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Revista<br />
Ano 19 - Edição <strong>110</strong> - Dez/Jan 2021<br />
EDITORIAL<br />
Prezado leitor,<br />
Espero que suas forças e esperanças estejam renovadas para este novo ano.<br />
Nesta edição da <strong>revista</strong> Analytica, temos um excelente artigo sobre o estudo da fase amorfa na liga Co 67 Nb 25 B 18 ,<br />
um sobre resíduos das indústrias de transformação e outro sobre o compósito SIGeRe.<br />
Contamos ainda com o excelente conteúdo dos nossos colunistas abordando temas sobre biotecnologia,<br />
metrologia, espectrometria de massa e muito mais.<br />
Apesar de um ano de desafios, a <strong>revista</strong> Analytica cresceu exponencialmente no ano de 2020, chegando à marca<br />
de duzentos mil acessos e 150 mil novos leitores. A vocês, nosso agradecimento.<br />
Confiantes nos resultados sobre a vacinação no mundo, seguimos preparando o que há de melhor para mantê-los<br />
informados através da multiplataforma de comunicação integrada e digital que a nossa <strong>revista</strong> está se tornando.<br />
Não deixe de visitar nosso site e de nos seguir nas redes sociais, mantenha-se atualizado!<br />
Com votos de um excelente ano novo, desejo a todos uma ótima leitura!<br />
Luciene Almeida<br />
Fale com a gente<br />
Comercial | Para Assinaturas | Renovação | Para Anunciar:<br />
Daniela Faria | 11 98357-9843 | assinatura@<strong>revista</strong><strong>analytica</strong>.com.br<br />
Tel.: 11 3900-2390 | Dúvidas, críticas e ou sugestões, entre em<br />
contato, teremos prazer em atendê-lo.<br />
Para novidades na área de instrumentação analítica, controle<br />
de qualidade e pesquisa, acessem nossas redes sociais:<br />
/RevistaAnalytica<br />
/<strong>revista</strong>-<strong>analytica</strong><br />
/<strong>revista</strong><strong>analytica</strong><br />
Esta publicação é dirigida a laboratórios analíticos e de controle de qualidade dos setores:<br />
FARMACÊUTICO | ALIMENTÍCIO | QUÍMICO | MINERAÇÃO | AMBIENTAL | COSMÉTICO | PETROQUÍMICO | TINTAS<br />
Os artigos assinados sâo de responsabilidade de seus autores e não representam, necessariamente a opinião da Editora.<br />
EXPEDIENTE<br />
Realização: Newslab Editora<br />
Conselho Editorial: Sylvain Kernbaum | <strong>revista</strong>@<strong>revista</strong><strong>analytica</strong>.com.br<br />
Jornalista Responsável: Luciene Almeida | editoria@<strong>revista</strong><strong>analytica</strong>.com.br<br />
Publicidade e Redação: Daniela Faria | 11 98357-9843 | assinatura@<strong>revista</strong><strong>analytica</strong>.com.br<br />
Coordenação de Arte: FC DESIGN - contato@fcdesign.com.br<br />
Impressão: Gráfica Hawaii | Periodicidade: Bimestral
Revista<br />
Ano 19 - Edição <strong>110</strong> - Dez/Jan 2021<br />
ÍNDICE<br />
01<br />
06<br />
Editorial<br />
Publique na Analytica<br />
Artigo 1<br />
08<br />
ESTUDO DA FASE AMORFA<br />
NA LIGA Co67Nb25B18<br />
Autor: Luciano Nascimento<br />
2<br />
Revista Analytica | Dez/Jan 2021<br />
Artigo 2<br />
16<br />
COMPÓSITO SIGeRe<br />
Autores: Adrian Ricardo da Silva, Pamela Freitas Ferreira,<br />
Wagner Belão Silva, Marcos Roberto Ruiz, Paulo Roberto da<br />
Silva Ribeiro, Daniele de Lacassa Leite.<br />
22<br />
24<br />
27<br />
32<br />
34<br />
35<br />
38<br />
Resíduos Indústriais<br />
Espectrometria de Massa<br />
Biotecnologia<br />
Microbiologia<br />
Logística Laboratorial<br />
Metrologia<br />
Em Foco
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0800 726 0508
Revista<br />
Ano 19 - Edição <strong>110</strong> - Dez/Jan 2021<br />
ÍNDICE REMISSIVO DE ANUNCIANTES<br />
ordem alfabética<br />
Anunciante pág. Anunciante pág.<br />
Arena Técnica 31<br />
BCQ<br />
4ªCapa<br />
Bio Scie<br />
2ªCapa<br />
Greiner 41<br />
Kasvi 03<br />
Las do Brasil 45<br />
Nova Analitica 07<br />
Prime Cargo<br />
3ªCapa<br />
Veolia 14-15<br />
Esta publicação é dirigida a laboratórios analíticos e de controle de qualidade dos setores:<br />
FARMACÊUTICO | ALIMENTÍCIO | QUÍMICO | MINERAÇÃO | AMBIENTAL | COSMÉTICO | PETROQUÍMICO | TINTAS<br />
Os artigos assinados sâo de responsabilidade de seus autores e não representam, necessariamente a opinião da Editora.<br />
4<br />
Revista Analytica | Dez/Jan 2021<br />
Conselho Editorial<br />
Carla Utecher, Pesquisadora Científica e chefe da seção de controle Microbiológico do serviço de controle de Qualidade do I.Butantan - Chefia Gonçalvez Mothé, Prof ª Titular<br />
da Escola de Química da Escola de Química da Universidade Federal do Rio de Janeiro - Elisabeth de Oliveira, Profª. Titular IQ-USP - Fernando Mauro Lanças, Profª. Titular<br />
da Universidade de São Paulo e Fundador do Grupo de Cromatografia (CROMA) do Instituto de Química de São Carlos - Helena Godoy, FEA / Unicamp - Marcos E berlin, Profª<br />
de Química da Unicamp, Vice-Presidente das Sociedade Brasileira de Espectrometria de Massas e Sociedade Internacional de Especteometria de Massas - Margarete Okazaki,<br />
Pesquisadora Cientifica do Centro de Ciências e Qualidade de Alimentos do Ital - Margareth Marques, U.S Pharmacopeia - Maria Aparecida Carvalho de Medeiros, Profª. Depto.<br />
de Saneamento Ambiental-CESET/UNICAMP - Maria Tavares, Profª do Instituto de Química da Universidade de São Paulo - Shirley Abrantes Pesquisadora titular em Saúde Pública<br />
do INCQS da Fundação Oswaldo Cruz - Ubaldinho Dantas, Diretor Presidente de OSCIP Biotema, Ciência e Tecnologia, e Secretário Executivo da Associação Brasileira de Agribusiness.<br />
Colaboraram nesta Edição:<br />
Luciana e Sá Alves, Marcos Roberto Ruiz, Oscar Vega Bustillos, Bruna Mascaro e Claudio Kiyoshi Hirai.
Agenda<br />
agenda<br />
Em função da pandemia do Covid-19, e acompanhando os<br />
desdobramentos da crise, decretos e posicionamentos dos<br />
governos, os eventos presenciais agendados para o período<br />
Dezembro e Janeiro estão cancelados.<br />
Comprometidos em não propagar informações equivocadas,<br />
não haverá seção Agenda na Revista Analytica Ed <strong>110</strong> e<br />
recomendamos que os interessados em participar de eventos<br />
on-line consultem nosso site durante esse período para se<br />
informar sobre apresentações digitais como webinars e outras<br />
alternativas que estão sendo oferecidas pelas empresas.<br />
Mantenha-se informado em nosso site e em nossas redes<br />
sociais.<br />
Agradecemos a compreensão de todos,<br />
Equipe Analytica.<br />
Para novidades na área de instrumentação analítica,<br />
controle de qualidade e pesquisa, acessem nossas redes sociais:<br />
Revista Analytica | Dez/Jan 2021<br />
5
Revista<br />
Ano 19 - Edição <strong>110</strong> - Dez/Jan 2021<br />
PUBLIQUE NA ANALYTICA<br />
Normas de publicação para artigos e informes assinados<br />
A Revista Analytica, em busca constante de novidades em divulgação científica, disponibiliza abaixo as normas para publicação de artigos, aos<br />
autores interessados. Caso precise de informações adicionais, entre em contato com a redação.<br />
Informações aos Autores<br />
Bimestralmente, a <strong>revista</strong> Analytica publica<br />
editoriais, artigos originais, revisões, casos<br />
educacionais, resumos de teses etc. Os editores<br />
levarão em consideração para publicação toda<br />
e qualquer contribuição que possua correlação<br />
com as análises industriais, instrumentação e o<br />
controle de qualidade.<br />
Todas as contribuições serão revisadas e analisadas<br />
pelos revisores.<br />
Os autores deverão informar todo e qualquer<br />
conflito de interesse existente, em particular<br />
aqueles de natureza financeira relativo<br />
a companhias interessadas ou envolvidas em<br />
produtos ou processos que estejam relacionados<br />
com a contribuição e o manuscrito<br />
apresentado.<br />
Acompanhando o artigo deve vir o termo<br />
de compromisso assinado por todos os autores,<br />
atestando a originalidade do artigo, bem<br />
como a participação de todos os envolvidos.<br />
Os manuscritos deverão ser escritos em português,<br />
mas com Abstract detalhado em inglês.<br />
O Resumo e o Abstract deverão conter as<br />
palavras-chave e keywords, respectivamente.<br />
As fotos e ilustrações devem preferencialmente<br />
ser enviadas na forma original, para<br />
uma perfeita reprodução. Se o autor preferir<br />
mandá-las por e-mail, pedimos que a resolução<br />
do escaneamento seja de 300 dpi’s, com<br />
extensão em TIF ou JPG.<br />
Os manuscritos deverão estar digitados e enviados<br />
por e-mail, ordenados em título, nome<br />
e sobrenomes completos dos autores e nome<br />
da instituição onde o estudo foi realizado.<br />
Além disso, o nome do autor correspondente,<br />
com endereço completo fone/fax e e-mail<br />
também deverão constar. Seguidos por resumo,<br />
palavras-chave, abstract, keywords, texto<br />
(Ex: Introdução, Materiais e Métodos, Parte<br />
Experimental, Resultados e Discussão, Conclusão)<br />
agradecimentos, referências bibliográficas,<br />
tabelas e legendas.<br />
As referências deverão constar no texto com o<br />
sobrenome do devido autor, seguido pelo ano<br />
da publicação, segundo norma ABNT 10520.<br />
As identificações completas de cada referência<br />
citadas no texto devem vir listadas no fim,<br />
com o sobrenome do autor em primeiro lugar<br />
seguido pela sigla do prenome. Ex.: sobrenome,<br />
siglas dos prenomes. Título: subtítulo do<br />
artigo. Título do livro/periódico, volume, fascículo,<br />
página inicial e ano.<br />
Evite utilizar abstracts como referências. Referências<br />
de contribuições ainda não publicadas<br />
deverão ser mencionadas como “no prelo”<br />
ou “in press”.<br />
Observação: É importante frisar que a Analytica não informa a previsão sobre quando o artigo será publicado. Isso se deve ao fato que, tendo em<br />
vista a <strong>revista</strong> também possuir um perfil comercial – além do técnico cientifico -, a decisão sobre a publicação dos artigos pesa nesse sentido. Além<br />
disso, por questões estratégicas, a <strong>revista</strong> é bimestral, o que incorre a possibilidade de menos artigos serem publicados – levando em conta uma<br />
média de três artigos por edição. Por esse motivo, não exigimos artigos inéditos – dando a liberdade para os autores disponibilizarem seu material<br />
em outras publicações.<br />
6<br />
Revista Analytica | Dez/Jan 2021<br />
ENVIE SEU TRABALHO<br />
Os trabalhos deverão ser enviados ao endereço:<br />
A/C: Luciene Almeida – Redação<br />
Av. Nove de Julho, 3.229 - Cj. 1<strong>110</strong> - 01407-000 - São Paulo-SP<br />
Ou por e-mail: editoria@<strong>revista</strong><strong>analytica</strong>.com.br<br />
Para outras informações acesse: www.<strong>revista</strong><strong>analytica</strong>.com.br/publique/
Artigo 1<br />
Autores:<br />
Luciano Nascimento - E-mail:luciano.uepb@gmail.com<br />
Imagem Ilustrativa<br />
ESTUDO DA FASE AMORFA<br />
NA LIGA Co67Nb25B18<br />
Resumo<br />
Este trabalho tem por objetivo a elaboração do composto<br />
amorfo Co 67 Nb 25 B 18 a partir dos pós elementares<br />
através da moagem de alta energia. A moagem<br />
da liga amorfa Co67Nb25B18 foi realizada para tempos<br />
de moagem de 1, 5, 10 e 15 h. Em 15 horas obteve-se<br />
a fase amorfa desejável. A evolução microestrutural<br />
foi acompanhada através das técnicas de por<br />
Difração de Raios X (DRX), Microscopia Eletrônica de<br />
Varredura e Espectroscopia por Dispersão de Energia<br />
(MEV/EDS). Resultados experimentais mostram que<br />
a evolução da fase amorfa foi rápida em uma velocidade<br />
de 300 RPM.<br />
Palavras-chave: Moagem de Alta Energia; Liga Amorfa<br />
C o66 N b22 B 12 ; Fase Amorfa.<br />
Abstract<br />
The purpose of this work is to elaborate the amorphous<br />
compound Co 67 Nb 25 B 18 from elementary powders<br />
through high energy grinding. The grinding of<br />
the amorphous Co 67 Nb 25 B 18 alloy was carried out for<br />
grinding times of 1, 5, 10 and 15 h. In 15 hours, the<br />
desired amorphous phase was obtained. The microstructural<br />
evolution was followed by the techniques<br />
of X-Ray Diffraction (XRD), Scanning Electron Microscopy<br />
and Energy Dispersion Spectroscopy (SEM /<br />
EDS). Experimental results show that the evolution<br />
of the amorphous phase was rapid at a speed of 300<br />
RPM.<br />
Keywords: High Energy Milling; Amorphous<br />
C o67 N b25 B 18 ; Amorphous Phase.<br />
8<br />
Revista Analytica | Dez/Jan 2021<br />
Introdução<br />
Desde a primeira liga amorfa sintetizada<br />
no sistema Au75Si25 por solidificação<br />
rápida, uma grande variedade<br />
de ligas metálicas amorfas tem sido<br />
desenvolvida durante as quatro dé-<br />
cadas subsequentes [1]. A estrutura<br />
amorfa confere propriedades excepcionais<br />
tais como alta dureza, baixo<br />
coeficiente de atrito, alta corrosão e<br />
resistência mecânica ao desgaste e<br />
ótimas propriedades são conhecidas<br />
várias propriedades físicas, químicas,<br />
mecânicas, térmicas, elétricas, magnéticas<br />
(baixa perda magnética, reversão<br />
rápida de fluxo, alta resistividade<br />
elétrica e baixa perda acústica)<br />
e biológicas (biomateriais) [2-3].
