cada vez que fossem utilizadas para um novo<br />

propósito para não contaminar os estudos posteriores,<br />

cuidados especiais para evitar quebra,<br />

rachaduras, e a questão da variação não controlada<br />

da troca de ar.<br />

As grandes conquistas da ciência, como<br />

crescimento de células com circuitos eletrônicos<br />

integrado, clonagem de órgãos, melhor<br />

entendimento do comportamento dos vírus e<br />

muitas outras, são pesquisas que foram iniciadas<br />

utilizando a placa de Petri. Embora outros<br />

métodos de estudo de microrganismos em<br />

laboratório estão surgindo, a necessidade de<br />

ter uma capacidade básica confiável de cultura<br />

rápida de microrganismos num ambiente<br />

estéril sempre existirá.<br />

Para saber mais, acesse:<br />

www.gbo.com<br />

ou entre em contato: info@br.gbo.com


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COM TECNOLOGIA ALEMÃ<br />

PLACA DE PETRI<br />

Greiner Bio-One<br />

MAIS LEVE. MENOS RESÍDUOS.<br />

Visando boas práticas de sustentabilidade, a Greiner Bio-One<br />

produz a Placa de Petri mais leve do mercado nacional.<br />

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Greiner Bio-One Brasil / Avenida Affonso Pansan, 1967 / CEP 13473-620 | Americana, SP<br />

