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aixo para poder rolar enquanto ninavam a criança; e a<br />
parte frontal era toda trabalhada à mão.<br />
Durante a longa temporada do inverno, quando não<br />
tinham o que fazer, pois a natureza estava toda enregelada,<br />
dia e noite os camponeses se dedicavam a fabricar<br />
móveis, tecer roupas, além de aprimorar as respectivas<br />
casas, organizando-as e limpando-as, de maneira que<br />
quando começava o período de trabalho, eles já tinham<br />
tudo pronto para trabalhar.<br />
mas era muito bem intencionada, carregando aquela tradição<br />
bretã de fidelidade, bondade e dedicação.<br />
Esse narizinho curto aborrecia ainda mais ao casal Labornez<br />
por causa de uma prima da mesma idade de Annaïk,<br />
Marie Quillouch, que nada deixava a desejar do ponto<br />
de vista do nariz.<br />
Marie Quillouch, ao contrário, era vesga, tinha o rosto<br />
comprido, o nariz pontudo e sua boca estava sempre<br />
pronta para dizer desaforos, pois era mal-humorada.<br />
Essa estranha crença ligava-se, sem dúvida, ao que se<br />
observava no pequeno burgo, durante a temporada de verão,<br />
ou seja, a presença de um grande sábio, membro de<br />
numerosas academias e que era dotado de um formidável<br />
apêndice nasal.<br />
É a caricatura de um velho professor de antes da I Guerra<br />
Mundial. Este personagem tinha um narigão, era quase<br />
inteiramente calvo, portava um chapéu e vestia uma espécie<br />
de paletó de casimira, sobrecasaca e calças de brim. Na cena,<br />
o grande sábio vê-se na praia e as crianças dos campone-<br />
Nessas longas noites, artesãos anônimos faziam objetos<br />
para serem depois transmitidos como herança familiar<br />
durante séculos. Hoje são objetos expostos nos museus<br />
por causa de seu bom gosto, mas qualquer homem<br />
simples daquele tempo os possuía.<br />
Uma estranha crença entre o povo<br />
O tamanho do nariz desolava seus pais, que todos os dias<br />
mediam o pobre narizinho. “Ele não cresce! Que infelicidade!<br />
Vamos ser a chacota de toda a região.” De fato, em Clocher-les-Bécasses<br />
acreditava-se que a inteligência está em<br />
proporção com o tamanho do nariz.<br />
Annaïk tinha o rosto em forma de lua,<br />
com os olhos aparvalhados e um nariz<br />
minúsculo. Aliás, bécasse é exatamente<br />
um passarinho de bico muito pontudo, e<br />
por irrisão, chamavam a menina de Bécassine,<br />
porque ela quase não tinha nariz;<br />
usava uma touca de camponesa bretã<br />
com aquelas duas abas. Com frequência,<br />
a ingênua menina ficava sem compreender<br />
as coisas que ela própria dizia,<br />
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