Imagem Ilustrativa<br />
Ligas amorfas é uma combinação<br />
de estruturas desordenadas e ligação<br />
metálica interatômica em um<br />
estado termodinâmico metaestável<br />
[4]. As ligas do amorfas podem<br />
ser obtidas através do processo de<br />
Moagem de Alta Energia (MAE) é<br />
uma síntese mecano-química em<br />
queas misturas de pós de diferentes<br />
metais ou ligas são moídas<br />
conjuntamente para obtenção<br />
de uma liga homogênea,<br />
através da transferência de massa<br />
[5]. Por vibração ou rotação as<br />
esferas chocam-se com as paredes<br />
do vaso resultando em uma prensagem<br />
do pó a cada impacto, e<br />
deste modo o pó é repetidamente<br />
levado a solda, fratura<br />
e ressolda num intenso processo<br />
cíclico de transferência de energia<br />
que possibilita a nanoestruturação<br />
dos materiais moídos. Durante a<br />
moagem de alta energia, alta deformação<br />
é introduzida nas partículas.<br />
Isso é manifestado pela<br />
presença de vários defeitos cristalinos,<br />
tais como discordâncias,<br />
vazios, falha de empilhamento<br />
e aumento no número de contornos<br />
de grão [6]. A presença desses<br />
defeitos, além do refinamento da<br />
microestrutura que diminui as<br />
distâncias de difusãoe do aumento<br />
da temperatura durante<br />
a moagem, aumentam a difusividade<br />
dos elementos solutos na<br />
matriz, resultando na produção<br />
de pós com alta sinterabilidade<br />
emrelação à moagem convencional<br />
[7]. Muitas ligas amorfas<br />
complexas, com propriedades<br />
específicas podem ser obtidas<br />
por adição de outros elementos a<br />
este sistema, como o Nb e vários<br />
compostos químicos pode ser cristalizado<br />
a partir da fase amorfa a<br />
temperaturas específicas [8].<br />
Ligas amorfas baseadas em Co, Fe,<br />
Nb, B e sistema amorfo do tipo Co-<br />
-Nb-B é facilmente fabricado usando<br />
técnicas de reação do estado sólido<br />
e possuem boas propriedades<br />
magnéticas, estabilidade térmica<br />
e uma elevada magnetização de<br />
saturação, de alta permeabilidade,<br />
baixa coercitividade e perda,<br />
que encontram suas aplicações no<br />
sistema antirroubo segurança, eletrônica<br />
de potência, dispositivos de<br />
telecomunicações e magnetismo<br />
automotivos [9]. As ligas amorfas<br />
à base de Fe-Si-B e Co-Nb-B apresentam<br />
excelentes propriedades<br />
magnéticas macias [10].<br />
Similarmente algumas ligas baseadas<br />
em ligas amorfas e ligas<br />
amorfas de grande volume<br />
(BMGs) como Co-Nb-B consistem<br />
em ligação covalente formado por<br />
elemento metalóide (B) e um elemento<br />
de metal de transição com<br />
alto módulo de elasticidade (Co).<br />
Além disso, uma vez que Nb e B<br />
têm entalpia negativa de mistura<br />
com o elemento constituinte na<br />
maioria o Co [11]. Neste trabalho,<br />
estudou-se a caracterização desta<br />
liga amorfa do tipo Co67Nb25B18<br />
através do processo de moagem<br />
alta energia. O estudo de caracterização<br />
foi DRX - Difração de Raios<br />
X ,Microscopia eletrônica de varredura<br />
(MEV) e espectroscopia de<br />
energia dispersiva (EDS).<br />
Materiais e Métodos<br />
Os pós dos elementos Cobalto,<br />
Nióbio e Boro, conforme a sua<br />
granulometria (peneira de 100<br />
mechas), tendo uma pureza de<br />
99,99% cada um dos elementos,<br />
Os pós de Cobalto e Boro foram<br />
obtidos comercialmente da Aldrich<br />
Chemical Company. O pó<br />
de Nióbio foi doado pela CBMM -<br />
Companhia Brasileira de Metalurgia<br />
e Mineração. De acordo com o<br />
fabricante o nióbio com diâmetro<br />
médio de 100 μm foi obtido por<br />
hidretação, seguida de moagem e<br />
posterior desidretação. Os pós elementares,<br />
foram pesados nas proporções<br />
adequadas à composição<br />
(Co67Nb25B18) e homogeneizados<br />
mecanicamente e os componentes<br />
foram pesados em uma balança<br />
de precisão, Micronal B4000 com<br />
resolução de 10-2g obtendo-se as<br />
composições nominais.<br />
Revista Analytica | Dez/Jan 2021<br />
9
Artigo 1<br />
Os pós elementares foram pesados<br />
na proporção, na relação bola/pó<br />
determinada foi de 20:1, indicando<br />
assim o peso total da amostra, 25g,<br />
como também o peso das esferas<br />
de aço cromo, com três tamanhos<br />
diferentes (6 esferas de 20mm, 4<br />
esferas de 15mm e 6 esferas de 10<br />
mm), perfazendo um total de 225g<br />
de esferas, utilizando um moinho<br />
do tipo planetário. As coletas foram<br />
feitas em intervalos de 1, 5, 10<br />
e 15 horas de processamento.Este<br />
material foi colocado em uma jarra<br />
de aço de alta dureza, a qual foi<br />
selada para obtenção de vácuo de<br />
5∙10-2 mbar, prevenindo possível<br />
contaminação dos pós. A jarra com<br />
os a mistura dos pós-elementares<br />
foi então colocada em um moinho<br />
planetário, moinho planetário Modelo:<br />
NQM2L Mill Pulverizer onde<br />
foi moído inicialmente por 5h, com<br />
rotação de 300 RPM.<br />
após a amostra ter sido revestido<br />
com fina camada de ouro depositada<br />
em vácuo, a fim de melhorar<br />
o contraste da imagem.<br />
Resultados e Discussão<br />
Difração de raios X<br />
A Figura 1 apresenta os padrões de difração<br />
de raios-x (DRX) dos pós moídos<br />
em função do tempo de moagem. A<br />
verificação de um halo de difração bastante<br />
definido indica a presença prioritária<br />
de fase amorfa em 45º [12].<br />
Depois de 1 hora de moagem, observou-se<br />
que todos os picos do<br />
Cobalto puro diminuíram drasticamente<br />
de intensidade em contraste<br />
com a mistura inicial, e depois de 5<br />
h de moagem, a maioria dos picos<br />
do Co puro já tinham desaparecido<br />
e as intensidades dos picos do Nb<br />
diminuíram drasticamente de intensidade.<br />
Os dois últimos padrões<br />
de difração de raios-x mostrados<br />
nos difratogramas correspondem às<br />
ligas dos pós de Co67Nb25B18 depois<br />
de 10-15 h de tratamento por<br />
moagem de alta energia. Os pós<br />
eram amorfos para a faixa de tempo<br />
entre 10 e 15 h quer para condições<br />
de moagem com 2 e 3 tamanhos de<br />
esferas e velocidade 300 RPM. Entretanto,<br />
para a amostra moída com<br />
a velocidade de 300 RPM (nível de<br />
alta energia), o surgimento da fase<br />
amorfa e o acréscimo das fases ricas<br />
em Co e Nb foram abruptos e estabilizando<br />
em 15 horas de moagem<br />
e com o surgimento de fase amorfa<br />
desejável, indicando que o estado<br />
sólido já estaria completo naquele<br />
instante. Um processo de reação do<br />
estado sólido adicional permite que<br />
o Boro se difunde no Co-Nb, formando<br />
Co-Nb-B amorfo.<br />
10<br />
Revista Analytica | Dez/Jan 2021<br />
Para a identificação das fases<br />
da liga a amorfa Co67Nb25B18, foi<br />
usado um difratômetro Shimadzu<br />
XRD 6000, utilizando radiação de<br />
CuKα (λ = 1,54056 Å). As medidas<br />
foram tomadas para uma ampla<br />
gama de ângulos de difração<br />
(2θ) que variam de 0° a 180° com<br />
passo angular de 0,05º e com<br />
tempo de contagem por ponto<br />
igual a 4 s. A análise em MEV/<br />
EDS foi realizada com um SHIMA-<br />
DZU SUPERSCAN SSX-550 com<br />
uma tensão de aceleração de 0,5<br />
a 30kV com uma etapa de 10V,<br />
Figura 1. Padrões de DRX do pó de Co67Nb25B18 por moagem<br />
de alta energia nos tempos (1, 5, 10 e 15 h).
Imagem Ilustrativa<br />
Microscopia eletrônica de varredura<br />
e EDS<br />
A Figura 2 respectivamente mostra<br />
o pó da liga amorfa Co67Nb25B18, o<br />
resultado da Micrografia eletrônica<br />
da amostra obtida por Microscopia<br />
Eletrônica de Varredura com uma<br />
morfologia com pequenos cristais<br />
irregulares bem facetados e<br />
tamanhos de partículas bastante<br />
homogêneos.<br />
Figura 2. Micrografia eletrônica obtida por MEV da<br />
liga amorfa Co 67Nb 25B 18 pequenos cristais irregulares<br />
bem facetados.<br />
Os tamanhos das partículas lamelares<br />
ricas em óxidos obtidas<br />
através dos pós estão abaixo de<br />
20μm. A influência do B, na dinâmica<br />
do crescimento da fase<br />
amorfa e acréscimo das fases ricas<br />
em nióbio e cobalto tem uma<br />
influência direta no refino da microestrutura<br />
[13]. O surgimento<br />
de frações da fase amorfa logo<br />
nos estágios iniciais da moagem<br />
de alta energia está ligado com a<br />
complexação do B com das fases<br />
ricas de Cobalto e Nióbio em solução<br />
intermetálica, é visto nitidamente<br />
quando moído em 300<br />
RPM em 15 horas no micrógrafos<br />
de MEV em pequenos cristais irregulares<br />
bem facetados.<br />
A Figura 4 apresenta, espectro de<br />
EDS da liga amorfa Co 67 Nb 25 B 18 ,<br />
concentrações de Cobalto, Nióbio<br />
e Boro com a presença pequena<br />
quantidades de Oxigênio que<br />
possibilita a formação de óxidos<br />
em sua superfície e presença de<br />
B acoplado para surgimentos de<br />
composto de boratos.<br />
O Boro pode se combinar tanto<br />
com elementos metálicos quanto<br />
não metálicos, para formando<br />
compostos covalentes, já que em<br />
nenhum caso dá origem a estados<br />
iônicos, cátions (íons de carga<br />
positiva) ou ânions (íons de<br />
carga negativa). Devido ao fato,<br />
Figura 4. Espectro de EDS da liga amorfa Co 67Nb 25B 18.<br />
que as ligas amorfas se complexam<br />
com atrizes vítreas a base de<br />
óxido de boro vem sendo investigadas<br />
para potenciais aplicações.<br />
Uma grande diversidade de unidades<br />
estruturais compõe a rede<br />
vítrea formada por vidros a base<br />
de boro, favorecendo a aceitação<br />
de ampla quantidade de dopantes<br />
terras raras ou metais de<br />
transição para obtenção de ligas<br />
amorfas.<br />
O oxigênio se complexa se complexa<br />
com Co, Nb e B que possibilita<br />
a reação peritética de estado<br />
sólido com fase amorfas ricas em<br />
óxido metálicos e intermetálico<br />
[14].<br />
Revista Analytica | Dez/Jan 2021<br />
11
Artigo 1<br />
Conclusão<br />
• No difratogramas de DRX, é possível<br />
a verificação de um halo de<br />
difração bastante definido indica<br />
a presença prioritária de fase<br />
amorfa em 45ºda liga amorfa<br />
Co66Nb22B12;<br />
• Análise do MEV mostra a morfologia<br />
formação de finas camadas de<br />
partículas lamelares em formato de<br />
placas e irregulares alta porosidade<br />
devido ao processo de amorfização<br />
da liga na fase amorfa;<br />
• A influência do B, na dinâmica do<br />
crescimento da fase amorfa e acréscimo<br />
das fases ricas em nióbio e cobalto<br />
tem uma influência direta no<br />
refino da microestrutura com velocidade<br />
de 300RPM, revelando a fase<br />
amorfa com partículas lamelares de<br />
tamanho de 20μm;<br />
• No EDS mostra maiores concentrações<br />
de Co e Nb, se complexando<br />
com O e com B; sendo o B o agente<br />
amorfizador.<br />
Agradecimentos<br />
O autor agradece a Central Analítica<br />
de Química-UFPE e a CBMM.<br />
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Materialia 48(1). p.279–306, 2000.<br />
12<br />
Revista Analytica | Dez/Jan 2021
Complemento Normativo - Artigo 1<br />
Referente ao artigo 1<br />
Disponibilizado por Analytica em parceria com Arena Técnica<br />
Estudo da Fase Amorfa Na Liga Co 67 Nb 25 B 18<br />
ABNT NBR 15891-3<br />
Implantes para cirurgia – Resinas Absorvíveis Parte 3: Requisitos para<br />
resinas virgens amorfas de poli(lactato) e poli(lactate-coglicolato)<br />
Norma publicada em: 10/2020. / Status: Vigente.<br />
Classificação 1: Implantes cirúrgicos, próteses e orteses<br />
Classificação 2: Norma recomendada.<br />
Artigo: ESTUDO DA FASE AMORFA NA LIGA Co 67 Nb 25 B 18<br />
Entidade: ABNT<br />
País de procedência/Região: Brasil.<br />
https://www.abntcatalogo.com.br/norma.aspx?ID=458039<br />
DIN 8593-4<br />
Manufacturing processes joining - Part 4: Joining by processing of amorphous<br />
materials; Classification, subdivision, terms and definitions<br />
Norma publicada em: 09/2003. / Status: Vigente.<br />
Classificação 1: Norma recomendada.<br />
Artigo: ESTUDO DA FASE AMORFA NA LIGA Co 67 Nb 25 B 18<br />
Entidade: DIN<br />
País de procedência/Região: Alemanha.<br />
JIS C 2534<br />
Fe-based amorphous strip deliverd in the semi-processed state<br />
Norma publicada em: 03/2017. / Status: Vigente.<br />
Classificação 1: Norma recomendada.<br />
Artigo: ESTUDO DA FASE AMORFA NA LIGA Co 67 Nb 25 B 18<br />
Entidade: JIS<br />
País de procedência/Região: Japão.<br />
https://webdesk.jsa.or.jp/books/W11M0090/index/?bunsyo_id=JIS+-<br />
C+2534%3A2017<br />
DIN EN 1330-11<br />
Non-destructive testing - Terminology - Part 11: Terms used in X-ray diffraction<br />
from polycristalline and amorphous materials<br />
Norma publicada em: 09/2007. / Status: Vigente.<br />
Classificação 1: Norma recomendada.<br />
Artigo: ESTUDO DA FASE AMORFA NA LIGA Co 67 Nb 25 B 18<br />
Entidade: DIN<br />
País de procedência/Região: Alemanha.<br />
https://www.beuth.de/en/standard/din-en-1330-11/94561823<br />
JIS H 7004<br />
Glossary of terms used in amorphous metals<br />
Norma publicada em: 10/1990. / Status: Vigente.<br />
Classificação 1: Norma recomendada.<br />