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Em Foco<br />

SÉRIE ICAP PRO - ESPECTRÔMETROS DE EMISSÃO POR PLASMA<br />

42<br />

Revista Analytica | Dez/Jan 2021<br />

A linha de espectrômetros de emissão por<br />

plasma da Thermo Scientific combina avançada<br />

performance com alta produtividade e<br />

facilidade no uso para gerar dados altamente<br />

confiáveis. A série iCAP Pro é composta pelos<br />

mais compactos espectrômetros de emissão<br />

óptica com plasma de argônio do mercado. Esta<br />

série de instrumentos é equipada com fonte de<br />

rádio-frequêcia (27,12 MHz) de estado sólido<br />

com alta potência e alta estabilidade, ideal<br />

para amostras complexas. Com exclusivo detector<br />

CID e software QTegra, permite análises<br />

qualitativas, semi-quantitativas e quantitativas<br />

de maneira simples e fácil ao usuário. Grandes<br />

avanços foram feitos em relação ao tempo de<br />

análise, sendo que esse parâmetro teve uma<br />

redução muito grande.<br />

Disponível em 4 modelos para atendimento<br />

às diferentes aplicações e necessidades<br />

do mercado:<br />

iCAP Pro e iCAP Pro X<br />

Obtenha análises elementares de traços com robustez<br />

e simplicidade para o seu laboratório com<br />

os sistemas Thermo Scientific iCAP PRO e Thermo<br />

Scientific iCAP PRO X. Esses sistemas oferecem<br />

software Qtegra, fácil de usar, e tecnologia de detecção<br />

de múltiplos elementos muito superior à da<br />

técnica de Absorção Atômica. Estes instrumentos<br />

são ideais para laboratórios com baixos requisitos<br />

de produtividade de amostras. Para facilitar o<br />

uso, várias configurações otimizadas são definidas<br />

como padrão, tornando-as ideais para usuários iniciantes<br />

na técnica ou para aqueles que precisam de<br />

uma solução simples para análise multielementar.<br />

iCAP Pro XP<br />

Analise amostras elementares de traços de matrizes<br />

complexas com detecção sensível de vários<br />

elementos e atenda aos requisitos de dados com o<br />

desempenho ideal do ICP-OES da Thermo Scientific<br />

iCAP PRO XP. Robusto em todas as frentes, esse<br />

sistema necessita de pouco espaço de bancada e<br />

manutenção do usuário. O instrumento alcança<br />

um nível avançado de desempenho com o modo<br />

de análise iFR, que mede toda a faixa de comprimento<br />

de onda em uma medição, ou o modo de<br />

análise eUV, que mede a região UV do espectro<br />

com uma sensibilidade surpreendente.<br />

iCAP Pro XPS<br />

Analise amostras elementares no menor tempo<br />

possível com o ICP-OES da Thermo Scientific iCAP<br />

PRO XPS. A óptica de alta taxa de transferência<br />

de luz combinada com o detector do dispositivo<br />

de injeção de carga, o CID821, garante os menores<br />

tempos de análise possíveis. Ao usar o modo<br />

de análise iFR, o espectro completo é capturado<br />

em uma única medição, reduzindo ainda mais os<br />

tempos de análise. Para as aplicações mais exigentes,<br />

que necessitam da mais alta sensibilidade na<br />

região UV do espectro para determinar elementos<br />

como mercúrio, antimônio e chumbo, o modo de<br />

análise eUV aprimora a sensibilidade, garantindo<br />

que os regulamentos para elementos tóxicos sejam<br />

facilmente atendidos.


