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16 COLUNA<br />
Sustentabilidade<br />
Igualdade e equidade<br />
Com enormes índices de desigualdade social e<br />
racial no Brasil, é necessário ir além<br />
POR<br />
Chiara<br />
Gadaleta<br />
@chiaragadaleta<br />
FOTO DIVULGAÇÃO<br />
Enquanto igualdade é relativo ao mesmo tratamento para<br />
todos os membros de um determinado grupo de pessoas,<br />
equidade significa a promoção de oportunidades iguais,<br />
considerando a diferença entre as pessoas. Em um país<br />
onde a desigualdade social e racial é enorme, não basta<br />
aplicar a igualdade, é preciso levar em conta os privilégios.<br />
Ou melhor, a falta deles.<br />
Em tempos de sustentabilidade e de "Environment,<br />
Social and Governance" (ESG), o fator social tem ganhado<br />
protagonismo e, com esse movimento de conscientização,<br />
as corporações começam a entender o seu papel na<br />
formação de oportunidades iguais para pessoas diferentes.<br />
Assim, a equidade, principalmente racial, social e de gênero,<br />
passa a fazer parte do vocabulário das empresas conectadas<br />
com os novos tempos.<br />
Os setores de moda e beleza começam a se movimentar<br />
nesse sentido e entender sua vocação em espalhar as<br />
mensagens corretas sobre a sustentabilidade em seus quatro<br />
pilares: ambiental, social, cultural e econômico. Marcas de<br />
moda passam a valorizar diferentes corpos, e modelos<br />
negros ganham mais espaço em desfiles, catálogos,<br />
editoriais e capas de revistas. E na beleza, há mais cosméticos<br />
para os diversos tipos de pele e cabelo.<br />
Além das características dos produtos, as empresas<br />
começam a se preocupar com a conscientização e letramento<br />
de seus colaboradores em sua cadeia de valor, e procuram<br />
fazer treinamentos no que diz respeito à equidade dentro de<br />
suas fábricas e escritórios.<br />
O Conselho de Designers de Moda da América (CFDA) e o<br />
PVH Corp – grupo detentor de grandes marcas como Calvin<br />
Klein, Tommy Hilfiger, entre outras –recentemente lançou o<br />
relatório “State of Diversity, Equity & Inclusion in Fashion”.<br />
Trata-se de recomendações para que a indústria americana<br />
se torne mais representativa e equitativa em sua força de<br />
trabalho, capacitação de talentos e base de consumidores.<br />
Ainda nos EUA, foi criado o Black Fashion Council<br />
– conselho que garante a representatividade de pessoas<br />
negras na indústria da moda e beleza, com forças de<br />
trabalho em todos os níveis. Sugerem planos de treinamento,<br />
em que colaboradores iniciantes negros trabalham lado a<br />
lado com altos executivos, que assumem um papel de<br />
mentores e aliados na conquista de espaço. Grandes marcas<br />
como GAP, Reformation, Saks Fifth Avenue e L’Oreal fazem<br />
parte do grupo.<br />
No Brasil também vemos esforços nessa direção. O SPFW,<br />
maior evento de moda do país, instituiu em sua última<br />
edição a cota racial obrigatória de 50% para negros,<br />
afrodescendentes ou indígenas em todos os desfiles.<br />
O Boticário, empresa signatária da Rede Brasil do Pacto<br />
Global, lançou no fim do ano passado uma agenda de<br />
compromissos antirracistas, para que todas as pessoas se<br />
sintam representadas. Criaram metas claras e específicas<br />
sobre capacitação de colaboradores negros para ocuparem<br />
cargos de liderança até 2023.<br />
Na outra ponta, consumidores estão cada vez mais<br />
atentos aos produtos que compram e às práticas e aos<br />
posicionamento das empresas que os vendem. Ainda há um<br />
longo caminho a ser percorrido, mas avançamos rumo a<br />
mercados de moda, beleza e design mais inclusivos,<br />
diversos e que priorizem a equidade.<br />
Sigamos juntes!<br />
CHIARA GADALETA é fundadora do Movimento Ecoera e embaixadora do Pacto Global da ONU.