Artigo: ESTUDO DA FASE AMORFA NA LIGA Co 67 Nb 25 B 18<br />
Entidade: JIS<br />
País de procedência/Região: Japão.<br />
https://webdesk.jsa.or.jp/books/W11M0090/index/?bunsyo_id=-<br />
JIS+H+7004%3A1990<br />
IEC 60404-8-11<br />
Magnetic materials - Part 8-11: Specifications for individual materials -<br />
Fe-based amorphous strip delivered in the semi-processed state<br />
Norma publicada em: 03/2018. / Status: Vigente.<br />
Classificação 1: Norma recomendada.<br />
Artigo: ESTUDO DA FASE AMORFA NA LIGA Co 67 Nb 25 B 18<br />
Entidade: IEC<br />
País de procedência/Região: Suiça.<br />
https://webstore.iec.ch/publication/27015<br />
IEC 60404-16<br />
Magnetic materials - Part 16: Methods of measurement of the magnetic<br />
properties of Fe-based amorphous strip by means of a single sheet tester<br />
Norma publicada em: 03/2018. / Status: Vigente.<br />
Classificação 1: Norma recomendada.<br />
Artigo: ESTUDO DA FASE AMORFA NA LIGA Co 67 Nb 25 B 18<br />
Entidade: IEC<br />
País de procedência/Região: Suiça.<br />
https://webstore.iec.ch/publication/29011<br />
ASTM E2186<br />
Standard Guide for Determining DNA Single-Strand Damage in Eukaryotic<br />
Cells Using the Comet Assay<br />
Norma publicada em: 01/2002. / Status: Vigente.<br />
Classificação 1: Norma recomendada.<br />
Artigo: ESTUDO DA FASE AMORFA NA LIGA Co 67 Nb 25 B 18<br />
Entidade: ASTM<br />
País de procedência/Região: EUA.<br />
https://www.astm.org/Standards/E2186.htm<br />
Revista Analytica | Dez/Jan 2021<br />
13
Artigo 2<br />
Autores:<br />
Adrian Ricardo da Silva¹, Pamela Freitas Ferreira¹, Wagner Belão Silva¹,<br />
Marcos Roberto Ruiz¹*, Paulo Roberto da Silva Ribeiro¹,<br />
Daniele de Lacassa Leite¹.<br />
1Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial - SENAI “Santo Paschoal Crepaldi” Presidente<br />
Prudente-SP. E-mail para correspondência: *marcos.ruiz@sp.senai.br<br />
Imagem Ilustrativa<br />
COMPÓSITO SIGeRe<br />
16<br />
Revista Analytica | Dez/Jan 2021<br />
Resumo<br />
O gesso de ampla aplicação na construção civil, juntamente<br />
com as cinzas obtidas na queima do bagaço<br />
da cana-de-açúcar e uma resina fenólica modificada<br />
complementam a formulação desse novo compósito,<br />
que foi denominado SIGERE. Sendo possível oferecer<br />
um destino mais conveniente para esse resíduo<br />
(cinzas), já que ele possui em sua composição altas<br />
quantidades de dióxido de silício. A resina foi escolhida<br />
com o propósito de impermeabilizar o material<br />
e proporcionar aglutinação. O compósito foi<br />
desenvolvido através da homogeneização da base<br />
de gesso com adição de concentrações pré-definidas<br />
de cinzas, tendo como granulometria de 200 mesh<br />
e pequenos volumes de resina, variando entre 1 e<br />
2mL aproximadamente. Através deste método seria<br />
possível proporcionar ao gesso uma melhoria em<br />
suas características e propriedades já que as cinzas<br />
podem ocasionar o efeito filler e atividade pozolânica<br />
no mesmo, além de proporcionar um melhor e efetivo<br />
destino para esse resíduo industrial. Estes efeitos<br />
dependem diretamente da qualidade das cinzas do<br />
bagaço da cana de açúcar, variando de acordo com<br />
a temperatura e tempo de queima e a granulometria<br />
das cinzas. Em relação ao efeito físico (filler), se relaciona<br />
ao tamanho das partículas, onde os menores<br />
preenchem os vãos entre partículas maiores, reduzindo<br />
a porosidade do produto. O efeito pozolânico<br />
(químico) acontece quando há reação dos minerais<br />
adicionados em meio aquoso com hidróxido de cálcio<br />
(Ca(OH)2), originando compostos com alto potencial<br />
aglomerante e estáveis como os aluminatos e silicatos<br />
de cálcio hidratado (C-S-H). Todavia, tal efeito<br />
depende que a sílica ea alumina não apresentem alto<br />
grau de cristalinidade. Visando produzir um material<br />
inovador foram realizados diversos ensaios, com intuito<br />
de estabelecer uma formulação eficaz que possa<br />
oferecer uma maior resistência e eventualmente<br />
substituindo o gesso puro em suas aplicações, como<br />
por exemplo, em decorações. Durante a execução do<br />
projeto, foram produzidas peças do compósito com<br />
diferentes porcentagens de cinzas, e cada formulação<br />
foi testado o grau de resistência e a dureza. Através<br />
dos resultados foi possível identificar a quantidade<br />
máxima de cinzas adicionada no compósito mantendo<br />
o mesmo com uma qualidade satisfatória.
Introdução:<br />
A transformação do gesso pode<br />
ção química de desidratação deste<br />
Os materiais de construção sofrem<br />
transformações constantemente,<br />
onde estas suprem os padrões<br />
de beleza modernos, todavia,<br />
ser exemplificado através do esquema<br />
representado abaixo:<br />
Figura 1: Diagrama de blocos do processo de<br />
mineração e produção do gesso.<br />
mineral, como se segue abaixo:[1]<br />
Equação de desidratação da gipsita:<br />
CaSO4.2H2O + Calor CaSO4.1/2H2O + 1/2 H2O<br />
se focalizando em uma busca, por<br />
um material que possa ser cada vez<br />
Sua retirada da natureza não afeta<br />
mais adaptável as aplicabilidades<br />
a superfície e não gera descarte de<br />
contemporâneas, proporcionando<br />
assim a estes uma maior durabilidade<br />
com o tempo.<br />
resíduos tóxicos, pelo contrário, as<br />
fabricas de derivados da gipsita são<br />
instalações limpas, liberando so-<br />
Mantendo a mesma perspectiva,<br />
o gesso vem ganhando um espaço<br />
mente vapor de água para atmosfera.<br />
Podendo se produzir de modo<br />
cada vez maior na construção civil,<br />
alternativo pela reciclagem do ges-<br />
esse aumento no consumo é justificado<br />
pelas boas características,<br />
aplicações, propriedades e custo.<br />
O gesso é produzido à partir da<br />
mineração e calcinação da rocha<br />
sedimentar gipsita, mineral no<br />
qual se forma por meio de processos<br />
naturais da evaporação do mar,<br />
fato que justifica sua grande abun-<br />
É composto principalmente por<br />
sulfato de cálcio hidratado, onde<br />
é comercializado na forma pulverulento<br />
(pó), possuindo coloração<br />
branca, onde sua aplicação se<br />
efetiva por meio de sua hidratação<br />
em um processo exotérmico, atri-<br />
so químico ou fosfogesso originado<br />
pela dessulfurizarão de chaminés<br />
de queima de carvão com cal hidratada.<br />
Todavia tais processos não são<br />
relevantes no Brasil. [4]<br />
Propriedades como endurecimento<br />
rápido, baixa espessura<br />
dância na superfície. É um mineral<br />
compacto com baixa dureza, onde<br />
é insolúvel em água e solúvel em<br />
ácido clorídrico (HCl).<br />
buindo assim um produto rijo e<br />
não hidráulico. [4]<br />
Este material possui como fórmu-<br />
correspondente a do cimento,<br />
pega e estabilidade volumétrica<br />
junto há um reduzido poder retração<br />
é o que garante um desempe-<br />
Os estados de Pernambuco, Ceará<br />
e Piauí são os principais polos gesseiros<br />
no Brasil.<br />
la química (CaSO4.½H2O), onde o<br />
processo de calcinação da gipsita<br />
pode ser descrito por meio da equa-<br />
nho satisfatório, quando o gesso<br />
é aplicado como aglomerante em<br />
revestimentos. [1] [4]<br />
Revista Analytica | Dez/Jan 2021<br />
17
Artigo 2<br />
18<br />
Revista Analytica | Dez/Jan 2021<br />
Sem contar que os revestimentos<br />
e paredes em gesso por apresentarem<br />
propriedades de absorção e<br />
liberação de umidade conferem ao<br />
ambiente um equilíbrio higroscópico,<br />
atuando também como um<br />
inibidor de propagação de chamas,<br />
liberando moléculas de água quando<br />
em contato com o fogo. [1] [4]<br />
Mesmo este aglomerante sendo<br />
uma ótima escolha, seu uso fica<br />
restrito a ambientes onde não haja<br />
contato direto e constante com<br />
água, devido a sua solubilidade e<br />
derivados sendo de 1,8g/L, fato<br />
que pode ocasionar diminuição da<br />
resistência dos pré-moldados de<br />
gesso, devido ao grau de umidade<br />
absorvido. Alto poder oxidante<br />
quando em contato com materiais<br />
ferrosos e poder expansivos das<br />
moléculas de etringita formadas<br />
pela associação do gesso com o<br />
cimento em fase de hidratação, são<br />
outros problemas que o gesso pode<br />
estar sofrendo. [1] [4]<br />
Seguindo esta linha de pesquisa e sos ensaios com proporções distintas<br />
do resíduo, para posteriormente<br />
oportunidade de negócio, foi definida<br />
a importância de melhorar suas realizar testes de resistência no<br />
propriedades com adição de um resíduo<br />
industrial, sendo escolhida a sar qual proporção apresentou me-<br />
durômetro, para ser possível anali-<br />
cinza gerada na queima do bagaço lhor eficiência na mistura.<br />
da cana de açúcar. O novo compósito<br />
foi produzido adicionando em sua Metodologia:<br />
composição às cinzas do bagaço da O desenvolvimento do compósito<br />
cana de açúcar, para proporcionar ao necessitou da realização de ensaios<br />
mesmo uma resistência maior a choques,<br />
através de dois efeitos, sendo e das cinzas do bagaço da cana-de-<br />
com proporções distintas de gesso<br />
eles o efeito filler e atividade pozolânica,<br />
podendo variar suas caracterís-<br />
de dureza no durômetro, com fina-<br />
-açúcar, para poder realizar testes<br />
ticas de acordo com a qualidade das lidade de constatar se houve alguma<br />
mudança na resistência do ges-<br />
cinzas utilizadas.<br />
so. Sendo necessária previamente<br />
Para a comprovação real da eficiência<br />
da adição da sílica presente possíveis causas de futuros proble-<br />
a realização de levantamentos de<br />
nas cinzas, foram realizados divermas,<br />
como se segue na Figura 2.<br />
Figura 2: Diagrama de Ishikawa produção do compósito SIGERE.
Ao todo foram realizados seis tes-<br />
Tabela 1: Porcentagens de cinzas do bagaço de cana-de-açúcar utilizadas na produção do compósito.<br />
tes, com intuito de estipular um<br />
limite de adição das cinzas, chegando<br />
a uma proporção máxima de<br />
20%, já que os outros dois ensaios<br />
elaborados (25% e 30%) não proporcionaram<br />
a peça de gesso uma<br />
mistura efetiva e homogênea, fato<br />
que ocasionou seu rompimento<br />
muito fácil. Em todos os testes,<br />
foi adicionado na mistura resina<br />
fenólica, em quantidades proporcionais,<br />
onde teve a função de unir<br />
as moléculas e impermeabilizar<br />
o material, tendo um papel desta<br />
forma, de aglutinação. As matérias-<br />
-primas empregadas foram o gesso,<br />
Cinzas do bagaço da cana-de-açúcar<br />
(SiO 2 ), água e resina fenólica<br />
modificada. Foram realizados seis<br />
ensaios com diferentes formulações<br />
segue na Tabela 1.<br />
Resultados:<br />
Com a execução das preparações<br />
gesso, tendo um tom cada vez mais<br />
próximo do acinzentado. Após adequar<br />
as peças, elas foram submetidas<br />
individualmente a uma sequência<br />
de cinco medidas no equipamento<br />
duromêtro da marca Mitutoyo, para<br />
serem posteriormente analisados<br />
os resultados e consequentemente<br />
estipular uma média, para que de<br />
fato seja possível verificar alguma<br />
mudança real na peça.<br />
Quando comparados os dados<br />
dos ensaios é notável que a peça<br />
mostrou-se mais resistente, sendo<br />
possível concluir, que poderá suportar<br />
as ações do tempo mais do<br />
que a peça somente com o gesso<br />
comum, já que as peças feitas com<br />
o compósito também se mostra-<br />
peça, podendo desta forma, confirmar<br />
que seja possível utilizá-lo em<br />
áreas externas.<br />
Através dos ensaios físico-mecânicos,<br />
foi possível concluir que o<br />
compósito pode suportar uma carga<br />
superior a materiais constituídos<br />
apenas com gesso, a sílica presente<br />
na cinza, confere uma carga mecânica<br />
muito interessante, e que pode<br />
ser explorada em pesquisas futuras.<br />
As concentrações de 5% e 20%,<br />
apresentaram os melhores resultados<br />
nos ensaios mecânicos de<br />
dureza, a Tabela 2 apresenta as<br />
medidas de dureza paras essas<br />
duas concentrações.<br />
das peças de gesso com proporções<br />
distintas, foi notável uma gradual<br />
modificação na tonalidade da cor do<br />
ram resistentes a água, fato que se<br />
deve ao uso da resina fenólica, que<br />
possivelmente impermeabilizou a<br />
A Figura 1 apresenta a pesagem dos<br />
materiais para a síntese do compósito,<br />
a Figura 2 a preparação do com-<br />
Revista Analytica | Dez/Jan 2021<br />
19
Artigo 2<br />
pósito e a Figura 3 o equipamento<br />
de medida da dureza do material e a<br />
Figura 4, o compósito produzido em<br />
formas de placas de gesso 3D.<br />
Conclusão:<br />
Os testes realizados descrevem o<br />
total potencial do compósito SiGe-<br />
Re, é possível constatar que as cinzas<br />
da queima do bagaço da cana<br />
de açúcar foram responsáveis por<br />
mudanças significativas na peça de<br />
gesso, devido a presença do dióxido<br />
de silício. O silício possui uma<br />
propriedade de carga de reforço<br />
mecânico no compósito, tornando<br />
