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2020_Luzes-ApostoloPulchrum

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<strong>Luzes</strong> da Civilização Cristã<br />

mouros, dos hunos e outros bárbaros. Portanto, assim<br />

esboroado, tinha ainda que oferecer resistência a essas<br />

hordas de invasores.<br />

Consequentemente, os homens mais poderosos começaram<br />

a construir, em torno de suas terras, muralhas para<br />

abrigar sua família, seus trabalhadores, seu gado, suas<br />

colheitas e, sobretudo, a capela com o Santíssimo Sacramento,<br />

imagens e relíquias. Quando ouviam falar que, de<br />

longe, vinha o adversário, todos se refugiavam atrás das<br />

muralhas, de onde passavam a combater o inimigo.<br />

À medida que o invasor encontrava em seu caminho<br />

essas fortificações, ia se tornando enfraquecido. Ainda<br />

quando não fosse esmagado diretamente, avançava mais<br />

ou menos como um touro cada vez mais crivado de banderillas.<br />

Em determinado momento, ele caía e morria.<br />

Era um modo jeitoso de cada proprietário, defendendo a<br />

si e aos seus, proteger a todos.<br />

Constituiu-se, assim, uma situação singular: o proprietário<br />

rural, que era como um fazendeiro de hoje, ficou<br />

com a incumbência de construir as muralhas e dirigir<br />

a guerra. Por conseguinte, deveria dar o exemplo sendo<br />

o guerreiro por excelência que ia montado a cavalo,<br />

de espada em punho; o mais corajoso tinha de ser ele.<br />

Depois, vinham seus filhos e sua parentela. Só mais para<br />

trás estavam os camponeses. Porque os primeiros do<br />

lugar deveriam ser os primeiros na luta e no sacrifício.<br />

Desta maneira, estabeleceu-se uma espécie de identificação<br />

pela qual a classe dos proprietários rurais era<br />

a dos guerreiros, dispostos a dar a vida por aqueles a<br />

quem governavam. Sendo pequenos “reis” locais, eles<br />

compunham a nobreza – o barão, o conde, o marquês –<br />

sob a direção de outro “rei” maior, que era o duque, o<br />

qual, por sua vez, estava sob as ordens do rei propriamente<br />

dito. Constituía-se, assim, a hierarquia feudal.<br />

Havia, portanto, uma classe dos homens mais ricos,<br />

poderosos e nobres, que eram também os mais corajosos<br />

e guerreiros, aos quais os outros deviam obediência,<br />

mas os primeiros tinham uma dedicação como raras vezes<br />

um pai possui em relação a seu filho. Era o equilíbrio<br />

social estabelecido, com uma sabedoria extraordinária,<br />

em função das condições militares e políticas do tempo.<br />

Guerreiros descendentes de bárbaros,<br />

mas civilizados pela ação da Igreja<br />

Esses guerreiros eram descendentes de bárbaros como,<br />

por exemplo, os germanos, cujo perfil os romanos deixaram<br />

descrito para a História. Eram tipos louros de olhos<br />

azuis, mas como quase todos sofriam de oftalmia, aquele<br />

azul ficava banhado num mar de sangue das oftalmias mal<br />

curadas, o que, juntamente com a melena loura suja, mal<br />

cuidada, caída para trás, lhes davam um aspecto monstruoso.<br />

Avançavam brandindo armas e se despejando em cima<br />

das populações com uma ferocidade medonha, matando os<br />

homens, despedaçando os cadáveres, quebrando objetos e<br />

monumentos preciosos, tomando conta das cidades e reduzindo<br />

os romanos moleirões a servos, de maneira que eles<br />

– imundos e broncos – ficavam mandando nos homens cultos,<br />

finos, numa inversão completa de valores.<br />

Project Gutenberg (CC3.0)<br />

Gabriel K.<br />

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