Revista LesB Out! - Ed. 01
Bem-vindas à Revista LesB Out! Assim como o site, ela é feita por mulheres LGBTQIA+ para mulheres LGBTQIA+. Aproveitem!
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a população ia diminuindo. Assim, eles precisavam
procriar e aumentar as famílias, então, todo sexo que
não fosse para procriação era pecado. Então as pessoas
questionavam, “como é que fica, eu casei na igreja, vou
transar apenas duas vezes na vida, não está legal pra mim”.
A igreja então resolveu abrir uma exceção para os
héteros. Já o homossexual, como não conseguia
procriar na época em um relacionamento homo,
ficou proibido, porque era um sexo puramente por
prazer. Mas nem todos acreditavam no que a igreja
pregava, então ela começou a não dar mais conta
dessa questão, se aliou com a ciência e, de pecado,
passou a ser doença.
E aí a ciência começou a tomar conta disso e passou
a ser uma questão de perversão, de uma atração
fetichista que poderia ser revertida. Iniciaram-se as
buscas por técnicas e alternativas para curar essa questão,
como, por exemplo, dar choque no pênis de
homens no momento que tinham excitação, enquanto
eles eram expostos a vídeos pornográficos homossexuais.
Esses homens começaram a ficar sem libido
para transar com outras pessoas, mas não deixaram
de sentir tesão por homens, eles só ficaram aversivos
a sexo e ereção. Fizeram também várias pesquisas com
mulheres lésbicas, para entender se elas tinham mais
hormônios masculinos do que feminino. Foram
feitas várias tentativas de reversão, tentativas de cura
dessa “doença”, porque até então era uma doença e
estava no CID como tal.
Em 1973, mais ou menos, a Organização Mundial
da Saúde (OMS) e a Associação Americana de
Psiquiatria começaram a questionar tudo isso. Eles
repensaram essa questão e em 1985 já foi modificado
no CID, mostrando que não, o homossexual não é
alguém que tenha uma doença, é simplesmente uma
forma da pessoa se relacionar. Claro que aconteceram
revoltas mundiais que chamaram a atenção para essa
questão, como a própria revolta de Stonewall em
1969.
No Brasil, o Conselho de Psicologia soltou a resolução
001/99, que proibe a reversão, cura, tratamento e
inclusive falas e discursos que digam que a homossexualidade
é uma doença, relacionada a fetiche ou
algo nesse sentido.
Só que ainda tem psicólogos que alegam que precisa
ser revertido, curado, pois isso traz sofrimento, e
pessoas gays e lésbicas são pessoas que sofrem muito
e que precisam reverter isso, curando essa homossexualidade.
A nossa fala, de defesa, é: esse sofrimento,
dor e depressão não vêm pelo simples fato de eu amar
outra mulher ou homem, e sim por saber toda a carga
de preconceito social que eu vou receber.
CM: Qual você nota que é o maior apoio que a população
LGBTQIA+ necessita?
Foto: Denise Maher
BM: Para mim, são três principais apoios, o principal
que a gente precisa ter é familiar. Nosso núcleo familiar
é o primeiro contato que a gente tem, você nasce
ali dentro daquela família, então eu vejo, claramente,
que as pessoas LGBT+ que têm apoio familiar, uma
família que apoia e aceita essa pessoa, a pessoa vai ter
uma sensação de empoderamento muito maior para
enfrentar as coisas de fora.
Um segundo apoio fundamental é a educação, principalmente
escola primária, que vai formar todas as
pessoas. E essa escola não está pronta para receber
pessoas LGBT+, questões básicas, como que banheiro
essa mulher trans vai usar, “Se ela é uma mulher, ela
vai usar banheiro feminino, tá tudo certo”. A escola deveria
ser um ambiente de proteção para essas pessoas,
principalmente quando elas não têm isso em casa,
deveria ser considerado algo fundamental, e a escola
não dá conta.
E acho que um terceiro, talvez, seja a gente pensar
numa psicologia mais acessível, menos preconceituosa,
isso para mim é chover no molhado, mas uma
psicologia mais humana.
As pessoas ainda acham que psicólogo é médico de
louco, acham que psicologia é uma coisa cara, que
não precisa, eu tenho meus amigos para conversar,
tenho a mesa de bar pra conversar. A gente não