as placas de gesso mais resistentes<br />
e consequentemente direciona de<br />
forma ecologicamente correta este<br />
resíduo, que o Brasil gera por volta<br />
de 1.200.000 toneladas por ano.<br />
Tabela 2: Testes realizados no durômetro:<br />
Figura 1: Compósito produzido com 5% de<br />
cinzas da queima do bagaço de cana-de-açúcar.<br />
Figura 3: Equipamento Durômetro Mitutoyo.<br />
Figura 2: Preparação do compósito SiGeRe<br />
Figura 4: Placa do SiGeRe produzida em forma de gesso 3D.<br />
20<br />
Revista Analytica | Dez/Jan 2021<br />
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Complemento Normativo - Artigo 2<br />
Referente ao artigo 2<br />
Disponibilizado por Analytica em parceria com Arena Técnica<br />
COMPÓSITO SiGeRe<br />
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Building and civil engineering. Vocabulary. Work<br />
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Norma publicada em: 08/2007. / Status: Vigente.<br />
Classificação 1: Norma recomendada.<br />
Artigo: COMPÓSITO SiGeRe<br />
Entidade: BSI<br />
País de procedência/Região: Reino Unido.<br />
https://shop.bsigroup.com/ProductDetail?pid=000000000030171887<br />
ABNT NBR 15217<br />
Perfilados de aço para sistemas construtivos em<br />
chapas de gesso para drywall - Requisitos e métodos<br />
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Norma publicada em: 02/2018. / Status: Vigente.<br />
Classificação 1: Norma recomendada.<br />
Artigo: COMPÓSITO SiGeRe<br />
Entidade: ABNT<br />
País de procedência/Região: Brasil.<br />
ABNT NBR 16497<br />
Placa mineralizada de gesso para forro removível<br />
modular — Requisitos<br />
Norma publicada em: 10/2016. / Status: Vigente.<br />
Classificação 1: Norma recomendada.<br />
Artigo: COMPÓSITO SiGeRe<br />
Entidade: ABNT<br />
País de procedência/Região: Brasil.<br />
ABNT NBR 16519<br />
Placa mineralizada de gesso para forro removível<br />
modular suspenso - Métodos de ensaio<br />
Norma publicada em: 10/2016. / Status: Vigente.<br />
Classificação 1: Norma recomendada.<br />
Artigo: COMPÓSITO SiGeRe<br />
Entidade: ABNT<br />
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ABNT NBR 16574<br />
Gesso-cola — União de elementos pré-fabricados<br />
de gesso — Método de ensaio<br />
Norma publicada em: 01/2017. / Status: Vigente.<br />
Classificação 1: Norma recomendada.<br />
Artigo: COMPÓSITO SiGeRe<br />
Entidade: ABNT<br />
País de procedência/Região: Brasil.<br />
ABNT NBR 16832<br />
Sistemas construtivos em chapas de gesso para<br />
drywall — Lãs de PET para isolamento térmico e<br />
acústico — Requisitos e métodos de ensaio<br />
Norma publicada em: 08/2020. / Status: Vigente.<br />
Classificação 1: Norma recomendada.<br />
Artigo: COMPÓSITO SiGeRe<br />
Entidade: ABNT<br />
País de procedência/Região: Brasil.<br />
ABNT NBR 16689<br />
Gesso modificado - Métodos de ensaio<br />
Norma publicada em: 11/2019. / Status: Vigente.<br />
Classificação 1: Norma recomendada.<br />
Artigo: COMPÓSITO SiGeRe<br />
Entidade: ABNT<br />
País de procedência/Região: Brasil.<br />
Revista Analytica | Dez/Jan 2021<br />
21
Resíduos Indústriais<br />
RESÍDUOS DAS INDÚSTRIAS DE TRANSFORMAÇÃO<br />
Por: Prof. Dr. Marcos Roberto Ruiz<br />
22<br />
Revista Analytica | Dez/Jan 2021<br />
O desenvolvimento da população<br />
mundial, somado ao aumento<br />
do poder aquisitivo da sociedade<br />
nos últimos anos tem contribuído<br />
para um consumo muito elevado<br />
dos produtos industrializados,<br />
gerando um volume muito grande<br />
de resíduos. Uma parte destes<br />
resíduos pode ser reciclada,<br />
todavia, é de conhecimento que<br />
o percentual de aproveitamento<br />
ainda é muito baixo. Observa-<br />
-se uma grande quantidade de<br />
resíduos industriais que não são<br />
reciclados, sendo direcionados<br />
para aterros industriais causando<br />
prejuízos econômicos e impactos<br />
ambientais. O reaproveitamento<br />
de resíduos não-recicláveis vem<br />
crescendo muito nos últimos<br />
anos, muitas pesquisas tratam<br />
esse assunto que é de grande interesse<br />
da sociedade.<br />
Um fato que não corrobora para<br />
a implantação de um sistema otimizado<br />
de direcionamento dos<br />
resíduos é a logística de remoção<br />
e transporte, no que tange os<br />
custos envolvidos e os interesses<br />
econômicos. Uma solução muito<br />
viável seria a instalação das<br />
indústrias que utilizariam esses<br />
resíduos, nas vizinhanças das geradoras<br />
de resíduos.<br />
Nos anos de 2010 a 2014 desenvolvi<br />
minha tese de doutorado<br />
utilizando resíduo sólido de couro<br />
para produzir um novo compósito.<br />
A fabricação do couro que ocorre<br />
através da transformação das<br />
peles de animais em material<br />
imputrescível, implica em uma<br />
série de etapas denominadas de<br />
processos (mudanças ocorridas<br />
mediante reações químicas) e<br />
operações (etapas mecânicas)[i].<br />
Dados estatísticos de uma produção<br />
de 3000 couros por dia estão<br />
apresentados na Figura 1, números<br />
revelam uma quantidade<br />
imensa de resíduo sólido gerado<br />
nas operações mecânicas.<br />
Para esta produção é gerado<br />
4,73 toneladas de resíduos sólidos,<br />
considerando a densidade<br />
do couro wet blue que é aproximadamente<br />
0,25 g/cm3, obtemos<br />
um volume igual a 18,93 m3<br />
de resíduos sólidos, por dia, que<br />
até hoje é direcionado para aterros<br />
industriais regulamentados<br />
e apropriados para receber esse<br />
tipo de resíduo.<br />
Este resíduo segundo a ABNT/<br />
NBR-10.004 é classificado como<br />
Figura 1: Quantidades de resíduos sólidos gerados em uma<br />
planta de Curtimento de Couro.<br />
classe I perigoso, possui pH ácido<br />
e presença de cromo trivalente<br />
(Cr+3) em média 3,5%, e de<br />
acordo com condições como exposição<br />
à acidez excessiva, temperatura<br />
e agentes químicos oxidantes<br />
pode resultar na produção<br />
de cromo hexavalente (Cr+6)<br />
que possui elevado potencial de<br />
contaminação cutânea e também<br />
pode promover alterações celulares<br />
causando diversos tipos de<br />
cânceres[ii]. Entretanto, nos aterros<br />
regulamentados esse risco é<br />
inexistente.<br />
A solução proposta foi utilizar<br />
este resíduo juntamente<br />
com a borracha natural e negro<br />
de carbono para produzir um<br />
compósito denominado BN/NF/<br />
Couro, com aplicação em pisos
Resíduos Indústriais<br />
e revestimento antiestático (Patente<br />
INPI BR102015001534 8).<br />
O material foi desenvolvido e caracterizado<br />
em variados ensaios<br />
físico-químicos, principalmente<br />
de lixiviação e solubilização<br />
para garantir que o metal cromo<br />
ficaria inerte no compósito.<br />
O potencial de condutividade<br />
apresentado pelo compósito é<br />
equivalente a materiais semicondutores,<br />
com importante<br />
aplicação na dissipação de carga<br />
estática [iii].<br />
A Tabela 1 e a Figura 2 apresenta<br />
os resultados de lixiviação e propriedade<br />
elétrica do compósito.<br />
Tabela 1: Concentração de metais no lixiviado das amostras<br />
BN/NF/Couro 60 phr.<br />
Figura 2: Corrente elétrica versus curvas tensão obtida a 273<br />
K e normalizada pelo fator geométrico para os compósitos<br />
BN/NF/Couro.<br />
Referencias<br />
[i] ABQTIC. Fazendo das Tripas Couro. Estância Velha: ABQTIC, 1996.<br />
[ii] MIRANDA FILHO, A. L.; MOTA, A. K. M.; CRUZ, C. C.; MATIAS,<br />
C. A. R; FERREIRA, A. P. Cromo hexavalente em peixes oriundos da<br />
Baía de Sepetiba no Rio de Janeiro, Brasil: uma avaliação de risco à<br />
saúde humana. Ambi-Agua, Taubaté, v. 6, n. 3, p. 200-209, 2011.<br />
[iii] Ruiz, M. R., Budemberg, E. R., da Cunha, G. P., Bellucci, F. S., da<br />
Cunha, H. N. and Job, A. E. (2015), An innovative material based on<br />
natural rubber and leather tannery waste to be applied as antistatic<br />
flooring. J. Appl. Polym. Sci., 132, 41297, doi: 10.1002/app.41297.<br />
Como exemplo do citado anteriormente,<br />
a implantação da<br />
indústria de produção do revestimento<br />
antiestático próximo a<br />
regiões de alta concentração de<br />
curtumes contribuirá para redução<br />
do passivo ambiental, e implementará<br />
o setor econômico,<br />
destinando este resíduo sem ônus<br />
e com perspectiva de valorização,<br />
fechando o círculo da cadeia produtiva<br />
do couro.<br />
Fonte: Amazon.com<br />
Fonte: https://auin.unesp.br/tecnologias/68/composito-antiestatico-produzido-com-resíduo-industrial-de-couro-para-aplicação-como-piso-e-revestimento/eng<br />
Prof. Dr. Marcos Roberto Ruiz<br />
Químico, Mestre em Química Analítica e Doutor em Ciência e Tecnologia dos Materiais, docente do Curso Técnico em Química do SENAI-<br />
SP, com atuação no desenvolvimento de Projetos Inovadores.<br />
E-mail: marcos.ruiz@sp.senai.br<br />
Revista Analytica | Dez/Jan 2021<br />
23
Espectrometria de Massa<br />
O ESPECTRO DE MASSAS NA ESPECTROMETRIA DE MASSAS<br />
Por Oscar Vega Bustillos*<br />
24<br />
Revista Analytica | Dez/Jan 2021<br />
O espectro de massas é a representação<br />
gráfica de uma análise química<br />
processada por um espectrômetro de<br />
massas. O espectro depende da forma<br />
como foi ionizado o analito dentro<br />
da “Fonte de íons”, se foi via ionização<br />
por impacto de elétrons EI, ionização<br />
química CI, eletro nebulização ESI,<br />
MALDI, ICP entre outros. Também depende<br />
do “Analisador” utilizado, se foi<br />
quadrupolo, eletromagnético ou TOF e<br />
finalmente depende também do “Detector<br />
de íons”, se foi copo de Faraday,<br />
multiplicador de íons, fotomultiplicadora<br />
ou multicanal. Certamente a escolha<br />
destas opções está relacionada à<br />
análise química que o analista deseja.<br />
Geralmente é escolhida tendo como<br />
base a análise química orgânica, inorgânica<br />
ou isotópica.<br />
O primeiro espectro de massas<br />
de varredura foi desenhado por J.J.<br />
Thomson. Ele estava insatisfeito com<br />
seu método fotográfico de registro<br />
das parábolas. O problema era que<br />
as espécies iônicas leves penetraram<br />
profundamente no filme fotográfico,<br />
causando uma quantidade desproporcional<br />
de escurecimento e os íons<br />
mais pesados causavam um efeito<br />
contrário, tornando as estimativas<br />
quantitativas das intensidades do<br />
feixe de íons, impraticáveis. Ele resolveu<br />
esse problema construindo<br />
uma fenda no tubo onde o filme fotográfico<br />
normalmente ficava. Atrás<br />
dessa fenda instalou um copo de<br />
Faraday que coletava a carga iônica.<br />
A intensidade da carga foi estimada<br />
observando o tempo que um eletroscópio<br />
carregado, levava para descarregar.<br />
Mudando lentamente o campo<br />
magnético, os feixes de íons podiam<br />
ser posicionados, um de cada vez, na<br />
fenda e suas intensidades registradas.<br />
A partir destes resultados, ele plotou<br />
a intensidade dos íons em relação à<br />
massa relativa. Desta forma Thomson<br />
inventou o primeiro espectrômetro<br />
de massa de varredura do mundo.<br />
Ele decidiu registrar os espectros de<br />
massas de alguns compostos químicos.<br />
Assim, analisou o CO ligeiramente<br />
impuro. Este espectro de massas é<br />
mostrado na Figura 1a. Observe o pico<br />
abundante da molécula de CO, junto<br />
com os picos menores de m/z 12 (carbono)<br />
e m/z 16 (oxigênio), uma combinação<br />
surpreendentemente igual<br />
com a versão do gráfico de barras da<br />
NIST (Figura 1b). Thomson escreveu<br />
uma monografia em 1913 sobre este<br />
tema: “Rays of positive electricity and<br />
their application to chemical analyses”.<br />
Neste trabalho ele demonstrou uma<br />
grande variedade de compostos químicos<br />
que podem ser analisados pela<br />
espectrometria de massas e encorajou<br />
seus colegas da química a adotar a<br />
técnica como uma ferramenta analítica.<br />
Tornando a espectrometria de<br />
massas uma ferramenta indispensável<br />
na química analítica.<br />
O espectro de massas é representado<br />
num gráfico cartesiano bidimensional,<br />
onde a intensidade do<br />
sinal iônico é denotada pela ordenada<br />
(eixo-y) e a razão m/z do íon<br />
fica localizada na abcissa (eixo-x).<br />
A posição de um pico, com uma<br />
determinada razão m/z no gráfico,<br />
representa a criação de um íon a<br />
partir do analito dentro da fonte de<br />
íons. A intensidade desse pico representa<br />
a abundancia deste determinado<br />
íon neste local. Na Figura 2<br />
é ilustrado o espectro de massas da<br />
molécula Tetrapentacontano C 54 H <strong>110</strong><br />
de três formas diferentes, uma via<br />
perfil do espectro real demonstrada<br />
na forma de curvas gaussianas,<br />
a segunda via representada pelo<br />
gráfico de barras e a terceira na<br />
forma tabelada representando cada<br />
m/z com sua respectiva intensidade<br />
iônica relativa. O pico do íon<br />
molecular M+•, isto é a molécula<br />
do analito ionizada sem fragmentação<br />
é geralmente acompanhada<br />
por vários picos de m/z inferiores<br />
causados pela fragmentação do<br />
íon molecular (Figura 3). Para algumas<br />
