Revista LesB Out! - Ed. 01
Bem-vindas à Revista LesB Out! Assim como o site, ela é feita por mulheres LGBTQIA+ para mulheres LGBTQIA+. Aproveitem!
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imenso de contar esta história. Quando o projeto
começou, nós estávamos num momento de lutas
diferente de hoje. Na nossa profissão não se discutia
muito "lugar de fala" na escalação de atores/personagens.
Homens héteros eram escalados para fazer
mulheres trans, só pautados em estereótipos, por
exemplo. A meu ver, demos um passo à frente nestas
questões, pois hoje se alguém fizer esta escalação será
duramente questionado, pois temos ótimas atrizes
trans para contar qualquer história. Lembro de levantar
este assunto com as outras atrizes e direção: "uma
mulher hétero interpretando uma lésbica, não estou
tirando lugar de uma atriz lésbica?". Confesso que
fiquei muito na dúvida se deveria estar ali contando
esta história. Hoje, se viesse um convite de qualquer
personagem que eu não tenha o lugar de fala, creio
que tenderia a não aceitar. Mas como a condução
deste roteiro, direção e história são humanizadas,
simplesmente falam de amor e vida real, longe de
estereótipos impostos pelo audiovisual, me senti
confiante em defender a história da Rafa.
MV: Quando começamos há mais de seis anos fomos
a primeira websérie e eu não sabia o que de fato ia ser.
Só tinha assistido “The L Word” (que por sinal
AMOOOO!). Hoje vejo que mais e mais séries estão
surgindo e isso é maravilhoso e muito necessário.
Hoje além de consumirmos conteúdo LGBTQIA+,
queremos um elenco representativo, uma equipe
técnica representativa e muito mais. Foi uma delícia
fazer parte deste projeto!
ER: Sabe, quando a gente joga uma pedrinha no lago
e formam várias ondas, infinitas, até mesmo quando
você não está mais vendo elas estão se propagando.
Então, o meu sentimento é um pouco assim. Confesso
que não fazia ideia do quanto a série iria impactar
a vida das mulheres, talvez por desconhecer o poder
da internet, mas fiquei de fato maravilhada com tudo
que aconteceu. E eu me sinto muito honrada em fazer
parte desse projeto. Foi um presente do universo,
porque vivemos em um país onde tudo é muito
difícil. Fazer arte é difícil, viver de arte mais ainda, a
arte para mim é revolucionária e poder usar a arte
para tocar a vida das pessoas, quem sabe transformar
se não for a vida, que seja o dia, de qualquer pessoa, é
a minha busca diária. O nosso país é preconceituoso
demais, cheio de tabus e a arte ajuda a evidenciar
questões necessárias para serem discutidas e tratadas
em nossa sociedade. Então, fazer parte de “RED” é
uma sensação de estar contribuindo um pouco para
essa transformação através da arte, um privilégio né?
KP: Como foi dizer adeus para “RED”?
Reprodução: via instagram Red Brasil
VS: Não estive no último dia de filmagem, então meu
adeus teve que ser simbólico, sem abraço na equipe.
Mas não foi difícil. Sensação de dever cumprido.
GB: Diria que foi agridoce, de início, mas tranquilo;
com um sentimento de satisfação de termos criado
um projeto muito bacana, que foi importante para
muita gente, e com um sentimento de dever cumprido.
FB: Foi muito louco porque foi um trabalho ao qual
me dediquei intensamente por seis anos. Como eu
ficava responsável pela direção, pela produção, e pela
edição do projeto e de todas as milhares de tarefas
que vivem dentro dessas duas funções - contratar
equipe e elenco, administrar o orçamento, planejar
filmagens, montar os episódios depois de gravados,
escolher cada uma das músicas e resolver pepinos sem
fim - todos os dias da minha vida ao longo desses anos
todos eu trabalhei para o projeto de alguma maneira.
Então agora é uma mistura de satisfação em abrir
espaço para novas possibilidades com a saudade de
algo que eu fiz com muito amor e dedicação. Mas,
acima de tudo, tem uma sensação de dever cumprido
muito forte, porque o público da série sempre deixa
muito claro para gente o quanto “RED” foi e é importante
na vida delas.
APL: Foi MELIZ, com todas as suas dores e amores.
GH: A gravação do casamento foi linda de viver, ali se
congelou um momento de saudade. Eu digo "adeus"