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tar; ali nós rezamos a Nossa Senhora<br />
de um modo ininterrupto até que a<br />
hora da reconquista começasse.<br />
Tendo sido acrescido o nosso contingente,<br />
passamos a ocupar uma sede<br />
no sexto andar da Rua Vieira de<br />
Carvalho; para lá levamos a imagem,<br />
e obtivemos um retábulo que se encontra<br />
hoje na capela da Sede do<br />
Reino de Maria 1 . Na sede da Vieira<br />
de Carvalho a imagem foi entronizada<br />
e diante dela foram rezadas inúmeras<br />
Missas, distribuídas Comunhões,<br />
num movimento intenso de<br />
piedade, até que a reconquista marcou<br />
um outro passo.<br />
Deixando dois andares num prédio<br />
de apartamentos, passamos para um<br />
palacete da Rua Pará. Para essa nova<br />
sede, nós mesmos levamos a imagem,<br />
à noite, num automóvel, rezando durante<br />
todo o tempo do percurso, e a<br />
instalamos no seu altar, o mesmo que<br />
ela ocupava na Rua Vieira de Carvalho.<br />
Ali esteve ela até o momento<br />
em que passou para a maior das sedes,<br />
até agora, do nosso Movimento,<br />
a da Rua Maranhão. Ali ela é objeto<br />
de nossa contínua veneração.<br />
Não é uma obra de arte, mas uma<br />
imagenzinha de gesso dessas fabricadas<br />
em série e que se encontram por<br />
toda parte, de um tipo religioso chamado<br />
sulpiciano, que é bem conhecido<br />
e não vou descrever aqui.<br />
Por que motivo eu julguei fazer<br />
um achado encontrando essa imagem?<br />
Pareceu-me de uma expressão<br />
de fisionomia, de uma serenidade interior<br />
toda ela decorrente da temperança.<br />
A temperança é a virtude cardeal<br />
pela qual se tem por cada coisa<br />
o grau de apreço ou de repúdio que<br />
é proporcional a todas as circunstâncias.<br />
Nunca se quer uma coisa exageradamente<br />
nem menos do que merece,<br />
e jamais se detesta algo exageradamente<br />
nem menos do que merece.<br />
A completa execração para com<br />
as coisas inteiramente execráveis faz<br />
parte da virtude da temperança.<br />
Essa disposição de alma me pareceu<br />
reluzir muito nesta imagem. Discretamente,<br />
ela é tão calma, tão senhora<br />
de si, está de tal maneira pronta<br />
a tomar atitude diante de qualquer<br />
coisa de modo inteiramente proporcionado,<br />
é tão desapegada de si que<br />
me pareceu o próprio símbolo do<br />
equilíbrio que é o corolário da virtude<br />
da temperança. E por isso mesmo com<br />
algo de virginal. Ela tem qualquer coisa<br />
de puro, de virginal, que me encantou,<br />
e ao mesmo tempo algo de materno<br />
por onde parece estar olhando para<br />
o filho, sorrindo e pronta a acionar<br />
o cetro de Rainha decisivo, segundo o<br />
pedido que se faça.<br />
Auxílio dos cristãos verdadeiramente<br />
e com esta simbologia: Nossa Senhora<br />
com a coroa aberta porque em presença<br />
do rei ninguém usa coroa fechada.<br />
O Menino Jesus está de coroa aberta,<br />
mas deveria ser fechada! Ele Se encontra<br />
no braço d’Ela com os bracinhos<br />
abertos, sorrindo. Vê-se que Maria<br />
Santíssima pediu e Ele sorriu, os braços<br />
abertos são fruto da prece de sua Mãe.<br />
Nossa Senhora está olhando comprazida<br />
por ver como o pobre filho d’Ela,<br />
ajoelhado ali, se encanta observando o<br />
Filho d’Ela por excelência sorrir e abrir<br />
os braços. É o auxílio: Aquela que nos<br />
consegue d’Aquele que é o Autor, a<br />
fonte última de todas as graças, tudo<br />
aquilo que nós pedimos. Ela pareceu-<br />
-me ao mesmo tempo muito régia, mas<br />
muito simples. E tudo isto junto de tal<br />
maneira que a expressão global da imagem<br />
me agradou enormemente.<br />
Lírio nascido do lodo<br />
que floresce à noite,<br />
durante a tempestade<br />
Por que, falando da devoção a Nossa<br />
Senhora Auxiliadora in genere, eu passei,<br />
de repente, para as várias etapas<br />
dos atos de piedade realizados em função<br />
ou em presença desta imagem e, de<br />
algum modo, para a história da TFP?<br />
A fim de marcar que o sentido profundo<br />
de todas as nossas derrotas era um<br />
recuo da devoção a Maria Santíssima<br />
como fato que se exprimia por todo<br />
o Brasil, mas também que a nossa reconquista<br />
era uma reconquista da devoção<br />
a Nossa Senhora. E temos a alegria<br />
de poder afirmar que todo o terreno<br />
por nós reconquistado pelo Brasil,<br />
passo a passo, foi reconquistado para<br />
Ela. Reconquistado para Ela é dizer<br />
pouco! Foi reconquistado por Ela! Se<br />
a todo momento a Virgem Maria não<br />
nos tivesse ajudado, não houvéssemos<br />
recorrido a Ela, sentindo o seu apoio<br />
Algo de virginal e ao<br />
mesmo tempo materno<br />
<strong>Dr</strong>. <strong>Plinio</strong> durante uma conferência em 1985<br />
Arquivo <strong>Revista</strong><br />
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