moléculas, como o CO, o<br />
pico em m/z mais alto representa<br />
a molécula ionizada intacta (Figura<br />
1b). Para analitos com ligações<br />
químicas muito fracas, o efeito é, ao<br />
contrário, com alta fragmentação<br />
e o pico do íon molécula pequeno<br />
ou até sumido (Figura 3). Conse-
Espectrometria de Massa<br />
quentemente, os respectivos picos<br />
no espectro de massa podem ser<br />
referidos como picos do íon fragmentado.<br />
Este efeito tem suas vantagens,<br />
pois facilita a reconstrução<br />
da estrutura molecular do analito<br />
(Figura 4a). O pico mais intenso de<br />
um espectro de massa é chamado<br />
de pico base. Na maioria das representações<br />
de dados espectrais de<br />
massa, a intensidade do pico base<br />
é normalizada para 100% de intensidade<br />
relativa. Isso ajuda muito a<br />
tornar os espectros de massa mais<br />
facilmente comparáveis (Figura 3).<br />
Uma analogia para entender isso<br />
é imaginar o espectro de massas da<br />
Figura 3 com uma bandeja cheia de<br />
taças de vinho. Se esta bandeja cair<br />
no chão (ionização EI), quebrando a<br />
maioria de taças de vinho, a maior<br />
parte dos cacos de vidro pertence à<br />
boca das taças, por ser uma ligação<br />
de vidro muito débil, fácil de quebrar,<br />
ao contrario haverá um número<br />
significativo da base das taças por<br />
possuírem um vidro mais coeso, difícil<br />
de quebrar. Algumas taças estarão<br />
intactas, mas serão muito poucas<br />
as que não quebraram, estas representam<br />
o íon molécula.<br />
de um próton ao analito para formar<br />
uma molécula protonada, [M+H]<br />
+. Outros adjuntos moleculares podem<br />
ser formados dependendo do<br />
método da ionização, por exemplo,<br />
[M+Na] + e [M+K] + em ESI, enquanto<br />
[M+C 2 H 5 ] + e [M+NH4] +<br />
ocorrem em CI, dependendo do gás<br />
reagente. Na ionização negativa, os<br />
íons gerados incluem aqueles formados<br />
pela aquisição de um elétron,<br />
[M]-, a perda de um próton, [M-<br />
H]-, ou a adição de um halogênio<br />
ou outro íon negativo, por exemplo,<br />
[M+Cl] - e [M+CH 3 COO] -. Como<br />
exemplo é apresentado na Figura 4<br />
o espectro de massas do alcaloide<br />
Reserpina C 33 H 40 N 2O9 obtida por impacto<br />
de elétrons EI e por ionização<br />
química CI utilizando metano como<br />
gás reagente. Observa-se alto grau<br />
de fragmentação do íon molécula<br />
m/z 608 no espectro por EI já que<br />
envolve elevadas energias de ionização<br />
(70eV) e baixa fragmentação<br />
no espectro de CI, chamada por isso<br />
de “soft ionization” envolvendo energias<br />
em torno de 5eV. O íon molécula<br />
protonado [M+1] é representado<br />
pela razão m/z 609 na ionização CI.<br />
A vantagem desta ionização é ser<br />
muito mais seletiva que a EI onde a<br />
fragmentação é plena. Um exemplo<br />
deste tipo de ionização é o estudo<br />
Figura 1: Espectros de massas do CO: a) Primeiro espectro de massas de varredura obtido por J.J. Thomson do gás CO<br />
(impuro). b) Espectro de massas do CO (puro) registrado pela NIST.<br />
Figura 2: Três representações possíveis do espectro de massas do Tetrapentacontano C54H<strong>110</strong>. a) Perfil do espectro real,<br />
representado por curvas gaussianas. b) Representação do gráfico de barras. c) Na forma tabelada representando cada m/z<br />
com sua respectiva intensidade iônica relativa.<br />
Várias formas iônicas podem ser<br />
observadas num espectro de massas.<br />
Se o analito é ionizado via EI, o mesmo<br />
permanece intacto após a ionização<br />
e no modo positivo, é observado<br />
o íon, [M] +. Se o analito é ionizado<br />
via CI, o íon será formado pela adição<br />
Revista Analytica | Dez/Jan 2021<br />
25
Espectrometria de Massa<br />
dos compostos orgânicos voláteis<br />
(COVs) realizados pelo espectrômetro<br />
de massas denominado Proton<br />
Transfer Reaction Mass Spectrometry,<br />
PTR-MS que utiliza como gás<br />
reagente água formando o íon hidrônio<br />
H3O+.<br />
Há um grande impacto no padrão<br />
de isótopos num espectro de<br />
massas, especialmente quando um<br />
analito inclui certos heteroátomos.<br />
Entre os elementos comumente encontrados<br />
exibindo padrões de isótopos<br />
distintos estão, o cloro, onde a<br />
proporção isotópica 35 Cl e 37 Cl é 3:1, e<br />
do bromo, onde a proporção de 79 Br<br />
a 81 Br é 1:1. Há uma separação de 2<br />
Da entre os isótopos para ambos os<br />
elementos. Outro importante uso<br />
dos perfis de isótopos num espectro<br />
de massas é utilizado quando C, H,<br />
N e O são analisados. Estabelecendo<br />
o número de átomos de carbono<br />
em uma molécula. A abundância<br />
natural de 13 C é 1,1% maior que 12 C;<br />
ou seja, há 1,1% de chance de que<br />
qualquer carbono em uma molécula<br />
será um 13 C, portanto, o número de<br />
átomos de carbono pode ser determinado<br />
a partir de a intensidade do<br />
íon M+1. Por exemplo, uma intensidade<br />
de 22% para 13 C indica que há<br />
20 átomos de carbono nessa espécie.<br />
Figura 3: Espectro de massas do metil éster ácido octadecanoico C19H38O2 m/z 298 analisado via impacto de<br />
elétrons EI. Observa-se alta fragmentação do íon molécula. Apresenta o pico base (100%) para cálculo das intensidades<br />
relativas do espectro. Comparação com a quebra de taças de vinho.<br />
Figura 4: Espectros de massas da Reserpina C33H40N2O9 obtida por: a) impacto de elétrons EI, e b) por ionização<br />
química CI. O íon da molécula reserpina protonada [M+1] é representada pela razão m/z 609 na ionização CI.<br />
26<br />
Revista Analytica | Dez/Jan 2021<br />
Oscar Vega Bustillos<br />
Pesquisador do Centro de Química e Meio Ambiente CQMA do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares IPEN/CNEN-SP<br />
Tel.: 55 11 2810 5656 - E-mail: ovega@ipen.br - Site: www.vegascience.blogspot.com.br
Biotecnologia<br />
A GENÔMICA DO FUTURO: SEU DNA NO SEU BOLSO!<br />
Por Bruna Mascaro<br />
Após a conclusão do Projeto Genoma<br />
Humano, as tecnologias de<br />
sequenciamento de DNA tornaram-<br />
-se cada vez mais disponíveis, assim<br />
como o conhecimento do nosso<br />
código genético, que tem aumentado<br />
progressivamente e trazido à<br />
tona inúmeras possibilidades a cerca<br />
de genômica.<br />
A natureza humana é pautada na<br />
curiosidade e no conhecimento, e a necessidade<br />
de nos conhecer levou mais<br />
de 26 milhões de pessoas ao redor do<br />
mundo a realizarem os testes genéticos<br />
disponíveis hoje no mercado. A estimativa<br />
é que esse número alcance 100<br />
milhões de pessoas em 2021.<br />
Esses números são surpreendentes<br />
e mostram o quanto o interesse das<br />
pessoas tem se voltado para o conhecimento<br />
do seu código genético, para<br />
a genômica das predisposições e heranças<br />
que ele carrega. A necessidade<br />
de compreender a nossa existência,<br />
nosso passado e nosso futuro é provavelmente<br />
o principal motivo pelo qual<br />
a genealogia se tornou o segundo<br />
maior resultado de buscas em sites,<br />
ficando atrás apenas de pornografia<br />
(acredite se quiser!).<br />
Hoje, a genômica é uma indústria<br />
de bilhões de dólares que gera sites<br />
lucrativos, programas de televisão,<br />
dezenas de livros e – com o advento<br />
dos kits de teste genético de venda<br />
livre – uma indústria de testes de ancestralidade<br />
de DNA.<br />
Mas como esses testes funcionam?<br />
Ao comprar um desses testes para<br />
sequenciamento do seu DNA, você recebe<br />
em casa um kit para coleta, que<br />
orientam os consumidores a cuspir<br />
em um tubo ou esfregar suas bochechas<br />
com cotonetes, e enviar a amostra<br />
de volta para que seus genomas<br />
sejam analisados.<br />
A partir do material coletado, o DNA<br />
é extraído e são analisados ao redor<br />
de, no mínimo, 600.000 polimorfismos.<br />
Cada região do mundo tem uma<br />
assinatura genômica diferente, e essas<br />
diferenças surgiram ao longo das eras<br />
pré-históricas, quando as populações<br />
humanas foram separadas. Com essa<br />
análise, é possível então buscar a origem<br />
filogenética de cada indivíduo.<br />
Muitas pessoas querem também<br />
usar esses serviços para comprar o<br />
seu DNA com outras pessoas, já que<br />
se duas pessoas apresentarem grandes<br />
trechos de DNA idêntico, significa<br />
que são parentes próximos. Ainda,<br />
seu DNA pode dizer algo sobre certas<br />
características como o formato do seu<br />
nariz, da sua orelha, a percepção de<br />
sabores, ou mesmo a predisposição<br />
de risco para algumas doenças.<br />
A genômica do futuro já está<br />
disponível para todos<br />
As condições técnicas, o tempo e o<br />
custo do sequenciamento de genomas<br />
foram reduzidos por um fator<br />
de 1 milhão em menos de 10 anos.<br />
Então, quando o preço de um genoma<br />
alcançar o de um teste sanguíneo,<br />
e a análise de dados acontecer em<br />
camadas (e a precificação acontecer<br />
de acordo com o nível de informação<br />
analisada), nós conseguiremos mensurar<br />
quantas áreas da nossa vida são<br />
impactadas pela genética.<br />
Para os consumidores dos testes disponíveis<br />
atualmente, é possível dizer<br />
que ele gera entretenimento, como<br />
por exemplo: pistas em relação a ancestralidade,<br />
a chance de descobrir<br />
segredos familiares (como parentes<br />
desconhecidos), entre outros. No en-<br />
Revista Analytica | Dez/Jan 2021<br />
27
Biotecnologia<br />
28<br />
Revista Analytica | Dez/Jan 2021<br />
tanto, as consequências em relação à<br />
privacidade vão além, e conforme os<br />
bancos de dados crescem, tem sido<br />
possível traçar a relação entre praticamente<br />
todos os americanos, incluindo<br />
aqueles que nunca compraram um<br />
teste!<br />
O que esperar dos resultados?<br />
A princípio, prepare-se para um<br />
mundo de informações novas… São<br />
mais de 3 bilhões de pares de bases<br />
sequenciados, e uma possibilidade<br />
infinita de resultados. Isso pode ser<br />
fascinante e assustador ao mesmo<br />
tempo, já que nem sempre sabemos o<br />
que fazer com tanta informação.<br />
Hoje, as principais empresas que<br />
oferecem esse tipo de teste descrevem<br />
basicamente a genômica da ancestralidade.<br />
Poucas empresas oferecem<br />
informações sobre a saúde dos consumidores.<br />
Em 2018, o FDA (US Food<br />
and Drug Administration) autorizou a<br />
testagem de dois genes relacionados<br />
ao câncer de mama, e recentemente,<br />
falou sobre a possibilidade de reportar<br />
aos consumidores sobre o risco de<br />
câncer de próstata.<br />
Além dos resultados que rastreiam<br />
a ancestralidade, é possível compreender<br />
melhor as suas aptidões para<br />
exercícios físicos, fatores de risco para<br />
doenças como câncer, trombose, doenças<br />
cardíacas, bem como informações<br />
importantes sobre farmacogenômica,<br />
que lida com a variabilidade<br />
das respostas às drogas baseadas no<br />
código genético.<br />
No entanto, apesar de parecer relativamente<br />
simples de interpretar, o resultado<br />
de um exame genético pode trazer algumas<br />
inseguranças e incertezas, e um<br />
dos maiores debates hoje é o que de fato<br />
fazer com toda essa informação? Como e<br />
quando procurar auxílio médico?<br />
Além disso, hoje sabemos que muitas<br />
variantes de significado clínico<br />
desconhecido podem, em algum momento,<br />
passar a serem consideradas<br />
patogênicas. Isso pode ter um impacto<br />
muito importante para o resultado<br />
daquele teste, e saber quando e como<br />
reinterpretar esses resultados é, também,<br />
extremamente importante.<br />
Muitas pessoas não tem o conhecimento<br />
prévio necessário para compreender<br />
os possíveis impactos de um<br />
teste de sequenciamento de DNA, nem<br />
quais são as possíveis respostas e incertezas<br />
que um teste como esse pode<br />
trazer. Pensando na genômica do futuro,<br />
cada vez mais pessoas terão acesso<br />
a esse tipo de teste e, portanto, é necessária<br />
a contínua criação de diretrizes<br />
para orientar os consumidores.<br />
A ética por trás da privacidade<br />
Quando o consumidor adquire um<br />
kit de sequenciamento do genoma,<br />
é necessário pagar com o cartão de<br />
crédito e digitar um endereço. Além<br />
disso, é necessário digitar um e-mail<br />
para realizar um cadastro que permitirá<br />
acesso aos resultados posteriormente.<br />
Você já parou para pensar<br />
que todas essas informações ficam, de<br />
alguma forma, atreladas ao resultado<br />
ao resultado seu sequenciamento de<br />
DNA, e que se tornarão um arquivo de<br />
dados repleto de As, Ts, Cs e Gs.<br />
Todas essas peças do grande quebra-cabeças<br />
que é o nosso DNA ficam<br />
disponíveis para serem acessados,<br />
lidos, relidos, e interpretados novamente,<br />
quantas vezes o consumidor<br />
desejar. No entanto, essas informações<br />
também ficam à disposição da<br />
empresa, e isso pode preocupar muitas<br />
pessoas. A informação genômica é<br />
extremamente valiosa hoje em dia, e<br />
muito disputada principalmente pela<br />
indústria farmacêutica.
