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<strong>Luzes</strong> da Civilização Cristã<br />
Horace Vernet (CC3.0)<br />
Château de Versailles (CC3.0)<br />
Napoleão na Batalha da Ponte de Arcole<br />
Galeria Christie’s, Londres<br />
Marechal Michel Ney durante a Batalha de Hohenlinden<br />
Galeria das Batalhas, Palácio de Versailles, França<br />
Yavor Doychinov (CC3.0)<br />
chos, estão para ser vistas, mas o artista teve a preocupação<br />
de esculpi-las como se ignorassem os espectadores.<br />
De maneira que não têm nada de teatral.<br />
O século XIX foi o século do teatro, como o XX foi<br />
o do cinema. Porque a arte teatral teve uma expansão<br />
no século XIX fabulosa, como quantidade e importância<br />
na vida concreta, em comparação com o século posterior.<br />
Catedral de Colônia, Alemanha<br />
Esse caráter teatral é o lado fraco não só da arte, mas<br />
da mentalidade de todo o mundo no século XIX, inclusive<br />
dos contrarrevolucionários.<br />
Assim, esse guerreiro foi representado de maneira a<br />
estar tomando posição perante outrem, num diálogo de<br />
increpação com quem se encontra diante dele.<br />
Por outro lado, o autor representou bem um lado admirável<br />
da alma do cavaleiro medieval: enquanto guerreiro,<br />
de tal maneira fundamentalmente religioso que,<br />
visto de um aspecto, ele não é senão religioso e só se ocupa<br />
com a Religião.<br />
Ademais, está por inteiro persuadido de sua Fé e da<br />
legitimidade, e até obrigação, de usar o máximo de força,<br />
dentro das regras moralmente nobres da Cavalaria,<br />
a serviço da verdadeira Religião. Ele está altamente imbuído<br />
da legitimidade dos meios que emprega e se deu<br />
por inteiro a essa Causa, disposto a ir até o fim e a morrer<br />
por ela. Há, portanto, a meu ver, uma ideia de sacralidade,<br />
de renúncia, de determinação e de força de impacto<br />
extraordinária nesse guerreiro.<br />
Se o comparamos com um guerreiro do século XV, notamos<br />
como são profundamente diferentes. Entretanto,<br />
o cavaleiro do panache 1 acrescenta algo que faltava ao<br />
medieval, embora tenha havido uma defasagem em pontos<br />
fundamentais.<br />
Avançando nos séculos, poderíamos confrontar o cavaleiro<br />
medieval com um guerreiro de Napoleão, e encontraríamos<br />
diferenças ainda mais marcantes, por onde<br />
se vê que a coragem não é apenas a determinação de<br />
enfrentar o fogo e a morte, mas uma deliberação da pessoa<br />
inteira de empreender qualquer coisa em qualquer<br />
campo.<br />
Um guerreiro de Napoleão fora da guerra poderia ser<br />
mentiroso, ladrão, acovardado. Ney 2 , por exemplo, não<br />
era obrigado a ser bravo e ter as virtudes militares na vi-<br />
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