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internet
que abanam a cabeça, assinam de cruz,
produzem pareceres a pedido do freguês
e ainda têm o desplante de andar na rua
de peito cheio, como se fossem melhores
que todos ou outros. Uma das figuras que
mais admiro na História, Winston Churchill,
espelha na perfeição o amor das sociedades
à mediocridade. Quando o Reino Unido
estava em guerra e precisava de um líder
lúcido, corajoso e íntegro, foram buscá-lo
e (justificadamente) aclamaram-no como o
mais brilhante político da sua geração. Mas,
quando tudo voltou ao normal e à paz, não
o quiseram mais como governante. Porquê?
Porque os homens (e as mulheres) excepcionais
colocam em causa o que certas
figuras querem que fique como está, pois o
marasmo e a apatia são convenientes para
quem prolifera e lucra com a miséria de estranhos.
Na Inglaterra de então, tal como
no Portugal de hoje, são muitos (demais
até) os que querem que achemos aceitável
que existam políticos que pensam que
lhes devemos pedir licença antes de emitir
opiniões incómodas, que existam líderes
que exigem que não lhes critiquemos por
não dominarem assuntos que deveriam ter
na ponta da língua e que existam ‘comentadores’
(de encomenda) sem a noção do
ridículo e que se sentem ofendidos quando
lhes destapamos a ignorância atrevida que
abunda nas ‘análises’ que fazem, armados
em especialistas de coisa nenhuma. E não
deixa de ser irónico que a sociedade onde
existem tantas crianças inteligentes e tantos
jovens capazes esteja recheada de adultos
intelectualmente desonestos, que convivem
muito mal com qualquer sintoma de
carácter, qualquer veio de integridade ou
qualquer vislumbre de personalidade. Ao
que parece, preferimos entronizar pseudo-
-artistas e pseudo-intelectuais e pseudo-
-escritores e pseudo-cidadãos ‘sérios’ e
toda uma linha de oportunistas que têm a
verticalidade de uma enguia e a coerência
de um camaleão, vendo como ameaça tudo
o que é criatividade e capacidade de pensar
de forma livre. Será isso um problema de
educação ou apenas a consequência de um
certo medo que tresanda daqueles que são
diferentes e competentes?. s
saber JULHO 2021
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