Biotecnologia<br />
Outra questão importante é a<br />
possibilidade de estereotipar e estigmatizar<br />
as pessoas baseando-se<br />
no seu código genético. Sabemos<br />
que alguns indivíduos de algumas<br />
populações são mais predispostos<br />
a serem afetados por determinadas<br />
doenças do que outras populações,<br />
e então, o conhecimento<br />
da genômica de alguns indivíduos<br />
pode levar à criação de estereótipos<br />
genéticos. Essa estigmatização<br />
baseada no conhecimento genético<br />
pode ser extremamente séria e até<br />
considerada criminal, e a partir do<br />
momento em que temos acesso à<br />
tantas informações sobre o nosso<br />
genoma, é extremamente difícil de<br />
controlar o que será feito com esses<br />
dados, como eles serão utilizados e<br />
devidamente protegidos.<br />
O quanto a genômica está segura?<br />
As empresas que realizam esse<br />
tipo de serviço têm investido em<br />
protocolos para anonimizar os dados<br />
genéticos de cada indivíduo.<br />
O primeiro passo seria justamente<br />
limpar toda essa informação gerada<br />
no cadastro para aquisição do<br />
teste, e então, a sua amostra já<br />
seria processada de maneira não<br />
identificada.<br />
No entanto, temos uma questão<br />
interessante a considerar: O genoma<br />
por si só é um identificador único.<br />
Nos últimos anos, pesquisadores<br />
tem demonstrado que é incrivelmente<br />
possível identificar indivíduos<br />
baseando-se apenas no seu DNA,<br />
utilizando bancos de dados públicos<br />
como os que a polícia utiliza, e<br />
assim, temos uma informação ainda<br />
mais exclusiva do que seu próprio<br />
nome: o seu código genético!<br />
De fato, uma possível maneira de<br />
prevenir hackers de DNA de roubar<br />
informações genômicas de um repositório<br />
é criptografar esses dados.<br />
Mas aí surgiria outro problema: a<br />
análise de uma sequência de DNA<br />
depende basicamente da comparação<br />
com o DNA de outras pessoas,<br />
e por enquanto, não criptografar é a<br />
única forma de compreender o que<br />
as letras significam.<br />
O futuro da genômica<br />
O filme Gattaca, lançado em 1997<br />
próximo à conclusão do sequenciamento<br />
do genoma humano, mostrou<br />
uma visão interessante e preocupante:<br />
Um mundo dividido pelo DNA. No<br />
filme, poder e prestígio estavam associados<br />
aos indivíduos “válidos”, com o<br />
genoma ideal, enquanto os indivíduos<br />
“inválidos” seriam uma classe inferior.<br />
Rapidamente, esse filme levantou<br />
questões importantes sobre o que estava<br />
por vir a partir do conhecimento<br />
do nosso código genético. Desde então,<br />
nossa habilidade de sequenciar e<br />
interpretar o código genético avançou<br />
de maneira extremamente rápida, na<br />
mesma velocidade em que discussões<br />
sobre as consequências desses avanços<br />
tem sido trazidas à tona.<br />
O grande receio que move os maiores<br />
mitos sobre a genômica é que ela<br />
é uma ciência determinística. No entanto,<br />
apesar da informação contida<br />
no nosso DNA ser inalterável (pelo<br />
menos por enquanto), hoje sabemos<br />
que fatores ambientais são extrema-<br />
Revista Analytica | Dez/Jan 2021<br />
29
Biotecnologia<br />
mente capazes de modular a maneira<br />
como o nosso DNA, e consequentemente<br />
nossos genes, serão expressos.<br />
A ciência tem mostrado cada vez mais<br />
que apesar do que possa estar contido<br />
no nosso código genético, nossos<br />
hábitos, estilo de vida, e exposições a<br />
diversos fatores podem determinar a<br />
saúde e a longevidade, mais do que a<br />
própria genética em si.<br />
Acredita-se que em um futuro não<br />
tão distante, o sequenciamento do<br />
DNA se tornará tão comum em um<br />
consultório médico quanto medir<br />
sua pressão arterial. Chegaremos<br />
em uma consulta com o nosso genoma<br />
no bolso, literalmente, e até<br />
lá, precisamos conseguir lidar cada<br />
vez melhor com as questões éticas<br />
e interpretativas que a genômica do<br />
futuro nos impõe.<br />
Referências:<br />
• Robertson, J.A. The $1000 genome: ethical and legal issues<br />
in whole genome sequencing of individuals. Am. J. Bioethics, 3,<br />
W35–W42. 2003<br />
• Morris W. Foster, Richard R. Sharp, Ethical issues in medical-sequencing<br />
research: implications of genotype–phenotype<br />
studies for individuals and populations, Human Molecular<br />
Genetics, Volume 15, Issue suppl_1, 15 April . Pages<br />
R45–R49. 2006<br />
• Debora Kotz. FDA authorizes, with special controls, direct-to-consumer<br />
test that reports three mutations in the BRCA<br />
breast cancer genes. FDA NEWS RELEASE. March 06. 2018<br />
• Jackson, C., Gardy, J.L., Shadiloo, H.C. et al. Trust and the<br />
ethical challenges in the use of whole genome sequencing for<br />
tuberculosis surveillance: a qualitative study of stakeholder<br />
perspectives. BMC Med Ethics 20, 43. 2019.<br />
Complemento Normativo - Artigo - Biotecnologia<br />
Referente ao artigo<br />
Biotecnologia<br />
Disponibilizado por Analytica<br />
em parceria com Arena Técnica<br />
A genômica do futuro: Seu<br />
DNA no seu bolso!<br />
ISO/TS 22692<br />
Genomics informatics— Quality control metrics for DNA sequencing<br />
Norma publicada em: 10/2020. / Status: Vigente.<br />
Classificação 1: Aplicações de TI em tecnologia de saúde<br />
Classificação 2: Norma recomendada.<br />
Artigo: A genômica do futuro: Seu DNA no seu bolso<br />
Entidade: ISO.<br />
País de procedência/Região: Suiça.<br />
https://www.iso.org/standard/73693.html<br />
ISO 18385<br />
Minimizing the risk of human DNA contamination in products<br />
used to collect, store and analyze biological<br />
material for forensic purposes — Requirements<br />
Norma publicada em: 02/2016. / Status: Vigente.<br />
Classificação 1: Ciência forense<br />
Classificação 2: Norma recomendada.<br />
Artigo: A genômica do futuro: Seu DNA no seu bolso<br />
Entidade: ISO.<br />
País de procedência/Região: Suiça.<br />
https://www.iso.org/standard/62341.html<br />
ISO/TS 22692<br />
Genomics informatics - Quality control metrics for DNA sequencing<br />
Norma publicada em: 10/2020. / Status: Vigente.<br />
Classificação 1: Aplicações de TI em tecnologia de saúde<br />
Classificação 2: Norma recomendada.<br />
Artigo: A genômica do futuro: Seu DNA no seu bolso<br />
Entidade: ISO.<br />
País de procedência/Região: Suiça.<br />
https://www.iso.org/standard/73693.html<br />
ISO 20186-3<br />
Molecular in vitro diagnostic examinations - Specifications for<br />
pre-examination processes for venous whole<br />
blood - Part 3: Isolated circulating cell free DNA from plasma<br />
Norma publicada em: 09/2019. / Status: Vigente.<br />
Classificação 1:Sistemas de teste de diagnóstico in vitro<br />
Classificação 2: Norma recomendada.<br />
Artigo: A genômica do futuro: Seu DNA no seu bolso<br />
Entidade: ISO.<br />
País de procedência/Região: Suiça.<br />
https://www.iso.org/standard/69800.html<br />
30<br />
Revista Analytica | Dez/Jan 2021<br />
Bruna Mascaro<br />
Bióloga especialista em sequenciamento de nova geração (NGS) aplicado à prática clínica, com Mestrado e Doutorado pela<br />
Universidade Federal de São Paulo.<br />
Fonte: VARSTATION
Microbiologia<br />
RALSTONIA PICKETTII<br />
Por Claudio Kiyoshi Hirai<br />
No mês de dezembro de 2020 foi<br />
publicado um anúncio em jornais<br />
do Brasil solicitando o recall de 10<br />
lotes de um medicamento de uso<br />
intravenoso com a justificativa de<br />
que os lotes podem ter sofrido contaminação<br />
pela bactéria Ralstonia<br />
pickettii.<br />
A Ralstonia pickettii é um bacilo<br />
Gram negativo, de tamanho diminuto<br />
( 0,5 ate 3,0 µm) não móvel<br />
isolado comumente em solo, água<br />
de rios e lagos. Anteriormente era<br />
classificado como pertencente ao<br />
gênero Pseudomonas depois como<br />
Burkolderia pickettii, sendo que<br />
o gênero Ralstonia foi criado em<br />
1995 e recebeu o nome da microbiologista<br />
americana Ericka Ralston.<br />
Ela identificou 20 cepas de<br />
Pseudomonas e deu a elas o nome<br />
de Pseudomonas pickettii.<br />
Inicialmente continha somente a<br />
Ralstonia pickettii . Posteriormente<br />
várias outras espécies foram adicionadas<br />
ao gênero, incluindo a<br />
Ralstonia pucula (anteriormente<br />
conhecida como grupo CDC IVc-2),<br />
a Ralstonia gilardii e mais recentemente<br />
a Ralstonia mannitolytica<br />
(anteriormente classificada como<br />
Pseudomonas thomasii ).<br />
Em 2004, após uma extensa revisão<br />
taxonômica espécies na linhagem R.<br />
paucula e R. gilardii foram transferidas<br />
para o novo gênero Wautersia<br />
porém após a realização de perfis de<br />
rRNA revelaram que os novos organismos<br />
Wautersia eram sinônimos<br />
do gênero existente Cupriavidus. As<br />
espécies de Ralstonia e Cupriavidus<br />
são bacilos ambientais Gram negativos<br />
e não fermentadores, catalase<br />
positivos e aeróbicos.<br />
Atualmente estão descritas 18<br />
espécies neste gênero geralmente<br />
isoladas da água e solo, apresentam<br />
baixa virulência, porém nos últimos<br />
anos têm se tornado um patógeno<br />
oportunista emergente. Dentre estas,<br />
a R. pickettii é a espécie mais<br />
prevalente associada a vários casos<br />
de infecção em pacientes com sistema<br />
imunológico comprometido<br />
e, as espécies de R. mannitolilytica<br />
e R. insidiosa também foram descritas<br />
como causas de bacteremias.<br />
As infecções por Ralstonia têm<br />
sido relatadas com maior frequencia<br />
em pacientes com doença renal<br />
crônica em tratamento hemodialítico<br />
e pacientes com fibrose cística.<br />
Foram descritos diversos sintomas,<br />
desde assintomático, bacteremia,<br />
sepse, endocardite a alguns casos<br />
que evoluíram ao óbito.<br />
32<br />
Revista Analytica | Dez/Jan 2021
Microbiologia<br />
A temperatura ideal de crescimento<br />
é de 30 a 37º C mas também<br />
pode crescer a 41º C . A espécie não<br />
cresce a 5 ºC. A maioria da cepas<br />
crescem bem em Agar Soja Caseína<br />
(TSA) e Agar Nutriente. As colônias<br />
são de bege, circulares e brilhantes<br />
no Agar Soja Caseína. O crescimento<br />
pode ser lento e exigir mais de 72<br />
horas de incubação para visualizar<br />
as colônias.<br />
A identicação por ESPECTROME-<br />
TRIA DE MASSA MALDI-TOF e a<br />
identificação genotípica por PCR<br />
foram meios úteis de identificação.<br />
Esta classe de microrganismo é<br />
oligotrófica, tem a capacidade de<br />
sobreviver em áreas com baixa<br />
concentração de nutrientes e pode<br />
suportar altas concentrações de<br />
metais como o cobre.<br />
Devido ao tamanho tem a capacidade<br />
de passar por filtros de 0,45 e<br />
0,20 micras utilizados para a filtração<br />
estéril de produtos farmacêuticos.<br />
Vários surtos foram relatados em<br />
hospitais a maioria devido a contaminação<br />
dos sistemas de água,<br />
devido a capacidade do microrganismo<br />
formar biofilme utilização<br />
de medicamentos contaminados<br />
e contaminação da água utilizada<br />
nos serviços de hemodiálise.<br />
Destacamos então a necessidade<br />
dos cuidados na observação das<br />
Boas Práticas nas indústrias, hospitais<br />
e em todos os setores onde<br />
este microrganismo pode vir a aparecer<br />
como um contaminante extremamente<br />
perigoso.<br />
Testes bioquímicos extensivos são<br />
necessários para a identificação e<br />
muitas vezes a identificação incorreta<br />
é comum. O erro também pode<br />
ocorrer visto que a R. pickettii, R.<br />
mannitolilytica e R. insidiosa são<br />
capazes de crescer nos meios seletivos<br />
destinados ao isso lamento da<br />
Burkholderia cepacia.<br />
Referências Bbliográficas :<br />
1. Bennet’s Principles and Practices of Infectious<br />
Diseases,2015 8 ED.<br />
2. Avaliação microbiológica da água utilizada<br />
nos serviços de hemodiálise na cidade do Rio<br />
de Janeiro nos anos 2016 a 2018 . https: //<br />
doi.org/10.22239/2317-269x.01252<br />
3. Ralstonia spp; emerging global opportunistic<br />
pathgens. Ryan MP, Adley, CC, Eur. J.<br />
Clin MIcrobiol. Infect. Dis. 2014;33; 291-304.<br />
Claudio Kiyoshi Hirai<br />
é farmacêutico bioquímico, diretor científico da BCQ consultoria e qualidade, membro da American Society of Microbiology e membro<br />
do CTT de microbiologia da Farmacopeia Brasileira.<br />
E-mail: técnica@bcq.com.br<br />
Revista Analytica | Dez/Jan 2021<br />
33
Logística Laboratorial<br />
ARMAZENAGEM EM CÂMARA FRIA<br />
34<br />
Revista Analytica | Dez/Jan 2021<br />
A câmara fria é uma ferramenta projetada para<br />
otimizar o armazenamento de produtos por<br />
meio de sua refrigeração. Com a baixa temperatura,<br />
ela assegura a eficiência e qualidade<br />
dos processos de armazenagem de produtos.<br />
É uma área de armazenagem especial para<br />
produtos, materiais ou insumos que necessitam<br />
de uma conservação maior, seja para<br />
preservar a qualidade e suas características.<br />
Quando comparado ao freezer e congelador,<br />
a câmara fria tem a expressiva vantagem<br />
de permitir o armazenamento eficiente<br />
e na temperatura adequada de grandes<br />
volumes de produtos.<br />
Outra vantagem de se utilizar esse equipamento<br />
é a precisão do controle de temperatura.<br />
Via de regra, as oscilações de sistemas<br />
manuais e a falta de controle adequado da<br />
temperatura podem prejudicar o armazenamento<br />
e durabilidade dos produtos, o<br />
que não ocorre em uma câmara fria.<br />
Buscando inovação e uma solução integrada,<br />
a Prime Storage, empresa do Grupo<br />
Prime Cargo, possui a armazenagem refrigerada<br />
de produtos para a área da saúde,<br />
com uma câmara fria de 1800 m³, 50 posições<br />
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Contando com uma antecâmara climatizada,<br />
com sistema de monitoramento<br />
online de temperatura, alarme sonoro e<br />
luminoso de abertura de porta, permitem<br />
um controle mais eficiente da temperatura<br />
24 horas por dia, 7 dias por semana.<br />
Os produtos termolábeis são recepcionados<br />
na antecâmara onde é realizada a<br />
conferência dos produtos e a verificação<br />
de temperatura, posteriormente os produtos<br />
são encaminhados para a área de<br />
armazenagem dentro da câmara fria a<br />
disposição até que seja solicitada a separação<br />
por parte do cliente.<br />
A nossa câmara fria possui uma área para<br />
recebimento, armazenagem, expedição e<br />
não conformidade.<br />
Nossa estrutura está qualificada e os relatórios<br />
de qualificação são disponibilizados<br />
aos nossos clientes. Estamos prontos para<br />
lhe atender!<br />
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TECNOLOGIA INDUSTRIAL BÁSICA E OS OBJETIVOS<br />
DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL<br />
