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CULTURA
Duarte
Afonso
A Humanidade está
a ficar cada vez
mais ameaçada e
rodeada de perigos
monstruosos que
aparecem do nada
Apresenta-se como escritor e
os livros que já deu à estampa
refletem sobre «acontecimentos
relevantes que se passam no país
e no mundo», conforme conta
nesta entrevista a que respondeu
por escrito. Este antigo oficial
de diligências que, em 1965,
chegou à Madeira para trabalhar
no Tribunal Judicial da Comarca
do Funchal tem nos livros e
nos temas religiosos espaços
prediletos de reflexão e que gosta
de partilhar com quem o ouve ou
lê. A defesa da língua de Camões
é uma das ‘bandeiras’ de que não
abdica.
Dulcina branco
D.R.
Quem é o Duarte Afonso?
- Nasci em Freixial do Campo em 26 de
Dezembro de 1940, concelho de Castelo
Branco. Grande parte da minha infância foi
passada no campo, em casa da minha avó
paterna, muitas vezes à frente de juntas de
vacas quando eram lavrados os terrenos.
Depois de tirar a quarta classe, fui estudar
para Castelo Branco. Já com os estudos secundários,
fui estagiar para o Tribunal Judicial
da Comarca daquela cidade, onde fui colocado
depois do estágio. Em Março de 1965,
concorri para o Tribunal Judicial da Comarca
do Funchal, para o lugar de oficial de diligências,
onde fui colocado em Maio do mesmo
ano. Já nesta cidade, continuei a estudar e
matriculei-me na Academia de Música e Belas
Artes, no sector de línguas, onde tirei o
curso da língua Francesa. Estudei história,
geografia, literatura e a língua francesa. As
letras eram a minha área preferida.
É nesse tempo que nasce também o seu
interesse pela religião? Como é a sua relação
com mundo religioso?
- Nasci num berço cristão. Além disso, em
1629, a minha aldeia contribuía anualmente
para o convento Franciscano de São Vicente
da Beira, com alqueires de centeio. Cada
morador, um alqueire de centeio sendo casado,
as viúvas ou solteiras meio alqueire e
o concelho (Junta de freguesia) do dito lugar
sessenta reis. Os rapazes não pagavam por
prestarem serviço militar. Esse facto também
contribuiu muito para o fortalecimento
da minha religião. Tenho-me esforçado para
seguir a doutrina de Cristo. Nem sempre tenho
conseguido mas nunca deixei de tentar.
Os ensinamentos de Jesus Cristo são o meu
caminho e a minha bússola. Todos os anos
vou à minha aldeia fazer a Procissão dos
Passos (excepto nos últimos anos devido ao
coronavírus).
A atividade literária manifesta-se na sua
vida também com a escrita de livros. Fale-
-nos disto.
- Sim. A minha paixão pela actividade literária
nasceu por ter alguns conhecimentos de literatura
e pelas muitas histórias verídicas que
ia conhecendo nos tribunais. Estes foram as
minhas grandes universidades. Lancei Caminhos
Difíceis, Vidas de Sofrimento, Morte
Premeditada, Abandonada por Amor, Mentiras
e Invenções do Código da Vinci e Freixial
do Campo a sua História, Usos e Costumes.
Escrevi artigos relacionados com a natureza
e contra o acordo ortográfico.
O que tem o Novo Acordo Ortográfico que
não lhe agrada?
- Escrevo na ortografia anterior ao acordo,
na verdadeira língua de Camões. A nova ortografia
é baseada no acordo ortográfico o
qual é uma mentira e um atentado contra a
nossa língua. A finalidade do acordo era para
unificar a ortografia e afinal não unificou
nada. Foi introduzida a dupla grafia. A consagração
da dupla grafia reflecte a impossibilidade
efectiva e incontornável de unificação.
O governo e a Assembleia da República com
16 saber outubro 2021