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22 MARÇO 2021<br />

ESPECIAL BELEZA E SAÚDE DA MULHER<br />

SAÚDE MENTAL<br />

MULHERES SOFREM IMPACTO MAIOR COM PRESSÕES SOCIAIS CONTÍNUAS<br />

A prevalência de doenças graves da mente é quase 70% maior nas mulheres<br />

A<br />

multiplicidade de papéis impostos pela sociedade<br />

às mulheres é um dos principais fatores<br />

do adoecimento psicológico, sobretudo, porque<br />

elas têm a tendência de cuidar do outro com dedicação<br />

e, muitas vezes, abnegação. Com isso, deixam de<br />

lado a figura mais importante nessas relações: elas<br />

mesmas.<br />

Arquivo<br />

Para Isabel Marçal, especialista em gestão de projetos<br />

sociais, a persona da “mulher-maravilha” – defendida<br />

como ideal pelo modo de vida contemporâneo<br />

– sobrecarrega a figura feminina que, como qualquer<br />

outra, também precisa de cuidados, atenção e espaço<br />

para ter uma vida plena. “Com tanta pressão externa<br />

para cumprir as diversas tarefas, as mulheres são sufocadas<br />

e correm o risco de desenvolver problemas psicológicos<br />

como ansiedade, transtornos alimentares,<br />

depressão e questões associadas ao ciclo reprodutivo”,<br />

afirmou.<br />

ESTIGMATIZADAS<br />

O outro lado dessa moeda é a dificuldade de pedir<br />

ajuda. Um estudo conduzido pelo Instituto de Pesquisa<br />

da Saúde da Mulher da Universidade Northwestern,<br />

nos Estados Unidos, aponta que as mulheres são mais<br />

propensas a se sentirem estigmatizadas ao buscar<br />

assistência para um problema de saúde da mente. Na<br />

prática, elas tendem a confiar muito mais nas opiniões<br />

do mundo exterior – como fonte para fortalecer a autoestima<br />

– do que os homens. Como resultado, muitas<br />

vezes, evitam pleitear apoio, porque querem evitar julgamentos<br />

de terceiros.<br />

De acordo com Milena Fanucchi, vice-presidente e<br />

cofundadora do Instituto Bem do Estar, esse estigma é<br />

maior entre as mulheres negras, de acordo com levantamento<br />

da Johns Hopkins Medicine. O estudo relata<br />

que, embora as mulheres tenham duas vezes mais probabilidade<br />

de sofrer de depressão grave, negras têm<br />

metade da probabilidade das brancas de pedir ajuda a<br />

um profissional de saúde da mente.<br />

AFETA MAIS MULHERES<br />

Na prática, depressão, ansiedade, sofrimento psicológico,<br />

assédio sexual e violência doméstica afetam<br />

mais as mulheres do que os homens no mundo. A<br />

prevalência de doenças graves da mente é quase 70%<br />

maior nas mulheres; elas têm duas vezes mais chances<br />

de serem afetadas pelo Transtorno de Ansiedade<br />

Generalizada (TAG), depressão e síndrome do pânico<br />

– segundo a organização americana Anxiety and Depression<br />

Association of America (ADAA). Em relação<br />

aos transtornos alimentares, elas têm quase dez vezes<br />

mais probabilidade do que os homens de serem<br />

Mulheres são mais propensas a se sentirem estigmatizadas<br />

ao buscar assistência para um problema de saúde da mente<br />

afetadas. Pesquisadores da Organização Mundial da<br />

Saúde (OMS) afirmam que mulheres que foram expostas<br />

a abusos sexuais quando crianças – ou a um<br />

parceiro violento quando adultas – são diagnosticadas<br />

com depressão em uma taxa muito maior.<br />

INFORMAÇÃO COMO ARMA<br />

Isabel revela que, diante desse cenário, um grande<br />

passo para combater esse problema reside na<br />

melhora do diagnóstico e do tratamento das condições<br />

de saúde da mente feminina. Um dos pilares é<br />

a educação, ou seja, fornecer informações de qualidade<br />

sobre os transtornos e os tratamentos, além<br />

de ações de autocuidado – que podem ser tomadas<br />

para prevenir e diminuir a incidência dos diversos<br />

transtornos. “Para evitar o sofrimento psíquico,<br />

é necessário criar momentos para observar os sentimentos,<br />

as emoções e os pensamentos que estão<br />

dentro de nós. Precisamos, também, falar mais, refletir<br />

e transformar o cenário da saúde da mente das<br />

mulheres”, completou.<br />

Pensando nisso, o Instituto Bem do Estar – em<br />

parceria com o Instituto PHI – criou a campanha Ser<br />

Mulher, a saúde da mente delas que pode ser acessada<br />

pelo link: https://bit.ly/3vGY3wk. A proposta é<br />

abrir espaços de conversas e reflexões sobre a mulher<br />

e as questões que envolvem a saúde da mente<br />

dela. Para fomentar e qualificar esse diálogo, Isabel<br />

e Milena criaram um conteúdo diverso, produzido<br />

por especialistas multidisciplinares, além de entrevistas<br />

com mulheres plurais, em diferentes plataformas.

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