Metrologia<br />
Por Luciana e Sá Alves.<br />
Introdução<br />
A Tecnologia Industrial Básica<br />
(TIB) compreende as funções de<br />
metrologia, normalização, regulamentação<br />
técnica e avaliação da<br />
conformidade. A essas funções básicas<br />
agregam-se, ainda, a informação<br />
tecnológica, as tecnologias<br />
de gestão e a propriedade intelectual,<br />
denominadas serviços de infraestrutura<br />
tecnológica [1]. Definida<br />
como um conjunto de funções<br />
tecnológicas de uso indiferenciado<br />
pelos diversos setores da economia,<br />
a TIB pode ser classificada, de<br />
acordo com Gallina [2], em duas<br />
dimensões interdependentes: TIB<br />
como um conjunto essencial de<br />
atividades reguladoras para a superação<br />
de barreiras técnicas ao<br />
comércio local e internacional; e<br />
TIB como suporte e indutora das<br />
atividades de aprendizagem tecnológica<br />
nas empresas. Na Ale-<br />
manha, a TIB é denominada por<br />
MNPQ – Messen, Normen, Prüfen,<br />
Qualität (Medidas, Normas, Ensaios<br />
e Qualidade), nos Estados<br />
Unidos ela se chama Infrastructural<br />
Technologies (Tecnologias<br />
de Infraestrutura) [2] e em países<br />
de língua inglesa o termo MSTQ<br />
- Metrology, Standardization, Testing<br />
and Quality (Metrologia, Padronização,<br />
Testagem e Qualidade)<br />
é de amplo uso [3].<br />
O objetivo do artigo é apresentar<br />
o potencial de integração entre as<br />
funções de TIB e o atendimento a<br />
alguns dos Objetivos de Desenvolvimento<br />
Sustentável, a partir das discussões<br />
presentes nos documentos<br />
“O papel da Metrologia no Contexto<br />
dos Objetivos de Desenvolvimento<br />
Sustentável” [4] e “Reiniciando a<br />
Infraestrutura da Qualidade para<br />
um Futuro Sustentável” [5]<br />
Os Objetivos de Desenvolvimento<br />
Sustentável (ODS - Agenda 2030<br />
da ONU) são um plano de ação<br />
para erradicar a pobreza, proteger<br />
o planeta e garantir que as pessoas<br />
alcancem a paz e a prosperidade.<br />
A Agenda 2030 é uma agenda<br />
universal com 17 objetivos e 169<br />
metas, estabelecidos em consenso<br />
por todos os países membros<br />
da ONU e que tem o propósito de<br />
nortear as ações por 15 anos a partir<br />
do ano de 2015, quando foram<br />
discutidos na Cúpula das Nações<br />
Unidas sobre o desenvolvimento<br />
sustentável que aconteceu no mês<br />
de setembro na sede da ONU em<br />
Nova York. Os temas dos 17 Objetivos<br />
para Transformar o Mundo<br />
são: (1) pobreza, (2) fome, (3)<br />
saúde, (4) educação, (5) gênero,<br />
(6) água, (7) energia, (8) trabalho,<br />
(9) inovação, (10) desigualdade<br />
nos países, (11) cidades, (12) con-<br />
Revista Analytica | Dez/Jan 2021<br />
35
Metrologia<br />
sumo, (13) mudanças climáticas,<br />
(14) ecossitemas marinhos, (15)<br />
ecossistemas terrestres, (16) paz e<br />
justiça e (17) parceria global [6].<br />
Conforme o documento assinado<br />
pelo Brasil, “nunca antes os líderes<br />
mundiais comprometeram-se<br />
a uma ação comum e um esforço<br />
por meio de uma agenda política<br />
tão ampla e universal.” [7]<br />
Publicação - “O papel da Metrologia<br />
no Contexto dos Objetivos<br />
de Desenvolvimento<br />
Sustentável”<br />
O documento foi publicado em<br />
conjunto pela UNIDO, pelo BIPM e<br />
pela OIML [4]. A UNIDO é a Organização<br />
das Nações Unidas para o<br />
Desenvolvimento Industrial, uma<br />
agência especializada da ONU que<br />
promove o desenvolvimento industrial,<br />
a redução da pobreza, a<br />
globalização inclusiva e a sustentabilidade<br />
ambiental [8]. A OIML<br />
é a Organização Internacional de<br />
Metrologia Legal, cuja misssão é<br />
permitir que as economias implementem<br />
infraestruturas legais<br />
eficazes de metrologia que sejam<br />
mutuamente compatíveis e internacionalmente<br />
reconhecidas, para<br />
todas as áreas pelas quais os governos<br />
assumem responsabilidade,<br />
como as que facilitam o comércio,<br />
estabelecem confiança mútua<br />
e harmonizam o nível mundial de<br />
proteção ao consumidor [9]. O<br />
BIPM é o Bureau Internacional de<br />
Pesos e Medidas, uma organização<br />
localizada em Sèvres na França e<br />
criada pela Convenção do Metro<br />
para a atuação conjunta dos Estados<br />
Membros em questões relacionadas<br />
à metrologia e aos padrões<br />
de medição. Os Estados membros<br />
do BIPM são todos aqueles 17 que<br />
assinaram a Convenção do Metro,<br />
entre os quais o Brasil, e os que<br />
aderiram à convenção posteriormente.<br />
A convenção do Metro foi<br />
assinada em Paris em 20 de maio<br />
de 1875 e foi o acordo internacional<br />
sobre unidades de medida que<br />
instituiu o Sistema Internacional<br />
de Unidades - o SI. [10]<br />
O documento traz a reflexão sobre<br />
a relação da TIB com os ODS<br />
1,3,7,9,13 [4].<br />
Publicação - “Reiniciando a<br />
Infraestrutura da Qualidade<br />
para um Futuro Sustentável”<br />
O propósito da publicação é ser um<br />
apelo à ação de repensar e adaptar<br />
a infraestrutura de qualidade para<br />
alcançar os Objetivos de Desenvolvimento<br />
Sustentável (ODS) e para<br />
responder aos impactos da Quarta<br />
Revolução Industrial. O documento<br />
trata dos ODS 2, 3, 5, 6, 7, 8, 9,<br />
12, 13, 14, 15 e foi publicado pela<br />
Unido em janeiro de 2020. [5]<br />
A Infraestrutura da Qualidade é o<br />
sistema constituído por organizações,<br />
políticas públicas, estrutura<br />
legal e regulamentar e procedimentos<br />
práticos para apoiar e melhorar<br />
a qualidade, a segurança e<br />
36<br />
Revista Analytica | Dez/Jan 2021
Metrologia<br />
o impacto ambiental de bens, serviços<br />
e processos. A Infraestrutura<br />
da Qualidade é necessária para<br />
a efetiva operação de mercados<br />
nacionais e possibilita reconhecimentos<br />
internacionais que permitem<br />
o acesso a mercados estrangeiros.<br />
É um elemento crítico para<br />
promover e sustentar o desenvolvimento<br />
econômico acompanhado<br />
de bem-estar ambiental e social.<br />
A Infraestrutura da Qualidade de<br />
cada país desenvolve atividades<br />
relacionadas à metrologia, padronização,<br />
acreditação, avaliação de<br />
conformidade e vigilância de mercado<br />
[5]. Estas instituições podem<br />
ser encontradas no site do Bureau<br />
Internacional de Pesos e Medidas<br />
(BIPM). No Brasil, seis instituições<br />
compõem a Infraestrutura da Qua-<br />
de Normas Técnicas (ABNT), Associação<br />
Brasileira de Controle da<br />
Qualidade (ABCQ) [11]<br />
Conclusão<br />
A leitura dos dois documentos<br />
permitiu identificar as contribuições<br />
de todas as funções de TIB<br />
para o atendimento a 12 Objetivos<br />
de Desenvolvimento Sustentável.<br />
Integrar as práticas relativas às<br />
funções de Tecnologia Industrial<br />
Básica e o atendimento aos Objetivos<br />
de Desenvolvimento Sustentável<br />
potencializam, mutuamente,<br />
os impactos positivos de cada um<br />
dos campos para o fortalecimento<br />
do setor produtivo.<br />
Bibliografia<br />
[2] GALLINA, R. A Contribuição da Tecnologia Industrial<br />
Básica (TIB) no Processo de Formação e Acumulação das<br />
Capacidades Tecnológicas das Empresas do Setor Metal-<br />
Mecânico. Tese de Doutorado. Escola Politécnica da Universidade<br />
de São Paulo. Departamento de Engenharia<br />
de Produção. São Paulo, 2009. Disponível em: <br />
[3] OLIVEIRA, M. C. de, SOUZA, C. G de Formação em<br />
Tecnologia Industrial Básica–TIB: uma Experiência com<br />
Alunos de Graduação em Engenharia. IX Simpósio de<br />
Excelência em Gestão e Tecnologia – Anais eletrônicos:<br />
2014. Disponível em <br />
[4] UNIDO. BIPM. OIML. The Role of Metrology in the<br />
Context of the 2030 Susteinable Development Goals.<br />
.Disponível em: <br />
[5] UNIDO. Rebooting Quality Infrastructure for a Sustainable<br />
Future. Disponível em <br />
[6] PLATAFORMA AGENDA 2030. Disponível em <br />
[7] TRANSFORMANDO NOSSO MUNDO: A AGENDA 2030<br />
PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL. Disponível em<br />
<br />
[8] UNIDO. Disponível em:< https://www.unido.org/><br />
lidade – Instituto Nacional de Metorlogia,<br />
Qualidade e Tecnologia<br />
(Inmetro), Laboratório Nacional<br />
[1] SOUZA, R. D. F. Tecnologia Industrial Básica como<br />
fator de competitividade. Revista Parcerias Estratégicas,<br />
n. 8, maio 2000. Disponível em: <br />
[9] OIM. Organização Internacional de Metrologia Legal.<br />
Disponível em <br />
[10] BIPM. Bureau Internacionali de Pesos e Medidas.<br />
Disponível em <br />
de Metrologia das Radiações Ionizantes<br />
(LNMRI/IRD), Observatório<br />
Nacional/Serviço Nacional da Hora<br />
(ON/DSHO), Associação Brasileira<br />
Luciana e Sá Alves<br />
Analista executivo em Metrologia e Qualidade (Inmetro), Bióloga e professora de Ciências e Biologia.<br />
Mestre em Educação (Puc-Rio) e doutora em Biotecnologia (Inmetro/UFRJ)<br />
Revista Analytica | Dez/Jan 2021<br />
37
Em Foco<br />
MELHORANDO OS TESTES DE CABELO PARA ABUSO DE DROGAS<br />
Os laboratórios forenses poderiam se beneficiar de<br />
um novo método analítico simples e robusto para<br />
a triagem de rotina de amostras de cabelo para a<br />
presença de drogas ilícitas.<br />
Estabelecer a exposição de uma pessoa às drogas<br />
é um aspecto crucial dos testes forenses. Tradicionalmente,<br />
a "triagem toxicológica" geralmente é<br />
realizada em amostras de sangue ou urina. Mas,<br />
nos últimos anos, o teste do cabelo se tornou uma<br />
técnica bem estabelecida. Além de serem fáceis<br />
de coletar, as amostras de cabelo também podem<br />
fornecer informações sobre a exposição histórica<br />
de uma pessoa que pode se estender por vários<br />
meses antes.<br />
38<br />
Revista Analytica | Dez/Jan 2021<br />
Além disso, nas últimas décadas, avanços notáveis<br />
na espectrometria de massa levaram a técnica a se<br />
estabelecer como o padrão ouro em análise forense<br />
de cabelo. No entanto, a tecnologia ainda não foi<br />
largamente adotada para a ampla triagem preliminar<br />
de amostras, que ainda é bastante baseada em<br />
ensaios baseados em anticorpos.<br />
Uma nova abordagem instrumental<br />
Em um novo estudo, publicado no Journal of<br />
Chromatography B, os cientistas testam uma nova<br />
abordagem de espectrometria de massa que foi<br />
desenvolvida recentemente para a análise de rotina<br />
de drogas de abuso aplicadas à triagem toxicológica<br />
de cabelo.<br />
Os pesquisadores realizaram o novo procedimento<br />
instrumental baseado em UHPLC-Ion Trap-MS e<br />
envolvendo um pré-tratamento simples de amostras<br />
de cabelo em ácido durante a noite, seguido<br />
por injeção direta após a neutralização. Em paralelo,<br />
eles analisaram todas as amostras comparando<br />
comas técnicas de espectrometria de massa de<br />
rotina que já estavam estabelecidas em seu laboratório.<br />
Eles descobriram que o novo método tinha<br />
limites de detecção variando entre 0,01 e 0,09 ng /<br />
mg de matriz capilar para um painel de 16 drogas<br />
de abuso (exceto para MDA, morfina, 6-MAM e<br />
norketamina).<br />
Bom desempenho analítico<br />
Os pesquisadores primeiro testaram 40 amostras<br />
de cabelo coletadas de voluntários sem histórico<br />
de abuso de drogas, não detectando falsos positivos.<br />
Eles então avaliaram 968 amostras reais de<br />
cabelo de casos forenses, descobrindo que o novo<br />
método correspondia bem aos resultados obtidos<br />
no procedimento de rotina em termos de amostras<br />
positivas e negativas.<br />
Finalmente, os pesquisadores analisaram 12<br />
amostras de teste de proficiência, descobrindo que<br />
o novo método não se limitava apenas à triagem<br />
de drogas comuns de abuso, mas também podia<br />
testar com sucesso novas substâncias psicoativas,<br />
incluindo fentanil e catinonas. A equipe usou um<br />
sistema de purificação de água de laboratório ELGA<br />
PURELAB® para obter a água ultrapura usada em<br />
seus experimentos, minimizando o risco de adição<br />
de contaminantes que pudessem afetar seus<br />
resultados.<br />
Uma técnica simples e robusta<br />
Este estudo demonstra a utilidade de uma nova<br />
abordagem de espectrometria de massa para triagem<br />
toxicológica qualitativa aplicada à análise de<br />
cabelo em um contexto de rotina. Os resultados<br />
mostram que é possível obter informações sensíveis<br />
e confiáveis por meio do procedimento, o que<br />
foi confirmado por meio de um comparativo ao<br />
método de teste validado.<br />
A precisão desta ferramenta analítica foi verificada<br />
posteriormente através da análise de amostras de<br />
teste que continham não apenas narcóticos tradicionais,<br />
mas também algumas das chamadas<br />
novas substâncias psicoativas. O sistema também<br />
provou ser muito robusto, não mostrando necessidade<br />
de qualquer reparo, mesmo após 5.000<br />
injeções de amostra. O novo procedimento pode<br />
fornecer aos laboratórios forenses uma alternativa<br />
simples e robusta de alto rendimento aos testes<br />
baseados em anticorpos para a ampla triagem toxicológica<br />
preliminar de amostras de cabelo.<br />
Por que escolher o ELGA LabWater?<br />
Na ELGA LabWater, nossos engenheiros, químicos<br />
e cientistas especializados estão na vanguarda da<br />
inovação tecnológica. Eles continuam a introduzir<br />
recursos revolucionários para o mercado de água<br />
de laboratório.<br />
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Rafaela.rodrigues@veolia.com
Em Foco<br />
LAB DE A A Z: LANÇAMENTO TERMOCICLADOR COM GRADIENTE<br />
Com o intuito de contribuir e estimular a<br />
ciclos de temperaturas varáveis: a velocidade das<br />
• Botão de ajuste da altura da tampa para diferentes<br />
pesquisa e biotecnologia oferecendo soluções<br />
rampas de subida e descida de temperatura, a<br />
tubos de PCR ou microplaca<br />
inovadoras em produtos e equipamentos<br />
precisão e estabilidade da temperatura estipulada<br />
• Gradiente de temperatura<br />
laboratoriais que possibilitem avanços e<br />
no programa e o overshoot reduzido ao final das<br />
• Programação em software interno de fácil<br />
desenvolvimento nos principais setores<br />
rampas de temperatura.<br />
utilização (interface user-friendly)<br />
econômicos e de saúde como: laboratórios,<br />
• Temperatura de aquecimento 4º – 99ºC<br />
centros de controle de qualidade, centros de<br />
Um dos principais diferenciais é a capacidade<br />
pesquisas, indústrias e universidades a Kasvi<br />
de amplificar até 96 amostras contidas em<br />
¹Blocos vendidos separadamente.<br />
lança ao mercado o Termociclador com<br />
tubos ou microplacas. O Termociclador com<br />
Registro na ANVISA sob nº 80884880032.<br />
Gradiente. Equipamento de alta performance<br />