Em Foco<br />

Em Foco<br />

UMA HISTÓRIA DE VALOR E CONFIANÇA<br />

Os Padrões de Referência desempenham<br />

um papel fundamental para<br />

sociedade garantindo a acessibilidade<br />

e qualidade dos medicamentos<br />

fabricados e entregues a população<br />

mundial.<br />

A USP (United States Pharmacopeia)<br />

trabalha sempre em conformidade com os<br />

requisitos de qualidade exigidos pelos órgãos<br />

oficiais com alto rigor científico. As normas de<br />

qualidade para os produtos farmacêuticos e<br />

alimentícios exigem análises comparativas<br />

constantes, utilizando diversas técnicas como<br />

cromatografia, espectrofotometria, espectrometria<br />

e testes de desempenho. Portanto, a<br />

qualidade e consistência dos Padrões de<br />

Referência são crucias para alcançar resultados<br />

cientificamente válidos.<br />

Comemorando 200 anos desde sua fundação,<br />

a USP faz a diferença ao redor do mundo<br />

construindo parcerias duradoras, sustentáveis<br />

e pautadas na ética para mostrar que a<br />

qualidade de vida das pessoas é um pilar<br />

insubstituível em seu DNA. A LAS do Brasil<br />

tem orgulho em fazer parte dessa rede de<br />

parceiros, sendo o canal autorizado para<br />

distribuição de seus materiais no Brasil.<br />

Reconhecida por trabalhar com produtos e<br />

serviços de alta qualidade, a parceria com a<br />

USP proporcionou a LAS entendimento sobre a<br />

importância e responsabilidade do uso de<br />

Padrões de Referência para garantir o acesso da<br />

população a medicamentos, alimentos e<br />

suplementos de qualidade no Brasil.<br />

Responsável por todas as etapas que envolvem<br />

a distribuição confiável dos Padrões de<br />

Referência da USP em nossos clientes, com<br />

cobertura para todo território nacional,<br />

atendendo os requisitos exigidos pelos órgãos<br />

anuentes para transporte seguro de cada<br />

substância, a LAS vem cumprindo sua missão<br />

em garantir que os laboratórios brasileiros<br />

tenham acesso a confiança, credibilidade e o<br />

respaldo na utilização dos autênticos Padrões<br />

da USP.<br />

1820<br />

1905<br />

Farmacopeia dos Estados Unidos Biológicos<br />

1908<br />

Acessibilidade Mundial<br />

00<br />

Desde a concepção da USP em 1820, milhões<br />

de pessoas no mundo podem confiar nos<br />

medicamentos por causa de seus padrões de<br />

qualidade.<br />

A Lei de Controle de Produtos Biológicos de<br />

1902 (The Biologics Control Act) levou à<br />

primeira monografia de biológicos da USP,<br />

sobre Antitoxina Diftérica, que ajudou a<br />

restaurar a confiança nos medicamentos, após<br />

13 mortes associadas à antitoxina diftérica<br />

contaminada.<br />

A tradução dos padrões documentais da USP os<br />

tornou acessíveis a países de todo o mundo,<br />

permitindo que seus cidadãos confiassem na<br />

qualidade de seus medicamentos.<br />

Revista Analytica | Dez/Jan 2021<br />

43


Em Foco<br />

Em Foco<br />

1944<br />

Segunda Guerra Mundial<br />

1969<br />

Reconhecimento Global<br />

1980<br />

Divulgação da USP-NF<br />

USP, FDA, Institutos Nacionais de Saúde (NIH -<br />

National Institutes of Health) e a Diretoria de<br />

Produção para a Guerra (War Production<br />

Board) conseguiram desenvolver rapidamente<br />

padrões para penicilina que permitissem sua<br />

produção em massa - uma prioridade para o<br />

tratamento da sepse.<br />

27 países reconheciam os padrões da USP.<br />

Hoje, 140 países ao redor do mundo<br />

reconhecem os padrões da USP.<br />

USP e NF são publicadas em um só volume em<br />

1980, contendo 2.709 monografias.<br />

1990<br />

1992 2001<br />

Suplementos Alimentares USP e USAID<br />

Revendedora USP<br />

À medida que mais pessoas incluíam<br />

suplementos alimentares como parte de um<br />

estilo de vida saudável, a USP reconheceu a<br />

necessidade de manter a qualidade dos<br />

mesmos e começou a explorar padrões para<br />

combinações de multivitaminas e minerais<br />

como suplementos nutricionais.<br />

A USP e a Agência para o desenvolvimento<br />

internacional (USAID - Agency for International<br />

development) começam uma relação colaborativa<br />

de mais de 25 anos para avaliar programas<br />

de fontes de informação sobre medicamentos<br />

em países em desenvolvimento.<br />

A LAS do Brasil surgiu frente a necessidade<br />

da Indústria Farmacêutica na obtenção facilitada<br />

e confiável de insumos analíticos.<br />

Desde 2001 nossos clientes possuem acesso a<br />

serviços de qualidade no atendimento<br />

comercial, importação e entrega de padrões<br />

USP no Brasil.<br />

2004<br />

2005-08<br />

Distribuidor Oficial USP Índia, USP China, USP Brasil<br />

2020<br />

USP e LAS - Uma parceria de sucesso<br />

Analytica | Dez/Jan 2021<br />

44 00 Revista<br />

A LAS é reconhecida pela USP como distribuidora<br />

oficial de seus Padrões de Referência em<br />

todo território brasileiro.<br />

Instalações globais são inauguradas em<br />

Hyderabad, Índia (2006); Shangai, China<br />

(2007) e São Paulo, Brasil (2008).<br />

Comemorando os 200 anos da USP, a LAS do<br />

Brasil completa 16 anos como seu distribuidor<br />

autorizado em todo território nacional, buscando<br />

sempre soluções inovadoras e a excelência no<br />

atendimento de nossos clientes garantindo a<br />

entrega de autênticos Padrões USP.


Em Foco<br />

200<br />

years of building<br />

trust<br />

Em 1820, onze médicos<br />

tomaram medidas para proteger<br />

os pacientes de medicamentos<br />

de baixa qualidade. Eles formaram<br />

a Farmacopeia dos EUA (USP).<br />

Neste ano de 2020 a USP comemora 200 anos de história, assumindo a<br />

liderança global na construção da confiança em Medicamentos e<br />

Suplementos Alimentares, por meio de normas e Padrões de Referência<br />

públicos que ajudam a melhorar a saúde das pessoas em todo o mundo.<br />

Saiba mais sobre essa<br />

trajetória acessando o site<br />

através do QR Code:<br />

+55 62 3085-1900 | comercial@lasdobrasil.com.br<br />

Revista Analytica | Dez/Jan 2021<br />

45


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