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<strong>Luzes</strong> da Civilização Cristã<br />
Leonardo C.<br />
péries, enquanto as originais permanecem<br />
num lugar onde estejam a<br />
salvo dos fatores de deterioração.<br />
Um poema construído em<br />
torno da Santa Missa<br />
do profundamente de Religião, de maneira a encontrarmos<br />
em quase todos os motivos decorativos uma alusão religiosa.<br />
Até mesmo em cima, os mouros que estão batendo no sino.<br />
Veneza possuía escravos mouros aprisionados durante<br />
as guerras, as quais, em geral, eram por motivo religioso.<br />
Os venezianos eram católicos e os mouros maometanos. Os<br />
escravos deviam servir os seus senhores; então estão representados<br />
ali os escravos mouros batendo o sino. Ou seja, é<br />
o triunfo da Cruz sobre o crescente do Islã.<br />
Cavalos que parecem conversar<br />
Os famosos cavalos de Veneza, na realidade, pertenciam<br />
ao Império Bizantino, tendo sido trazidos de Constantinopla<br />
como presa de guerra. São considerados como verdadeira<br />
maravilha no gênero, porque representam com uma<br />
vitalidade e naturalidade assombrosas quatro cavalos que<br />
vão numa marcha um pouco viva, mas não em disparada. É<br />
muito interessante o inter-relacionamento entre eles. Cavalo<br />
não conversa; contudo, estes estão como que conversando.<br />
Notem o movimento de cabeça do primeiro para o segundo<br />
e do terceiro para o quarto. Percebe-se isso nos animais,<br />
às vezes: estão como que convivendo, quase como se<br />
conversassem. Considerem a discrição do movimento das<br />
patas, em nada forçado. É a marcha comum de cavalos numa<br />
rua, mas animais de categoria.<br />
Napoleão, que era um grande ladrão, levou-os para<br />
Paris. Quando ele caiu, o rei legítimo da França, irmão<br />
de Luís XVI, Luís XVIII, restituiu a Veneza esses cavalos<br />
roubados. O rei legítimo não queria ser dono ilegítimo<br />
de um tesouro desses. Então foram reinstalados.<br />
Mais recentemente descobriu-se que o ar do mar e outras<br />
circunstâncias estavam deteriorando os cavalos. Para<br />
evitar isso, que seria uma perda irreparável, foram feitas<br />
cópias exatíssimas, as quais ficam expostas às intem-<br />
No interior da Basílica de São<br />
Marcos nota-se uma série de arcos<br />
que culminam num último, fechado<br />
numa espécie de semicírculo todo<br />
cravejado de mosaicos preciosos. O<br />
corpo da igreja é formado de tal maneira<br />
que possui arcos até o fim. Nos<br />
lados, os arcos se interrompem em<br />
certo momento para recomeçarem<br />
depois, deixando um espaço vazio.<br />
A catedral é construída em forma<br />
de cruz. O Corpo sagrado de Nosso Senhor estaria ao longo<br />
da nave central, e nas laterais os braços, cujo principal, para<br />
onde se inclinou a cabeça sagrada do Redentor na hora da<br />
morte, fica à direita do altar. Então a ideia da Cruz, do sacrifício,<br />
da morte e, portanto, da Redenção infinitamente preciosa<br />
de Nosso Senhor Jesus Cristo, e de que a Missa renova<br />
de modo incruento o Santo Sacrifício do Calvário, fica simbolizada<br />
muito adequadamente por essa disposição.<br />
No primeiro plano vemos uma cruz disposta de maneira<br />
a ser observada por quem entra e por quem está nas naves<br />
laterais. Portanto, em qualquer lado que se esteja vê-se<br />
o símbolo de nossa Redenção, indicando o significado central<br />
da catedral, que é de ser o lugar onde se celebra a Missa,<br />
ato supremo da piedade católica. Assim, essa basílica é<br />
todo um poema construído em torno da Santa Missa.<br />
Para além dessa espécie de vedação com colunatas,<br />
feita de pedras lindíssimas, que separa o altar-mor do<br />
corpo da catedral, vemos à direita<br />
e à esquerda os púlpitos de onde<br />
os sacerdotes e diáconos leem<br />
as Sagradas Escrituras e cantam<br />
o Ofício sagrado.<br />
O solo em Veneza é de tal maneira<br />
úmido que apresenta resistências<br />
desiguais aos pesos que<br />
carrega. Então, há partes do chão<br />
que são um pouco mais afundadas,<br />
outras mais salientes, e é necessária<br />
certa atenção para não se<br />
perder o equilíbrio e cair de repente.<br />
Mas esse piso é feito de tal maneira<br />
que em nenhum lugar esse<br />
movimento de terreno prejudicou<br />
os mosaicos. Estão todos perfeitos.<br />
J.P. Castro<br />
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