Gradiente Kasvi usa blocos intercambiáveis¹<br />
e indispensável para realização de amplificação<br />
compatível com placas de 96 poços ou tubos, com<br />
de material genético como a qPCR e RT-PCR.<br />
opções de programas para diversas necessidades<br />
A qPCR pelo termociclador garante a precisão de três<br />
fatores primordiais para o sucesso do diagnóstico,<br />
uma vez que sua principal funcionalidade é realizar<br />
de amplificação de genes.<br />
• Sistema Peltier de aquecimento<br />
• Controle preciso de temperatura<br />
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Revista Analytica | Dez/Jan 2021<br />
39
Em Foco<br />
PRODUÇÃO BRASILEIRA COM TECNOLOGIA ALEMÃ<br />
EFICIENTE. SEGURA. COMPLETA. A PLACA DE PETRI DA GREINER BIO-ONE É A ESCOLHA CERTA PARA O SEU NEGÓCIO<br />
Contribuindo para a ciência dar um passo à<br />
frente, a Greiner Bio-One desenvolveu, produziu<br />
e apresentou ao mercado, em 1963, a primeira<br />
placa de Petri de plástico, tornando-a referência<br />
de mercado e uma das principais fornecedoras da<br />
área, com produção superior a 120 milhões de<br />
unidades por ano na Europa. Nada mais justo do<br />
que trazer, diretamente dos pioneiros, a tecnologia<br />
e know-how consagrados mundialmente,<br />
para suprir o mercado brasileiro com a melhor<br />
placa de Petri. Agora, a unidade da Greiner Bio-<br />
-One de Americana produz placas de Petri de<br />
90x15mm, e possui estoque local que pode chegar<br />
rapidamente as bancadas de todo país.<br />
40<br />
Revista Analytica | Dez/Jan 2021<br />
De uso indispensável em laboratórios microbiológicos<br />
para o crescimento de microrganismos<br />
como bactérias e fungos, as placas de<br />
Petri estão disponíveis em diversos formatos<br />
e tamanhos, para cada tipo de necessidade.<br />
Com excelente transparência ótica para análises<br />
microscópicas, bem como resistência ao<br />
calor (podem ser usadas com ágar quente), são<br />
produzidas em poliestireno de alta qualidade<br />
e são as mais leves do mercado, contribuindo<br />
para práticas sustentáveis na redução de resíduos<br />
descartados. Além disso, possuem pequena<br />
borda na tampa permitindo uma quantidade<br />
limitada de troca de ar – que é requisito essencial<br />
para o crescimento aeróbico de bactérias e<br />
fungos, são fáceis de empilhar e compatíveis<br />
com os principais equipamentos automatizados<br />
disponíveis no mercado.<br />
A esterilização é feita por radiação ionizante<br />
(E-Beam), por ser um processo livre de resíduos<br />
e ecológico, além de não causar impactos na<br />
qualidade do ar ou da água. Outra vantagem<br />
dessa metodologia de esterilização é o menor<br />
tempo de exposição, evitando rompimentos e<br />
efeitos de envelhecimento a longo prazo, fator<br />
que pode ocorrer com polipropileno quando<br />
submetido à radiação prolongada. Dessa forma,<br />
as placas de Petri da Greiner oferecem alto grau<br />
de segurança e eficiência para pesquisas médicas<br />
e farmacêuticas, principalmente em relação<br />
as placas esterilizadas por outras metodologias<br />
(ex: óxido de etileno (ETO), altamente tóxico e<br />
agressivo ao ambiente externo).<br />
Origem e evolução das Placas de Petri<br />
Antigamente, todas as culturas eram realizadas<br />
por meio de tubos de vidro com declives. A<br />
placa de Petri foi inventada e aprimorada na década<br />
de 1880 pelo físico militar Julius Richard<br />
Petri e, por isso, recebe este nome. Ele percebeu<br />
a vantagem de culturas em crescimento em<br />
placas abertas, ao invés de tubos, para aumentar<br />
a área de estrias para a obtenção de colônias<br />
isoladas. Nesta época, a tecnologia que dispunham<br />
em laboratórios de microbiologia era jarros<br />
e garrafas. Aplicava-se os meios de cultura<br />
numa base de ágar em uma placa aberta de vidro,<br />
que era coberta com uma campânula, também<br />
de vidro. Como a campânula era removida<br />
toda vez que precisasse visualizar as culturas, a<br />
exposição ao ar era contínua, o que resultou na<br />
contaminação de vários de seus experimentos.<br />
A frustração de Petri permitiu que ele buscasse<br />
uma nova forma para alcançar resultados mais<br />
exatos em suas pesquisas.<br />
Em 1887, Julius Petri teve a ideia de colocar<br />
uma tampa um pouco maior na parte superior<br />
da placa que continha os meios de cultura. Mais<br />
simples, este método provou também ser mais<br />
confiável que a campânula, resultando assim, o<br />
formato conhecido da placa de Petri. Petri publicou<br />
mais de 150 artigos sobre bacteriologia<br />
e higiene, e sua invenção o eternizou. Devido<br />
às necessidades da época, as placas de Petri só<br />
existiam na versão de vidro que possuía algumas<br />
limitações como: manutenção de limpeza<br />
cada vez que fossem utilizadas para um novo<br />
propósito para não contaminar os estudos posteriores,<br />
cuidados especiais para evitar quebra,<br />
rachaduras, e a questão da variação não controlada<br />
da troca de ar.<br />
As grandes conquistas da ciência, como<br />
crescimento de células com circuitos eletrônicos<br />
integrado, clonagem de órgãos, melhor<br />
entendimento do comportamento dos vírus e<br />
muitas outras, são pesquisas que foram iniciadas<br />
utilizando a placa de Petri. Embora outros<br />
métodos de estudo de microrganismos em<br />
laboratório estão surgindo, a necessidade de<br />
ter uma capacidade básica confiável de cultura<br />
rápida de microrganismos num ambiente<br />
estéril sempre existirá.<br />
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Em Foco<br />
SÉRIE ICAP PRO - ESPECTRÔMETROS DE EMISSÃO POR PLASMA<br />
42<br />
Revista Analytica | Dez/Jan 2021<br />
A linha de espectrômetros de emissão por<br />
plasma da Thermo Scientific combina avançada<br />
performance com alta produtividade e<br />
facilidade no uso para gerar dados altamente<br />
confiáveis. A série iCAP Pro é composta pelos<br />
mais compactos espectrômetros de emissão<br />
óptica com plasma de argônio do mercado. Esta<br />
série de instrumentos é equipada com fonte de<br />
rádio-frequêcia (27,12 MHz) de estado sólido<br />
com alta potência e alta estabilidade, ideal<br />
para amostras complexas. Com exclusivo detector<br />
CID e software QTegra, permite análises<br />
qualitativas, semi-quantitativas e quantitativas<br />
de maneira simples e fácil ao usuário. Grandes<br />
avanços foram feitos em relação ao tempo de<br />
análise, sendo que esse parâmetro teve uma<br />
redução muito grande.<br />
Disponível em 4 modelos para atendimento<br />
às diferentes aplicações e necessidades<br />
do mercado:<br />
iCAP Pro e iCAP Pro X<br />
Obtenha análises elementares de traços com robustez<br />
e simplicidade para o seu laboratório com<br />
os sistemas Thermo Scientific iCAP PRO e Thermo<br />
Scientific iCAP PRO X. Esses sistemas oferecem<br />
software Qtegra, fácil de usar, e tecnologia de detecção<br />
de múltiplos elementos muito superior à da<br />
técnica de Absorção Atômica. Estes instrumentos<br />
são ideais para laboratórios com baixos requisitos<br />
de produtividade de amostras. Para facilitar o<br />
uso, várias configurações otimizadas são definidas<br />
como padrão, tornando-as ideais para usuários iniciantes<br />
na técnica ou para aqueles que precisam de<br />
uma solução simples para análise multielementar.<br />
iCAP Pro XP<br />
Analise amostras elementares de traços de matrizes<br />
complexas com detecção sensível de vários<br />
elementos e atenda aos requisitos de dados com o<br />
desempenho ideal do ICP-OES da Thermo Scientific<br />
iCAP PRO XP. Robusto em todas as frentes, esse<br />
sistema necessita de pouco espaço de bancada e<br />
manutenção do usuário. O instrumento alcança<br />
um nível avançado de desempenho com o modo<br />
de análise iFR, que mede toda a faixa de comprimento<br />
de onda em uma medição, ou o modo de<br />
análise eUV, que mede a região UV do espectro<br />
com uma sensibilidade surpreendente.<br />
iCAP Pro XPS<br />
Analise amostras elementares no menor tempo<br />
possível com o ICP-OES da Thermo Scientific iCAP<br />
PRO XPS. A óptica de alta taxa de transferência<br />
de luz combinada com o detector do dispositivo<br />
de injeção de carga, o CID821, garante os menores<br />
tempos de análise possíveis. Ao usar o modo<br />
de análise iFR, o espectro completo é capturado<br />
em uma única medição, reduzindo ainda mais os<br />
tempos de análise. Para as aplicações mais exigentes,<br />
que necessitam da mais alta sensibilidade na<br />
região UV do espectro para determinar elementos<br />
como mercúrio, antimônio e chumbo, o modo de<br />
análise eUV aprimora a sensibilidade, garantindo<br />
que os regulamentos para elementos tóxicos sejam<br />
facilmente atendidos.
Em Foco<br />
Em Foco<br />
UMA HISTÓRIA DE VALOR E CONFIANÇA<br />
Os Padrões de Referência desempenham<br />
um papel fundamental para<br />
sociedade garantindo a acessibilidade<br />
e qualidade dos medicamentos<br />
fabricados e entregues a população<br />
mundial.<br />
A USP (United States Pharmacopeia)<br />
trabalha sempre em conformidade com os<br />
requisitos de qualidade exigidos pelos órgãos<br />
oficiais com alto rigor científico. As normas de<br />
qualidade para os produtos farmacêuticos e<br />
alimentícios exigem análises comparativas<br />
constantes, utilizando diversas técnicas como<br />
cromatografia, espectrofotometria, espectrometria<br />
e testes de desempenho. Portanto, a<br />
qualidade e consistência dos Padrões de<br />
Referência são crucias para alcançar resultados<br />
cientificamente válidos.<br />
Comemorando 200 anos desde sua fundação,<br />
a USP faz a diferença ao redor do mundo<br />
construindo parcerias duradoras, sustentáveis<br />
e pautadas na ética para mostrar que a<br />
qualidade de vida das pessoas é um pilar<br />
insubstituível em seu DNA. A LAS do Brasil<br />
tem orgulho em fazer parte dessa rede de<br />
parceiros, sendo o canal autorizado para<br />
distribuição de seus materiais no Brasil.<br />
Reconhecida por trabalhar com produtos e<br />
serviços de alta qualidade, a parceria com a<br />
USP proporcionou a LAS entendimento sobre a<br />
importância e responsabilidade do uso de<br />
Padrões de Referência para garantir o acesso da<br />
população a medicamentos, alimentos e<br />
suplementos de qualidade no Brasil.<br />
Responsável por todas as etapas que envolvem<br />
a distribuição confiável dos Padrões de<br />
Referência da USP em nossos clientes, com<br />
cobertura para todo território nacional,<br />
atendendo os requisitos exigidos pelos órgãos<br />
anuentes para transporte seguro de cada<br />
substância, a LAS vem cumprindo sua missão<br />
em garantir que os laboratórios brasileiros<br />
tenham acesso a confiança, credibilidade e o<br />
respaldo na utilização dos autênticos Padrões<br />
da USP.<br />
1820<br />
1905<br />
Farmacopeia dos Estados Unidos Biológicos<br />
1908<br />
Acessibilidade Mundial<br />
00<br />
Desde a concepção da USP em 1820, milhões<br />
de pessoas no mundo podem confiar nos<br />
medicamentos por causa de seus padrões de<br />
qualidade.<br />
A Lei de Controle de Produtos Biológicos de<br />
1902 (The Biologics Control Act) levou à<br />
primeira monografia de biológicos da USP,<br />
sobre Antitoxina Diftérica, que ajudou a<br />
restaurar a confiança nos medicamentos, após<br />
13 mortes associadas à antitoxina diftérica<br />
contaminada.<br />
A tradução dos padrões documentais da USP os<br />
tornou acessíveis a países de todo o mundo,<br />
permitindo que seus cidadãos confiassem na<br />
qualidade de seus medicamentos.<br />
Revista Analytica | Dez/Jan 2021<br />
43
Em Foco<br />
Em Foco<br />
1944<br />
Segunda Guerra Mundial<br />
1969<br />
Reconhecimento Global<br />
1980<br />
Divulgação da USP-NF<br />
USP, FDA, Institutos Nacionais de Saúde (NIH -<br />
National Institutes of Health) e a Diretoria de<br />
Produção para a Guerra (War Production<br />
Board) conseguiram desenvolver rapidamente<br />
padrões para penicilina que permitissem sua<br />
produção em massa - uma prioridade para o<br />
tratamento da sepse.<br />
27 países reconheciam os padrões da USP.<br />
Hoje, 140 países ao redor do mundo<br />
reconhecem os padrões da USP.<br />
USP e NF são publicadas em um só volume em<br />
1980, contendo 2.709 monografias.<br />
1990<br />
1992 2001<br />
Suplementos Alimentares USP e USAID<br />
Revendedora USP<br />
À medida que mais pessoas incluíam<br />
suplementos alimentares como parte de um<br />
estilo de vida saudável, a USP reconheceu a<br />
necessidade de manter a qualidade dos<br />
mesmos e começou a explorar padrões para<br />
combinações de multivitaminas e minerais<br />
como suplementos nutricionais.<br />
A USP e a Agência para o desenvolvimento<br />
internacional (USAID - Agency for International<br />
development) começam uma relação colaborativa<br />
de mais de 25 anos para avaliar programas<br />
de fontes de informação sobre medicamentos<br />
em países em desenvolvimento.<br />
A LAS do Brasil surgiu frente a necessidade<br />
da Indústria Farmacêutica na obtenção facilitada<br />
e confiável de insumos analíticos.<br />
Desde 2001 nossos clientes possuem acesso a<br />
serviços de qualidade no atendimento<br />
comercial, importação e entrega de padrões<br />
USP no Brasil.<br />
2004<br />
2005-08<br />
Distribuidor Oficial USP Índia, USP China, USP Brasil<br />
2020<br />
USP e LAS - Uma parceria de sucesso<br />
Analytica | Dez/Jan 2021<br />
44 00 Revista<br />
A LAS é reconhecida pela USP como distribuidora<br />
oficial de seus Padrões de Referência em<br />
todo território brasileiro.<br />
Instalações globais são inauguradas em<br />
Hyderabad, Índia (2006); Shangai, China<br />
(2007) e São Paulo, Brasil (2008).<br />
Comemorando os 200 anos da USP, a LAS do<br />
Brasil completa 16 anos como seu distribuidor<br />
autorizado em todo território nacional, buscando<br />
sempre soluções inovadoras e a excelência no<br />
atendimento de nossos clientes garantindo a<br />
entrega de autênticos Padrões USP.
Em Foco<br />
200<br />
years of building<br />
trust<br />
Em 1820, onze médicos<br />
tomaram medidas para proteger<br />
os pacientes de medicamentos<br />
de baixa qualidade. Eles formaram<br />
a Farmacopeia dos EUA (USP).<br />
Neste ano de 2020 a USP comemora 200 anos de história, assumindo a<br />
liderança global na construção da confiança em Medicamentos e<br />
Suplementos Alimentares, por meio de normas e Padrões de Referência<br />
públicos que ajudam a melhorar a saúde das pessoas em todo o mundo.<br />
Saiba mais sobre essa<br />
trajetória acessando o site<br />
através do QR Code:<br />
+55 62 3085-1900 | comercial@lasdobrasil.com.br<br />
Revista Analytica | Dez/Jan 2021<br />
45
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