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18 MARÇO 2021<br />
CELEBRIDADE<br />
sociais. Mas eu ficava obcecada em acompanhar essa<br />
discussão nas mídias sociais. No entanto, eu só conseguia<br />
acompanhar pela divulgação. Era quase algo terceirizado<br />
(risos). Tinha sempre alguém querendo que<br />
eu respondesse algo, tomasse partido. É comum exigir<br />
que você tome um lado na história. A gente tem uma<br />
dificuldade em equilibrar esses lados. Ninguém é seu<br />
inimigo porque você não concorda com a pessoa.<br />
VOCÊ COSTUMA REVER SEUS PROJETOS ANTIGOS?<br />
Não, não tenho esse hábito. Gosto de priorizar outros<br />
filmes ou séries em vez de rever coisas que eu fiz. Naquela<br />
época, eu era muito violenta me vendo. Não me<br />
assistia exatamente porque sabia que faria uma crítica<br />
excessiva. Hoje, eu já consigo ver meus projetos com<br />
mais acolhimento, generosidade e carinho. Estou em<br />
um futuro simpático comigo. Claro que vou ter diversas<br />
observações sobre o meu trabalho em “A Vida da Gente”.<br />
Mas, com esse distanciamento do tempo, vou estar<br />
mais entregue ao enredo. Agora, eu consigo ver mais a<br />
novela e focar menos no personagem.<br />
TEM ALGUMA CENA QUE VOCÊ ESPERA REVER<br />
NESSA EDIÇÃO ESPECIAL?<br />
Não sei ao certo. Tem bastante tempo que a novela<br />
foi ao ar, mas tenho certeza que ao rever, vou resgatar<br />
várias. As memórias, o que marca, como e porquê<br />
marca, a transformação que promove nem sempre é<br />
muito consciente, nem sempre é de fácil acesso. Mas<br />
rever a novela vai ser uma experiência interessante,<br />
certamente vai abrir essa porta de percepção. Estou<br />
curiosa para me deparar com essa experiência. Eu<br />
gosto muito da cena em que a Ana acorda do coma<br />
e a mãe está ao lado dela. A relação daquela mãe era<br />
muito profunda. Ela tinha certeza que a filha acordaria<br />
em algum momento. Foi muito emocionante.<br />
A NOVELA CONTOU COM GRAVAÇÕES EM ALGU-<br />
MAS CIDADES DO RIO GRANDE DO SUL. COMO FOI<br />
ESSE PERÍODO DE TRABALHO LONGE DOS ESTÚ-<br />
DIOS GLOBO, NO RIO DE JANEIRO?<br />
Foi ótimo. É bom sair dos estúdios. As cidades já<br />
convidavam a gente a entrar nessa sintonia da novela.<br />
Lembro que a gente saía muito para explorar os locais.<br />
Todos os ambientes traziam essa atmosfera do<br />
texto. O silêncio e os sons eram bem diferentes do<br />
eixo Rio-São Paulo. Eram cidades que convidavam a<br />
uma escuta mais atenciosa, mais entregue.<br />
A MANU FOI SUA SEGUNDA PROTAGONISTA<br />
APÓS VIVER A MARIA PAULA, DE “DUAS CARAS”.<br />
COMO FOI ESSA EXPERIÊNCIA NO HORÁRIO DAS<br />
SEIS?<br />
A demanda era muito grande e com um ritmo puxado.<br />
Muito mesmo. E especialmente no período do pós-acidente,<br />
contando com a filmagem do acidente, em particular<br />
a parte dentro d’água, foi bastante desgastante.<br />
Era uma sequência grande de muito sofrimento, de um<br />
momento trágico na vida da personagem. Viver essa<br />
carga por um período longo foi difícil e doloroso.<br />
Divulgação<br />
Saudosa lembrança<br />
A trama de “A Vida da Gente” carrega memórias<br />
muito especiais para Marjorie Estiano. Durante<br />
todo o período da novela, a atriz estreitou laços com<br />
a saudosa Nicette Bruno, que morreu em dezembro<br />
do ano passado em decorrência de complicações<br />
da Covid-19. Ao longo da convivência, Marjorie ficou<br />
impressionada com a jovialidade da veterana<br />
atriz na frente e atrás das câmeras. “Ela era muito<br />
impressionante. Não consigo falar dela e não chorar.<br />
A Nicette não pertencia a uma geração. Ela tinha<br />
uma conexão muito clara com tudo e com todos.<br />
O mundo se transforma, né? Se você nasceu<br />
em determinada época, às vezes, tem dificuldade<br />
de acompanhar as mudanças. A Nicette parecia<br />
que sabia de tudo, estava sempre à frente”, elogia.<br />
Com tanto tempo de convivência nos bastidores,<br />
Marjorie e Nicette começaram a construir uma intensa<br />
intimidade. Inclusive, durante as gravações no Rio<br />
Grande Sul, Marjorie flagrou inúmeros momentos<br />
pessoais da atriz com o marido Paulo Goulart, que<br />
faleceu em 2014. “Eu era apaixonada pela Nicette.<br />
Ficava observando-a o tempo todo, todos os detalhes.<br />
A gente filmava de madrugada e ela acordava<br />
sempre toda disposta, pronta. E o Paulo ligava pra<br />
ela para dar bom dia, falar com ela um pouquinho<br />
antes do dia começar. Eu ficava achando tudo tão incrível,<br />
casados há tantos anos, tão viva essa relação,<br />
o acompanhamento, a delicadeza”, relembra.