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2020_Luzes-ApostoloPulchrum

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<strong>Luzes</strong> da Civilização Cristã<br />

Horace Vernet (CC3.0)<br />

Château de Versailles (CC3.0)<br />

Napoleão na Batalha da Ponte de Arcole<br />

Galeria Christie’s, Londres<br />

Marechal Michel Ney durante a Batalha de Hohenlinden<br />

Galeria das Batalhas, Palácio de Versailles, França<br />

Yavor Doychinov (CC3.0)<br />

chos, estão para ser vistas, mas o artista teve a preocupação<br />

de esculpi-las como se ignorassem os espectadores.<br />

De maneira que não têm nada de teatral.<br />

O século XIX foi o século do teatro, como o XX foi<br />

o do cinema. Porque a arte teatral teve uma expansão<br />

no século XIX fabulosa, como quantidade e importância<br />

na vida concreta, em comparação com o século posterior.<br />

Catedral de Colônia, Alemanha<br />

Esse caráter teatral é o lado fraco não só da arte, mas<br />

da mentalidade de todo o mundo no século XIX, inclusive<br />

dos contrarrevolucionários.<br />

Assim, esse guerreiro foi representado de maneira a<br />

estar tomando posição perante outrem, num diálogo de<br />

increpação com quem se encontra diante dele.<br />

Por outro lado, o autor representou bem um lado admirável<br />

da alma do cavaleiro medieval: enquanto guerreiro,<br />

de tal maneira fundamentalmente religioso que,<br />

visto de um aspecto, ele não é senão religioso e só se ocupa<br />

com a Religião.<br />

Ademais, está por inteiro persuadido de sua Fé e da<br />

legitimidade, e até obrigação, de usar o máximo de força,<br />

dentro das regras moralmente nobres da Cavalaria,<br />

a serviço da verdadeira Religião. Ele está altamente imbuído<br />

da legitimidade dos meios que emprega e se deu<br />

por inteiro a essa Causa, disposto a ir até o fim e a morrer<br />

por ela. Há, portanto, a meu ver, uma ideia de sacralidade,<br />

de renúncia, de determinação e de força de impacto<br />

extraordinária nesse guerreiro.<br />

Se o comparamos com um guerreiro do século XV, notamos<br />

como são profundamente diferentes. Entretanto,<br />

o cavaleiro do panache 1 acrescenta algo que faltava ao<br />

medieval, embora tenha havido uma defasagem em pontos<br />

fundamentais.<br />

Avançando nos séculos, poderíamos confrontar o cavaleiro<br />

medieval com um guerreiro de Napoleão, e encontraríamos<br />

diferenças ainda mais marcantes, por onde<br />

se vê que a coragem não é apenas a determinação de<br />

enfrentar o fogo e a morte, mas uma deliberação da pessoa<br />

inteira de empreender qualquer coisa em qualquer<br />

campo.<br />

Um guerreiro de Napoleão fora da guerra poderia ser<br />

mentiroso, ladrão, acovardado. Ney 2 , por exemplo, não<br />

era obrigado a ser bravo e ter as virtudes militares na vi-<br />

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